quinta-feira, 20 de setembro de 2007

É contagioso. Aqueles derrotados por um amante com quem não podem competir arranjam por sua vez um amante idêntico. Um amante fiel. O melhor amante do mundo. Eis a maior ironia de todas.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Até à próxima

Hoje encontrei a mãe desgostosa de um amigo... mais que amigo... de outros tempos. Soube hoje que ele morreu, aos 27 anos, de overdose, em 1999. Era da minha idade. Dois meses mais novo. Gostava de viver. Gostava das artes, pintura em especial. Era um optimista. Parecia satisfeito. Parecia alegre. Parecia. Simplesmente parecia. Nunca quebrou a máscara. A máscara acabou por se tornar mais forte e estrangulou para sempre a mentira.
Podia ter sido o pai dos meus filhos. Podia ter sido... o meu amor. Se não fosse ela, a rival que mulher nenhuma pode derrotar. Golden Brown. "Sabe a caramelo", disse ele. Também o cheiro da morte é adocicado.

Eras um sonhador. Sonha agora no Elisium até ao dia do reencontro. Nunca te esqueci. Não te esquecerei.
Frustração, raiva, injustiça, abandono, desgosto, impotência, desespero, incompreensão, solidão, exaustão, luto, perda.
Enterrada viva.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Virtualidades: A justiça portuguesa

Virtualidades: A justiça portuguesa

Ainda bem que no estrangeiro já sabem, porque aqui ainda há quem não saiba. Ceguinhos.

domingo, 9 de setembro de 2007

Ainda sobre as dúvidas de Madre Teresa

Quanto a isto tenho ainda uma opinião pessoal que deixei passar no primeiro post. É lógico que seja para aqueles que têm Fé, aqueles que já ouviram a "a voz" de Deus, que o silêncio seja mais ensurdecedor.
Isto faz-me lembrar, de certa forma e tomadas as devidas distâncias, o sentimento da paixão. Só quem a sentiu é que sente a sua ausência. Já o Amor, como a Fé, uma vez descoberto dificilmente se perde.
Outra conclusão. Uma vez comentei num fórum algures, a quem perguntava se achávamos Madre Teresa uma santa e porquê, que faltavam mais santos porque faltava Fé igual à dela. Agora que sei das dúvidas de Madre Teresa, sei que não foi a Fé que a moveu mas o Amor.
Concluir que o Amor é maior do que a Fé não se digere de um dia para o outro. Tem muito que se lhe diga.

Mr. McCoy has returned


Fields of The Nephilim "Mourning Sun" (SPV, 2005, limited edition)

Shroud (Exordium)
Straight To The Light
New Gold Dawn
Requiem XIII 33 (Le Veilleur Silencieux)
Xiberia (Seasons In The Ice Cage)
She
Mourning Sun
In the Year 2525


Adeus imitações. This is the real McCoy. Caindo de propósito no lugar comum de muitas críticas que tenho lido, "classical Nephilim" é o que os fãs podem esperar do quarto álbum de estúdio de uma das bandas que mais influenciou a música gótica (e que esteve, na minha humilde opinião, na origem do estilo gothic metal) desde os áureos anos 80. Qualquer destas canções podia aparecer em "Elizium", digo eu, mas digo mal porque os meus ouvidos já estão habituados a um industrial muito mais pesado do que "Zoon", do projecto de Carl McCoy "The nephilim", esquecendo que entretanto muita música passou debaixo da ponte. Mesmo assim, esperava mais, se calhar porque os fãs são de facto vampiros insaciáveis, principalmente ao nível das letras que, vindas de um McCoy mais velho ou, se preferirem, mais "antigo", tinham obrigação de ser mais densas. Mas vejamos:

Shroud (Exordium)
A abrir o álbum, não me sai da cabeça que o coro de inspiração religiosa na introdução ameaça recomeçar o álbum "Elizium" onde ele acabou, mas depressa se torna não só uma viagem ao passado como ao passado mais que perfeito com riffs a recordarem a aridez de "Dawnrazor".

Straight To The Light
Um épico quase à altura de "Moonchild" e "Psychonaut". Letras a puxar para um misticismo que há muito rodeia o projecto, ou não se chamassem "os campos dos nefilins": We served this world like angels / Been burned both night and day / Now we turn with eyes blazing / Well its time for us to go

New Gold Dawn
Alguns acordes a recordar "Last Exit for the Lost" transformam-se numa canção cheia de ritmo como "Laura" e "For Her Light". A letra, contudo, é fraquinha.

Requiem XIII 33 (Le Veilleur Silencieux)
Uma história de saudade ao ritmo de "At the Gates of Silent Memory".

Xiberia (Seasons In The Ice Cage)
Possivelmente o meu tema preferido, "Xiberia", cuja letra nem começo a entender, simplesmente *sinto* aquela sensação de frio que dela exala, podia ser a evil twin brother de "Summerland". Talvez seja. Parece propositado mas só podemos especular. Assim nascem os mitos.

She
E esta é possivelmente a música que menos gosto, muito pastelosa e romântica, mas que possivelmente agradará a quem prefere o clássico "Celebrate". Passemos rapidamente à frente.

Mourning Sun
Dez minutos e trinta e cinco segundos, prova de que os Fields of the Nephilim continuam a reger-se por algumas regras do metal e pelo desprezo da canção pop de três minutos e meio. O sintetizador faz uma melodia a lembrar o tema do "Exorcista", "Tubular Bells", do senhor Mike Oldfield (esse mesmo), até porque os FOTN sempre alimentaram uma uma raiz cinematográfica de peso. O trocadilho que dá nome ao álbum, entre "sol da manhã" ("morning sun") e "sol de luto" ("mourning sun"), pegando numa conhecida expressão de esperança para lha retirar completamente, gira em torno do tema "the fallen", outro termo usado para designar os anjos rebeldes que desceram à Terra para amar as filhas dos homens e dar origem aos nefilins e se juntaram a Lúcifer durante a rebelião nos Céus de onde foram expulsos.

In the Year 2525
Faixa bónus que só aparece na edição limitada (atenção ao que compram), este tema um pouco a"pop"alhado em termos musicais devido a demasiados yéyés e melodia repetitiva (mais uma vez, a minha humilde opinião), é de algum modo uma surpreendente descida à realidade -- surpreendente para a banda de que se trata -- onde se clarificam preocupações ecológicas e críticas à desumanização tecnológica. Graças a Deus pelo apocalipse: in the year 8510 / God is gonna shake his mighty head / he'll either say "I'm pleased where man has been" / or tear it down and start again

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O silêncio de Deus

Madre Teresa de Calcutá sofria profunda crise espiritual
Madre Teresa de Calcutá terá pedido que as cartas em que revela uma profunda crise espiritual e que foram reunidas num novo livro sobre a sua vida de freira fossem destruídas, revelou o próprio autor da biografia, o reverendo Brian Kolodiejchuk.

Numa entrevista publicada na edição de hoje do jornal italiano La Stampa, o sacerdote disse que Madre Teresa de Calcutá queria destruir a correspondência, mas que, no fim, decidiu publicá-la, já que «constitui um documento único e importante».

Kolodiejchuk é membro da congregação Missionárias da Caridade, ordem à qual Madre Teresa pertencia e que promove o processo de canonização da freira, iniciado em 2005.

O novo livro «Mother Teresa: Come Be My Light» agrupa as cartas enviadas aos seus confessores e superiores.

A correspondência mostra que passou a maior parte dos seus últimos 50 anos de vida em profunda crise espiritual, a qual a levou, inclusive, a duvidar da existência de Deus.

«Após um longo debate entre os membros da ordem, decidimos publicar as cartas porque mostram a sua profundidade, o seu aspecto humano, a sua capacidade de enfrentar as situações mais difíceis», declarou Kolodiejchuk.

«A publicação destas cartas também serve para que mostremos aos outros membros da ordem como devemos agir nestes momentos de escuridão ou de crise espiritual numa vida difícil, dedicada a ajudar os mais pobres», acrescentou o sacerdote.

Kolodiejchuk declarou que madre Teresa viveu um longo período de escuridão interna, o qual se estendeu até ao fim da sua vida. Durante esse período, chegava a dizer que não conseguia sentir a presença de Deus.

«Ela aprendeu a viver com isso e a aceitar isso como um desafio imposto pela fé», disse o autor do livro.

O sacerdote afirma que o lançamento da biografia, no mesmo dia em que a madre morreu, há dez anos (5 de Setembro), «não é um jogo de marketing» e que as cartas só apareceram recentemente.

25-08-2007 13:09:01


Não sei se são dúvidas se às vezes é Deus que se esconde, como um pai que se esconde do filho pequenino, observando à distância, para ver o que ele faz sozinho. Se desata aos berros de medo, se consegue desenrascar-se.
Acredito que vendo todos os dias o que Madre Teresa via, estranho seria se não duvidasse da existência de Deus. Penso que Madre Teresa é o maior exemplo de santidade que o mundo viu em tempos modernos, se não mesmo de todos os tempos, e não pela sua fé mas pela sua obra. Já diz a Bíblia, o que é a Fé sem obras? Nada. Antes ter obras do que ter Fé. Antes dizer ao pai que não, e fazer a sua vontade, do que dizer ao pai que sim e desobedecer. Também está na Bíblia.
Mas nada disto precisava de estar na Bíblia. É senso comum. Quem não duvida nunca acreditou em coisa nenhuma e isso é o mais triste de tudo.

A Maldade

Hoje pus-me a pensar, por alguma razão, que toda a maldade me foi ensinada. Nasci para o mundo desprovida de desonestidade, de mentira, de mal-querer. Até aos seis anos de idade pensava que todos os meninos eram meus amigos. E porque não haviam de ser, se nunca lhes tinha feito mal? Foi um choque existencial perceber que havia alguns que não gostavam de mim só "porque não". À partida, eu gostava de todos. Desde esse momento revelador nunca mais gostei de ninguém como dos meus bichos.
Toda a vida teve de ser a minha mãe, e as outras pessoas, tal como hoje são os meus chefes, a terem de soletrar todas as frases das mentiras que sou obrigada a dizer. "O que é que eu digo então?" tornou-se na minha frase recorrente. Dou por mim a ensinar a outros que não sabem mentir aquilo que por sua vez devem dizer. Mas os verdadeiros mestres, porque os há, que eu vi, já nasceram assim e não partilham os segredos.
Houve apenas uma manifestação de maldade que já nasceu comigo, por não ser santa como ninguém é. A vingança. Isso ninguém me ensinou, admito.
Parece que cada um é para o que nasce.