quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

Inveja

(Esta é das tais perguntas que eu gostaria que os leitores respondessem. Fiquem à vontade.)

Quando encontram competição da parte de alguém tão brilhante como vocês, odeiam ou amam essa pessoa?
Sejam honestos, se conseguirem.

Encomendas avulsas

Reparei que não tenho escrito nada de jeito. Ou melhor, que não tenho escrito mesmo nada. Está frio, eu prefiro hibernar. Nos últimos dois dias dormi umas vinte horas. Definitivamente, não sou uma criatura do frio. Hoje a temperatura subiu e eu animei. Ah, pois é.
Eu tenho uma teoria de que quem é gelado por dentro não suporta o frio que vem de fora. E eu não sou, de facto, uma pessoa energética.
É engraçado, agora lembrei-me de um senhor, um grande génio, que tinha uma coluna dominical no Diário de Notícias e que morreu há poucos anos... Deve ter sido a única pessoa a dizer-me, quando eu lhe disse isto mesmo ("eu não sou muito energética"), "olhe que não parece!". Penso que era a chama do seu génio que me alimentava. Há pessoas assim.
O que me leva a pensar que Ele leva os que muito ama. Ou os que muito amamos. Os que fazem muita falta.
Podia dizer quem era mas a minha humildade não me permite que cite o seu nome nesta nojeira de blog. Era um homem inteligente e despretencioso, um empresário sem caganças de novo rico e sem apreço ao dinheiro, um homem de trato simples e uma disponibilidade imensa para os outros apesar da sua mente brilhante. Um homem que sabia exactamente o que era importante. Que conhecia as prioridades. Uma perda imensa. Um coração demasiado bom que acabou por bater de mais - ou de menos - antes de tempo.
Chorei no dia em que recebi a notícia.

Mas de que estava a falar? Oh, da minha inactividade.
Já li "Vittorio, o vampiro". E li também "The Vampyre" de John Polidori. Obriguem-me e relembrem-me de escrever sobre ambos. (A preguicite, a preguicite...)
Vi recentemente "O Pianista" - as televisões andaram a poupar umas migalhas para enriquecer a quadra festiva. Claro que perdi os dois filmes d'"O Senhor do Anéis" porque deram... à tarde. (Esta gente é doida.) Mas não faz mal, porque hão-de repetir até à exaustão. Cá os espero.
Por falar nisso, ando a ler "A irmandade do Anel". Estou a achar um tédio. (Não há vampiros...)
E acho que vi outro filme de que queria falar mas esqueci-me.

O meu gato
Mais um capítulo dedicado ao meu gato. Quase um ano depois de ter morte anunciada, o bicho aguenta-se. O veterinário enganou-se. A doença pode ser uma espécie de cancro mas não foi fulminante. E cá está, o meu bichinho.

A tragédia do "marmoto"
Eu queria acreditar que foi uma gralha mas no dia da tragédia passava na RTP1 um rodapé - neste caso, "rodatecto" - que dizia "Sismo e marmoto, XYZ vítimas", ou algo que o valha.
Não podia deixar passar esta.
O "marmoto".
Ora, será o marido da marmota?...
E porquê? Porque não acredito que seja uma gralha. Não é todos os dias que se escreve "maremoto" - assim é que está correcto - como quem escreve "motos nas estarads". Perceberam a gralha? É esta a diferença entre uma gralha e um erro grave. Quanto maior é a raridade com que se escreve uma palavra mais se pensa nela. Principalmente quando se tem a responsabilidade de a transmitir na televisão, all eyes on you.
É grave porque se repete, e repete, e repete. É grave porque não houve um editor mais experiente que desse por ela - ou tivesse tempo de dar por ela.
Falava eu aqui, no outro dia, de mediocridade. É a isto que me refiro. Ao "marmoto".
Já não me vou arriscar a teorizar se se diz "maremóto" ou "maremôto", porque, como dizia no outro dia, também estou a ficar estúpida e já não me atrevo a dizer nada. Mas pelo menos não escrevam "marmoto". Está no dicionário, porra! (Mas podia ser pior, admito. Podiam ter escrito "sismo" com "c", como "cisma", que é outra coisa completamente diferente que quem escreveu "marmoto" também nunca deve ter ouvido falar, muito menos a do Oriente. Eh bien.)
Qualquer dia estamos como os brasileiros que escrevem "foder" com "u" - FUDER - e não percebem, as alminhas, que se o substantivo "foda" se escreve com "o", também assim deve ser escrito o verbo. Pimenta na língua de quem escreve mal os palavrões. Bocage, porra, Bocage sabia escrevê-los!!!
Para finalizar, uma última contemplação - talvez uma nota de terrível hipocrisia. Porque é que insistimos, como as formigas, em permanecer no mesmo formigueiro na esperança de que este não seja feitos em pedaços outra vez?
Como é que se diz que "em Portugal não há uma mentalidade de prevenção" e não há dinheiro para instalar um sistema de alarme anti-sísmico?
Cada vez que ouço estas coisas lembro-me daquela frase tão portuguesa: "coitados de nós quando chegar a nossa vez". Está provado que a zona histórica onde moro vai ao ar, ou melhor, ao chão.
Já pensei em trinta estratagemas para salvar os gatos. Ainda dizem que nós não temos mentalidade de prevenção! Eu tenho. (Nós os portugueses somos muita bons, e ainda melhores condutores, como se prova pela quantidade de gente que cada vez morre menos nas estradas mas fica apenas estropiada.)

Isto lembra-me que também quero fazer uma intervenção política sobre as eleições. Vai ser polémica, aviso já. Mas essa é para ser pensada e não rabiscada como estas linhas de pesar e raiva que aqui deixei hoje, numa noite fria de Dezembro, para alguém ler.

Esta é a altura do ano...

... para se mostrar que se tem.
Que se tem família para passar o Natal.
Que se tem dinheiro para as prendas.
Que se tem amigos para passar o ano.
Que se tem "terra" para onde ir.


Enfim, que se tem, que se tem, que se tem. Para mostrar.
Os aniversários passam mais discretamente porque ninguém se lembra deles. Esta época do ano grita-nos todos os dias que é preciso ter alguma coisa. É preciso que toda a gente tenha alguma coisa para mostrar.
Eu não tenho nada para mostrar.

Há uma canção do Jorge Palma, chamada Canção de Lisboa, que tem entre muitos versos fantásticos, uma parte que se adapta como uma luva:

A urgência de agarrar,
alguma coisa para mostrar
que afinal também temos mão na vida
mesmo que seja à custa de a vivermos fingida
Um estatuto para impressionar o mundo
não precisa de ser mais profundo
do que uma aragem que nos atordoa
Ó canção de Lisboa!


(Citado de memória)

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

Primeiro aniversário

Esqueci-me completamemte! Este blog fez 1 ano no dia 18 de Dezembro!!!





Recordo aqui o primeiro post, na outra morada.


dezembro 18, 2003

Under reconstruction
Nunca pensei que um diário online, pessoal e intimista, tivesse algum interesse para os outros. Sempre pensei que fosse a curiosidade, e não o interesse, que levava as pessoas a ler sobre a vida dos outros. Com certeza que também existe a curiosidade mórbida mas existe igualmente a escolha dos diários que lemos, os diários das pessoas que nos interessam.
Pergunto-me o que quero escrever aqui, e para quem. Não sei se escrevo para os amigos. Nem tenho a certeza se quero que os amigos saibam. Afinal, aqueles que merecem já sabem. Os outros, nao importa.

Ultimamente tenho sentido uma grande necessidade de solidão. Ao contrário de muitas pessoas, para mim é difícil estar sozinha. São muitas as solicitações. Parece que sou uma companhia agradável e tenho sempre assunto de conversa. Multiplicam-se os amigos e os conhecimentos. Torna-se difícil passar umas semanas sem os ver. Já para não falar nos amigos online. A única forma de os evitar é não abrir a caixa de correio.

Solidão, esse bicho temido, é aquilo que mais preciso. Sou um ser under reconstruction .
Veremos o que sai da metamorfose.

Publicado por _gotika_ em 06:14 PM
Mais um poema lindíssimo que descobri por aí:


Speak not, lie hidden, and conceal
the way you dream, the things you feel.
Deep in your spirit let them rise
akin to stars in crystal skies
that set before the night is blurred:
delight in them and speak no word.

How can a heart expression find?
How should another know your mind?
Will he discern what quickens you?
A thought once uttered is untrue.
Dimmed is the fountainhead when stirred:
drink at the source and speak no word.

Live in your inner self alone
within your soul a world has grown,
the magic of veiled thoughts that might
be blinded by the outer light,
drowned in the noise of day, unheard.
take in their song and speak no word.



Fyodor Tyutchev

quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

Para acabar de vez com o Natal

How the Goth Stole Christmas (Como o Gótico roubou o Natal)

Cumprimentos não natalícios.
ODEIO O NATAL.

Apadrinhanço

Palavras de Klatuu Nictus (com autorização para publicar):


Conheço um gózinho q nutre uma certa admiração, quase filial, por mim. É um puto expedito e esperto, extremamente simpático e nada deprimido (deve ser um híbrido!) q, vá-se lá saber porquê, tem uma ganda panca pelo Ozzy! Ele é Ozzy práqui e Ozzy práli, etc! Uma noite destas, estava ele (o puto) a falar com três amiguinhas, gózinhas, claro, q esta merda é cada vez mais rebanho! e o grande tema da noite é q o rapaz tinha feito uma descoberta entusiasmante! Tinha feito o descarregamento de uns mp3s, onde sacou meia dúzia de temas dos 2 primeiros álbuns de uma banda desconhecida: Black Sabbath! Acrescente-se q o vestidinho de preto tem 15 aninhos e é daqueles q nunca deve ter comprado um CD!... vem tudo à toa da Dona Mamã Net! E qual era o entusiasmo do petiz? É q tava a curtir bué daquela velha banda, principalmente pq a voz do gajo q cantava era uma beca parecida com a do Ozzy! Bah! decidi ficar calado, distraí-me a olhar para a roupa das gózinhas, para as mãos, os olhos, os cabelos, uns «pentagramas» dos hippies chungas da Rua Augusta e de Carcavelos, etc.
Passadas duas noites, o petiz, com as amiguinhas anteriores e uma outra q fez questão de me apresentar com um orgulho de jardim-escola, cruzaram-se comigo a caminho do Bairro... E aí ñ resisti: «Então, pá, ainda tás a curtir a voz do gajo dos Black Sabbath??». E responde o puto: «Ya, agora muito mais!». e faz a expressão semi-envergonhada e malandra mais bela q eu vi num rosto humano, nos últimos anos. Lindo menino, dá-lhe puto!

P.S. Se por hipótese há por aí alguma malta em silêncio e a apanhar do ar... deixem-me esclarecer-vos q o Ozzy Osbourne foi o vocalista da formação originária dos Black Sabbath!


A minha resposta:

POR AMOR DE DEUS, Klatuu, dá-me permissão para publicar isto no blog! Isto é do melhor gótico que já li! Nem eu fazia melhor! Isto tem que ser lido!
É tão típico, tão típico, a frescura do puto, a tua condescendência, a Dona Mamã Net, e o "Lindo menino, dá-lhe puto!"


E cá está.

Pensamento do dia

Aqueles que dançam são julgados loucos por quem não ouve a música.

Anónimo

sábado, 11 de dezembro de 2004

splendour in the grass, glory in the flower

What though the radiance which was once so bright
Be now for ever taken from my sight,
Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind;
In the primal sympathy
Which having been must ever be;
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering;
In the faith that looks through death,
In years that bring the philosophic mind.



Ode, On Intimations Of Immortality
William Wordsworth


Ode, On Intimations Of Immortality, William Wordsworth

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

Hoje, tentativa de chat online no MSN, às 23h30

Eu vou esperar uma hora até que apareçam.


http://groups.msn.com/GotikaBlog

O dia depois de amanhã (The day after tomorrow)



O efeito de estufa do planeta faz com que os glaciares derretam, libertando água doce para o oceano. O equilíbrio milenar de água doce/água salgada faz com que as correntes oceânicas se mantenham estáveis e perpetuem o clima equilibrado que existe no planeta. A partir do momento em que há um desíquilibro, estas correntes modificam-se e o planeta regressa a uma nova Idade do Gelo. No filme, tudo isto acontece numa questão de dias.
É um dos melhores filmes catástrofe e de ficção científica que tenho visto nos últimos tempos.
É também um alerta, como o seu predecessor (?) "O dia seguinte" ("The Day After"), que dramatizava o futuro após o holocausto nuclear. Os mais velhos devem recordar-se. (Assim como do filme de origem britânica "A Teia".) Talvez a escolha do nome ("O dia depois de amanhã") não seja inocente de todo.
Talvez "O dia seguinte" tenha projectado nas mentes mais alheadas o que seria o horror do inverno nuclear. Talvez até tenha mudado o mundo. Pretende-se o mesmo com este "O dia depois de amanhã". Não importando se está extraordinariamente bem feito, mas até está, o que se salienta é que à semelhança de "O dia seguinte" é a estupidez do Homem que provoca a sua extinção.
A cena que escolhi para ilustrar o filme (a estátua da Liberdade coberta de neve na nova Idade do Gelo) também não é original e remete-nos para o clássico "O Planeta dos Macacos" em que Charlton Heston, na sua tentativa desesperada de encontrar a nave que o fizesse regressar à terra, se depara com a praia de Nova Iorque onde jazia, quebrada, a mesma estátua da Liberdade, e onde o herói percebe que afinal nunca deixou o seu planeta mas que o seu planeta já não lhe pertencia.
Histórias de aviso. Histórias de alerta.
Espero que este filme ajude a mudar o mundo, mais uma vez.

15 em 20. Altamente recomendado.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Adeus, adeus

POST COMEMORATIVO

Vai-te!



Que já vais tarde.

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

A pergunta era...

Porque é que não conseguimos conceber algo que não tenha princípio?

domingo, 28 de novembro de 2004

The Village (2004) e a América

(Para fotografias, vão ao blog do Goldmundo, que ele tem por lá uma carrada delas)

É difícil não falar deste filme sem descrever a história, por isso se não querem saber o melhor é não lerem o resto.
MAS TÊM A CERTEZA QUE NÃO QUEREM SABER?
E se alguém vos privasse do direito de escolher se querem saber ou não? É sobre isso que este filme trata.
Um grupo de iluminados decide criar uma comunidade à parte - nos nossos dias - em que se diaboliza a sociedade como a conhecemos hoje. A fuga perfeita da escravidão do dinheiro e da ameaça do crime. Uma espécie de comunidade Amish como podemos ver em "A Testemunha". Só que, para forçar os jovens nascidos nessa comunidade a permanecerem lá, os anciãos da aldeia vão muito mais longe do que ameaçar os paroquianos com as penas do inferno. Inventam monstros, vestem-se de monstros, tornam-se monstros. Estes "monstros" vivem na floresta e esfolam pequenos animais. As "provas" aparecem. As pessoas têm medo. As pessoas acreditam que os monstros existem, até porque já os viram.
Tudo isto mascarado das "boas intenções" de proteger os inocentes nascidos na aldeia da terrível tentação de procurar o mundo exterior, nem que seja por mera curiosidade. O medo paralisa-os e não conseguem passar pela floresta.
No entanto, os jovens sabem que existe um mundo lá fora onde a tecnologia está mais desenvolvida. Tal como numa típica sociedade Amish, rejeitam a inovação pelo bem estar geral da sua pequena comunidade.
Até ao dia em que alguém morre por falta de medicamentos. E até ao dia em que alguém pode de facto salvar uma vida se apenas vencer o medo de atravessar a floresta recheada de monstros - que não existem. (Note-se a semelhança com o filme "A Praia", só que com uma decisão diferente, a de salvar uma vida mesmo pondo em risco a comunidade.)
Os verdadeiros "monstros", os anciãos da aldeia, permitem que uma rapariga cega conheça a verdade sobre a farsa e que seja ela a atravessar a floresta. Aqui ela tem culpa pois, a certa altura, ela sabe a verdade e cala-se. Podia ter partilhado a verdade com os jovens que se atreveram a acompanhá-la no princípio da jornada mas, duplamente cega (e tão monstruosa como os seus "criadores"), cala-se e permite que os outros continuem na ignorância. Este pequeno momento de verdade poderia ter evitado uma tragédia, e outra, e outra, e todas as tragédias que se seguem a uma mentira. Não há ninguém neste filme mais culpado do que ela.
O que me preocupa é que, sendo criada numa mentira, ela idolatre de tal modo os seus modelos que não é capaz de os desmascarar. Prefere alimentar a farsa. Não sente a desilusão. Não consegue encarar a desilusão? Quão cego se pode ser, é a pergunta?
Na sequência de filmes como este, e "A Testemunha" e "A Praia" e toda a série "Ficheiros Secretos", começo a chegar à conclusão que algo de grave se passa na América, algo de grave de que estes produtos cinematográficos são um espelho.
(Bem, confesso, falar com as pessoas também me abriu os olhos. Porque alguns de nós não estão cegos.)
O tema é recorrente. The truth is out there. Nós nem temos tradução que lhe chegue, o que significa qualquer coisa. "A verdade está lá fora", ou "a verdade anda por aí" não chegam para descrever o sentimento de terror que é o facto de a verdade estar "lá fora" mas ninguém saber qual é a verdade. O terror de viver numa sociedade baseada em monstros imaginários que a sustentam. O terror de algumas pessoas conhecerem a verdade e não a quererem revelar para o "bem comum". A teoria da conspiração sem um Agent Mulder.
O verdadeiro terror. Ou apenas o estado das coisas antes da escuridão total que é o correr da cortina e o instaurar da tirania do "bem comum". Sabemos bem onde vai dar. O muro só caiu há 15 anos.

Coitadinha da mãe do senhor ministro!!!


A sugestão...

Por Helena Sacadura Cabral
Economista

Lá fora, o Presidente Bush ganhou as eleições, Arafat morreu e iniciou-se uma sucessão política que está longe de ser pacífica. O dólar desceu e o euro está cada vez mais forte.

Por cá, o ministro das Finanças, que, como eu, é hipertenso, dá uma contribuição para a subida da minha pressão arterial.

Primeiro, foi o meu PPR, cujos benefícios foram à vida. Depois, foi a prometida baixa de impostos que, afinal, só parcialmente se fará sentir em 2005. O resto fica para 2006, quando nem eu nem ele sabemos se continuamos em funções. No meu caso funções vitais, dado que, com a idade que tenho, ninguém me garante que esteja viva nessa data. Funções governativas no caso do ministro, que, entretanto, podem deixar de existir…

Agora são os direitos de autor, dos quais vivo, que se irão esfumar como o vento, a partir de certo limite. Ora sendo Portugal um país conhecido pela sua enorme apetência pelas artes e literaturas, é de crer que a medida traga os melhores resultados!

A cumular tão «agradáveis surpresas» junta-se, no momento, a minha ignorância sobre o que vai acontecer à chamada «casa de residência de família». De facto, o domicílio filial cujo aluguer é há 47 anos nosso corre o risco de deixar de o ser.

E onde, à falta de obras do senhorio, fui realizando, a expensas próprias, algumas melhorias. Que de nada me servirão, dado não ter solicitado ao amigo que as foi executando as indispensáveis facturas, tão do gosto do dr. Bagão Félix.

Mas nem tudo é mau neste reino de fantasia, já que o patrão das nossas finanças sabe velar pela juventude dos futuros reformados. Aos quais, agora, sugere um lifting cerebral através do sistema «trabalho e reforma a meio tempo». O qual permitirá aos excelsos avós deste país participar, «graciosamente» (de gratuito, claro), na educação dos seus netos, cuidando deles no «meio tempo» em que não trabalham!

Surpreendida com tanta bondade, cogito no que pensará o dr. Félix, quando chegar à minha idade…

É que eu comecei a trabalhar aos 13 anos, tive filhos sem direito a férias de parto e sou do tempo em que os sábados não eram dias de descanso.

Ou seja, o meu activo laboral tem, seguramente, mais anos do que a idade do senhor ministro.

Em face de tudo isto comecei a fazer reduções. A empregada doméstica passou de meio tempo a um quarto dele. Isto é, deixou de vir todas as manhãs e passou a vir, apenas, duas.

O coupé dos meus encantos, comprado há três anos, foi despachado rapidamente e substituído por um modelo utilitário. Tão utilitário que, com o actual preço da gasolina, nem sempre sei se o devo usar.

No ano passado publiquei um livro de cozinha. Prevendo a dimensão da crise, inclui-lhe um sugestivo capítulo de aproveitamentos.

Este ano, acabo de lançar um livro de dietas. Numa tentativa de adaptar o corpo às dificuldades e manter a tensão arterial nos seus limites.

Por tudo isto, sugiro ao senhor ministro que siga o meu exemplo. Porque, se assim não ficar hipotenso, pelo menos irá contribuir para minorar os prejuízos que, pela sua mão, eu já sofri!


Gostei principalmente da parte do coupé. Coitadinha. O que será desta terceira idade? Qualquer dia até têm que andar de transporte público.
Ou, salvo seja, dispensar definitivamente a empregada doméstica.

Eu espero que a senhora esteja a ser tão sarcástica quanto eu, ou temos o caldo entornado, mas uma coisa é certa, quando os ricos começam a apertar o cinto o que será dos pobres?
Eu sugiro que os comamos a eles. (Já são muitos filmes de terror...)

sábado, 27 de novembro de 2004

Eternidade

Como começou o universo? O que aconteceu antes do Big Bang? E antes? E antes ainda?
E se Deus criou o universo, quem criou Deus? Como começou Deus?

Já repararam, apesar de sermos mortais e termos vidas limitadas, nós conseguimos compreender a noção de eternidade no sentido de não ter fim. Conseguimos compreender a noção de algo viver para sempre, ser imortal, não morrer.
Mas não conseguimos compreender a noção de não algo não ter princípio.
Porquê? Porque é que não conseguimos conceber que algo não tenha tido nunca um princípio?

Respondam, respondam, respondam!

quarta-feira, 24 de novembro de 2004

Estou a ficar estúpida

Não estou a brincar.
Os volumes e volumes de cultura que fui adquirindo ao longo do meu percurso educativo e nos variados media estão-se a varrer como itens apagados de um disco rígido.
No call centre (porque é assim que se escreve à inglesa, e não call center, à americana), no outro dia, um gajo disse-me que uma palavra da morada levava um "chapéuzinho" e eu fui incapaz de me lembrar, durante a meia hora seguinte, que o "chapéuzinho" se chama acento circunflexo. E sei que circunflexo leva também um acento, mas não me lembro de qual nem de onde.
Estou a emburrecer ao contactar com família, chefes, patrões, clientes, que não sabem escrever, falar ou interpretar o que lêem.
Costuma dizer-se "junta-te aos bons e serás como eles; junta-te aos maus e serás pior que eles".
A programação televisiva - Castelos Brancos de ignorância (já repararam que ele não sabe falar inglês e no entanto viveu na América, a besta?!? Como é que é possível que não tenha aprendido a conjugar os verbos? Onde é que arranjou o dinheiro, a traficar diamantes?), telenovelas brasileiras e portuguesas de enredo duvidoso, filmes de porrada, também não ajudam à manutenção do pouco que se aprende na escola.
Infelizmente, nem os amigos escapam. A comunidade gótica, mesmo sendo em média mais culta do que o resto das idênticas camadas juvenis, não escapa à onda de ignorância que alastra (e é glorificada) pelo país. Temo ser muitas vezes discriminada por não dar erros de português - porque ninguém quer empregar um intelecto superior ao do chefe, obviamente.
Estamos reduzidos ao triunfo da mediocridade.
Ainda hoje, nesta vergonhosa entrevista que Santana Lopes deu a Judite de Sousa, o próprio primeiro ministro não conseguiu articular duas ideias coerentes uma atrás da outra.
É a isto que estamos reduzidos? Sim, vou votar "sim" no referendo da Constituição Europeia porque pior não podemos ficar.
O que é mais interessante é que a minha estupidificação pode, a longo prazo, vir a ser recompensada com uma promoção que há uns anos atrás era impensável. Tenho ainda que me fazer/ficar/fingir mais estúpida. Para meu próprio benefício.

Não sei se sabem mas na América, por exemplo, as pessoas com melhores notas no liceu entram nas melhores universidades (e têm bolsas de estudo que lhes permitem sair de casa dos pais para estudar) e as pessoas são de facto recrutadas pelo mérito que exibiram nessas mesmas melhores universidades. Ou seja, a educação vale a pena. Em Portugal, já não vale a pena estudar.
Não me admira, portanto, que os clientes que telefonam para o call centre leiam um "S" ou um "Q" e digam "C", porque não reconhecem as letras. Estamos reduzidos a isto. Mas não é porque sejam estúpidos. É porque são, até, mais inteligentes do que eu. Perceberam, a tempo, que estudar era uma perda de tempo.

Só mais uma nota:
Os cursos que nós tiramos em Portugal não valem a ponta de um corno na Europa porque, pura e simplesmente, não valem a ponta de um corno. E na Europa há padrões de qualidade muito sérios. Por outro lado, se o curso for tirado, por exemplo, num colégio inglês ou francês, já tem garantia de qualidade no estrangeiro.
Era para nos fazer pensar.

Mas...
Mais uma nota:
Convém a políticos como os nossos que as massas ignorantes continuem ignorantes pois de outra forma teriam de se esforçar mais para ganhar os votos que, de outra maneira, lhes escapariam.
Há sempre aquela camada de reformados que votam no governo porque vão ter (ou tiveram) um aumento de 200 escudos na pensãozita. Que bom!

Eh bien.

Les cigarettes

Comentários que eu quero comentar em público:


Não ames tanto o mundo. Não estou a brincar, tambem.
GOldmundo | 21.11.04



No sentido em que, se eu não amasse tanto o mundo não me sentia tão mal por fazer parte dele?

Isso só pode advir de quem tem saúde...


Infelizmente, ou felizmente, tal já não é verdade. Estou doente. Tive pneumonia no ano passado e acho que estou a caminhar para outra, embora este ano me tenha "portado" muito melhor.
Mas mantenho a ideia original. Quanto mais cedo, melhor. Et alors?

Tentando responder à tua pergunta favorita... É considerada letal uma dose de 60mg de nicotina... basta olhar para o maço que tens aí ao lado e... fazer as contas para ver quantos cigarros tens que fumar ao mesmo tempo e na sua totalidade, para morreres (cerca de 60 no meu caso)


Obrigada pela resposta. É então uma questão de ter boca para tantos cigarros. (Ai as piadas porcas que podiam sair daqui mas... não saem.)

hmmm... porque não estupidificarmos e tornarmo-nos banais? Rose*
Black Rose


Tenho a sensação de que isso me está a acontecer. A estupidificação, não a banalidade. Mas mais sobre isso noutro post.

Cá estamos chegados ao momento preferido de quem pensa que diz muito ao mundo mas que afinal não passa de uma vulgar pessoa que como todos os outros não tem coragem para o adeus final.


Era mais fácil e eficaz com uma arma de fogo.
Não conheço, neste momento, gente da Buraca que me arranje uma fusca barata. Mas não está posto de lado.
Não, espera, até está, por causa do karma e essa treta da reincarnação em que eu acredito. O suicídio é proibido porque é uma fuga ao karma que nos foi designado.
De modo que ambas as minhas religiões não permitem.
O que não significa que em circunstâncias desesperadas não se recorram a medidas desesperadas.
Obrigada por me lembrares que afinal não preciso de acabar debaixo da ponte.
Já me sinto muito melhor. A sério.

Deus

Perguntaram ali em baixo qual era a minha opinião.
Eu acredito em Deus porque as minhas preces já foram respondidas. De outra forma seria mais uma agnóstica.

A minha experiência nada tem de segundas intenções. Fiquei contente por ter despertado o debate. Só isso. Quero despertar o debate sobre assuntos não muito discutidos.

domingo, 21 de novembro de 2004

Boas notícias


Um em cada dois fumadores vai morrer por causa do tabaco. (...) quem morre por causa do tabaco morre, em média, 15 anos mais cedo do que o previsível para pessoas saudáveis da mesma idade e sexo.


Óptimo!
É um prazer acrescido ao prazer de fumar saber que vou deixar esta merda de mundo 15 anos mais cedo do que seria previsto se fosse saudável, da mesma idade e sexo.
Agora, pergunta de algibeira: o que tenho de fazer para morrer... digamos... 30 anos mais cedo?
E a minha pergunta preferida: Quantos cigarros tenho de fumar hoje para morrer amanhã?



E não, não estou a brincar. É muito a sério.

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

Acreditas em Deus? Sim, não, porquê?

Vou fazer uma experiência e deixar aqui algumas perguntas para os leitores responderem. As respostas são subjectivas por isso são dispensáveis todos os tipos de guerras santas. Porque aquilo que eu pretendo abordar aqui é exactamente do que já não se fala muito e sinto que há necessidade de falar mais.
Gostava de vos ver a falar.
A primeira pergunta está no título.

Acreditas em Deus? Sim, não, porquê?...

quarta-feira, 17 de novembro de 2004

Pensamento do dia


Não sejas pobre. O que quer que tenhas, gasta menos. A pobreza é grande inimiga da felicidade: destrói a liberdade, faz algumas virtudes impraticáveis e outras extremamente difíceis.

Samuel Johnson

terça-feira, 16 de novembro de 2004

Pundit, guru, musa...





You Are a Pundit Blogger!



Your blog is smart, insightful, and always a quality read.
Truly appreciated by many, surpassed by only a few
.



Que acham?

"Van Helsing" (2004)



Quem é Gabriel Van Helsing? É um imortal que esteve na batalha de Masada, entre judeus e romanos, nos anos 70 da nossa era. Não, não nos anos 1970. Nos anos 70 d.C.
Entretanto, amnésico, foi parar à porta do Vaticano, onde uma ordem monástica o encarregou de matar vampiros e outras criaturas do mal como o pobre Dr. Jekyl (o tal do Mr. Hyde), lobisomens e coisas assim.
Deste modo, Van Helsing é despachado para a Transilvânia onde tem que matar um Conde Drácula amigo do Dr. Frankenstein (e ele próprio muito semelhante ao cientista louco) que tem três esposas encantadoras quando não se transformam em morcego cinzento e, com a ajuda delas, uma descendência de monstros incubados em casulos (como no "Alien", olha que "coincidência", os monstros até são semelhantes...) a quem tem que dar vida através de uma descarga eléctrica para a qual necessita também da presença do pobre monstro criado pelo já referido Dr. Frankenstein. Tudo isto no século XIX.
Parece confuso mas o mais intrigante continua a ser a identidade do próprio Van Helsing, que é imortal mas ninguém explica porquê.
Se não fosse o próprio Drácula a chamá-lo por Gabriel, seria apenas Van Helsing. Mais uma facada no conteúdo. Se bem que estes filmes não se vêem pelo conteúdo mas pela fotografia, de modo que "em Roma sê Romano".


Van Helsing.



O nosso original Conde Drácula Franskenstein da Cunha & Silva. (É impressão minha ou é muito parecido com o Bono?)



Os três mosqueteiros: Van Helsing, a boazona e o frade - ajudem-me, quem é que também tinha a ajuda de um frade esperto?... Além de Romeu.



No meio desta salada de referências em que se recontam velhas histórias, o que me desperta mais a atenção, desde o princípio, é a semelhança deste herói com o senhor Carl McCoy, vocalista dos Fields of the Nephilim.
Ora vejam:


Van Helsing


Fields of the Nephilim


Clasificação de 1 a 20: Daria 11, porque as animações 3D parecem de facto animações 3D e os lobisomens não metem medo, mas dou 12 porque o Conde Drácula é atraente e carismático. Tenho para mim que estou a ser demasiado generosa.

"Queen of the Damned" - o filme


(Uma das cenas não inseridas.)


O filme "A Rainha dos Malditos" ("Queen of the Damned", 2002) tencionava ser a adaptação do livro com o mesmo nome da série Vampire Chronicles de Anne Rice. Estrondoso fracasso. Qualquer semelhança parece coincidência.

A história segundo o livro: Lestat acorda de um sono de 60 anos, torna-se numa estrela rock e através da sua música tenta chamar os outros vampiros dispersos pelo mundo. Este chamamento acorda Akasha, a primeira de todos os vampiros, em cujo corpo está o espírito primordial que os mantém vivos. A destruição de Akasha significa a destruição de todos os vampiros descendentes desse espírito primordial. Akasha, rainha egípcia de há mais de 6000 mil anos, decide voltar com um plano: tomar Lestat como seu consorte, eliminar da Terra a maioria dos homens (por acreditar que a guerra e a ganância são causadas pelo ímpeto masculino) e instituir na Terra uma nova religião em que ela e Lestat seriam adorados como deuses.
Lestat não aceita mas não tem força suficiente para se revoltar. Só depois de consumir o sangue de Akasha é que se torna no vampiro poderoso dos livros seguintes. Antes, não era sequer capaz de voar.
O destino de Akasha cruza-se com o de duas gémeas, Maharet e Mekare, suas contemporâneas, que assistiram à transformação da rainha e foram transformadas também em vampiro por um dos servos antes leais de Akasha, Kayman, exactamente com o propósito de a combater em plena igualdade, uma vez que Akasha já demonstrava (na verdade, ainda em vida mortal) as suas tendências ditatoriais. São as gémeas que acabam por destruir Akasha e uma delas, Mekare, toma para si o espírito primordial, tornando-a assim na nova Rainha dos Malditos e impedindo que toda a descendência acabe com Akasha.
Durante a sua vida mortal, Maharet tem uma filha que por sua vez se torna mãe, e assim continuamente, até que 6000 anos depois, nos nossos dias, Maharet toma conta de uma Grande Família humana, espalhada por todos os pontos do mundo. Maharet vive para a protecção dessa sua família humana. Jesse, que vem a ter uma papel mais importante no filme do que no livro, é uma descendente de Maharet e membro da Talamasca, organização que estuda os fenómenos paranormais, incluindo os vampiros. É assim que a sua curiosidade é despertada pelo vampiro Lestat que ela julga poder dizer-lhe alguma coisa sobre a sua própria família (Jesse é órfã). No livro, Jesse e Lestat nunca chegam a falar-se.

O filme
Onde começar a dissecar as chocantes diferenças? Lestat não é criado por Marius mas sim por um vampiro louco chamado Magnus que se imola no fogo após a tranformação de Lestat.
A cena comovente que sustenta todo o filme (a morte da cigana na praia) nunca acontece. O violino de Lestat não é dessa cigana mas é sim o violino do seu amigo Nicholas, que também pôs fim à vida pelo fogo pouco depois de Lestat o ter transformado em vampiro.
O violino, fio da meada de todo o filme, é destruído por Enkil (rei e legítimo marido de Akasha) quando Lestat acorda a sua rainha ao tocar para ela, no século XVIII, e sim, coincidente com a acção no filme, quando se encontra em casa de Marius algures numa ilha no Mediterrâneo.
Logo, adeus violino. Uma das primeiras cenas do filme, em que Lestat se levanta do túmulo com o violino na mão, é inventada.
Lestat também não cria Jesse. É Maharet que cria Jesse quando esta se encontra à beira da morte. Lestat e Jesse só se encontram por breves instantes quando este está em palco a cantar no famoso único concerto da banda O Vampiro Lestat, e nem chegam a conversar. Lestat nunca esteve sequer num bar da Vampire Connection. É Louis quem o informa de que a rede de bares onde os vampiros se encontram existe, e que é frequentada por góticos.
Por falar em Louis, não entra sequer no filme.
Por falar no concerto, o ataque dos vampiros que querem destruir Lestat não acontece durante o concerto e Lestat e Marius não são vampiros mestres de karate. Isso é outro filme e chama-se "Blade". O ataque dos vampiros dá-se depois do concerto. Lestat e Louis estão a sair do recinto, de carro, quando são atacados, e Gabrielle, mãe natural de Lestat, aparece ao volante e ajuda-os a fugir. A própria Akasha não se faz anunciar senão na primeiras horas da madrugada do dia seguinte ao concerto. Não, não aparece em palco como no filme, longe disso.
Ah, e os vampiros Riceanos são conhecidos por não deixarem cair uma gota de sangue. Toda aquela encenação de leão após uma caçada serve apenas para alimentar o cliché. Os rugidos e o som de asas de morcego durante o voo, idem.
Algumas das cenas filmadas foram pura e simplesmente removidas do filme e agora divulgadas em DVD, como por exemplo as cenas em que os imortais antigos são apresentados. O que faz uma confusão desgraçada a qualquer pobre mortal que veja o filme sem ter lido o livro. Armand, Pandora, Kayman, Mael e Maharet estão no concerto, mas ninguém os apresenta. Logo, ninguém sabe quem eles são. Ademais, embora tenha sido uma opção do realizador para os "mostrar" antigos sem gastar palavras e tempo, estes vampiros aparecem envelhecidos, o que não se passa no livro. A sua aparência é tão jovem como a dos vampiros mais recentes.
E por falar em aparência, a suprema heresia do filme, para os fãs incondicionais, é que Lestat é louro, Marius também é de um louro nórdico e tem cabelos longos, Armand é arruivado, não louro, e tanto Maharet como Jesse são puramente ruivas como só as ruivas naturais podem ser. Nos dias que correm, custa apenas uma hora e uma embalagem de Garnier... Não se perdia nada em manter os personagens iguais a si próprios...
Por falar em personagens, Mekare, a gémea que de facto se torna na nova Rainha dos Malditos, não é vista nem achada.
Uma parte importante do livro, a relação - muitas vezes erótica - entre Armand e Daniel (o entrevistador de Louis) é completamente ignorada. Agora, isso sim, merecia um filme exclusivamente dedicado aos dois. Se o livro vale a pena, a ambos o deve.

As comparações ao "Corvo" são mais que muitas e bem fundadas. Os diálogos são de um embrutecimento atroz ("Boo!", "Boo back!") que dá dor de alma. A cena de pancadaria vampírica durante o concerto... Um disparate. Uma descaracterização completa dos vampiros de Anne Rice que actuam através do poder da mente.
O próprio Lestat (Stuart Townsend, na imagem) representa um Lestat arrogante, adolescente e afectado, à la Corvo, um rebelde com causa e angústia juvenil. O teenager revoltado com os pais. Sobra de verdade a arrogância, que é muito pouco comparado ao Lestat desesperado e determinado a reencontrar os amigos que perdeu durante os seus dois séculos de existência, após tomar consciência, através do relato do vampiro Louis, que ambos foram separados por uma teia de mentiras e imcompreensão para a qual muito contribuiu o vampiro Armand.
É um filme a pensar na audiência gótica - basta olhar para os "personagens" que vão ao concerto - e especialmente na audiência gótica americana, alimentada no biberão da MTV. Todo o filme parece um videoclip. Recorda-me um outro filme de vampiros feito de propósito para a minha geração de adolescentes, "The Lost Boys" (tradução "Os Rapazes da Noite"), com Kiefer Shuterland, em que se invocava a imagem de Jim Morrison a torto e a direito e de onde saiu uma das melhores versões de "People are Strange" que todos os tempos, assinada pelos Echo and the Bunnymen.
Também não era para pensar, apenas para ver. Tal como este "Queen of the Damned".

A banda sonora
Se o filme é para góticos...
É difícil não gostar da banda sonora. Confesso que entre os dois - filme e som - fiquei com aquela tristeza de existir que só um ambiente gótico pode evocar.
"Not Meant For Me", "Forsaken", "Redeemer" (com a colaboração de Marilyn Manson), "Slept So Long" e "Cold" já são clássicos.
Vale a pena adquirir a banda sonora mesmo sem ver o filme porque, afinal, o filme vive dela como os vampiros vivem de sangue.

12 em 20, porque Stuart Townsend é muito bom... actor.

Piada: Estados Unidos do Canada

Mail que circula por aí:


We are formally requesting your assistance. Our country has been takenover by right-wing fundamentalists, and there does not appear to be an end in sight. We are hereby requesting to join your union, where rational thought seems to have gone after it fled our country.

Attached is a pretty map of what our new greater nation will look like.

Please help us extend your borders a little further south.

Sincerely,

The Blue States

PS. Though we be not large in landmass, we are the economic engine of the country and could certainly help propel Canada to superpower status.



segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Poema de Klatuu Niktos


GÓTICA

Dedicado à autora deste blog.




Tu, as muitas cartas do Tarot ainda de rosto
Deitado na toalha sumptuosa de treva
Que é a mesa vil e sangrenta do mundo.
Tu, um fogo de crueldade íntima
Que abre clareiras na floresta uivante
Onde nada, ninguém arrisca já a coragem
De um passo. Tu, a filha sempiterna
Que um dia roubou a roupa à morte.
Tu e o teu cabelo devorado pela loucura.
Tu, que não gostas de ti e, ícone
À dor, escondes no seio um coração
Onde caberiam todas as crianças sem mãe.
Tu, a puta maldita e santa que dormiria
Com o leproso só porque isso é proibido.
Tu, o corpo cansado, a boca ávida,
Tu, os olhos sempre espantados com a morte
E ressurreição do Sol, a alvura da Lua,
A canção da Noite. Tu, a borboleta nocturna,
Tantas vezes fútil, que trocaria a virgindade
Por um vestido, viciada na negra luz
Que a atrai e queima. Tu, és minha irmã.


Klatuu Niktos, 31 de Outubro de 2004, Halloween.


PS: As minhas desculpas por só ter publicado agora
PS2: Qualquer semelhança entre o poema e a realidade é pura coincidência, mas não é isso que importa aqui. A poesia é também imaginação.

quarta-feira, 10 de novembro de 2004

All you know of heroines is what you read
We sometimes burn, sometimes bleed

All you know of heroines is what you read
Burn
Bleed



The Golden Palominos
"Curses"

sábado, 6 de novembro de 2004

Teste infantil (com boneco para enfeitar o blog)

Dreams V.2
Your Beauty lies
in Mystery. Captivating, mysterious and alone. You are the girl in the little
black number that no one seems to know,
the eternal mystery girl. You make it a point to never let anyone know more about you than you want them to
and do a very good job of it.
You're there one minute and gone the next leaving them in
wonder of who you really are.
A mature and normally calm individual, quiet and enjoy spending many hours of the day on your own,
most likely preferring night
to day.
You love the dark and some may find you a bit strange.
You seem to be rather distant and cold
making hard for people to get close to you, though you probably like the distance they usually keep.
You probably wear make-up, but
concentrate more around your eyes than anything.
You know the effect you have
and enjoy keeping people in wonder.



Some Things
That Represent You:



Element:
Dark, Water Animal: Panther Color:
Black, Maroon, Dark
Tones Song: In The Shadows by The Rasmus
Expression:
Sly Smile



Gemstone:
Black Diamond Mythological Creature: Demon,
Vampire Sign:
Scorpio Planet: Venus
Hair Color: Black Eye Color:
Garnet



Quote:
"In the shadows for all time."


Where Does Your Beauty Lie? ..::Amazing Pictures And Ten Detailed Results::.. All Fixed!
brought to you by Quizilla

Teste não tão infantil (mas também com boneco)

A Rough Stretch

You've come upon a Rough Stretch.
Can you make it through? You've come upon hard times. Things aren't looking so good to you and your life has seem to collapse into a downward spiral. You've lost your way and can't seem to find the right path to take.
You are probably depressed and feeling lonely as you've lost sight of those who love you. You may wander through this road with a few others like you and are able to comfort them as they comfort you, but it is not enough. You've lost something, maybe someone close, and with it you lost your faith in life.
You're probably confused and unsure what to do next. But the way will become clear eventually. It always does. This stretch that lies before you seems never-ending and not worth traveling. But don't let yourself fall, you may have stumbled upon this, but pick yourself up as best you can and hold on to that little bit of faith you have.
The road isn't as endless as it seems. All things, good and bad must come to and end. This too shall pass and you'll be amazed at what good lay beyond it if you just find the strength within yourself to try and make it.




What Path Do You Take In Life? [X]For Guys and Gals! Pics and Lengthy Results.[X]
brought to you by Quizilla

quinta-feira, 4 de novembro de 2004

Exorcismo

I have nightmares
thinking about
getting together with you


Violent Femmes
Nightmares


Eu também já fui humana. Houve uma altura na minha vida em que o amor era importante. Não, em que o amor era tudo. Não havia mundo para mim sem o amor e a pessoa que eu amava.
Não há grande doença sem grande cura. Quando acabou, descobri-me imunizada.
Actualmente não procuro, não penso nisso, não me preocupa minimamente.
Mas é principalmente nas alturas de maior ansiedade que tenho o sonho em que o encontro, em que conversamos e tentamos voltar a ficar juntos. Como sempre, vêm ao de cima as nossas diferenças inconciliáveis e acabamos a discutir. Ou pior, ficamos juntos mas contrariados, como se estivéssemos condenados a partilhar a vida um do outro. Acordar é um alívio. E quando acordo nem acredito que sonhei...
... contigo.
Passam-se semanas e semanas, direi mesmo meses e meses, em que não me lembro que exististe. Às vezes são as palavras dos outros, quando falam de amor, que me obrigam a pensar em ti. De outro modo nem sei do que raio estão a falar. E olha que é um esforço de memória ter de me recordar de ti, daquilo que significava ficar contigo, do que eu sentia por ti.
Não percebo porque apareces nos meus sonhos. É mais uma versão dos sonhos em que estou em conflito, e desses tenho muitos. Mas não percebo porque hás-de aparecer nos meus sonhos se estás tão definitivamente enterrado. Não sei onde moras nem com quem. Possivelmente podia passar por ti na rua e não te conhecer.
E tu, tenho a certeza de que tu podes até reconhecer a minha cara mas a pessoa... a pessoa que tu conheceste já não existe. Tenho a certeza que poderias até estar a ler este blog e não me reconhecerias.
De modo que o que vou fazer é arriscado. Mas não te imagino a ler blogs, nem coisa nenhuma. Imagino-te demasiado ocupado a fazer dinheiro, que foi aquilo que sempre amaste.
(Por falar nisso, já compraste uma vivenda para a mamã? Não, claro que não. Cá se fazem, cá se pagam.)

Tu é que disseste que gostavas desta canção, lembras-te?
Nesse preciso momento em que o disseste, eu tive um mau pressentimento. Não podias gostar desta canção! Não tinhas experiência para gostar desta canção! A não ser, talvez, em imaginação. Terias já imaginado tudo? Actualmente eu presto tanta atenção a esses pequenos pormenores que antes de me apaixonar já me desiludi. Nessa altura ignorava os meus pressentimentos. Agora não. Mas nessa altura, por amor a ti, ignorava-os.
Cá está a tua canção. Nunca te neguei as pequenas vontades:


Do you remember chalk hearts melting on a playground wall
Do you remember dawn escapes from moon washed college hall
Do you remember the cherry blossom in the market square
Do you remember I thought it was confetti in our hair
By the way didn't I break your heart?
Please excuse me, I never meant to break your heart
So sorry, I never meant to break your heart
But you broke mine

Kayleigh is it too late to say I'm sorry?
And Kayleigh could we get it together again?
I just can't go on pretending that it came to a natural end
Kayleigh, oh I never thought I'd miss you
And Kayleigh I thought that we'd always be friends
We said our love would last forever
So how did it come to this bitter end?

Do you remember barefoot on the lawn with shooting stars
Do you remember loving on the floor in Belsize Park
Do you remember dancing in stilettoes in the snow
Do you remember you never understood I had to go
By the way, didn't I break your heart
Please excuse me, I never meant to break your heart
So sorry, I never meant to break your heart
But you broke mine

Kayleigh I just wanna say I'm sorry
But Kayleigh I'm too scared to pick up the phone
To hear you've found another lover to patch up our broken home
Kayleigh I'm still trying to write that love song
Kayleigh it's more important to me now you're gone
Maybe it will prove that we were right
Or ever prove that I was wrong

Marillion
Kayleigh


Passados mais de dez anos, agora posso dizer com toda a segurança que eu tinha razão.
Não que importe. Bem, a parte de ser substituída por um apartamento foi venenosa, acredita, e o veneno foi fatal. A pessoa que tu conheceste, de facto, morreu.
A pessoa que eu sou hoje jamais trocaria duas palavras contigo.
Nem imaginas a quantidade de "tus" que tenho encontrado por aí aos pontapés!
Como tu sabes tão bem, nesta vida há os que se compram e os que se vendem. Eu prefiro ficar fora do mercado. É uma opção. Não se venham depois chorar. Não tenho pena nenhuma.
Um apartamento vale o que vale. E ainda por cima tende a desvalorizar-se. É tudo uma questão de investimento.
Há pessoas que se metem no mercado de valores. Consequentemente, também se desvalorizam, certo? É apenas óbvio. Pessoa, mercadoria, valor, troca, compra, venda, transacção, contrato a termo certo.
Eh bien.

Agora me lembro. O meu número de telefone mudou. Nem sequer existe. Agora tenho telemóvel e e-mail. Coisas que não existiam no nosso tempo. Coisas muito mais práticas, de facto.
Talvez queiras saber a minha morada?


So if you want my address it's number one at the end of the bar
Where I sit with the broken angels clutching at straws and nursing our scars
Blame it on me, blame it on me,
Sugar mice in the rain


Marillion
Sugar Mice


Sim, podes culpar-me a mim. Eu sempre fui fria por fora. Actualmente não perderia cinco minutos a explicar-te que é para dentro que deves olhar. E não estou a falar do número de assoalhadas. Mas, se quiseres continuar a metáfora - espera, tu não sabes o que é uma metáfora! - a comparação, dizia eu, qualquer casa em ruínas tem mais dignidade que um andar novo nos subúrbios. Principalmente quando não foi adquirida a subir em escadas de cadáveres.
Lembras-te? Palavras tuas: "Quanto maior o monte de cadáveres, mais alto se sobe".

Agora que já falei de ti, espero que desapareças. Da minha mente já saíste há muito tempo. Agora sai dos meus sonhos. Não apareças nem nem num cameo role como vendedor de gelados na praia. É mesmo para saíres.

Afinal, ele é dos meus!

quarta-feira, 3 de novembro de 2004

terça-feira, 2 de novembro de 2004

Descoberta

Descobri recentemente, e tive o desprazer de comprovar, que a ingestão de alimentos não aumenta a energia do organismo, só engorda.
Um organismo mais gordo, por outro lado, pesa mais e custa mais a movimentar-se.
Ou seja, a ingestão de alimentos não ajuda ao exercício das nossas actividades diárias como correr atrás de um autocarro.
Isto acontece assim quer se seja fumador ou não fumador. Tive ambas as experiências em primeira mão.
Comer é um disparate.

"A lenda do cavaleiro sem cabeça" ("Sleepy Hollow")

Desta vez é mesmo o tal, com o Johnny Depp. (Obrigada, TVI, por teres comprado um filme novo. Ou estava em saldo? /sarcasmo)

Fiquei decepcionada.
Pouca história, efeitos especiais rídiculos (aquela cena do crânio que volta a ter carne...), muita acção, muito pontapé, muita perseguição...
Fiquei mesmo decepcionada. Tão decepcionada que nem consigo classificar o filme de 1 a 20. Vou esperar para ver de novo.

sábado, 30 de outubro de 2004

This is not America (?)

What the fuck?


2004-10-28 00:03:00
Casa Pia - PJ confisca computador a autor de blogue
PORTUGAL PROIBIDO
Eram 7h00 quando dois agentes da Polícia Judiciária (PJ) de Leiria, acompanhados por um procurador adjunto do Ministério Público (MP), bateram à porta de António Caldeira, autor do blogue ‘Do Portugal Profundo’. Um caso de “censura” e “tentativa de intimidação”, considera o professor universitário de Alcobaça, que tem divulgado na internet pormenores do processo Casa Pia.

(...)

Na sua mensagem mais recente o blogue ‘Do Portugal Profundo’ publica na íntegra o relatório do Serviço de Informações e Segurança (SIS), concluído em 1999, intitulado ‘A Pedofilia em Portugal: ponto da Situação’. “Este documento, apresentado no Conselho de Informações e Segurança, foi transmitido à Polícia Judiciária e motivou a investigação consequente”, explica Caldeira. O ‘site’ nunca divulgou os nomes das vítimas.


Link para Do Portugal Profundo.

Ainda ontem encontrei outra que me estarreceu: What you say on the Internet can affect your real life. Due to what I said online, I now have an FBI file.
Este senhor recebeu a visita do FBI devido a um post mais violento dirigido ao Presidente George Bush. Post que ele já apagou porque, afinal, ter ficha no FBI é um caso sério. Mas isto é na América.

Acompanho o caso Do Portugal Profundo com apreensão. Com muita apreensão. Estamos a aprender vícios americanos. Demasiados vícios para o meu gosto.


Pensamento do dia

Citado do Angústias de um Professor:


«O empreendedorismo português é mais uma cultura do “desenrascanço” e do “chico-espertismo” nacional do que de empenho na inovação, na abertura a novas culturas ou no dinamismo empresarial.»


Nem mais.

sexta-feira, 29 de outubro de 2004

Conversa

Hoje à noite, vou estar no

#caveira

e no

http://groups.msn.com/GotikaBlog/

para conversar.

Apareçam num ou nos dois.

Horas: possivelmente só poderei chegar depois da meia noite e meia, ou seja, 00h30 de sábado para os mais preciosistas.
Ainda podem juntar-se ao grupo. Antes do chat eu vou verificar o meu email para autorizações.
Mas também vou estar no MIrc!


quarta-feira, 27 de outubro de 2004

Censura?



O professor Marcelo.
Durante a minha fase "debaixo da cama" não acompanhei o suficiente as peripécias da política nacional, excepto aquela história dos aumentos de renda (mas é melhor não pensar em coisas tristes) e... claro está... o "caso Marcelo".
Nessa altura apeteceu-me dizer aqui qualquer coisa mas ainda bem que esperei. Se tinha dúvidas, agora tenho a certeza. E direi porquê.

Vejamos.
O que disse Marcelo do governo? Que estava a agir pior do que o pior de Guterres.
Chocante? Qual quê! Muito pior disse Marcelo, por exemplo, ao destruir publicamente a imagem de Santana Lopes quando explicou por A + B que Santana lopes não tem perfil nem credibilidade para ser primeiro-ministro. (E não tem, mas isso é outra história.)
Aparece uma queixa à Alta Autoridade para a Comunicação Social, e Marcelo promete que fala disso "no domingo". Depois há o tal almoço que, supostamente, leva Marcelo a demitir-se - ou a ser demitido, depende da versão.
A partir daí nem mais um pio.

What's wrong with this picture?
Primeiro que tudo, o professor Marcelo não precisa do ordenado da TVI. A TVI é que precisava dele para manter as audiências de um jornal da noite que era comentado por toda a gente, desde o Presidente da República ao mecânico da esquina.
Segundo, qualquer televisão se esfolaria para contratar Marcelo! Se a TVI não quer, e eu não acredito que não quer, muito menos acredito que a SIC não queira. Isto sem meter a RTP ao barulho porque, se se trata porventura de um leilão de "quem dá mais", seria de facto má fé da minha parte a mera consideração de que a televisão pública gastaria o dinheiro dos contribuintes numa guerra de audiências. Não, isso não acontece neste país.

Eu até acreditaria na hipótese da censura se as leis de mercado não ditassem que quem manda no governo são os grupos económicos e não é o governo que manda nos grupos económicos. (Era bom, era! Tá bem, tá!)

Além do que, há cerca de um ano li aqui, ainda a hipótese me parecia completamente absurda, que aquilo que de facto Marcelo queria mesmo, mesmo, mesmo, era tomar de assalto, não a presidência da república mas, isso sim, o PSD. Enfim, não acredito em tudo o que leio, mas confesso que não esqueci e que fiquei com a pulga atrás da orelha, a picar, a picar.

Por estas razões, e porque não acredito que haja poder neste país capaz de calar Marcelo durante todas estas semanas (tirando a Divina Providência, que não mora cá), pela primeira vez na vida vou concordar com Luís Filipe Menezes e a sua teoria de que o professor se atirou ao "tapete" e se "fez ao penalty".
Isto para se candidatar ou à presidência do PSD ou à da República. Tudo depende se o senhor prefere ser primeiro-ministro ou presidente.
Quando se chega à posição e estatuto de Marcelo Rebelo de Sousa, não é o "tacho" que conta. É a realização pessoal.

Ou, posso estar completamente enganada, pode de facto haver censura em Portugal a amanhã fecham-me o blog.
Mas... naaaaaaah!

Histórias de prisioneiros em casa própria

Comentários:

O que faria Lestat de Lioncourt neste caso?
Corde Durus

Isto nao acontecia ao Lestat..
veinsofglass


Não só acontecia, como aconteceu.


“O Vampiro Lestat” - o livro

(...)
Lestat é um jovem fidalgo de uma família aristocrática mas falida do século XVIII, em França, pouco antes da Revolução. Propositadamente ou não, Anne Rice diz-nos que ele foi o 7º filho do marquês, mas é o irmão mais novo dos três sobreviventes. A mãe, Gabrielle, é uma mulher fria que se refugia na leitura, mais uma vítima do seu tempo e de um casamento arranjado e de uma vida que odeia mas da qual não se pode libertar. Num castelo pobre e frio, o jovem Lestat mostra desde cedo uma personalidade invulgar e extraordinária. Sai à mãe e tem jeito para os estudos mas o poder paterno não o deixa ingressar num mosteiro porque ser um humilde monge não é digno da sua condição social. Por exemplo, Gabrielle nem perde tempo a ensinar os filhos a ler. E Lestat ressente-se de ser preterido pelos livros. Na adolescência, alimenta o sonho de ser actor. Chega a fugir com uma companhia de saltimbancos italianos e actuar pelas feiras da região. É apanhado pelos irmãos e obrigado a voltar ao castelo porque ser actor nesse tempo era uma vergonha inconcebível. Na sua frustração e infelicidade, Lestat remete-se a ser o caçador que mais tarde se torna na única fonte de sustento de toda a família.
O seu destino é traçado quando enfrenta um alcateia de oito lobos e consegue matá-los todos. Finalmente conquista o respeito da família e da aldeia, mas este acontecimento é apenas o princípio de tudo. É assim que conhece Nicholas, um jovem violinista que, tal como Lestat, tem sonhos artísticos irrealizáveis. Mas agora estão juntos e conseguem gerar força um no outro para fugirem para Paris e dedicarem-se ao teatro. Gabrielle sabe que está a morrer de tuberculose e num dos seus raros gestos de ternura, incentiva o filho a fugir.
Os dois rapazes de vinte anos partem para Paris e dão asas ao seu sonho. Nicholas toca violino e Lestat consegue um papel principal num pequeno teatro para gente pobre. Nessa altura são felizes.
Aqui termina a curta vida humana do vampiro Lestat.


Durante a sua vida humana no Auvergne, Lestat viveu como um prisioneiro no seu castelo, menosprezado todos os seus irmãos que chegaram a duvidar que tivesse sido capaz de alguma coisa extraordinária como matar uma alcateia de oito lobos. Tentou fugir e foi forçado a voltar para casa. Apesar de ser um nobre, conheceu a fome e o frio. No momento em que conhece Nicholas, está prestes a desistir de tudo.
Mas aí está, conhece Nicholas.

Se eu voltasse a ter 20 anos talvez voltasse a sonhar em encontrar o meu "Nicholas" e fugir com ele para Paris, ou seja para onde for.
Mas não foram felizes para sempre. O "romance" terminou mal. No fim, não podiam ver-se um ao outro.

Que história tão, tão real!

Ensaio sobre a cegueira

Não quero de modo algum, com este post, parecer ingrata ou agressiva.
Quero, sim, abrir-vos os olhos.

Já não é a primeira vez que alguém me diz, quando eu falo em depressão, que as criancinhas pobres de África não sabem o que é "depressão". Que no Terceiro Mundo não há depressão.

NÃO HÁ O QUÊ?!?!?

Léon Blois, um escritor francês tristemente desconhecido, escreveu um livro cruelmente realista chamado "A mulher pobre" (La femme pauvre), em que dizia - e muito bem - que os ricos pensam que os pobres não sentem tanto a morte de um filho porque, na sua luta diária pela sobrevivência, não têm tempo para sentir tristeza. Os pobres são mais felizes porque passam o dia a pensar no pão de amanhã. Os ricos, coitadinhos, são infelizes, porque o destino lhes deu tempo livre para pensar e para sofrer. Os pobres, em suma, não têm tempo para sofrer. Ademais, a morte de um filho é um alívio: menos uma boca para sustentar. Logo, a morte de um filho é boa para o pobre.

Esta é a teoria mais nojenta, mais execrável, mais distorcida, que os ricos inventaram para se desculpabilizarem.
Então os famintos de África não estão deprimidos? Já olharam para aqueles olhos? Para dentro do vazio, da apatia, do desinteresse daqueles olhos? Estão todos cegos, meus amigos? Será que não vêem que ali reside não só a depressão como o mais completo, o mais profundo desespero, a total ausência de esperança? As moscas podem pousar nas faces. Não há energia para as enxotar. Já não resta vontade. Já não vale a pena. Estão à espera da morte.

E VOCÊS NÃO VÊEM?
OU NÃO QUEREM VER?
O pior cego é aquele que não quer ver.

Custa-me que palavras destas venham de supostamente pessoas intelectuais e sensíveis. Custam-me que tenham os olhos tão fechados.

Pois eu só vi olhares assim nas fotografias dos recém libertados prisioneiros dos campos de concentração nazis, em pleno processo de choque pós traumáutico. É alegria que vêem nos seus olhos? Não, não é alegria. Mas não deveriam estar contentes, agora que foram libertados?
Estão para além da esperança. Já não acreditam na esperança. Esperam a morte.

HÁ DEPRESSÃO EM ÁFRICA.
HÁ CEGUEIRA AQUI.

terça-feira, 26 de outubro de 2004

Acorrentada

A primeira vez que tive contacto com a ideia de que quando as coisas se repetem na nossa vida é porque o nosso destino se está a revelar foi ao ler "As brumas de Avalon". Era qualquer coisa assim: "Quando as coisas se repetem, a vida está a dizer-te que é esse o teu destino".
Atenção às repetições.

A minha vida está intimamente ligada à Rua dos Plátanos (o nome é fantasiado por razões óbvias), onde tudo começou e continua a passar-se. Que karma, digo eu.
Às vezes penso se na minha última reencarnação não matei alguém ali, à facada.
Não me consigo livrar daquela rua.

Agora ia começar a contar a minha história mas seria incrivelmente aborrecido. Para mim, isto é. Recentemente vi-me na necessidade de fazer um esforço mental para me recordar da série de eventos, porque tudo se desfocou e perdeu. Não me lembro! Se calhar não me quero lembrar. Há certas coisas que é de facto melhor esquecer. Finalmente a perda de neurónios derivada dos charros, bebedeiras e comprimidos começa a ter efeitos positivos. Finalmente, esqueço! Contar a história? Esqueçam. Foi um momento de insanidade galopante, já me passou.

Ademais, o passado está enterrado. As repetições persistem, mas em novas situações. O que ainda é mais irónico. Cada vez que alguém me diz que a morada é na Rua dos Plátanos eu percebo que estou acorrentada à minha prisão. Talvez um dia desate às gargalhadas.

Bem, desde há dois anos que estou a tentar resignar-me ao facto de que não há empregos nas áreas que estudei. Entretanto, já estudei em várias áreas. Já podia escolher várias carreiras.

Carreiras? Espera, pausa para risos. Já não há carreiras. Há trabalhos temporários permanentes.

Nestes dois anos tenho frequentado empresas de trabalho temporário onde a nossa ficha é perdida de um dia para o outro. Da última vez, estive numa fila aflitiva que me recordou aqueles filmes americanos da Grande Depressão dos anos 30. Homens em fila, em filas intermináveis, de fato e chapéu na cidade, em mangas de camisa nos campos, à espera de um dia de trabalho remunerado.
Desta vez vejo filas de criaturas jovens vestidas à Matrix, homens e mulheres, alguns já não tão jovens (os que ainda tentam a sorte embora sejam preteridos por estarem "usados" pela vida), em fila à espera de um lugar de escravo num sítio qualquer, licenciados em Línguas, em História, em Matemática, em Engenharia Informática, em Psicologia, em Gestão...
Reparem, os lugares são poucos e são para os amigos dos donos das empresas. As universidades, particularmente as privadas, nada mais fizeram que extorquir o dinheiro dos pobres trabalhadores com a 4ª classe que sonharam um futuro melhor para os seus filhos através da Educação. Foram enganados, e nós, os filhos, também.

Voltando ao aspecto pessoal da coisa. Tendo uma necessidade urgente de sair de casa, e não me apetecendo ser puta e juntar-me com um gajo para pagar uma prestação astronómica de crédito à habitação, resta-me sofrer o que me saiu na rifa. (Sofrer por sofrer, sofro a família!)
Sim, sei que a minha mãe também gostava de me ver pelas costas, porra, é mútuo, mas... alas... Pensávamos que éramos livres? Pensávamos que tínhamos escolha? Somos servos da gleba.

Ora, é esta sentença de prisão com execução sumária a que eu tento resignar-me há dois anos.
Penso que passei o ano de 2003 em estado de embriaguez. Este ano tenho-me portado melhor. Não pela virtude mas pela fartura. Já não suporto o sabor do sumo de laranja no vodka!
Saber que é para sempre, saber que vou morrer aqui, saber que nunca tive hipóteses... Primeiro, admito, custou esquecer os sonhos. Eu podia ter sido tudo. E no fundo, nunca poderia ter sido nada. O destino estava traçado. Algures na Rua dos Plátanos.

"A minha vida é um pesadelo e não consigo acordar" (Gabriel o Pensador, descrevendo um sem abrigo)
A minha segurança social é uma anedota. Duvido até que muitos dos sítios em que trabalhei tenham feito descontos... Tenho medo de acabar na rua. Um dia serei muito velha para esta jigajoga de empregos temporários.
O que vai ser de mim? O que vai ser de nós?

Tem-me custado perceber que nunca serei livre. Os amigos estranham que eu não ceda a mais concessões. Já me bastam os grilhões que tenho. Eu sonho com a liberdade, como é que podem conceber pedir-me mais prisões? Pelo menos, na minha solidão eu sou livre. Livre das pessoas, livre dos afectos, até livre das restrições do amor, mas é a única liberdade que me é permitida. Não abdicarei dela.

Vejo o futuro negro e assustador. Deve ser muito frio, dormir na rua. Por outro lado, deve-se morrer mais depressa.
Não irei lutar mais. Até porque não há campo de batalha. Nasci no sítio errado, no local errado, no tempo errado.

Ou, por outra perspectiva, no sítio certo, no local certo, no tempo certo para deixar de gostar da vida. Estou pronta a deixá-la. Agora vi o lado negro da existência. Bebi da taça da injustiça. Percebi a inutilidade de todas as paixões humanas. Compreendi a beleza da morte. Talvez todo este sacrifício fosse necessário. Sabe-se lá a menina mimada que eu seria de outra forma. Agora vi. Agora compreendo.

Pensamento do dia

O que é um ateu senão um homem que tem Fé que não existe Deus?

Anónimo
Comentário

Quero-te de volta, enches umas quantas horas vazias de frustração cerrada num emprego odioso.


Nunca tinha pensado nisso. Que pudesse estar de alguma forma a tornar a vida das pessoas mais agradável.
Transmitir cultura, falar de livros, mostrar quadros, dar a conhecer música, sim, sim, tudo isso eu sei que faço e que é improtante.
Mas mais importante é o que disseste.
Não posso prometer nada. Não o faço por vós. Sabem disso. Talvez até gostasse de o fazer, mas faltam-me as forças. E como me faltam as forças para continuar!!! Nem vos passa pela cabeça.

sábado, 23 de outubro de 2004

Feverish
Painful
Cold sweat drops
like tears of surrender

Half dead in the Fall

Ice heart melts
It is done.


15/Out/2004

Pensamento do dia

Science is God's mask.
(A ciência é a máscara de Deus)

Dias curtos, vida longa

Comentário:
precisa-se de textos inteligentes na blogosfera :s..


Querida fairy_morgaine, neste momento não consigo escrever um texto, quanto mais um texto inteligente!
Mas obrigada pelas vossas palavras (a todos). De vez em quando venho aqui ler o que escrevem.
Talvez quando o temporal passar eu possa voltar e relatar de forma mais ou menos coerente o que se passa comigo. Por enquanto apanho os fios de seda mas não consigo construir a teia.
Não consigo responsabilizar-me por este blog mais do que por mim própria. Este blog é um espelho de mim.

Estou tentada a escrever aos meus amigos (aqueles que me conhecem há anos) e perdir-lhes: "Por amor de Deus, digam-me coisas boas a meu respeito porque preciso de as ouvir".
Mas não. Não quero metê-los nisto. Os amigos preocupam-se. E nada podem fazer. Não, não os vou meter nisto.


Entretanto, deixo-vos com um pensamento do dia que li algures e um poema que entretanto me foi sussurado pela musa.

quarta-feira, 20 de outubro de 2004

Escondida debaixo da cama

Como já devem ter reparado, estou escondida debaixo da cama.
Saírei, quando os monstros se forem embora.
Peço desculpa por esta pequena interrupção. A vida segue quando for possível.

segunda-feira, 11 de outubro de 2004

The Doors
When The Music's Over

Yeah, c'mon

When the music's over
When the music's over, yeah
When the music's over
Turn out the lights
Turn out the lights
Turn out the lights, yeah

When the music's over
When the music's over
When the music's over
Turn out the lights
Turn out the lights
Turn out the lights

For the music is your special friend
Dance on fire as it intends
Music is your only friend
Until the end
Until the end
Until the end

Cancel my subscription to the Resurrection
Send my credentials to the House of Detention
I got some friends inside

The face in the mirror won't stop
The girl in the window won't drop
A feast of friends
"Alive!" she cried
Waitin' for me
Outside!

Before I sink
Into the big sleep
I want to hear
I want to hear
The scream of the butterfly

Come back, baby
Back into my arm
We're gettin' tired of hangin' around
Waitin' around with our heads to the ground

I hear a very gentle sound
Very near yet very far
Very soft, yeah, very clear
Come today, come today

What have they done to the earth?
What have they done to our fair sister?
Ravaged and plundered and ripped her and bit her
Stuck her with knives in the side of the dawn
And tied her with fences and dragged her down

I hear a very gentle sound
With your ear down to the ground
We want the world and we want it...
We want the world and we want it...
Now
Now?
Now!

Persian night, babe
See the light, babe
Save us!
Jesus!
Save us!

So when the music's over
When the music's over, yeah
When the music's over
Turn out the lights
Turn out the lights
Turn out the lights

Well the music is your special friend
Dance on fire as it intends
Music is your only friend
Until the end
Until the end
Until the end!

Terror

Não, não estou deprimida. Estou aterrorizada. Nem nunca foi outra coisa. É fácil dizer que se está deprimido. Assim as pessoas entendem sem mais explicações. O que é uma grande treta que se conta às pessoas.
A verdade é que tudo começa no medo. Não há medo que não dê em ódio. O ódio impotente resulta à força na inacção. Quando não há nada a fazer, resta ficar a um canto e esperar pela morte. Therefore, lá está, a tal "depressão".
Não é depressão coisa nenhuma.
Tenho pavor de acabar a viver na rua.

Eh bien...

terça-feira, 5 de outubro de 2004

Estou deprimida

Sim, e o que é que é novidade?
Estou deprimida a ponto de estar doente.
Chama-se doença de viver.


Penso que é genético. Não me parece que seja um vírus, senão transmitia-se. Não se transmite.

segunda-feira, 4 de outubro de 2004

"Lost Souls", Poppy Z. Brite [actualizado]




Serviu este pequeno teste para me criar vergonha e escrever finalmente uma pequena crítica a "Lost Souls", de Poppy Z. Brite.
Ghost é um personagem do livro. É um puto novo, vocalista de uma banda, que passa a história pedrado, a dormir no carro, no lugar do morto. Deve ser por esta sua última faceta que me calhou a mim a sorte. Mas esqueçam. Ghost não é assim tão importante. Nem sequer é um vampiro.
Depois de lerem esta pequena crítica, podem ir fazer o teste e no fim escolher a opção "ver todos os resultados possíveis" para conhecerem melhor as personagens. Serviu para me refrescar a memória porque eu já não me lembrava.
 

Poppy Z. Brite é considerada a nova Anne Rice. Mas aqui entre nós, é como comparar Dead Can Dance com Enigma. Parece, mas não é. E, no entanto, não deixa de ser interessante. Mas que não haja dúvida, Poppy escreve para góticos e escreve suficientemente bem para lhes atingir as carteiras.
É "curioso" que os últimos livros de Anne Rice também acabem por seduzir a mesma camada juvenil. Quando o próprio Lestat o diz... “You could call me a Goth, I think” ...
O bom predador conhece os hábitos da presa.

"Lost Souls"
É uma história de vampiros. Os vampiros de Poppy Z. Brite são um pouco mais humanos do que os de Anne Rice. Por exemplo, reproduzem-se sexualmente e não através do sangue. Só que ao nascerem, os pequenos vampiros causam a morte da sua mãe por hemorragia fatal.
De resto, tudo começa em New Orleans (olha a novidade) quando um grupo de três vampiros, um deles mais velho e por isso o chefe (Zilla), visita o bar de outro vampiro, ainda mais velho, de nome Christian.
Aí conhecem uma jovem (gótica, obviamente) com quem Zilla se envolve. Desse encontro resulta a gravidez da jovem. Christian sabe que essa gravidez será o fim da rapariga mas mesmo assim, ou talvez por isso mesmo, decide acolhê-la em sua casa.
Efectivamente, ela morre ao dar à luz o pequeno vampiro, a quem Christian baptiza de Nothing. Contudo, Christian decide dar à criança a oportunidade de viver uma vida humana e vai propositadamente abandoná-la à porta de um casal estéril ao acaso, muito longe de New Orleans.
A história recomeça quando Nothing, já um adolescente, descobre que os seus pais são adoptivos e parte à procura da sua verdadeira natureza, algures em New Orleans, algures perto de Christian. Antes mesmo de encontrar o seu protector, depara-se sem querer com o verdadeiro pai e os seus dois amigos. Zilla recebe-o como companheiro e amante, sem fazer ideia de que é o seu filho. O desfecho é dramático.

Semelhanças com os vampiros Riceanos: a cidade de New Orleans, a beleza e juventude eternas, o sono diurno e a vida nocturna.
Diferenças: o modo de reprodução (o vampiro desenvolve-se num útero, nasce e cresce como o humano, mas causa a morte da mãe durante o parto), a vida sexual activa, a capacidade de ingerir certos alimentos e álcool (que vai desaparecendo à medida que o vampiro envelhece), a possibilidade de passar por humano toda a vida até ao momento em que descobre o gosto do sangue e deixa de conseguir escapar à sua verdadeira natureza.

Não existe em Poppy Z. Brite uma verdadeira mitologia. Em "Lost Sousls", não se explica a origem do vampirismo. Simplesmente se conta uma história.
Pessoalmente, penso que a autora exagera nas alusões sexuais que são muito, mas MUITO, explícitas.
Mas, resumindo e concluindo, acho que qualquer amante do vampirismo não se vai arrepender de ler a história. Não esperem muito. Esperem apenas uma boa história.

What religion are you?

Como é que eles adivinharam, com o tipo de respostas que eu dei? Hmmm... Experimentem e digam-me se os resultados são aleatórios.


Christianity
Christianity: Christians range in their beliefs, but some strong truths bind them together. They believe that the sinless Christ came to sacrifice himself for the forgiveness and redemption of mankind, and in both the Old and New Testaments. Those who accept achieve the kingdom of heaven. They tend to focus on hope, forgiveness, and the love of the Creator for the created.


What Religion are You?
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quinta-feira, 30 de setembro de 2004

Porto de abrigo

Post:
Se o ambiente é simpático, as pessoas têm tendência a evitar-me.
Mas quando o ambiente é agressivo, é em mim que procuram abrigo.
Interessante. Muito interessante.

Comentário:
Deve ser interessante deve. As pessoas confiam em ti em situações agressivas. Devias estar orgulhosa.
Hugo

Resposta:
Não. Não gosto de ser "porto de abrigo". Por isso, finjo que sim, que dou abrigo, mas é falso. Não merecem outra coisa.

E o meu porto de abrigo? Nunca encontrei ninguém que me servisse de porto de abrigo.
Possíveis explicações:
1) Sou forte. Não preciso de porto de abrigo.
2) Sou forte. Preciso de porto de abrigo mas não encontro ninguém mais forte do que eu que o possa fornecer.
3) As pessoas não percebem que eu também preciso de um porto de abrigo.

Não, houve uma altura na minha vida em que eu dava claramente a entender que precisava de um porto de abrigo. Mas nessa altura toda a gente desapareceu. Pouco depois, fui eu que deixei de atender o telefone.
(Vampiros! Cambada de vampiros!)
Não quero ser porto de abrigo. Não sou assim tão santa.
Quero ser porto de chegada.

"Podes vir bater à minha porta
Mas não passes com ela na minha rua"

É melhor também não bater à porta. Geralmente estou a dormir e fico muito irritada quando me acordam.

Reincarnação

Se o que a teoria diz é verdade, e quando morremos passamos para uma dimensão em que continuamos a viver em espírito até à nossa próxima encarnação, e não esquecemos a nossa vida e personalidade anterior até que ocorra essa reencarnação, e só quando voltamos a reencarnar é que esquecemos a nível do consciente tudo o que vivemos e fomos na vida anterior, então... só morremos verdadeiramente no momento em que nascemos de novo.
Aquilo a que chamamos "a minha pessoa" só morre quando renasce.
Logo, a "morte" é o próprio renascimento.
Interessante, não é?

quarta-feira, 29 de setembro de 2004

*~*~*Claim Your Wings - Pics and Long Answers*~*~*


phoenix


You are a PHOENIX in your soul and your wings make a statement. Huge and born of flame, they burn with light and power and rebirth. Ashes fall from your wingtips. You are an amazingly strong person. You survive, even flourish in adversity and hardship. A firm believer in the phrase, 'Whatever doesn't kill you only makes you stronger', you rarely fear failure. You know that any mistake you make will teach you more about yourself and allow you to 'rise from the ashes' as a still greater being. Because of this, you rarely make the same mistake twice, and are not among the most forgiving people.
You're extremely powerful and wise, and are capable of fierce pride, passion, and anger. Perhaps you're this way because you were forced to survive a rough childhood. Or maybe you just have a strong grasp on reality and know that life is tough and the world is cruel, and it takes strength and independence to survive it. And independence is your strongest point - you may care for others, and even depend on them... but when it comes right down to it, the only one you need is yourself.
Thus you trust your own intuition, and rely on a mind almost as brilliant as the fire of your wings to guide you. You are eternal and because you have a strong sense of who and what you are, no one can control your heart or mind, or even really influence your thinking. A symbol of rebirth and renewal, you tend to be a very spiritual person with a serious mind - never acting immature and harboring a superior disgust of those who do. Likewise, humanity's stupidity and tendency to want others to solve their problems for them frustrates you endlessly. Though you can be stubborn, outspoken, and haughty, I admire you greatly.

Image Source: stp.ling.uu.se/ ~klasp/Boris.html


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Devo confessar que estou impressionada pelas alusões à minha infância difícil e ao meu carácter em geral. Só tenho dúvidas quanto à resistência desta fénix em especial. Sinto que já queimou todas as vidas que tinha para queimar.
Ou, em bom português, já tou queimada!

What's your Inner European?


You are French


What's your Inner European?
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(Não havia português. Não é de estranhar. Ninguém nos conhece.)

segunda-feira, 27 de setembro de 2004

Observações

Se o ambiente é simpático, as pessoas têm tendência a evitar-me.
Mas quando o ambiente é agressivo, é em mim que procuram abrigo.
Interessante. Muito interessante.

domingo, 26 de setembro de 2004

Já vi Portugal mais longe disto

Roubado ao Palavrar.


Pátria Que Me Pariu

Uma prostituta chamada Brasil se esqueceu de tomar a pílula e a barriga cresceu
Um bebê não estava nos planos dessa pobre meretriz de dezessete anos
Um aborto era uma fortuna e ela sem dinheiro
Teve de tentar fazer um aborto caseiro
Tomou remédio, tomou cachaça, tomou purgante
Mas a gravidez era cada vez mais flagrante
Aquele filho era pior que uma lumbriga
Ela pediu prum mendigo esmurrar sua barriga
E a cada chute que levava o moleque revidava lá de dentro
Aprendeu a ser um feto violento
Um feto forte, escapou da morte
Não se sabe se foi muito azar ou muita sorte
Mas nove meses depois foi encontrado, com fome e com frio, abandonado num terreno baldio
Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu?!
A criança é a cara dos pais mas não tem pai nem mãe
Então qual é a cara da criança?
A cara do perdão ou da vingança?
Será a cara do desespero ou da esperança?
Num futuro melhor, um emprego, um lar ...
Sinal vermelho, não dá tempo pra sonhar
Vendendo bala, chiclete ...
"Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu num vou virar ladrão se você me der um leite, um pão,
um video-game e uma televisão
Uma chuteira e uma camisa do mengão
Pra eu jogar na seleção, que nem o Ronaldinho
Vou pra copa. Vou pra Europa..."
- Coitadinho! Acorda, moleque!
Cê num tem futuro! Seu time não tem nada a perder
E o jogo é duro!
Você num tem defesa, então ataca!
Pra num sair de maca
Chega de bancar o babaca
"Eu num agüento mais dar murro em ponta de faca
E tudo o que eu tenho é uma faca na mão
Agora eu quero o queijo.
Cadê? Tô cansado de apanhar, Ta na hora de bater!"
Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu?!
Mostra a tua cara moleque! Devia tá na escola
Mas tá cheirando cola, fumando um beck, vendendo brizola e crack
Nunca joga bola mas tá sempre no ataque
Pistola na mão, moleque sangue-bom
É melhor correr porque lá vem o camburão
É matar ou morrer!
São quatro contra um (- Eu me rendo!!)
Bum! Clá-clá! Bum! Bum! Bum!
Boi, boi, boi da cara preta
Pega essa criança com um tiro de escopeta
Calibre doze, na cara do Brasil
Idade: catorze; Estado civil: morto
Demorou, mas a sua pátria mãe gentil conseguiu realizar o aborto.

(Gabriel o Pensador, do álbum Quebra Cabeça)


Mortality

By William Knox

Oh! why should the spirit of mortal be proud?
Like a swift-fleeting meteor, a fast-flying cloud
A flash of the lightning, a break of the wave
He passeth from life to his rest in the grave.

The leaves of the oak and the willow shall fade,
Be scattered around, and together be laid;
And the young and the old, and the low and the high,
Shall moulder to dust, and together shall lie.

The infant a mother attended and loved;
The mother that infant's affection who proved;
The husband, that mother and infant who blest,--
Each, all, are away to their dwellings of rest.

The maid on whose cheek, on whose brow, in whose eye,
Shone beauty and pleasure, -- her triumphs are by;
And the memory of those who loved her and praised,
Are alike from the minds of the living erased.

The hand of the king that the sceptre hath borne,
The brow of the priest that the mitre hath worn,
The eye of the sage, and the heart of the brave,
Are hidden and lost in the depths of the grave.

The peasant, whose lot was to sow and to reap,
The herdsman, who climbed with his goats up the steep,
The beggar, who wandered in search of his bread,
Have faded away like the grass that we tread.

The saint, who enjoyed the communion of Heaven,
The sinner, who dared to remain unforgiven,
The wise and the foolish, the guilty and just,
Have quietly mingled their bones in the dust.

So the multitude goes -- like the flower or the weed
That withers away to let others succeed;
So the multitude comes -- even those we behold,
To repeat every tale that has often been told.

For we are the same our fathers have been;
We see the same sights our fathers have seen;
We drink the same stream, we view the same sun,
And run the same course our fathers have run.

The thoughts we are thinking, our fathers would think;
From the death we are shrinking, our fathers would shrink;
To the life we are clinging, they also would cling; --
But it speeds from us all like a bird on the wing.

They loved -- but the story we cannot unfold;
They scorned -- but the heart of the haughty is cold;
They grieved -- but no wail from their slumber will come;
They joyed -- but the tongue of their gladness is dumb.

They died -- ay, they died; -- we things that are now,
That walk on the turf that lies over their brow,
And make in their dwellings a transient abode;
Meet the things that they met on their pilgrimage road.

Yea! hope and despondency, pleasure and pain,
Are mingled together in sunshine and rain;
And the smile and the tear, the song and the dirge,
Still follow each other, like surge upon surge.

'Tis the wink of an eye -- 'tis the draught of a breath--
From the blossom of health to the paleness of death,
From the gilded saloon to the bier and the shroud:--
Oh! why should the spirit of mortal be proud?


Passear por sites internacionais dá os seus frutos.

sábado, 25 de setembro de 2004

Piada bissexual

NUM POSTO DE IMIGRAÇÃO

- Sexo?

- 3 vezes por semana

- Não é isso... masculino ou feminino?

- Ah! Tanto faz.

Para variar, não sou a Papisa...

Do TheOldMan saem testes interessantes:


The Moon Card
You are the Moon card. Entering the Moon we enter
the intuitive and psychic realms. This is the
stuff dreams are made on. And like dreams the
imagery we find here may inspire us or torment
us. Understanding the moon requires looking
within. Our own bodily rhythms are echoed in
this luminary that circles the earth every
month and reflects the sun in its progress.
Listening to those rhythms may produce visions
and lead you towards insight. The Moon is a
force that has legends attached to it. It
carries with it both romance and insanity.
Moonlight reveals itself as an illusion and it
is only those willing to work with the force of
dreams that are able to withstand this
reflective light. Image from: Stevee Postman.
http://www.stevee.com/


Which Tarot Card Are You?
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