sábado, 23 de dezembro de 2006

Que fazer com este blog?

Fez no dia 18 três anos que comecei a escrever este blog. Foram muitos anos a escrever muitas coisas. Escrevi sobre o que se passava na minha existência, mas mais frequentemente sobre o que se passava na minha cabeça, e nem sempre as coisas coincidem. Escrevi sobre a vida mas escrevi muito mais sobre a morte. E foram histórias, emoções, reflexões, lamentos e prazeres... Acho que quem ler tudo isto fica com uma ideia muito clara a meu respeito. Não é esse o grande objectivo de um escritor, a imortalidade?
Três anos de palavras não são três dias. Já é um livro que aqui está, aqui e no arquivo deste grande ciberespaço. Nos últimos tempos tenho ponderado se me apetece continuar. Tive de me tentar recordar - já me tinha esquecido - do momento em que comecei a escrever, e porque o fiz. Tinha um emprego na altura que permitia o tédio das horas mortas, como esta, em que escrevo à mão no papel o que depois virá a ser online. Nessa altura tinha muito tempo e, acima de tudo, muita vontade de desatar o nó das palavras e dizer algo ao mundo da minha justiça.
Mas passaram três anos. Muita coisa mudou. Também mudou a minha motivação, e a minha vida, e a minha vontade. Disse-o aqui, após um interregno propositado sem nenhuma escrita, que tinha voltado diferente. Nem podia ser de outra maneira. E, nesta diferença, já não me apetece muito falar com o mundo. No post de dia 12 não devia ter permitido comentários, mas fiz ainda melhor: não os li. Hei-de ler, se lá estiverem, mas às vezes falta-me a coragem. Falar com o mundo implica estar aberto e receptivo a muitas mentes diferentes, até antagónicas, e neste momento procuro o refúgio do que me é familiar e confortável. Tal como não sei se hei-de continuar com esta coisa, não sei se hei-de continuar a permitir comentários. Temo que a partir daqui os meus contactos com o mundo sejam mais cautelosos e resguardados.

Valeu a pena? Acho que é a pergunta que tenho de fazer a mim própria após estes três anos com uma janela aberta para a minha mente, para as minhas emoções, para o meu ser. Foi gratificante? O que aprendi? O que ganhei? O que cresci?
Depois de pensar nisso, decidirei.





post scriptum
Gostava de ter coragem de voltar a ler tudo o que escrevi nestes três anos.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Tornei-me uma especialista na arte de evitar as pessoas. Às vezes consigo mesmo esquecer-me de que o mundo existe. Sabe bem.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Este é um daqueles posts complicados que uma pessoa se arrepende de sequer pensar em escrever, mas vai ter de ser.

Descobri o que a vida é. A vida é a perda consecutiva e sistemática de tudo e mais alguma coisa. Não viemos aqui para acumular ganhos, mas sim para perder tudo. No fim, perde-se a própria vida. Já tinham pensado nisso? Nesta sucessão de perda em perda até à perda final?
Bem, eu pensei. Devia ter três anos quando pensei nisto pela primeira vez. Não pensei nisto bem assim, claro. Deve ter sido por volta dessa altura que percebi o que era a morte, e que tudo e todos iam morrer, e a partir daí nunca mais percebi o que estamos aqui a fazer se só estamos à espera da morte. A parte da perda só percebi agora. Estamos aqui para perder, para aprender a odiar esta Terra a ponto de nunca mais querermos cá voltar. Porque de outra maneira, quem é que queria ir para outro sítio?

Há quem responda a esta argumentação que ela é uma forma de consolação para as pessoas que tiveram o azar de ter má sorte. Estou ciente disso. Admito que sim. É uma hipótese. Que eu tenha muito azar.

Mas não deixa de ser a forma como eu vejo a vida e quanto a isso não há nada a fazer. Facto.

Sabem, no ano passado passei pelo inferno. A pior parte foi ter de aceitar que aquilo que me resta é aquilo que me resta. (Ainda não aceitei.) Mas para aqueles que leram desde aí, posso dizer-vos que agora tenho uma escravidão (trabalho) mais ou menos estável, que posso dar-me ao luxo de acender o aquecedor quando está frio (porque é que pensam que gosto tanto do Verão, duh?!...) porque já há dinheiro para a electricidade, que actualmente já consigo deitar-me todos os dias às 4 da manhã e cada vez mais cedo (um esforço titânico que dura quase há um ano e pelo qual ninguém, NINGUÉM!, pelo menos aqui, me vai dar valor), e que, enfim, estou a sobreviver.

Mas não era só disso que queria falar-vos. Este blog vai fazer três anos. Três anos é muito tempo. Hoje, pela primeira vez desde que o comecei, passou-me pela cabeça deixar de o escrever. Nunca antes tinha pensado nisso, mesmo na altura em que era uma hipótese bastante provável ter de abdicar da internet por não a poder pagar. Pensei sempre em voltar assim que pudesse. Mas hoje não. Hoje foi mais existencialista. (Privilégio de ser rico e não ter de me preocupar em como pagar a internet, talvez. Os ricos sempre tiveram a mente mais livre para a filosofia.)
Não por ter falta do que dizer, nem por sombras. Eu tenho sempre algo que dizer enquanto o mundo não parar de girar e pelo que eu sei ainda não parou.
Digo "existencialista" porque dei por mim a pensar para que é que isto existe. Nesta altura da minha vida, a única coisa que faz sentido é meter-me nos copos e esquecer tudo. Talvez me deva dedicar mais a isso e menos a isto. Vou pensar no assunto. Escrever isto para quê? Já aqui está o suficiente para encher um livro. Se calhar, já chega.

E depois, sinto que no último ano envelheci uns dez. Foi uma coisa abrupta, uma coisa que veio de dentro e não do tempo propriamente dito. O tempo, esse, sinto que se esgota.
Havia uma coisa que eu gostava de fazer antes do fim. Gostava de me apaixonar outra vez. Não falo de arranjar um namorado ou uma namorada, nem sequer é isso. Eu tenho lá vida para isso! Falo de me apaixonar por alguém que também se apaixonasse por mim. Para variar.
Mas isso só me aconteceu duas vezes. Estarei a ser demasiado ambiciosa quando digo "só"? Terá sido a dose permitida aos seres mortais? Mais do que a dose? Não sei. Gostava de me apaixonar outra vez antes do fim.
Durante 12 anos o meu coração esteve fechado. Há razões para isso mas não vêm agora ao caso nem nunca virão porque são demasiado íntimas para partilhar (se calhar até demasiado íntimas para partilhar com uma só alma, quanto mais com tantas!). Terei batido algum recorde? 12 anos em que nem admitia a ideia de me voltar a apaixonar?... Mas isso mudou. Há cerca de dois anos, isso mudou. Um dia acordei e percebi que as feridas estavam saradas. Há cicatrizes. Medonhas cicatrizes. Daquelas que não se vêem. Daquelas que eu não quero que ninguém veja. Só quando estou sozinha comigo própria, sob anestesia, me permito voltar a chorar sobre elas e as suas consequências. Essas lágrimas não são para partilhar com ninguém. E isso também é novo. Durante todos estes anos não voltei a chorar sobre o assunto. Fingi que não era humana? Não, foi pior que isso. A minha alma, ou a parte dela capaz dessas emoções, bateu com a porta e abandonou a humanidade. Pensem nisto como uma sombra. Imaginem durante anos uma pessoa andar por aí sem projectar sombra, porque a sombra se zangou com o mundo e o deixou, e perceberão o que quero dizer. E agora a sombra voltou e já não estava habituada a vê-la.
Mas percebo porque voltou. Durante muito tempo, como Orfeu, estive fechada no mundo das trevas a atravessar o Inferno. Finalmente cheguei a um porto de calma onde me posso dar ao luxo de voltar a sentir-me humana. Durante muito tempo tive trabalhos hercúleos. Tive de ser de pedra, de sal, de gelo. Agora posso voltar a ser mulher. Já não me lembrava da sensação. É uma sombra que volta.

Mas a paixão é uma reacção química e o amor é uma viagem a Paris. Não há outra maneira de dizê-lo, gostava de me apaixonar de novo. Enquanto há tempo. Enquanto o vento está de feição. Algo me diz que este é o último momento de bonança antes da última tenpestade. Há certas coisas que uma pessoa sabe. Este é o tempo. Este ou nenhum.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Gift

Aqui há uns anos atrás (porque este blog já se conta em anos!) falei-vos de alguns temas de música clássica e erudita de que eu gosto. As poucas, pouquíssimas excepções.
Actualmente, que já sei colar mp3 (hehehe!) deixo-vos este presente composto por:

Carl Orff - Carmina Burana (O Fortuna)
Gabriel Fauré - Pavane
Tomaso Albinoni - Adagio
Mozart - Lacrimosa (Requiem)
Tchaikovsky - Lago dos Cisnes
Prokofiev - Romeu e Julieta (Montéquios e Capuletos)
Verdi - Va Pensiero (Coro dos Escravos, in "Nabucco")
Verdi - Dies Irae (Requiem)
Chopin - Marcha Fúnebre
Vivalvi - As Quatro Estações (Verão)
Beethoven - Sonata ao Luar
Samuel Barber - Adagio
Maurice Ravel - Bolero
Bach - Tocata em Ré Menor
Händel - Sarabande

Destes, alguns são apenas escolhas pessoais (e talvez intransmissíveis), mas acho que há aqui material que nenhum gótico pode deixar de ouvir, pelo menos uma vez, a saber: Carl Orff - Carmina Burana (O Fortuna), Mozart - Lacrimosa (Requiem), Chopin - Marcha Fúnebre, Bach - Tocata em Ré Menor, Händel - Sarabande.

Enjoy.

http://s4.quicksharing.com/v/7087033/Gotika_s_Classic_Mix.mp3.html

"You could call me a Goth, I think"

Aqui há uns tempos, o Klatuu fez uma coisa audaciosa que eu jamais pensei fazer também. Publicou escritos antigos.
Eu sempre tive horror a olhar para trás e ler o que escrevi. (É por isso que não vale a pena deixarem-me comentários em posts antigos: eu não os leio.) Já na segunda classe, olhava para as redacções que escrevia na primeira e achava aquilo tudo uma merda. E sempre que olho para trás acho que tudo o que escrevi está uma merda. Mas um dia percebemos que conseguimos ter um estilo quando finalmente olhamos para trás e gostamos do que escrevemos. Pode ser uma merda de estilo, mas é um estilo. Foi isso que aconteceu quando voltei a ler esta carta dirigida ao vampiro Lestat, que não consigo deixar de partilhar de novo. Perceberão porquê. Está sempre actual!!!

(Lestat:) “My longing for the microphone is gone, but I won’t give up the fancy clothes. I can’t give them up. I’m the prisoner of capricious fashion and am actually quite plain tonight. I think nothing of piling on the lace and the diamond cuff links, and I envy Quinn that snappy leather coat he’s wearing. You could call me a Goth, I think” He glanced at me very naturally, as though we were both simple humans. “Don’t they call us snappy antique dresses Goth now, Quinn?”
“I think they do”, I said, trying to catch up.

“Blackwood Farm”, Anne Rice


^§^ . ^§^ . ^§^ . ^§^ . ^§^ ...


Queridíssimo Lestat, ser gótico não está na roupa que se veste. É certo que o visual é muito importante para nós góticos - e não preciso de lhe explicar porque sei que nos compreende perfeitamente - mas não há nada mais blasfemo que uma criatura insegura e solitária começar a vestir-se “assim” para se sentir integrada durante os anos de caça à queca.
Bem sei, Monsieur de Lioncourt, que a sua caça é outra. Quem sou eu para criticar as necessidades alheias?... E compreendo que só no meio de nós a sua estranheza de aparência passe despercebida aos simples mortais, e que isso lhe deva ser muito conveniente.
Mas não esqueça, senhor Lestat, que os verdadeiros góticos - um pouco à semelhança da sua “gente” - também se reconhecem uns aos outros à distância. Parece que estão sempre distraídos, mas garanto-lhe que estão a controlar tudo e mais alguma coisa.
Não serão as rendas e os botões de punho que o salvarão, Lestat de Lioncourt. Está avisado: pode parecer igual a nós para os outros todos, mas nós sabemos quem é quem. Não passará despercebido. O verdadeiro gótico sabe o que é pó de arroz branco e o que é pele. Tenha cuidado. Use o pó de arroz. Não custa nada.
Mas não desista já! Apesar da nossa inegável frieza para com estranhos, nunca o movimento gótico deixou de acolher um irmão espiritual. O caminho é árduo e implica duras provas... Anos e anos de música e noite, de noite e música. Muito dinheiro gasto em roupinha. Muitos acessórios, muitos sapatos, muito verniz. Muitas horas à frente do espelho a pintar a cara e a arranjar o cabelo. Mas tempo é o que não lhe falta, deveras? Insista. Não desista. Uma destas noites alguém falará consigo. Se tiver sorte, talvez até um verdadeiro gótico lhe dirija mais do que três palavras e dois olhares furtivos.
Não espere que lá por ser um verdadeiro vampiro os góticos o acolham de braços abertos. Era só o que faltava. No movimento gótico são todos iguais: brancos e pretos, homens e mulheres, bruxas e vampiros. São muitos anos a bater à porta para entrar. É muito eyeliner.
E lembre-se, senhor “eu sou o vampiro Lestat”, gótico a sério é o Corvo porque está morto. Gótico a sério é o seu amigo Louis, que nunca disse que é gótico e se vai chorando da vida entre duas dentadas.
O tempo só recompensa os perseverantes. E a recompensa também não é nada de jeito. Por isso é que a maioria dos candidatos a gótico acaba por ir parar às Docas.
A recompensa é apenas uma noite atrás da outra. Poucos são os chamados e menos ainda os escolhidos. Só se sente em casa quem está em casa.
Se é a sua casa, entre à vontade e sente-se onde quiser.
O Gótico abraça quem abraça o Gótico.

sábado, 2 de dezembro de 2006

Reflexos

Fantástica, esta observação:


'I like Weasel,' Ben said. 'I get a feeling there was a lot there once. What happened to him?'
'Oh, there's no story there,' Matt said. 'The bottle got him. It got him a little more each year and now it's got all of him. He won a Silver Star at Anzio in World War II. A cynic might believe his life would have had more meaning if he had died there.'

in "Salem's Lot", Stephen King


Às vezes nem os escritores de "acção" resistem a navegar pela prosa poética. O seguinte não tem nada a ver com a história, ou podia muito bem fazer parte de qualquer outro livro. Sei que vai agradar principalmente ao Goldmundo:

But when fall comes, kicking summer out on its treacherous ass as it always does one day sometime after the midpoint of September, it stays awhile like an old friend that you have missed. It settles in the way an old friend will settle into your favorite chair and take out his pipe and light it and then fill the afternoon with stories of places he has been and things he has done since last he saw you.
It stays on through October and, in rare years, on into November. Day after day the skies are a clear, hard blue, and the clouds that float across them, always west to east, are calm white ships with gray keels. The wind begins to blow by the day, and it is never still. It hurries you along as you walk the roads, crunching the leaves that have fallen in mad and variegated drifts. The wind makes you ache in some place that is deeper than your bones. It may be that it touches something old in the human soul, a chord of race memory that says Migrate or die - migrate or die. Even in your house, behind square walls, the wind beats against the wood and the glass and sends its fleshless pucker against the eaves and sooner or later you have to put down what you were doing and go out and see. And you can stand on your stoop or in your dooryard at midafternoon and watch the cloud shadows rush across Griffen's pasture and up Schoolyard Hill, light and dark, light and dark, like the shutters of the gods being opened and closed. You can see the goldenrod, that most tenacious and pernicious and beauteous of all New England flora, bowing away from the wind like a great and silent congregation. And if there are no cars or planes, and if no one's Uncle John is out in the wood lot west of town banging away at a quail or pheasant; if the only sound is the slow beat of your own heart, you can hear another sound, and that is the sound of life winding down to its cyclic close, waiting for the first winter snow to perform last rites.

in "Salem's Lot",Stephen King


E quanto a mim, eu tenho agora que dormir muito mais do que fazia dantes. É simples. Isso e a primeira citação. Tudo dito.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

O amor é uma viagem a Paris

No meu caso, a viagem de sonho não é exactamente a Paris, preferia o meu tour de France pelo sul, mas utilizo a visita a Paris para que a linguagem seja mais universal.
Há muitas maneiras de ir a Paris. Não é de todo impossível. Há quem vá à boleia, aos trambolhões num autocarro, ou em primeira classe. Há quem esteja disposto a dormir na rua, há quem ache que não vale a pena se não for em grande. Depende do grau de exigência do viajante.
E depois é uma questão de sorte. De oportunidade. De imponderáveis que não dependem de outra coisa senão do destino. Nas palavras da canção de Mike Oldfield, há quem nunca chegue a França. Mesmo quando a viagem está planeada, os bilhetes comprados, as camas reservadas. E de repente, puff! C'est fini. Até há quem morra no caminho.
Há quem nunca chegue a Paris.

Eh bien.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Nick Cave

Nick Cave tem um projecto novo chamado Grinderman.
Podem ouvir a canção de que vou falar Aqui.
Este post não é apenas sobre os Grinderman e como eu acho que pela amostra têm potencial para mais uma série de clássicos. Nick Cave está melhor do que nunca.
A música chama-se "no pussy blues" e é mais uma vez Nick Cave a explicar às mulheres a essência do ser masculino, no seu pior e no seu melhor, como só ele pode fazer. (E também os Violent Femmes, nos seus melhores momentos.)
Às vezes, Nick Cave até compreende as mulheres, se bem que ao de leve. Para compreendeer as mulheres eu aconselharia Miranda Sex Garden. Ou a alma gémea de Nick Cave, PJ Harvey.
O que faz de Nick Cave um homem extraordinário é essa capacidade de descrever as suas necessidades ao sexo oposto (geralmente os homens não têm capacidade verbal para tanto) e fazê-lo com poesia!!! Às vezes chocante por ser tão honesto, mas eu gosto de honestidade. Gosto que um homem me diga "eu preciso de sexo" em vez de andar às voltas e voltinhas e a amuar e a arranjar discussões "around the bush", como se diz em americano e não tem nada a ver com o presidente. Como é maravilhosa uma boa dose de honestidade, principalmente se vem com poesia atrás. Palavras para quê? Gosto muito dele.
Ainda me lembro daqueles 50 euros que custaram o concerto dele no CCB, concerto a que eu não pude ir. Há quem precise de sexo, há quem precise de dinheiro. E depois, como nota fora do contexto, quem é que pensa em sexo quando tem a barriga vazia e o gás está caro para tomar banho todos os dias e...

Onde isto foi parar. Parar é a palavra de ordem. Paremos.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Para ler com muita, muita atenção

Repito: para ler com muita, muita atenção, e ter em conta que por vezes o autor está a ser sarcástico. É preciso um grande domínio do inglês para perceber por isso não se fiquem pelas entrelinhas. Leiam mesmo com atenção.

Imagem e texto chegou-me através de alguém a quem chegou através de email e que passou para mim. Não conheço a origem da imagem nem do texto mas penso que são ambos pertinentes para este preciso momento da vida do movimento.



"Regardless of individual artists, neo-folk is now so riddled with Nazi undertones it must not be allowed to slip by unchallenged. (Personally, I have a strict editing policy; send me neo-folk records and they go in the bin.) Genuine artists in the neo scene can move sideways into other scenes and be seen to be blameless. The rest can rot.
Everything to do with Nazis is the complete opposite of Goth, which stands for the soppier side of romantic imagery and on its deeper side it’s the rights and dignity and intelligence of the individual. It isn’t something that follows a Master Plan.
Nazism creeps into scenes every few years, sometimes because Nazis themselves are desperately trying to sow the seeds, still unaware their perverted ideals (sic) represent an extreme of humanity; these ideals will only catch on with the barbarically stupid (ensuring its popularity within the skinhead fraternity), but also with Goths (or participants of other scenes) who think themselves ultra-cool, uber-cred, when in fact they are cowards and deserve to be ostracised.
It belongs to people who are essentially dim but think they’re clever. That is how you tell them apart. They will post on forums or even contribute to certain fanzines with low editorial principles, and always end their efforts about how wearing Nazi insignia has got them into trouble, by saying “I guess censorship still lives, eh?” or when suggesting they are only clothes, “still, it’s an interesting point, no?” as though they have sailed single-handedly into new uncharted waters of morality, making points that people need to consider with great time and consideration.
And when they do post on forums, people dread getting involved. The last time I saw it was on a forum was last year where two complete imbeciles, one in the UK and one in Australia, were trying to defend their actions. One had got into trouble for wearing the swastika in school, and claimed as their defence that they didn’t know what it was. If they’re so stupid that by 16 they don’t know what the swastika represents, there’s no hope for them anyway. Then if they didn’t know, why did they put it on? Maybe they sometimes go in wearing an old man’s underwear on their head. “No idea what this is, but it’s an interesting point, no?”
The other was a wanker in this country who had been in trouble in the streets because of his insignia and shirt. “It’s only clothes,” he protested, giving off heroic overtones about the stance he took for personal liberty.
With clothes, it’s perfectly ludicrous. You’re just play-acting your own fantasies of superiority. You think you’re being shocking and decadent by being the one brave enough to pull on a Nazi shirt and wear your little skull and crossbones badge. You think Death In June are whiter than white (oops!) and you can enter the secretive world of neo-folk without a blemish on your character because you’re an explorer, an adventurer.
You’re a total twat, and friends should evaporate to leave you to your own real self-discovery, that you have no worth in a scene, that you have a contempt for others. The association of Nazi imagery is so strong it isn’t just clothes. It is iconic of the worst hatreds and crimes imaginable, and when you pull on the Nazi clothes you’re agreeing with it.
If not, then why is it that when people mention how cool Nazi outfits look, and that the combination of black, red and white just looks great and has nothing to do with the Nazi ethos, that whenever I point out certain horse artillery units of both the British and Canadian armies used exactly the same colour schemes but without looking like neutered monsters, that nobody seems to want to dash off and buy those outfits from army surplus? Hmmmm? And how come they stop answering threads on forums when their arguments shrivel? People try to defend their sick interests by claiming they’re just clothes when they have only one association, of horror and degradation and genocide. They’re not Just Clothes.
If you wear Nazi gear, in any way, without having the guts to declare you are a Nazi, then you are worse than a Nazi. You empathise with them on an unconscious level, but you haven’t the guts to the full way. Anyone sensible loathes the very idea of these people, but at least with genuine Nazi skinheads you now where you stand. Either on their head, or well out of reach, depending on the situation.
Oh, and one other recent example tried to excuse the wearing of a full SS outfit inside Fetish clubs on the grounds that this is understood roleplay between both parties. This can be dealt with quick and easy. This shows a callous disregard for other people, because before parading themselves in public like that, for their own enjoyment, have they stopped to consider they might genuinely upset someone who lost a family member to the Nazi regime? That is nothing more than monumental arrogance (oh, just like the Nazis!)
It isn’t a big problem in the UK, that’s for sure. We have the far right growing because of the asylum issue running out of control; ours will die down again once the problem is stabilised. This sparked a rise in Germany in the late 80’s, but they’ve always had the problem. Hell, they nurtured it until it exploded, and since the war, the wounds have been constantly licked and allowed to fester once more.
In the States, skinhead gangs had the KKK to rely on as their “noble” tradition, and gleefully welcomed Nazi groups as a form of outreach groups of the brotherhood. But the real problem will always be in Germany and Scandinavia, where the Aryan myth and neo-folk draws from the pagan past and satiates the would-be Nazi with their very own primal scream therapy.
At a Treffen event (was it 2002?) some left-wingers attacked the neo-community at some performance. Ironically, the sound of baseball bats against Nazi bones was probably more rhythmical and melodious than the band involved, but when I had people contacting me to see what I thought, it was again noticeable that when I said I thought this was the perfect answer to the problem, the e-mails stopped. Clearly I was being courted as a potential spokesman! Wankers.
Nazis, particularly Himmler, were so into paganism and occult matters to prove their deluded Aryan theories they even invented a Pagan king of their own and claimed he was buried on German soil. They adopted all things Pagan; this cretinous liberation of legends still permeates the neo-folk scene which is something worth being uneasy about because of the way it has grown in size despite being, for the most part, where the singers who can’t sing go to masturbate. Where the old rightwing punks and the grubby, soulless, friendless, charmless “artistes” go to feel sophisticated.
I feel sorry for the genuine Pagan artists who have only their belief in genuine gentle Earth matters and their deities, and care nothing for the Nazi creed. They would be better off moving clearly into the folk scene. Neo-folk clearly implies it is about something else, and simply has too many dodgy associations. Even during the early 90’s there were Pagan fanzines in Germany using imagery that wouldn’t have looked out of place at a Nuremberg rally, and they dress it up by using Scandinavian touches, which is where their true Aryan visual ideal always lurked, and where you can tell if you’re dealing with a hardline Nazi because they’ll get excited mentioning Odin or oak leaves.
It is common sense to realise something disturbing lays beneath the surface when you find band with no songs, with no charisma, attracting people, and it is not acceptable to ignore the problem. If you see people wearing Nazi insignia at Goth clubs, confront them. If you sense friends who are too naïve to know better are being drawn into something you see as being dubious, tell them about it. It isn’t acceptable in the Goth scene, or any scene. Nazis would have Goths strung up, and you owe it to your self-respect not to let these things go by unchallenged. If you don’t, you’re allowing them to get away with thoughts and deeds and aspirations which are fundamentally ugly, which is probably explained quite easily.
The only reason people wanna flirt with Hitler is because nobody sensible wants to flirt with them."

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Música de Hallloween (e não só)

Esta colectânea já vem tarde. Inclui músicas de que tenho falado aqui no blog e que estavam mais actualizadas por altura do Halloween (mas na altura ainda não sabia colar mp3 ;) .

Algumas músicas não estão muito completas e a gravação não é das melhores mas dá para conhecer e apreciar.
Enjoy.

Conteúdo:

??? - Kidneys, Liver, Gallbladder
Adrian Alexis - I want to be a vampire
34 Vampires - Blood In The Mix
Bloody, Dead & Sexy - Bloody Rose
Igor Spectre - Beautiful Dead Little Girl
Zombina and The Skeletones - Nobody Likes You When You're Dead
The Meteors - My Daddy Is A Vampire
New Math - They Walk Among You
Deadbolt - Billy's Dead
Skeletal Family - Trees
45 Grave - Riboflavin Flavored Noncarbonated Polyunsaturated Blood

Link

Última chamada

Tenho andado ausente, a trabalhar num projecto pessoal. Agora quero voltar à vida, se a vida ainda me quiser de volta. (Outro dia dei por mim a pensar se alguns de nós não seremos também demasiado sobrequalificados para esse trabalho em particular, mas essa seria outra história que não para este momento.) Já não tenho muito tempo. Dentro de meia dúzia de anos, estarei morta. Não digo "morta" no sentido literal, porque isso pode ser até mais cedo ou muito mais tarde, mas há uma altura na vida em que o velho cavalo de corrida acusa sinais de ter pela frente a última temporada, e depois, com alguma sorte, pode aspirar a uma vida tranquila de estábulo e manjedoura até ao resto dos seus dias... Mas sejamos francos. Quem nasceu para correr morre quando no dia em que as pernas páram.
Como é que eu vou fazer isto, voltar para a vida? Trago atrás de mim a vergonha como uma sombra... Não foi fácil conformar-me com isso. A maior parte das pessoas finge que quer mesmo tudo o que tem e que está satisfeito. Eu não sou assim. Então como é que se volta para vida com uma sombra de vergonha atrás?
Como é que se volta para a vida quando não se tem a certeza se ainda há lugar... para algo... como eu?

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Pergunta ingénua

Quem é que sabe que programa grátis usar para colar vários mp3 num só? Já tenhos os mp3, só queria colá-los.

Obrigada.

terça-feira, 31 de outubro de 2006

Um dia...

Um dia o pesadelo vai acabar. A bem ou a mal.

domingo, 29 de outubro de 2006

"The Dracula Tape" de Fred Saberhagen

Um Drácula com um fino e seco sentido de humor? Hmmm. Sim. Vlad, para os amigos e amigas, de Fred Saberhagen.
Ao ler o clássico, "Drácula" de Bram Stoker, sempre me ficou atravessado que no meio de todas aquelas cartas e diários o protagonista não tivesse direito a voz própria. Parece que não fui a única. Fred Saberhagen, à semelhança de escritores como Anne Rice que contam a história na perspectiva do vampiro, decide relatar os acontecimentos na primeira pessoa.
Se no século XIX o importante era dar caça ao monstro, a ameaça externa que perturbava a paz dos vivos, no século XX descobriu-se que são os vivos que comem vivos os outros vivos. Não admira que agora os vampiros falem. Os monstros somos nós, não eles.
Aconselho vivamente este livro a todos os vampire lovers, porque aqui Drácula faz-nos rir mais do que pensar, e não se representa a si próprio como o desgraçadinho condenado - ele quer lá saber disso! - mas como um bon vivant do(s) século(s) passado(s) que não dispensa a companhia de uma bela mulher e os jogos de sedução de um eterno apaixonado.
Quanto a Van Helsing, o arqui-inimigo, é descrito como um fanático religioso, tão sádico como sexualmente reprimido, que tem por fetiche penetrar mulheres com estacas de madeira. Diz dele o protagonista: "Por alguma razão a sua mulher foi parar ao manicómio." Contudo, este Drácula não é um santo. A mulher dele, não tendo ido parar ao manicómio que não existia na altura, atirou-se da muralha do castelo, como conta o clássico.

Uma passagem:

But let the story go. In passing, you think, I have let out the real truth, and it proves to be just what my enemies have claimed. I have now confessed that I deliberately made that girl into a vampire.
Is it not so? you ask. And I answer, jovially enough, in a phrase that men have used to excuse everything from genocide to sexual oddity: Yes, and what's wrong with that?
Will you tell me that the mere existence of a vampire creates a blot of unexampled evil upon the earth? You would be in danger of becoming insulting if you said that to Count Dracula. But never mind personal considerations for the moment. The fact is that you are arguing in a circle. It is evil to be a vampire because they sometimes make other vampires who are by definition evil.
Mere reproduction has not been thought a crime for human beings, at least not till very recently. Why may not I enjoy the rights of other men?



Sobre Fred Saberhagen:

Saberhagen's Dracula novels are based on the premise that vampires are morally equal to normal humans: they have the power to do good or evil, it is their choice. The first in the series "The Dracula Tape" is the story of Bram Stoker's "Dracula" told from Dracula's point of view. As the continuation of the series makes obvious, in this version, Dracula survives the best efforts of Harker, Van Helsing and company, who are portrayed largely as bungling fools. In later novels Dracula interacts with other literary characters including Sherlock Holmes and Merlin.

Boas leituras.

ser ou não ser? não ser

1ª parte

Tem sido algum tempo o de silêncio. Tantas coisas se passaram dentro do tempo em que nada se passou, agora que me resta aprender a ser feliz na escravidão. (Também não foi fácil aprender a ser feliz na liberdade. Aprender a ser feliz não é fácil para ninguém; parece ser o destino do homem.)
Sinto as minhas energias esvaírem-se aos poucos, em fluido espesso, como se tivesse um vampiro colado ao pescoço noite e dia. O meu rosto cansado e envelhecido de profundas olheiras cadavéricas não conta história diferente. A idade, dizem, e com razão, é um estado de espírito.
Luto contra uma doença tão desconhecida quanto banal é a incompreensão. Noite em que consigo adormecer às 4 da manhã é uma vitória. Tudo o resto é mais perto da madrugada. Quis o destino brincar com as minhas ambições. Tenho andado a deitar sonhos para o lixo como quem arranca a pele. Não, não vos vou dizer que sonhos eram. Ninguém tem nada a ver com isso. O passado é um fantasma. O futuro é um fantasma. O meu presente é esperar pelo próximo copo de veneno. As minhas noites continuam a ser mais belas que os vossos dias.


2ª parte

A minha vida, toda ela, foi um manifesto contra a natureza. Mesmo as minhas ambições, até os meus sonhos, não tenho a certeza de os ter desejado ver realmente concretizados. Quando era muito pequena, tão cedo na infância que não me lembro exactamente quando, descobri que tudo morre e nunca mais me esqueci disso. Nem por um segundo. Nesse momento, a vida deixou de ter sentido. Se é para morrer mais tarde e voltar ao pó, mais vale morrer mais cedo. Se, pelo contrário, a vida é apenas uma passagem para outros reinos, não vejo a necessidade de ter andado por esta estrada. E de permanecer? Muito menos.
Contrariada porque não gosto do sítio onde me encontrei de olhos abertos, nunca cheguei a decidir se quero ser ou não ser alguma coisa aqui, eis a questão. Vou sendo, quando me apetece, deixo de ser quando me canso de brincar aos infernos.
Antes de adormecer, quando consigo a suficiente serenidade mental, e até mesmo a qualquer momento insuspeito de vigília, dou por mim a repetir "liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade..." até me lembrar do que ela é.




How long have you been lost out here?
How did you come to lose your way?
When did you realise that you'll never be free?
When did you realise that you'll never be free?


Miranda Sex Garden, "Fairytales of Slavery"

sábado, 28 de outubro de 2006

Perdeu-se...

Perdeu-se auto-estima.
Quem a encontrar diga-lhe que volte para a dona. Faz muita falta.

Eu depois volto e digo qualquer coisa.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

sábado, 14 de outubro de 2006



David Delamare
Sleeping Mermaids

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Deus, como eu odeio o Outono!

Mas mais ainda, como eu odeio Outubro! A única coisa boa em Outubro é o Halloween e mesmo assim já é em Novembro.
Mês de merda!

Back in black

Um excelente artigo de 29 de Setembro no "The Guardian", se bem que mais cómico do que sério, sobre o início do movimento gótico no Reino Unido e a sua comercialização até aos dias de Marilyn Manson e Rammstein. O artigo deixa também a "ameaça" de que o gótico está na moda este Outono/Inverno (o que eu também já tinha visto em certas colecções de alta costura). *arrepios*
Alguns recortes:

Goth has returned to cast a long and dark shadow over rock music this summer and autumn. In August, the NME put the Horrors on the cover - a London band influenced by the Cramps who look like five grinning death's-heads. Other new acts such as Betty Curse and Dead Disco have put out CDs, and two compilations have claimed to bring together goth's forefathers. Goth has even reached the mainstream. Victoria Beckham and Colleen McLoughlin have recently dabbled in "goth chic" - faces made up to look pale, black lacy clothes and deathly nail varnish - though it's hard to imagine the Beckham and Rooney households rocking to Betty Curse, let alone the forgotten bands of the first wave of goth. It's a dramatic revival: barely a year ago, London's goth hangout, the Devonshire Arms, was saved from closure after a nationwide appeal to goths to boost its business.

In the 90s, goths all but disappeared as dance music became the dominant youth cult. The movement went underground and fractured into cyber goth, Christian goth, industrial goth, medieval goth and the latest sub-genre, zombie goth. Around the world, however, goth hit the mainstream. Goth crossbred with electronica and heavy metal in the form of Nine Inch Nails and Marilyn Manson. While the music of Nine Inch Nails owed more to the industrial-influenced music of Throbbing Gristle and Ministry, their subect matter (murder and trauma) and style (head-to-toe black leather) were unmistakably goth. Marilyn Manson, meanwhile, fused Alien Sex Fiend's electro-goth with Alice Cooper's theatrics and went to the arena circuit.

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Tagged

(Não consigo fazer isto em português por isso vou desatar a inventar palavras novas.)

Tagaram-me, e foi Necare do Ars Moriendi. Pelo que percebi a etiquetagem consiste em revelar 6 coisas acerca de nós e escolher 6 pessoas para fazerem o mesmo.

6 random facts about myself:

Telefones: Servem para mandar mensagens e ver as horas. Podem tocar, eu não atendo. Tenho tendência para os manter sem som. Draw your conclusions.

Corpo: Já foi uma máquina formidável. Nem acredito que me está a deixar ficar mal, a perder peças, enfim, a dar o berro numa estrada deserta a 5 mil kilómetros da próxima bomba.

Música: Às vezes ouço a mesma durante horas seguidas. Não é agradável para quem está ao lado.

Liberdade: Aquilo de que eu não abdicarei mesmo depois de perder a própria vida.

Blog: Um grande vício.

Vício: Gosto de cruzar as pernas em cima da mesa.


Não tago ninguém. Quem quiser que responda.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Aditivo para o cérebro

No outro dia descobri que o meu cérebro estava a precisar de qualquer coisa. Chama-se "dormir".

sábado, 23 de setembro de 2006

Banners do Pórtico

Com muitos agradecimentos ao Peculi, que fez estes três banners para divulgar o Pórtico, yay!









(Aceitam-se mais.)

terça-feira, 12 de setembro de 2006

VI Marcha Anti-Touradas e de Defesa Animal

Recebido por email:

Sábado 16 Setembro 2006 - Lisboa

Mais info:
http://www.unidoscontraastouradas.com
http://www.matp-online.org


A Coligação "Unidos Contra as Touradas" vai promover no próximo sábado dia 16 de Setembro a VI Marcha Anual Anti-Touradas e de Defesa Animal. Esta marcha de cariz pacífico pretende sensibilizar o público para a importância e necessidade do respeito pelos direitos de todos os animais.

Esta terá como especial enfoque o tema da tortura tauromáquica, que se intensifica durante os meses de Agosto e Setembro. A marcha irá centrar-se de igual modo no direito de todos os animais ao não sofrimento desnecessário, a uma vida digna e de acordo com a sua natureza.

A concentração dos participantes acontecerá no Parque Eduardo VII (junto ao Marquês de Pombal) pelas 17:00h. A Marcha a pé terá inicio por volta das 18:00h e terminará em frente à Praça de Touros do Campo Pequeno pelas 19:30h.

Será disponibilizada alimentação vegetariana e bebidas a preços simbólicos no final do trajecto pelo restaurante vegetariano Govindaji de Oeiras.
Haverá também animação e actividades lúdicas várias, mostrando que divertimento não significa sofrimento.


Autocarros gratuítos Porto - Lisboa e volta

Saída da Praça Velasquez às 13h (frente ao Café Bom Dia) Paragem em Coimbra às 14:30h Chegada ao Parque Eduardo VII às 16:30h Regresso do Campo Pequeno às 21:00h

Confirmações Porto: 916077000

Confirmações Lisboa: 912702224


PARTICIPE!

ENVIE A TODOS OS SEUS CONTACTOS.
DIVULGAR É PRECISO!

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Um portal só para nós!

Há muito tempo que eu e outras pessoas sentem a necessidade de um portal inteiramente dedicado à cultura e música gótica, onde se tenha acesso a notícias, eventos e locais de todo o país. É por isso que vos apresento o...

Pórtico


... E já não era sem tempo!

O Pórtico não é um projecto ambicioso, mas pretende crescer e abarcar cada vez mais áreas. Divulgar bandas, concertos, críticas a álbuns e espectáculos ao vivo, tudo o que os colaboradores quiserem fazer dele!

Precisamos de colaboradores! E de notícias! E de eventos!
Em suma, precisamos de ti!

O layout é provisório até aparecer um artista que o torne mais dark. O alojamento pode ser, ou não, provisório. O tempo e o know-how o dirá.

O que é preciso agora? Linka-nos, divulga-nos, diz aos amigos, diz aos amigos que digam aos amigos! Mas antes de mais, visita o Pórtico e diz o que pensas.


Se quiseres o teu blog lá adicionado, diz-nos. Só adicionamos blogs de pessoas que queiram ser adicionadas.

Espero que gostem da ideia tanto como eu.

E agora já sabes: diz aos amigos, diz aos amigos, diz aos amigos.


[Hoje um sonho tornou-se realidade.]

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

O desperdício! O desperdício!

Hoje lembrei-me de tudo o que vou perder e chorei.

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Memória II

Diz-se que quando se morre toda a vida passa como um filme em frente dos olhos.



Verão. 1980.

Havia uma inocência não só em mim como em todas as pessoas crescidas. O mundo era simples. Comprava-se pão na padaria, detergente na drogaria, bolos na leitaria. Toda a Lisboa vivia nesta calma provinciana que não tinha nada a ver com os modelos e continentes de agora e os metros e as pessoas a correrem 2, 3 ou 4 horas por dia só de casa para o trabalho. Havia tempo. Havia tempo!
No verão notava-se mais? Talvez. Mas de inverno também havia pais que levavam os meninos todos da rua à escola, parando de casa em casa, e ainda tinham tempo de ir para os respectivos empregos. As mães podiam ficar em casa e fazer lanches e mandar fazer sestas e os trabalhos de casa. As crianças mais velhas podiam brincar na rua, aos bandos, de putos. Tudo isto era Lisboa e agora é deserto de velhos, mendigos e casas arruinadas, toda uma cidade antiga debaixo de pó como Pompeia.
Como é que o dinheiro chegava com apenas os pais a trabalhar? Se calhar não chegava. Se calhar a inocência era tanta que se pensava que chegava.
Lembro-me dos domingos de Agosto daquele ano de 1980, e como foram quentes, ou se calhar era apenas que eu não tinha memória de tanto calor e fui apanhada de surpresa, e essas coisas não se esquecem. Não que o verão fosse um tempo feliz, mas nessa altura ainda não era tão infeliz. Nessa altura ainda os amigos do bairro não me desapareciam meses a fio, nessa coisa das férias que os levava para longe, para muito mais longe do que eu pensava e do que ainda provavelmente penso. Coisa estranha, essa de viajar, de ir para a "terra" ver a "família", de ter lá "casa" ou "parque de campismo", o que raio seria isso.
Havia alguns dias em que o capricho levava o meu pai a passear-nos à praia. Porquê apenas alguns dias por ano ou só de manhã, nunca percebi porque nunca me entrou na cabeça. Para mim as coisas fazem-se fundo, não se toca só na superfície, mas tenho para mim que era a minha mãe que não gostava do mar.
Os domingos eram então dias chatos em que o momento alto era ir ao único restaurante que estava aberto quando as leitarias tinham fechado para férias e comer uma mousse de chocolate. Depois havia que sentar a vegetar em frente à televisão até ser noite e ser hora de dormir, mas eu não dormia. Nessa altura não podia perceber como a frustração e o ódio se acumulava mais nesses dias quentes, como vapor a apitar, em que se ficava no fresco do escuro de casa. Não admira que aqui se morra de verão. É tradicional. Verão, pó, cemitério, calor, suor a escorrer pela cara abaixo dos coveiros. Para mim verão sempre foi morte, mesmo antes de o saber que o era.
Mas não em 1980, talvez o último ano da inocência. Lembro-me que foi nesse ano que tive um pressentimento, um terrível presságio, de que as coisas iam correr mal. Não, não tinha indícios, mas uma pessoa sabe estas coisas tal como sabe se é menino ou menina. Sabe-se. Ponto final. Mas não foi no verão. No verão ainda se ia todos os dias depois do almoço tomar café à leitaria, as mães e os filhos, e ainda havia esperança.
Eu devia odiar o verão tal como se odeia a morte. Mas não o fiz. Abracei-o muito antes de saber apreciar a solidão. Iam-se todos, ficava só eu. Era uma questão de tempo que um dia fosse eu que me ausentasse quando me convidassem para ir também. Quem olha a solidão muito tempo acaba por descobrir nela encantos inesperados. Viciantes. Plenos de satisfação.
Lembro-me que tinha uma espécie de trabalho de casa por dia, naquelas grandes férias de verão, mas acabava tudo na primeira semana de férias para ter mais tempo livre. *Risos* Hoje percebo o disparate dessa ideia. Como se eu precisasse do tempo livre para alguma coisa. Os meus amigos e colegas nunca os completavam, e agora percebo porquê, porque iam de férias e faziam coisas. Hoje eu resolveria não perder nem uma semana do meu tempo livre com esses deveres maçudos e gravitaria imediatamente para a frente da televisão. Why bother? Nada nunca mudou.

Isto era para ser uma memória agradável mas não o foi. Ainda estou para desencantar uma memória agradável do fundo do baú. Quanto mais olho para trás mais compreendo como fui infeliz, e quando comparo o antes como o agora mais me é aparente que se tivesse de resumir a minha vida numa palavra essa seria "desperdício". Mas penso que houve um propósito, um plano superior para a minha existência. Que não seja perceber isto:

As pessoas são como as plantas. Deite-se uma semente em bom solo, com muito ar livre, e sol, e nutrientes generosos, e água suficiente, e essa planta crescerá e será uma grande árvore e impressionará com a sua imponência. Deite-se a mesma semente num quarto escuro, num vaso ínfimo, e prive-se a terra de água, e esqueie-se-lhe o tronco e corte-se-lhe qualquer ramo que se atreva a despontar, medroso, em busca de luz, e ter-se-à uma planta esbranquiçada, raquítica, moribunda. Se muitos anos depois essa planta sem sorte ainda estiver viva é já uma vitória do seu instinto de sobrevivência. Nada de novo. Eça de Queirós já o disse n'"Os Maias".

Não tenho tempo para escrever mais. Tenho de ir ver televisão.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Memória

Diz-se que quando se morre toda a vida passa como um filme em frente dos olhos.


E depois houve aquela vez em que eu me senti feliz pela primeira vez desde há muito tempo. E falei com ele ao telefone. "Sabes, já me sinto muito melhor. Agora tenho uma cama, um quarto, e está a dar um filme de terror. Sinto-me quase feliz".
"Não me digas", desdenhou ele, "que isso é que te faz feliz?"
Como é que ele poderia saber se sempre teve um quarto, uma cama e, diga-se de passagem, uma mobília inteira (!!!). Queria que eu lhe dissesse "não, amor, só tu me fazes falta, e o teu corpo, e o teu cheiro, e a tua voz, e o teu amor". Mas foda-se, não, o que me faltava mesmo era uma cama.

Um destes dias vi um filme sobre a guerra americana da secessão, em que dizia um dos soldados: "Durante todo aquele tempo senti-me morto, mas afinal tinha apenas fome".


E lembro-me de outra vez, semelhante a esta. Mostrei à minha amante, a minha querida, o orgulho da menina dos meus olhos, a minha nova torneira (porque durante anos não houve torneira, houve uma bacia de plástico onde se lavava a cara em cima de um móvel de cozinha com tampo de mármore), e ela gozou-me. "Ai Jasus, uma torneira, binde ber a minha torneira". Só o amor me fez perdoar. E ainda dizem que sou fria. A água também era fria, especialmente no inverno. Lembro-me de ser tanto frio e as rachas das paredes da casa permitirem ver as pessoas que passavam na rua, que em vez de me despir, não o fazia, e acabava por vestir o pijama por cima da camisa interior e das collants. Tive sempre tanto frio, tanto frio!

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

De como eu acabei a viver em Portugal

Eis a história de como eu acabei a viver em Portugal. Foi assim.

Estava eu no mundo das almas, mais precisamente no SDRP (Secção dos Desencarnados para Reencarnação Próxima) quando me apercebi de que não tinha a certeza onde me instalar nos próximos 70 anos (com sorte). Depois de milénios e milénios a visitar todos os locais do planeta Terra, as opções começam a ser repetitivas. Desde a Índia, onde, como qualquer crente na reencarnação que se preze, passei uns bons tempos, à fria Europa onde vivi a maior parte das minhas últimas vidas, tudo era bastante déjà vu. O Oriente não me fascinava (e ainda não me fascina - devo ter-me farto dos Mongóis no tempo deles), a Austrália e a África têm grandes bichos rastejantes e bestas ferozes, e o que eu queria mesmo era um lugar quente e tranquilo onde pudesse assistir pacatamente ao espectáculo do Fim dos Tempos - leram bem, Fim dos Tempos, que é como quem diz o Fim do Mundo, que foi só por isso que me convenceram a voltar para o aqui e o agora. Disseram-me, e fica entre nós, que ia ser melhor do que o Fim de Ano na Praça do Comércio...
Pedi ajuda a um orientador. Os OCs (Orientadores Celestiais) são como os orientadores profissionais cá de baixo, excepto que conhecem de facto o futuro e sabem o que dizem.
Depois de o ouvir, e apesar da minha ânsia por climas tropicais, África e América Latina foram cartas postas fora do baralho. Fome, guerra, corrupção assassina, miséria atroz... "Não, nem pensar!", respondi. "O meu karma não é assim tão pesado. Pensemos em algo melhorzinho. Não mereço tal sorte".
O meu OC, que era preto, ou tinha sido preto e mantinha a cor, porque como se sabe os anjos no céu não se casam nem são dados em casamento e também não têm cor nem sexo, mas até que lhe ficava bem com a túnica de cetim e as plumas das asas brancas (dava ares de Pai de Santo sem turbante), começava a ficar preocupado com a minha esquisitice e quase disposto a dar-me também umas asinhas e a promover-me a um cargo vitalício no funcionalismo público espiritual sem direito a férias pagas no estrangeiro.
Começámos então a analisar as hipóteses restantes. Algures na Indonésia havia uma vaga para uma vida de classe média (que por lá significa vida de nababo) mas terramotos e tsunamis dia sim dia não tiravam a pica toda. Paciência. O dinheiro não é tudo.
O Brasil, rejeitei logo. Homens feios. Homens muito feios. Disse-lhe que preferia voltar para a Índia, fazer voto de castidade e juntar-me às irmãzinhas da Madre Teresa.
Falou-me então dessa nação poderosa, os Estados Unidos da América, onde se pode de facto ser filho de ninguém, começar por servir hamburgueres e acabar como presidente de uma grande companhia, "um dos últimos sítios do mundo onde uma Educação ainda vai valer alguma coisa até lá para o ano 2000". Atraiu-me, e a cena gótica até não era má de todo. Estávamos ainda em 1960 e qualquer coisa e eu só tinha ainda visto os Doors ao vivo mas podia adivinhar que o caminho era por ali. Mas logo depois de consultar o futurómetro (espécie de televisão que permite ver o futuro para que o espírito à procura de encarnação não venha ao engano), e fui logo sintonizar aquilo no canal dos anos 90 com uma certa curiosidade sobre o pós-Guerra Fria!, percebi que as mordaças tinham emigrado para lá e desisti a tempo.
Estávamos a ficar limitados, mais uma vez, à velha Europa. "Bem, lá volto para a Holanda, onde os homens são bons e eu me divirto. Ou melhor ainda, para a Inglaterra. Mostra-me lá isso da cena gótica outra vez". Ele mostrou. Era cada vez mais por/para ali.
Já estava convencida de que ia ser Londres o meu destino, ou talvez mesmo Leeds para compor o ramalhete, quando, de novo, desabafei: "Raios, lá vou eu voltar para o frio, mas não há alternativa, lá terá que ser".
Foi então que os olhos do meu OC se arregalaram. "Talvez não. Se é só isto que desejas da grande civilização europeia, há alternativa. Bem, uma alternativa-zinha. Há um país-inho medíocre, entre o Atlântico e o Mediterrâneo, que agora vive em ditadura mas isso vai acabar assim que tu chegares, e é, enfim, um país-inho, bonitinho, simpático, sem o sangue na guelra dos espanhóis, sem a máfia organizada dos italianos, sem a língua lixada dos gregos..."
"E que país é esse que nunca ouvi falar dele?"
"Chama-se Portugal... Portugal-zinho." Eu só deitei a língua de fora, como se vomitasse. "Mas repara, é quente durante o Verão (se bem que os nativos não saibam dar valor ao clima porque acham que o frio é chique), é visitado por isso mesmo, e pelas belas praias!, por todos os europeus que o desejam para colónia de férias (o que vai ser fatal mas não te aflijas que a tua estadia é apenas temporária e não é nada contigo), e é um local sem guerras porque o povo é cobarde".
Ligámos o futurómetro e rimos a bom rir da revolução de Abril e do seu glorioso futuro, especialmente na ilha da Madeira.
Havia uma cena gótica(-zinha), havia holandeses nas praias, havia estrangeiros na internet e, Alá seja louvado, não havia guerra porque o povo era manso.
"Só há um senão", avisou o meu OC. "Aqui não há mérito que te valha. Podes até ser um einstein que só te safas no estrangeiro. Conhecimentos noutras áreas que interessem ao mundo também as não há. Conhecimentos sobre a cultura autóctone não interessa aos próprios. Professores, sábios, filósofos, por lá não se safam. Só pedreiros. Pedreiros safam-se. Pensa assim naquilo como... uma África com monumentos!"
"E sem bicheza."
Nessa altura eu estava numa de make love not war, até porque era o tempo dos hippies, e só queria flores no cabelo. Decidi a encarnar-me aqui. (Mas continuo a pensar que foi pela ausência de bicheza...)
Mas enganei-me. Devia ter mesmo ido para a Holanda. No Verão, porque tinha dinheiro para férias, viria à mesma para cá curtir as praias e o calor que os locais preferem destruir com os seus ares condicionados terceiro mundistas. De Inverno, teria neve a sério, frio a sério, não esta coisa-zinha a que os portugueses se habituaram a chamar "briol", e viveria em casas a sério, calafetadas e quentinhas. E teria cena gótica! Mais do que cena gótica, poderia fumar - haxixe! - à vontade, nos cafés! Possivelmente, até dar milho aos pombos sem levar multa que aquela gente é assim livre e doida?... E, acima de tudo, teria homens bons, homens bons e mulheres boas, boas, boas!
Agora é tarde. Eu vim para cá assistir ao Fim dos Tempos. Qualquer balcão ou lugar de plateia serve o propósito quando isto começar a ferver.


Doces pesadelos.

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Vida pós-morte

Há pessoas que têm experiências de quase morte em que vêem uma luz branca e entes queridos já falecidos, e há pessoas que passam pelo mesmo e não se lembram de nada antes do momento em que tudo ficou negro.
E se, apenas como hipótese, a vida depois da morte não é para todos mas só para alguns? E se é um dom, ou uma recompensa, apenas para os dignos?
E se se nem sequer é um dom ou uma recompensa, mas algo de puramente aleatório?
Claro, não seria justo, mas há alguma coisa que o seja?


Pleasant nightmares, everyone.

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Dois filmes

Ok, porque a preguiça é um pecado aqui vai um "dois em um" de penitência.




"Gothica", 2003

Foi com bastante curiosidade que vi o filme de título quase igual ao deste blog.
Uma psiquiatra dá por si a experimentar as alucinações de uma paciente e a história desenvolve-se até à concretização de que as visões são causadas pelo fantasma de uma vítima de um crime verdadeiramente real.
As críticas não são famosas e com razão. O filme promete mais do que dá e não passa de um cruzamento entre um "Silêncio dos Inocentes" e um "Sexto Sentido". O título foi escolhido (apenas?) devido ao lado fantasmagórico da história. Podia também chamar-se "Silêncio Sentido" ou "Sexto Inocente" e era menos enganador. E não era preciso invocar os romances góticos do século XIX... em vão.
Só porque entretem,

13 em 20.


Agora o próximo...






"The Fog II", 2005

Dizer aqui que fiquei decepcionada não será inteiramente verdade porque como as sequelas já nos habituaram tão bem o surpreendente é quando são boas....
Ora bem, o que há de errado com este filme? Tudo. Um filme de terror tem como objectivo meter medo ao espectador através de uma ameaça desconhecida. Também ajuda um bocadinho que os intérpretes sejam credíveis e que a história não seja susceptível de ser adivinhada desde o primeiro minuto. Mas aqui não há nada a fazer. Já se sabe que há fantasmas, que vêm com o nevoeiro, que estão ali para se vingar. Depois é só contar os mortos.

Há uma parte deliciosa, contudo, em que do nevoeiro aparece o "Carl McCoy" e, talvez, os restantes membros dos Fields of the Nephilim.
Se é um facto que Carl McCoy adoptou o estilo do filme original de 1980, pode bem ser que o filme de 2005 quisesse adoptar o Carl McCoy. ;)

Quanto aos outros personagens, aqueles que de facto fazem parte do filme e não da minha imaginação delirante, temos o rapazinho/borracho/símbolo sexual do Superhomem de "Smallville" (Tom Welling) a fazer um papel mais convincente do que a rapariguinha/borracho/símbolo sexual de "Lost" (Maggie Grace). No caso da última, há uma tão total ausência de diferenças entre as personagens do filme e da série ("Shannon") que a qualquer momento se espera que apareça o namorado iraquiano "Sahid" a trazer algum verdadeiro mistério ao dito nevoeiro de que trata o filme.
Sim, comparado com o original, o filme é muito mau, muito mau, mesmo muito mau!

Há contudo um pormenor delicioso que vale mais um pontinho porque é destas subtilezas que se faz o cinema. Na cena em que uma das vítimas morre esfaqueada por pedaços de vidro, em vez da sangria do costume os vidros penetram o corpo do homem e saem dele tão imaculados quanto entraram, e são essas anormalidades que fazem que um filme sobre o sobrenatural pareça "bom". Isso e o homenzinho da praia, o caçador de tesouros, que não tem nada a ver com a história mas que faz a figura do "coro" das tragédias gregas, um pormenor a lembrar os melhores momentos de Carpenter.
O resto foi para facturar que já não há imaginação para mais (e venha mais um "Halloween" em 2007, como se ainda houvesse pachorra para o gajo da máscara branca!) e é por isso que não passa o nível de entretenimento imbecil para menos de duas horas.

14 em 20 (14 por causa dos Fields, se bem que só na minha imaginação delirante, senão levava 13 também)

Uma canção

Definitivamente sem paciência para ligar o cérebro à impressora que emite os meus posts, aqui fica uma canção.



Always said you were a Youthquaker, Edie
A stormy little world shaker
Warhol's darling queen, Edie
An angel with a broken wing

The dogs lay at your feet, Edie
We carressed your cheek
Stars wrapped in your hair, Edie
Life without a care
But you're not there

Caught up in an endless scene, Edie
Paradise a shattered dream
Wired on the pills you took, Edie
Your innocence dripped blood, sweet child

The dogs lay at your feet, Edie
We carressed your cheek
Stars wrapped in your hair
Life without a care
Ciao, baby!

Sweet little sugar talker
Paradise dream stealer
Warhol's little queen, Edie
An angel with a broken wing

The dogs lay at your feet, Edie
We carressed your cheek, well
Stars wrapped in your hair
Life without a care

Why did you kiss the world goodbye
Ciao, Baby!
Don't you know paradise takes time
Ciao, Edie!

Why did you kiss the world goodbye
Ciao, Baby!
Don't you know paradise takes time
Ciao, Edie!

Ciao, Baby!
Ciao, Baby!
Ciao, Baby!
Ciao, Baby!



The Cult, "Edie (Ciao Baby)"

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

De cócoras

Um homem, senhor Cadete, fecha-se por dentro destas noções, ausente na sua presença de mulher, acreditando que alguém ainda lhe continua pondo as mãos nos ombros, se eles choram de saudade e se isso lhes inspira a certeza necessária. Quando, de súbito, um estranho como você aponta o queixo na direcção do rapaz e pergunta se ele não medra, eu sinto que errei em tudo na vida, porque um dia quis morrer e desisti por causa deles.
Nunca mais fui capaz de me endireitar por dentro da vida. Continuo vivo, é um facto, mas de cócoras, de cócoras perante o mundo e, se me puser de pé, a minha vista já não vê o longe, nem sequer mesmo o outro lado da rua.
A este menino pode ter acontecido algo de semelhante, porque os rapazes da sua criação cresceram e estão de pé na vida, ao passo que ele tem a tristeza encostada à carne, e a tristeza já lhe entrou nos ossos. Pois será que ela mina os seres assim por dentro, chupa-os até devorar a seiva dos ossos e dos nervos; será que a tristeza envelheceu um corpo antes mesmo de ele crescer e se tornar jovem para então poder multiplicar-se?




João de Melo, in "O meu mundo não é deste reino"

quarta-feira, 12 de julho de 2006

Bilhete de identidade

Roubado do Goldmundo:




Nome: Secreto

Idade: do Gelo

Altura: Já sou grande.

Estado civil: Fora de prazo.

Naturalidade: Demasiada.

Profissão: Mentirosa a soldo.

Morada: Inferno

Da independência dos povos

A mim me parece que a independência dos povos está também ligada à mesma vontade de ser independente que dá nos adolescentes saudáveis que crescem, querem sair de casa dos pais e governar a sua vida sozinhos. O mesmo se passa com um país. Qual é o homem ou mulher que depois de ter estabelecido a sua vida independente abandona a sua casa e parte para tentar a sorte noutro lado?
Quase diria que isto me custa a entender nos portugueses, mas vendo bem a questão até não é assim tão difícil de explicar.
Aqui há tempos, quando me queixei da minha vida, da falta de oportunidades, perguntaram amigos e desconhecidos: mas não podes emigrar? Por acaso até não posso, já não tenho idade nem saúde para isso (como fizeram duas primas minhas, mais novas do que eu, que apanharam tempos em que já não há esperança), mas a verdade é que nunca quis emigrar. A verdade é que sempre quis estar aqui, fazer a vida aqui, lutar pelo que quero aqui.
Não sei se isto será patriotismo ou apenas teimosia ou apenas o simples facto de gostar do clima. Poderá ser tudo. Não interessa, hoje o assunto não sou eu.
A mim não me parece que qualquer povo possa ser independente sem um pouco que seja de patriotismo.
Vê-se que desde o descobrimento do Brasil o português desatou a imigrar. Com isso concidiu, a apenas um século de distância, a ocupação filipina de Portugal, que sugou os cofres do reino. Alguém acabou defenestrado. Mas pelos vistos não bastou. Os vícios estavam tão instalados que a nação nunca mais se endireitou. Ficou desde aí curvada, a fazer vénias ao estrangeiro. Depois dos espanhóis, aos franceses, depois aos ingleses, mais recentemente à Europa toda.
A solução para muitos portugueses que não encontraram oportunidades, principalmente os mais pobres, tem sido, há séculos, a partida, seja para a América, para a Europa, para África ou para o Brasil.
A pátria está moribunda e o povo parte. Mas que raio de solução é esta?! Eu compreendo a solução. É uma fuga desesperada de quem percebe que não consegue mudar o país, demasiado enfermo para escapar da doença que lhe corrói os ossos (por alguma razão se lhe chama corrupção), e não vê outra alternativa senão tentar a sorte num país a sério ou oferecer os seus préstimos qualificados aos países menos desenvolvidos. É a solução de quem desiste de lutar pelo próprio país. Mas que é uma solução terceiro mundista, é. É exemplo de país desenvolvido? Não. Veja-se a África e o Brasil. São exemplo de qualidade de vida e direitos e garantias dos cidadãos? Com todo o respeito que me merecem, não, não são, por razões que todos sabemos, com a corrupção estatal (e o povo mantido em ignorância e miséria) à cabeça da lista.
Pergunte-se a um francês se em face de perigo para a pátria, a abandona? Pergunte-se a um inglês se pensa imigrar. A um alemão, pergunte-se-lhe se com a pátria ameaçada pensa em fugir para o estrangeiro. Pergunte-se a um americano se quer a nacionalidade de outro país. Por último, para não ir muito longe, pergunte-se a um espanhol se abandona Espanha. Tenho de responder a estas perguntas de retórica?
O facto é este. Queremos ser como um país do terceiro mundo, que só existe para ser explorado pelos reis da repúblicas das bananas, ou queremos ter um país a sério, como os países que acabei de citar? Qual é o nosso modelo? Teremos um modelo? Queremos mesmo continuar a ser um país? Ou mais vale integrarmo-nos como província de Espanha, essa sim, um país a sério?
(Talvez a Espanha não nos aceite. Podemos sempre perguntar aos Estados Unidos se lhes dá jeito mais um estado. A posição geo-estratégica até é boa, quem sabe temos sorte?)
Era bom que alguém perguntasse isto aos portugueses nas próximas eleições. Há-de chegar o momento em que o povo está preparado para ouvir a dura verdade. É uma questão de tempo.
Enquanto o povo não se afirmar e decidir, a minha única esperança é de a União Europeia faça de Portugal o que os nacionais não fizeram, senão um país a sério pelo menos uma província europeia a sério.
E o país, o que quer? É preciso que o país pense mas custa a pensar, esta gente! É preciso que saiba o que quer e páre de votar à esquerda e à direita a quem lhe promete esmolas. É preciso prestar mais atenção e ter memória mais longa. É preciso ser mais inteligente. É preciso ser mais corajoso e encarar os problemas de frente em vez de fugir deles para os braços do primeiro vendedor de banha da cobra que apareça na rua a dar ilusões. Está na hora de crescer, ser independente, governar a vida sozinho, sair dos cueiros sujos que já tem idade para ser homenzinho.

"Lost", o estado do mundo




"Lost" ("Perdidos") é uma perfeita metáfora para o estado do mundo actual. "Lost" está para os anos 2000 tal como "Twin Peaks" para os 80 e "X-Files" para os 90. Em "Twin Peaks", durante anos de relativo optimismo, David Lynch teve tempo e oportunidade para se lançar na análise do inimigo interior, o perigo que pode morar na porta ao lado, a ameaça latente que vive escondida tanto numa pequena como grande comunidade de seres humanos que gostam de se julgar civilizados. Os anos 90, com a crescente inquietação e o inevitável pessimismo, ficou marcado por conspirações mais ou menos alienígenas, mais ou menos governamentais, mas a atenção estava ainda num inimigo invísivel, indeterminado, que tanto podia ser um extraterrestre ou o sinistro homem do cigarro. Mas tudo era uma nuvem de fumo. Se em "Twin Peaks" se perguntava "Quem matou Laura Palmer?", apontando o dedo ao serial killer (que afinal era um ser sobrenatural), já em "The X-Files" se sabia que "the truth is out there", mas a verdade nunca seria conhecida, embora se quisesse acreditar no lema da série, "I want to believe". Ambas as séries expressam o mesmo medo, o mesmo perigo, mas a ameaça é latente, não absolutamente real. Em "Lost", a ameaça é real, ou assim o parece. No princípio do milénio, pós-terrorismo, um grupo de pessoas sobrevive à queda de um avião numa ilha paradisíaca que lembra o Jardim do Éden antes da Queda, a Terra bíblica e prometida, mas nada de edénico existe nesta ilha. Com as pessoas chegam também as drogas, as armas, a guerra, mas também os polícias e os ladrões, os bons e os vilões, os homens e mulheres de fé. O mundo inteiro está condensado naquele microcosmos em que a sobrevivência do ser humano é realmente ameaçada, em que se pode perder a vida num segundo pela razão mais disparatada como um estranho urso polar à solta. Tudo é possível. Até a conspiração já ensaiada nos "Ficheiros Secretos", mas sem extraterrestres. O perigo é bem real e vem dos "Outros" habitantes da ilha, bem de carne e osso, bem humanos, cujas intenções não se conhece nem à maneira de os deter, tal qual o terrorismo. Não admira que num destes últimos episódios Jack tenha perguntado "quanto tempo demora a treinar um exército?".
É essa a pergunta dos dias de hoje, "quanto tempo demora a treinar um exército?", e já não "quem matou Laura Palmer?" ou "o que aconteceu em Roswell?". O mundo tem preocupações mais urgentes e perigosas com que se assustar, não há tempo a perder com serial killers e as profundezas da psique humana, com extraterrestes e longínqua vida noutros planetas. O mundo de "Lost" é paralelo mas é este mesmo, sem tirar nem pôr. Um mundo em que a preocupação é sobreviver mais um dia, à escassez e à guerra, mas um mundo de valores abalados, em que alguns se agarram à fé como última alternativa à destruição iminente e outros preferem fingir que a vida continua e não se passa nada. A humanidade a regressar aos seus estados mais primitivos, entre o tribalismo e a crença cega, entre o individualismo, o descalabro da família tradicional e a imperiosa necessidade de refazer os elos sociais perante a ameaça à espécie. A própria espécie humana vista como rato num labirinto, presa, por suprema ironia, na própria experiência que criou. A grande experiência de Deus no Jardim do Éden, afinal, terá sido tão inventada pela necessidade de acreditar em alguma coisa como é real o armagedão de que se suspeita se não se carregar na tecla de um computador do tempo da guerra fria. Deus, afinal, não existe. A experiência do Éden foi sempre fruto da imaginação do homem, que agora colhe o castigo de querer provar do fruto de todo o conhecimento, nascido na árvore do Bem e do Mal. É o mundo perdido, sem rumo, assustado, sem valores, sem fé, sem ter para onde fugir: tudo isso significa a palavra "lost".

sexta-feira, 7 de julho de 2006

Nota sobre o mundial, a selecção e a alienação

Compreendo aqueles que se preocupam com a alienação do povo através do futebol. Mas não me parece que venha mal ao mundo por ver um jogo, ou vários, e no meu caso não vi mais porque não tenho tv cabo, pois gosto bastante de asistir à luta entre selecções. Não só a portuguesa nem a brasileira nem a que está mais perto. Gosto bastante da Holanda. Emociono-me com a República Checa. Torci pelos suiços.
O mal está no exagero, na incapacidade de não perceber que aquilo é só um jogo, uma distracção como qualquer outra. Ver o jogo é como ir a um concerto rock, ou ir à praia, ou no caso dos góticos, ir curtir a depressão para o bar que der mais jeito.
Enquanto o futebol alegrar alguém, é bom sinal. É sinal de que a miséria ainda não está generalizada. Porque sim, há miséria em Portugal, e as bandeiras que devíamos estar a pôr nas janelas, como sugeriu um outro blogger que aprecio, deveriam ser bandeiras negras da fome, se o povo não fosse pobre mas envergonhado.

Também já o ando aqui a dizer há dois anos e tal. É preciso vencer a vergonha. É preciso auto-estima. Não uma auto-estima delirante, à Sócrates e seu séquito, que é um optimismo irrealista, mas uma auto-estima que derive do auto conhecimento, do admitir as falhas e as qualidades, do gostar de nós como somos. Isto tanto é verdade no campo individual como no campo colectivo. Já dizia o outro, a nação precisa de um psicólogo. Urgentemente.

Da cobardia

Dos comentários anteriores:

penso que algures no passado escreveste (e que vem a propósito das futebolices actuais)qualquer coisa do género:

"são burros (ou estupidos) demais para merecerem um país independente"


Já não me recordo, mas sou capaz de tê-lo dito aqui há um par de anos. Hoje, mais esclarecida, porque nunca deixei de acompanhar e analisar o fenómeno, não é com grande surpresa que vejo os portugueses a serem obrigados a ir ter filhos em solo espanhol. (Isto não é nacionalismo pacóvio, é apenas a constatação de que o Estado se demitiu de providenciar os direitos essenciais a alguns dos seus cidadãos, como o direito de nascer no próprio país, empurrando-os para fora desde a nascença. Se o que não dá lucro fecha, o Estado está a fechar. É o fim do Estado. É o fim da independência. Voilá.)
Hoje a minha visão do fenómeno é diferente. Não culpo tanto a falta de miolo cerebral mas mais a cobardia. Os portugueses são cobardes DEMAIS! Atrevo-me mesmo a dizer que a Europa toda é (cada vez mais, a cada dia que passa) cobarde mas os portugueses são campeões.
E como eu disse nos comentários abaixo, a cobardia excessiva não é uma característica inteligente para quem almeje ser independente, seja uma pessoa seja um país. A cobardia excessiva leva ao contrário, a subserviência. E é a subserviência, o "come e cala-te" que cada vez mais os grupos económicos e políticos obrigam a nação a engolir, estimulando o "dividir para reinar".
Enquanto forem promovidos valores individualistas, o safe-se quem puder, o chico-espertismo, a lei da selva, não saíremos do caos.
Este estado de espírito dos portugueses tem sido não só incentivado como orquestrado pelo poder político desde os anos pós-revolução. (Não que eu tenha nada contra o 25 de Abril mas as verdades são para ser ditas). Perdeu-se a unidade nacional e começou o cada um por si. Ora, não é assim que uma sociedade, que um povo, sai de uma crise. Diz-nos a história. Recordem o império romano e como ele caiu por divisões internas.
Os portugueses têm passado anos demais a puxar a brasa à sua própria sardinha, em vez de estarem todos de volta do fogareiro a manter o fogo aceso para que chegue para todos. Assim, estamos a chegar a uma altura em que a maioria não come nada!
Convém aos grandes, aos que comem, não deixar os pequenos aproximar-se do fogareiro. Se a princípio o povo não reagia porque não percebia (a tal burrice), agora tem medo de perder o pouco que lhe resta. Mas vai perder se não se unir.
Pensemos nisto. Uma cidade sitiada pelo inimigo. Duas soluções. A solução portuguesa: vou fugir a pôr-me a milhas e salvar a pele - mas perde a pátria, e perde tudo! A solução inteligente: vamos unir-nos e combater para proteger o que é nosso.
É na altura de lutar que o povo falha, porque é cobarde. E tudo fazem para que continue cobarde, desde a estupidificação à escravatura.
Alguns de nós viram o tempo a chegar e andam a lutar, como eu, sozinha, há uma carrada de anos. Não faço ideia se esta luta vai servir para alguma coisa. Não depende só dos poucos que querem abrir os olhos aos cegos para que vejam.

Quando eu dizia há tempos que os portugueses precisam de amar-se uns aos outros, começa por aqui. Deixar o egoísmo pelo bem de todos. Colaborar em vez de trapacear. Perceber que sem união o país deixa de existir. E aí sim, sobrará a nação, que já não será uma "escumalha ingovernável" porque alguém se há-de encarregar de a explorar até ao tutano.
Estas palavras que deixo aqui humildemente num cantinho da blogosfera não deviam ser ditas por mim, mas pelo líder. E o que é o líder? É aquele que governa o povo. Não é aquele que se governa à custa do povo. E nos últimos dez anos temos tido líderes a governar-se à custa do povo e apostados em manter o povo quieto... e cobarde. (A cobardia não é só culpa dos portugueses, não senhor. Foi meio século de repressão para serem mansos, e os treinos continuam.)
Para que chegue a vontade de lutar, é preciso primeiro que haja a coragem de dizer a verdade aos portugueses. Coragem puxa coragem. Mas até agora a única coragem dos líderes é enriquecerem escandalosamente sem um pingo de vergonha na cara.

De uma vez por todas, e ando a dizer isto há dez anos mas na blogosfera apenas há dois e pouco, é preciso deixar de ser cobarde. Pelo bem de todos, pela salvação do que é nosso, para que todos comam sardinhas.

Pronto, já disse.

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Sabedorias várias

Citações


Everything moves toward their end.
Nick Cave

Com amigos destes, quem precisa de inimigos?
Autor desconhecido (?)


What fabulous lives you must lead, to come up with a question like that.
Andrew Eldritch


Só podes culpar os pais até aos 25 anos. A partir daí, a culpa é tua.
Autor desconhecido


Go ahead, punk, make my day.
"Dirty Harry"


Se tiveres dúvidas, foge.
Autor desconhecido


I don't necessarily agree with everything I think.
Andrew Eldritch


If you want ever to be promoted, make sure you're not irreplaceable.
Autor desconhecido


Se não tens nada de bom para dizer, não digas nada.
Autor desconhecido


Play dead has always been one of the best strategies to stay alive.
Autor desconhecido




Algumas das minhas próprias pérolas de sabedoria


Se fores apanhado a mentir, exige provas. Se não houver, nega até ao fim.


As coisas vão mal quando acordas a chorar.


Algumas pessoas fazem as coisas acontecer, algumas observam enquanto elas acontecem e algumas interrogam-se sobre o que aconteceu.
Sou das terceiras.


Antes de mentires, certifica-te que não és apanhado. Se não for possível, mais vale dizer a verdade.


Mentir é mau.
Às vezes, não mentir é pior.


Quando não souberes que direcção tomar, fica quieto até descobrires.
Se te obrigarem a dar um passo em frente e caíres num buraco, lembra-te: a culpa não foi tua.


Podes não gostar de mais ninguém. Mas se te dizes meu amigo é obrigatório que gostes de mim.

sexta-feira, 2 de junho de 2006

(des)Abril em Junho

Os tempos são de escuridão quando uma pessoa receia perder o emprego ou a vida, ou ambos, quando tem que pensar duas vezes se é seguro dizer o que pensa contra os poderes verdadeiramente instituídos.
Nunca pensei ter que dizer isto. O tempo chegou.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Romance com a morte II

Salvo raras excepções...

O romance com a morte começa cedo. Estou convencida de que se nasce gótico ou a alma gótica se desenvolve tão cedo nos primeiros anos de vida que não se nota a sua ausência. A criança gótica sente um fascínio irrepremível pela morte assim que sabe que ela existe. É provável que queira saber mais, que fale do assunto às outras crianças, que tenha conversas mórbidas para a idade. É que a criança gótica ouve desde cedo uma voz, um chamamento, algo que as outras crianças não ouvem. Por isso se interessa por todos os temas que lhe expliquem a morte e, acima de tudo, o que há depois da morte. Como consequência, interessar-se-à por histórias de fantasmas, com um misto de desejo e temor, e pelo sobrenatural, e pela religião a que tiver mais acesso. Não é de estranhar que muitas vezes fique acordada de noite a imaginar a morte, e que lhe sobrevenham terrores, papões, medo do escuro. Alguns pais preocupam-se, outros não dão por nada. Mas, ao contrário das outras crianças, a criança gótica não reage à morte e ao medo dela evitando o assunto. Pelo contrário, torna-se curiosa, investiga, procura. Sente-se incompreendida quando percebe que as outras crianças não pensam nas mesmas coisas. É mais ou menos inevitável que seja do tipo de se isolar, de desprezar as brincadeiras das outras crianças, de se embrenhar na leitura ou na televisão, sempre à procura de explicações satisfatórias para a sua demanda do que acontece na morte e depois da morte.
A criança gótica não é mais inteligente do que as outras, mas é mais séria, definitivamente mais séria. Mesmo que não pareça. (Mas casos excepcionais são raros. A esmagadora maioria de pessoas que me falaram das suas infâncias sempre foram uns bichos do mato.)
A criança gótica segue o chamamento, não o recusa. Nem pode recusar. É por isso que a criança gótica é de facto diferente. Bastante, bastante diferente. E sabe-o, sente-o e sofre por isso.

- Nota: qualquer criança gótica terá gasto o lápis de cor preto antes dos outros todos. Estranhamente, os lápis de cores garridas ficam intactos. -

De todo este isolamento (se não exterior, pelo menos interior), sai um adolescente solitário, incompreendido, e muitas vezes deprimido. A adolescência é também o tempo da cruzada espiritual para encontrar respostas para as perguntas da infância, e o adolescente gótico vai procurá-las em todas as formas de religião e oculto antes de se decidir a enveredar pela doutrina do Bem (ao encontro de Deus) ou do Mal (ao encontro do Diabo), ou, completamente desiludido, se decida pelo ateísmo. Mas o próprio ateísmo é uma mentira que diz a si próprio e aos outros. Não conheço um gótico que não acredite em nada. É mentira e o próprio indivíduo sabe, lá bem no fundo, que é mentira. O misticismo ou a profunda recusa dele são as maneiras encontradas para lidar com a inevitabilidade da morte.
É por esta altura que o gótico moderno encontra o movimento gótico - se não tiver muito azar!
O adolescente gótico, como todos os adolescentes, também procura desenfreadamente a sua alma gémea. Ou talvez um pouco mais. Devido à solidão da sua infância, necessita desesperadamente de alguém semelhante. Quando encontra outros como ele está eufórico de alegria - mas ainda não sabe! Habituado a um caminho solitário e incompreendido, não lida bem com os seus pares. A isso se deve a animosidade permanente entre góticos em geral. Mas o facto é que delira entusiasmo e fará tudo o que os seus amigos estão a fazer. Nisto não é diferente dos outros adolescentes. Simplesmente não demonstra alegria, o que é crónico. O adolescente gótico continua a ser a criança séria que sempre foi.

- Há um risco mais sério de um jovem gótico se meter na droga, estou mesmo convencida disto. Às vezes as respostas não se encontram e há uma maior tendência para viver o dia como se fosse o último. Para muitos que se perderam, foi mesmo o último dia. É pena, porque fazem falta, mas não tiveram força, não tiveram fé no dia seguinte. É muito mais difícil para um gótico ter fé no dia seguinte. Por isso, perderam-se. Seguiram o chamamento até ao fim. Foram ao outro lado e não quiseram voltar. -

Mas apesar da depressão ser tão comum na adolescência, o gótico não é uma fase. E não passa. E não se pense que os góticos não se reconhecem uns aos outros como os ladrões e os assassinos. E os vampiros. (Não queria mencionar os homossexuais para isto não ser levado a mal por alguém, quando não é essa a intenção, mas é bastante semelhante.) Takes one to know one. Aqueles olhares de desconfiança que se deitam aos recém chegados são mesmo isso, a inspecção. "És mesmo diferente ou estás só vestido de preto?" A maioria, a grande maioria, está só vestida de preto.
Por volta dos 20 anos, as pessoas mudam e sentem necessidade de se afastar dos grupos da adolescência. Quando eu digo, meio a sério meio a brincar, que um gótico adolescente é um "projecto de gótico", é a isso que me refiro. Ficar no movimento é um teste que envolve tempo. Muitas pessoas não resistem ao casamento, ao trabalho, ao cansaço. Outros fecham-se na música que já conhecem e não procuram mais. A sua necessidade musical está satisfeita. Muitos outros continuam a procurar música nova, mas já não têm energia ou vontade de participar nos excessos da adolescência.

- São os que têm juízo. -

Mas se o movimento gótico é abandonado, ou se a criatura ouve em casa ou mesmos CDs até à exaustão (e conheço casos, ó se conheço!!!), isso não significa que a alma gótica desapareça. Pode não se vestir de preto mas é de preto que se sente bem, é de preto que se sente "o próprio". Muitos afastam-se e regressam.

- Como a vossa cara redactora. -

Muitos não regressam porque acham uma parvoíce. Mas garanto-vos que em qualquer lugar, passe o tempo que passar, bastam dois dedos de conversa para perceber se "é dos tais". Às vezes, basta a maneira como a criatura perde o olhar em redor e inspecciona, ele próprio, "és diferente ou estás só vestido de preto?".

Não sei o que se passa com os góticos depois dos 30. Terei que contar a história daqui por dez anos, se entretanto a voz não me levar e o chamamento não tenha de ser seguido para o outro lado. Pelo que me é dado a perceber, circulam, como fantasmas, e aparecem onde menos se espera. Às vezes sentem-se tolos por tentar voltar (a adolescência também pode deixar marcas dolorosas), mas acabam por voltar nem que seja no concerto da banda que ouvem em casa até à exaustão. Neste caso, não se vestem de preto para a ocasião, simplesmente permitem-se voltar a ser eles próprios.
Algures, em todos os tempos, eles deambulam e pensam no romance amargo que dançam com a morte, mais ou menos tentando escondê-lo, mais ou menos tentando parecer normais, mas ou menos voltando aos medos de infância e à primordial solidão dos seres que são diferentes dos outros. Mas eles andam por aí. They walk among you.
Muitos declaram-se "curados". Outros continuam a ostentar a dor. Com eu dizia no post abaixo, é um pouco como o sexo, cada um faz como quer. Talvez uma meia dúzia esteja mesmo curada, aqueles que verdadeiramente já abraçaram a morte ou se preparam para abraçar. Porque, afinal, mesmo que a morte seja o fim de tudo, é também o fim do sofrimento. Aceitá-la antes de ela vir é uma cura. E é um estado mental de libertação.
Nisto, os góticos também não são diferentes dos outros que lá chegam por outras vias. Simplesmente não demonstram alegria, o que, como eu já disse, é crónico, mas se não fosse assim, não eram góticos e não eram diferentes.

Outro dia dei comigo a pensar, ó por amor de Deus, admitam! Somos góticos, não somos felizes!!! Senti-me logo muito melhor.

quarta-feira, 31 de maio de 2006

Romance com a morte


Hoje em dia há muitas e completas definições do que é o movimento gótico. Uma das melhores está no Wikipedia.

Goth

Está tudo lá para quem quiser ler. Mas ser gótico não é apenas vestir de preto, gostar de filmes de terror e de um certo tipo de música. Há mais qualquer coisa. Algo de único que separa aqueles que ficam daqueles que mudam de pele. Esse valor imperceptível é abraçar a morte.

Abraçar a morte não é prestar-lhe culto, nem aderir a actos de violência e destruição, mas sim tê-la sempre presente na vida consciente, a cada minuto, a cada segundo, como a sombra que nos segue. De tanto fascínio que produz, uns acabam por amá-la, outros acabam por temê-la, mas todos a abraçam.
E quem não sabe o que significa abraçar a morte escusa de perguntar. (Escusa mesmo de perguntar porque é como perguntar o que é o amor sem nunca o ter sentido.)
Abraçar a morte vem primeiro. Possivelmente segue-se-lhe o vestir de preto. A música, os filmes, a maquilhagem, são a moda dos tempos. Não havia disto no tempo de Florbela Espanca, nem de Sylvia Plath, nem de Edgar Allan Poe. O que havia, e sempre haverá, é o abraço da morte. Entre rejeitá-lo e retribuí-lo, é como o sexo. Cada um faz como quer.

Não é por acaso que escolhi para ilustrar este post a imagem que aparece na capa de "closer", dos Joy Division. O fio condutor sempre foi o mesmo desde as páginas de Brahm Stoker ou dos poemas dos românticos do século XIX. Não há volta a dar-lhe.

Ser gótico é ter um romance com a morte.





Post Scriptum

Admitir que se é gótico é simplesmente admitir um amor proibido.

terça-feira, 30 de maio de 2006

A machadada final

E foi a machadada final no mérito. Pais a avaliar professores. Pais ignorantes, iliterados, quase analfabetos, sem educação e sem maneiras, que tudo o que precisam de fazer para ser pais é dar uma queca, a avaliar profissionais que no mínimo tiveram que tirar um curso para exercer a profissão.
É o fim, é mesmo o fim.

Ouvir a ministra da Educação dizer sem um pingo de vergonha uma barbaridades destas, que a "distribuição das melhores turmas aos melhores professores" é uma má medida, é cuspir na cara dos bons alunos e premiar os piores. Já agora, porque não realiza de uma vez por todas o sonho da burrocracia?

Que se dêem as notas ao contrário. Que passem os burros. Que chumbem os bons alunos.

É imperativo, é urgente, é necessário!!! mandar óvulos para Espanha! Óvulos para Espanha já e em força! E não só para Espanha, para a Europa toda! Pela educação das nossas crianças, pô-las fora de Portugal já!

segunda-feira, 29 de maio de 2006

Falta de sorte

Sim, admito, também snifo do ópio futeboleiro há muitos anos. Gosto dos jogos entre selecções, e não só os da selecção portuguesa. Antes isso que o Eurofestival da Canção -- valha-me Deus!
E vi atentamente os três jogos dos sub-21, com alguma tristeza porque estavam a correr mal, mas jogo é jogo e aquilo é apenas um jogo de futebol e nada mais que isso, e qual não é o meu espanto quando por duas vezes os jogadores vieram queixar-se da sorte. "Foi falta de sorte", disse aquele que marcou o golo.
E fiquei a pensar: Chiça! É assim que pensam miúdos daquela idade, que os maus resultados se devem à falta de sorte? Onde está a auto-crítica, a responsabilização? Não há falta de sorte. O futebol não é um jogo de cartas. O que aconteceu é que a equipa não conseguiu tocar na bola em três jogos consecutivos. De modo que a meio do jogo comecei a torcer pelos alemães. Mas os alemães cometeram um erro crasso, o de julgar que o jogo já estava resolvido e afrouxar a defesa. Pagaram pelo erro. Quem teve sorte, quem teve mesmo muita sorte, foram os sérvios-montenegrinos, que àquela hora deviam estar sentados a lamentar a vida quando subitamente lhes caiu do céu o apuramento. Isso é que foi sorte. Os erros de uns são a sorte de outros.

Causa, consequência. Causa, consequência. Causa, consequência.

Outra vez: Causa, consequência.

Agora uma outra espécie de falta de sorte. Algúem me consegue explicar qual é a obsessão do nosso primeiro ministro com as farmácias?!... Confesso que me faz confusão. Já não há muita coisa que me faça cair o queixo, mas no discurso de tomada de posse, Sócrates abandeirou como uma das primeiras medidas (fulcral, ao que parece) a venda de xarope para a tosse nos hipermercados. Um observador estrangeiro que não soubesse nada do país pensaria "que rica vida eles têm que a maior preocupação do primeiro-ministro é o conforto dos cidadãos que compram aspirinas, pois que bela economia devem ter, e devem ser todos muitos ricos, muito felizes, que paraíso!"
Isto não é normal.
Poderá ser daquelas medidas excêntricas à americana, ou mesmo à brasileira. Quem não se lembra da telenovela "O Bem Amado", em que o prefeito foi eleito por prometer, como primeira medida, o "inauguramento" do cemitério para que a população não precisasse de ir ser enterrada à vila mais próxima?...
Pois Sócrates que explique o que lhe aconteceu de tão traumático numa farmácia que tenha de meter xarope para a tosse no discurso de tomada de posse. E a cruzada continua!!! Eu até posso compreender, mas explique, homem! Foi talvez a uma farmácia às três da manhã comprar um analgésico e deram-lhe uma descompustura por bater a horas tardias? Teve de pagar taxa moderadora? Ficou chateado? Fez birra? Tem família ligada às farmácias? Amigos? Conhecidos? É um favor pessoal? Foi promessa a Nossa Senhora de Fátima? Diga, a quem prometeu? Ou não há mesmo nada mais importante do que as farmácias? Como a corrupção, a ineficiência da justiça, a iliteracia, já para não falar das pensões de miséria e do aumento do número de sem abrigo, só por exemplo? Ora aí está uma medida boa para um discurso de tomada de posse: "nem mais um sem abrigo na rua!". Mas não. Calhou a sorte às farmácias.
Caramba, expliquem-me, que isto não é normal.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

A burrice

Hoje vou falar de coisas simples. E como já não é a primeira vez que explico o país às criancinhas, cá vou bater mais no ceguinho para ver se dou vista a mais um cego. Todos os dias acorda um. Serás tu?

Imaginem que os clubes de futebol contratavam os jogadores como as empresas em Portugal contratam os trabalhadores. Era assim: o Zé Maria era o melhor avançado da equipa de júniores. O treinador queria contratá-lo para os séniores mas chega-se ao pé do Zé Maria e diz assim: "Pá, tu és bom. Sou treinador há 20 anos e nunca vi um avançado como tu. Por mim, contratava-te. Mas, sabes, o ano passado já meti o filho da minha prima, e tenho lá um filho em casa que para o ano já tem idade para jogar e até dá uns toques na bola... Por isso não te posso contratar. Mas tu és bom, safas-te em qualquer lado. Eles é que não, coitadinhos, porque não são grande coisa e se eu não os safar não jogam em lado nenhum".
Ora, frustrado e a mandar o treinador para o caralho que o enrabe, o Zé Maria lá foi tentar mais clubes, porque afinal é um bom avançado e sabe que o é. Mas em todos ouviu a mesma cantiga. Só joga quem tem cunhas. Até que o Zé Maria se fartou e foi para pasteleiro. Não é um bom pasteleiro mas por causa dos coitadinhos o Zé Maria não se safou.
E foi assim que a mediocridade invadiu os postos de trabalho.
E as equipas lá da terra? Bem, entre elas, sempre havia entre os medianos (mas não os melhores porque os melhores marcadores iam, como se viu, para pasteleiros) quem marcasse um golo ou outro e lá se iam safando.
O pior foi quando fizeram uma selecção e foram jogar com equipas de outros países onde joga quem sabe e não quem tem cunhas. E, como eram uma selecção dos menos maus, e não dos melhores, levaram uma tareia que se consolaram.
É disto que se fala quando se fala da falta de competitividade do país. É disto e tão simplesmente disto. Foram décadas a mandar os craques fazer bolas de berlim no intuito de salvar os coitadinhos da família, amigos e conhecidos. Não se provou muito inteligente porque agora que precisam de um Zé Maria para marcar golos, este está a decorar bolos (e nem por isso muito bem porque onde ele era bom não o deixaram avançar) e a equipa não ganha nem nunca ganhará. Foi cilindrada pelo mérito estrangeiro.

E isto foi a falta de competitividade do país explicada às criancinhas. Quem não perceber que enfie umas orelhas de burro e se vire prá parede sefaxavor que eu vou ali cumer uns tremossos com uns minuins e buber umas inpriais. (fodasse, hoje não que é ainda é quinta, fica prámanhâ.)