tag:blogger.com,1999:blog-62118652024-03-28T10:22:23.280+00:00GotikaDiário pessoal do terror quotidiano.katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.comBlogger1280125tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-24145302537860972722024-03-24T01:00:00.003+00:002024-03-24T10:52:39.175+00:00The Walking Dead: Dead City (2023 - ?)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvXJYmcJcnQ8f4PZ1iYUHXm_GWWieonmrEw7c8x-YsJcBPkKnx0tY0qIQKBcujGElPuLetTx8WFuBFQ-NMIfhKNU47a0YPW5QJ9nTpoBbR0ZTarXoIOVhuMDUKM2M7fURP7JmjmmSX9H8HTTQmFBNGuZqXibRnnG9WrlRcKKb2nGxAIQl91Sjt6w/s1000/The_Walking_Dead_Dead_City.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="562" data-original-width="1000" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvXJYmcJcnQ8f4PZ1iYUHXm_GWWieonmrEw7c8x-YsJcBPkKnx0tY0qIQKBcujGElPuLetTx8WFuBFQ-NMIfhKNU47a0YPW5QJ9nTpoBbR0ZTarXoIOVhuMDUKM2M7fURP7JmjmmSX9H8HTTQmFBNGuZqXibRnnG9WrlRcKKb2nGxAIQl91Sjt6w/w400-h225/The_Walking_Dead_Dead_City.jpg" width="400" /></a></div><br />Muito era esperado deste <i>spin-off</i> que confronta Maggie e Negan de “<a href="https://gotikka.blogspot.com/2023/01/the-walking-dead-20102022.html" target="_blank">The Walking Dead</a>”. Algumas críticas acreditam que o conflito entre os dois (a morte à cacetada de Glenn) ficou superado na série original. Eu nunca fui dessa opinião. Negan decide afastar-se da gente de Alexandria/Hilltop/etc exactamente por saber que um dia Maggie vai acabar por matá-lo. Maggie tenta interiorizar o facto de que Negan passou anos preso em Alexandria a pagar pelo seu crime, mas Maggie não estava lá para ver (porque a actriz Lauren Cohan estava a fazer outro programa). Desta forma, embora na última temporada tenham sido obrigados a trabalhar juntos, o conflito entre Maggie e Negan está longe de resolvido (se é que alguma vez poderá estar).<br />Passaram-se alguns anos desde o final de “The Walking Dead”. Existe uma nova Federação de Estados chamada New Babylon em que se aplica Lei & Ordem. Maggie e as pessoas de Hilltop tiveram de se mudar para outra localização depois do incêndio causado pelos Whisperers (não percebi se a comunidade de Maggie faz parte de New Babylon ou não). Hershel, o filho de Maggie e Glenn, é agora um adolescente na fase rebelde que responde mal à mãe (como é normal). Mas parece que a sociedade está menos caótica em geral. Até têm bares com álcool, jogo e prostituição. Fiquei surpreendida mas achei interessante. Se é fascinante ver a sociedade desagregar-se também é interessante vê-la voltar ao normal.<br />No final da série original, Negan tinha uma esposa e um filho a caminho, mas não se encontra com eles porque, como sempre, Negan está metido em sarilhos. É procurado pelos delegados de New Babylon pelo homicídio de 5 homens (mas depois percebemos que teve grandes razões para fazer o que fez). Maggie descobre-o escondido num motel (já têm motéis outra vez) para o obrigar a ajudá-la. A comunidade de Maggie foi atacada por um antigo parceiro de Negan dos tempos do Santuário, chamado o Croata (a quem Negan apelida de “o filho da puta mais demente que já conheci”), que lhes roubou todo o grão, levou Hershel como refém, e ameaçou regressar frequentemente para lhes levar a produção agrícola. Maggie quer a ajuda de Negan porque este conhece o Croata, e porque Negan “lhe deve”, além de andar fugido e já não ter muitos sítios onde se esconder. O problema é que o tal Croata levou Hershel para a ilha de Manhattan, um dos locais mais perigosos da América. Acredito que Negan só tenha aceitado por causa de Hershel, porque tem a tal “dívida”.<br />Perseguidos pelos delegados de New Babylon, Negan e Maggie chegam de barco a Manhattan. Manhattan está particularmente devastada porque foi um dos epicentros do apocalipse zombie. Numa tentativa de conter a epidemia, os militares destruíram as pontes e os túneis, deixando as pessoas abandonadas à sua sorte. Manhatan é agora um deserto negligenciado de prédios semi-destruídos e vegetação, hordas de zombies pelas avenidas, esgotos cheios de mortos e veados a pastar nas ruas. É neste cenário de ficção-científica (desolador, mas <a href="http://gotikka.blogspot.com/2024/02/the-walking-dead-daryl-dixon-2023.html" target="_blank">não é a bela França</a>) que Negan e Maggie têm de procurar onde se esconde o Croata, o que vão descobrir mais depressa do que pensavam graças à ajuda de sobreviventes originais de Manhattan. No entanto, Maggie não está a ser tão honesta como parece…<br />Durante a aventura em Manhattan, Maggie fica a conhecer facetas de Negan que não julgava existirem. Por outro lado, Negan parece reconhecer o monstro que existe dentro de si e que ele não quer ver de volta à luz do dia.<br />“The Walking Dead: Dead City” é um bom <i>spin-off</i>, com mais originalidade e tensão do que a série original nos últimos tempos (o que não seria difícil). O último episódio promete uma sequela, uma vez que Maggie admite que está na altura de resolver a questão de Negan de uma vez por todas. Aconselho a todos os fãs de “The Walking Dead” e, depois de ver dois <i>spin-offs</i>, estou surpreendida pela qualidade que já não esperava tendo em conta como a série original acabou a arrastar-se.<br /><br />ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez<br /><br />PARA QUEM GOSTA DE: The Walking Dead, zombies<p></p><p> </p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-16910101728099086062024-03-19T01:00:00.001+00:002024-03-19T01:00:00.136+00:0012 Years a Slave / 12 Anos Escravo (2013)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO6rbPN9QP7R0k218RHSxSyEbmJASnyv2rAtJ3dh0rDHWRI7anOuyvuZkRyRZA3BPkeEyLRue0TuaylzI97Eh-qqChZii0_l66lgG-FkKjhGrPlg3cSqy9bfZfYBJP7d1XHCM1e5L5t22-PqGdKjtOC-jeZ4uS1PMKt2wi8UxEdRELJWpMC4o/s1000/12_Years_a_Slave.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="666" data-original-width="1000" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO6rbPN9QP7R0k218RHSxSyEbmJASnyv2rAtJ3dh0rDHWRI7anOuyvuZkRyRZA3BPkeEyLRue0TuaylzI97Eh-qqChZii0_l66lgG-FkKjhGrPlg3cSqy9bfZfYBJP7d1XHCM1e5L5t22-PqGdKjtOC-jeZ4uS1PMKt2wi8UxEdRELJWpMC4o/w400-h266/12_Years_a_Slave.jpg" width="400" /></a></div><br />Por alguma razão, este filme não teve em mim o impacto que devia ter tido. A história é baseada em factos verídicos. Um homem negro de Nova Iorque, Solomon Northup, nascido livre, é raptado e forçado a viver em escravidão na Luisiana durante doze anos até conseguir ser libertado e voltar a casa. As suas memórias foram registadas em livro.<br />O filme claramente quer mostrar-nos o que foi a escravatura no sul dos Estados Unidos. Acontece que nada disto é novidade para mim, como o deve ter sido para outros espectadores. Cresci com a telenovela brasileira “<a href="https://memoriaglobo.globo.com/entretenimento/novelas/escrava-isaura/" target="_blank">A Escrava Isaura</a>” e assisti ao soberbo “Raízes” (“<a href="https://www.imdb.com/title/tt0075572/" target="_blank">Roots</a>”). Em vários filmes e séries do género já assisti a tudo o que vi aqui e pior. (Até em “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2022/09/outlander-2014.html" target="_blank">Outlander</a>”, imagine-se.) Logo, não houve factor novidade. Conheço estas atrocidades todas.<br />O que faltou? O filme quer mostrar-nos o que era a escravatura, mas nunca nos mostra quem é de facto Solomon Northup. Sim, é um homem decente, sabemos que quer sobreviver e escapar e regressar para a sua família (quem não quereria?), mas tudo isto é demasiado genérico e bidimensional. Solomon Northup não é um personagem em si próprio; é um símbolo. Muitas vezes dei por mim a pensar antes em “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2022/12/the-handmaids-tale-2017.html" target="_blank">The Handmaid’s Tale</a>”, que estava a ver na altura, e em como em narrativas semelhantes (as Servas são forçadas à escravidão pela violência) as personagens são tão bem desenvolvidas.<br />E depois temos a aparição <i>deus ex machina</i> de Bratt Pitt, qual anjo salvador, que só ali está para ajudar Solomon, finalmente.<br />Ou seja, o filme adquire uma tonalidade quase panfletária em vez de contar a história do homem de carne e osso que foi Solomon Northup. Exemplo disto é que só lhe vemos a família no princípio e no fim. Se calhar o objectivo do filme era mesmo que não olhássemos para o homem mas antes para os horrores da escravatura. Se era isso, objectivo conseguido, mas podia-se conseguir melhor.<br /><br />13 em 20<br /><br /><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-19842391998176760452024-03-17T01:00:00.001+00:002024-03-17T01:00:00.200+00:00The Prodigy / O Prodígio (2019)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWghQfj9wZ6h99eKgBZP2gJwl-dWC5xngiLwXDe-W6MtWSJPg4wKLG2jvMncH8Cct-XNMFE-fLPEJN_rbh6PKbFakanqpV9yl3S3jj9NeLXW_DMQXW1hEb9JclPB5-SJdrRgLQCeO4z7S1z-l5dTXVEQP2qmG2pby8w5Fz8QlWhjKLERwXGno/s740/The_Prodigy.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="380" data-original-width="740" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWghQfj9wZ6h99eKgBZP2gJwl-dWC5xngiLwXDe-W6MtWSJPg4wKLG2jvMncH8Cct-XNMFE-fLPEJN_rbh6PKbFakanqpV9yl3S3jj9NeLXW_DMQXW1hEb9JclPB5-SJdrRgLQCeO4z7S1z-l5dTXVEQP2qmG2pby8w5Fz8QlWhjKLERwXGno/w400-h205/The_Prodigy.jpg" width="400" /></a></div><p>Uma mãe descobre que o seu filho, uma criança-prodígio, está possuído pela entidade falecida de um <i>serial killer</i>. <br />Este é mais um filme do tipo “creepy kid” com todos os clichés que vêm com isso desde “O Exorcista”. É curioso que o filme insiste que não é possessão mas reencarnação (a alma do falecido “entrou” no recém-nascido para terminar assuntos pendentes) mas, lamento, a reencarnação não é nada disto. Isto é possessão e não lhe chamarei outra coisa.<br />À medida que o miúdo cresce mais se manifesta a personalidade manipuladora e perigosa do <i>serial killer</i>. A grande questão do filme é saber o que uma mãe é capaz de fazer para salvar o filho, e esta mãe está disposta a quase tudo. Mas conseguirá cumprir o último desejo do <i>serial killer</i>?<br />“O Prodígio” é um filme mediano que faz tudo o que tem de fazer dentro do género. Pese embora a falta de originalidade, agradará aos espectadores que já sabem com o que podem contar.<br /><br />12 em 20<br /></p><p><br /></p><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-3104894325387056842024-03-12T10:28:00.000+00:002024-03-12T10:28:48.776+00:00Insidious / Insidioso (2010)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5sg4seVJzOeONm8HBOUv1WqZsOCKWktNPKlhhAORGE-U8isGDbpH7csSi1Bfx3widv9mgkTREOtSDBRjeUghMRAa7Rf7ylYUD05o8nsPYiF4uW63RQjlS_Ozqlzk_quswf_O5xfGOyBwxrtj-pAvRofk6Svkw3LCdXQj_7FmgZ6BVRTv8NIE/s648/Insidious.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="365" data-original-width="648" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5sg4seVJzOeONm8HBOUv1WqZsOCKWktNPKlhhAORGE-U8isGDbpH7csSi1Bfx3widv9mgkTREOtSDBRjeUghMRAa7Rf7ylYUD05o8nsPYiF4uW63RQjlS_Ozqlzk_quswf_O5xfGOyBwxrtj-pAvRofk6Svkw3LCdXQj_7FmgZ6BVRTv8NIE/w400-h225/Insidious.jpg" width="400" /></a></div><br />Alguns filmes podem ser resumidos por fórmulas. “Insidious” seria [família em crise muda-se para casa nova] + [criança possuída] e os amantes de terror já sabem tudo o que esperar daqui. Mas vamos lá ao resumo propriamente dito. <br />Uma família em crise, com três filhos pequenos, muda-se para uma casa nova para recomeçar. Logo numa das primeiras noites, o filho mais velho sobe ao sótão e cai de uma escada. No outro dia não acorda: está num coma que os médicos não conseguem explicar. O filho do meio tem medo de estar sozinho no quarto, e muito depressa também a mãe começa a ter visões de espectros à volta do quarto do filho em coma.<br />Pensando que a casa está assombrada, convence o marido a mudar de casa, e assim fazem. (O que não acontece muitas vezes neste tipo de filmes, note-se.) Só que na casa nova as manifestações sobrenaturais continuam, o que demonstra que não era a casa que estava assombrada, é a família! (Reviravolta original, admito.)<br />Entra mais um elemento na fórmula: [caça-fantasmas]! Não estavam à espera desta, pois não? Eu confesso que não estava. Pensei mesmo que os caça-fantasmas e os seus aparelhómetros (que parecem mais uma coisa de “<a href="https://gotikka.blogspot.com/2021/10/supernatural-sobrenatural-2005-2020.html" target="_blank">Sobrenatural</a>” mas ainda menos profissional) eram apenas um <i>comic relief</i> temporário. Mas depois chamam mesmo uma vidente-exorcista.<br />A partir daqui o filme torna-se histérico, exactamente o contrário de insidioso, subtil. Aparecem fantasmas e demónios de todo o lado. As luzes piscam e rebentam. O costume. Eu desatei a rir quando mostraram os cascos do demónio. (Mais um à imagem do deus Pan, coitado, que não tem culpa nenhuma.) Foi assim, desatei-me mesmo a rir! E não há nada pior num filme de terror do que pôr os espectadores a rir.<br />E assim continuou. Os caça-fantasmas ficaram até ao fim a fazer-me rir, e nunca mais parou. Pena, porque a coisa ia bem. Onde é que o filme falhou? Fórmula demasiado comprida: [família em crise muda-se para casa nova] + [criança possuída] + [caça-fantasmas]. Quiseram meter tudo e mais alguma coisa num filme que se anunciava “insidioso” e que se tornou “excessivo”.<br />Fica a parte boa e a parte em que me ri.<br />Ah! E vejam os créditos finais até ao fim para mais uma gargalhada!<br /><br />12 em 20<br /><br /><br /><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-77205565667493949722024-03-10T01:00:00.001+00:002024-03-10T01:00:00.145+00:00Cybele's Secret, de Juliet Marillier<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0ZoXXZomrEqNg-O0A4S8bc8CjTJbL6CpYt9OQA4nWxtUz7MJEpzrIyqfQmej32YW_U5hbtFoHTnRy_np7STZjzE0_D4tEKvF-fvSTBCu2LKD2Yhy5gp7yuYl4xL74jtwXwowl4de5etdeqOlqXgfPq3g2lk6k6EpcM0B8SgKBPWgn7lBnXew2eg/s884/Juliet_Marillier_Cybele's_Secret.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="884" data-original-width="550" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0ZoXXZomrEqNg-O0A4S8bc8CjTJbL6CpYt9OQA4nWxtUz7MJEpzrIyqfQmej32YW_U5hbtFoHTnRy_np7STZjzE0_D4tEKvF-fvSTBCu2LKD2Yhy5gp7yuYl4xL74jtwXwowl4de5etdeqOlqXgfPq3g2lk6k6EpcM0B8SgKBPWgn7lBnXew2eg/w249-h400/Juliet_Marillier_Cybele's_Secret.jpg" width="249" /></a></div><br />Segundo livro da série iniciada em “Wildwood Dancing”, esta é a história de Paula, uma das cinco irmãs do original. Paula acompanha o pai, o mercador Teodor, a Istambul, na tentativa de adquirirem a estatueta de Cybele, um artefacto pagão de uma deusa da antiguidade, que se diz trazer prosperidade ao seu possuidor.<br />Em Istambul, chegada da Transilvânia, Paula encontra uma cultura islâmica muito diferente da sua que obriga o mercador a arranjar-lhe um guarda, o búlgaro Stoyan, que a acompanha para todo o lado. Numa sociedade de intrigas e traições, Paula, a erudita da família, conhece outra erudita, a grega Irene de Volos, e o capitão do navio Esperança, o português com fama de pirata Duarte da Costa Aguiar, ambos interessados no mesmo artefacto. (Fiquei muito surpreendida e entusiasmada por haver um português na história, com palavras e canções em português e tudo!) As autoridades de Istambul suspeitam que o culto pagão de Cybele está a ser praticado às escondidas e também querem pôr as mãos no que consideram um ídolo proibido.<br />Duarte é atrevido e considerado sem escrúpulos, e é ele quem consegue comprar a estatueta, mas, como Paula vem a descobrir, não é o lucro que o move, antes a promessa que fez a um amigo de restituir o artefacto ao povo a quem este pertence. <br />Paula torna-se amiga de Duarte mas apaixona-se por Stoyan, o que não vai ser uma relação fácil porque Paula adora conhecimento e instrução e Stoyan nem sabe ler ou escrever.<br />“Cybele's Secret” é um romance Young Adult (e toda a gente aqui sabe que não é o meu género) mas o que realmente não apreciei foi a aventura à Indiana Jones em que Paula, Duarte e Stoyan se metem para levar a estatueta ao povo que a idolatra. Quem gosta de aventuras tem aqui uma boa história, no entanto. Para mim, admito, foi uma seca. Aliás, “Cybele's Secret” ainda é mais juvenil do que “Wildwood Dancing” e faltam-lhe os elementos dramáticos que me enchem as medidas. Bom livro para oferecer a uma pessoa muito jovem, mas para mim não.<br /><br /><br /><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-70003510001883633552024-03-05T01:00:00.002+00:002024-03-05T10:29:16.218+00:00The Girl On The Train / A Rapariga No Comboio (2016)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Kk1TqoXmBJLupSyc252J6jR9p9h70P0nvVYVkLHGv06Uw6nL5hOmSbwm8gn00vq63mHSsgjrcmbw7BxeSdot0U96XDCQ1BqLK0pheXRQS1tSp_GLwVNubLvHQ9_uQ0hboxyy7zAxjAOHV_3q6mc4svLw0oZg2VPSIwfcYZb-tfYWtlZxIOI/s1000/The_Girl_On_The_Train.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="563" data-original-width="1000" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Kk1TqoXmBJLupSyc252J6jR9p9h70P0nvVYVkLHGv06Uw6nL5hOmSbwm8gn00vq63mHSsgjrcmbw7BxeSdot0U96XDCQ1BqLK0pheXRQS1tSp_GLwVNubLvHQ9_uQ0hboxyy7zAxjAOHV_3q6mc4svLw0oZg2VPSIwfcYZb-tfYWtlZxIOI/w400-h225/The_Girl_On_The_Train.jpg" width="400" /></a></div><p>Este é um daqueles filmes baseados em romances que talvez não tenham sido bem traduzidos para o cinema, fazendo com que a princípio pareça um drama psicológico que subitamente se transforma num suspense/policial à Hitchcock. A sensação geral é de que estes dois elementos andam sempre desconjuntados. <br />Começa logo pelo princípio, em que somos apresentados a três personagens femininas distintas, uma de cada vez, nenhuma delas particularmente empática. Achei aborrecido e fez-me questionar porque é que nos devíamos interessar por elas. Rachel, a protagonista, é uma alcoólica que todos os dias finge que vai trabalhar (embora tenha sido despedida) e se mete no comboio que passa à frente da casa do ex-marido, onde este agora mora com outra esposa e uma filha bebé. Da perspectiva desta nova esposa, descobrimos que Rachel não se limita a observar. Passa os dias e as noites de embriaguez a telefonar e a mandar mensagens ao ex-marido, e certa vez, bêbeda, entrou em casa deles (que tinha sido também a casa dela) e pegou na bebé e levou-a com ela, o que é aterrador para uma mãe.<br />Mas o interesse de Rachel não se limita ao ex-marido. Durante as viagens de comboio desenvolveu um fascínio/obsessão com outra vizinha que parece viver o amor perfeito com o marido (desta outra vizinha). Se soa confuso, é porque o filme também é algo confuso. Demorei um bocadinho a perceber que este “casal perfeito” é vizinho do ex-marido e que Rachel possivelmente só ficou fascinada por eles porque passava por lá todos os dias. Quando Rachel descobre que esta mulher (que Rachel não conhece mas fantasia conhecer) anda a trair o marido, fica enraivecida porque a vê a destruir algo de perfeito. Perfeito na cabeça de Rachel, isto é. Embriagada, Rachel tem um apagão e acorda em casa coberta de sangue e nódoas negras. Pouco mais tarde vê no jornal que a mulher, chamada Megan, desapareceu. Rachel pensa que a matou e fica apavorada. Continuando na linha <i>stalker</i>, apresenta-se ao marido de Megan como amiga dela, imiscui-se na investigação, começa a frequentar o psiquiatra de Megan. E aqui o filme começa a ser um “quem matou Megan?”, mas significativamente mais interessante do que tinha sido nos primeiros 20 minutos. <br />Infelizmente, após tanto tempo de filme, a revelação aparece um bocado aos trambolhões. Não era nada do que pensávamos porque o filme nos tentou enganar noutra direcção e também não nos deu nada para suspeitarmos outra coisa. Logo, o fim parece-nos uma reviravolta forçada. Aliás, toda a dinâmica entre estes vizinhos e Rachel parece forçada e “coincidência a mais”. Foi pena, porque o filme até estava a tomar forma e a recompensar-nos pelos 20 minutos em que tivemos de conhecer personagens sem percebermos qual era o papel delas na história.<br />Das críticas que li, o livro resulta, o filme é que não. Mesmo assim, tem momentos interessantes e vale a pena ver. A parte do saca-rolhas é de algum humor negro. Quem melhor do que um alcoólico para usar um saca-rolhas como arma? Acho que não era para rir, mas ri-me.<br /><br />12 em 20<br /><br /></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-72486571049676857492024-03-03T01:00:00.001+00:002024-03-03T01:00:00.164+00:00The First Purge / A Primeira Purga (2018)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDflNsxVBrxrDzC7x_1pMGUr27FAbwaERXyPye38nvLeop-S_duCpj4Gvc32tvi251JHeJpmYpvgCkF41bkmc6Gv7lmiZDy4DkKf5GiCEvomZPOvD6FTjOr8poUB6jwsBbU8KikFrclseE-hCPaC9snGaREHSVoE8FLydWw-FccgfqxsQ5e7o/s1000/The_First_Purge.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="515" data-original-width="1000" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDflNsxVBrxrDzC7x_1pMGUr27FAbwaERXyPye38nvLeop-S_duCpj4Gvc32tvi251JHeJpmYpvgCkF41bkmc6Gv7lmiZDy4DkKf5GiCEvomZPOvD6FTjOr8poUB6jwsBbU8KikFrclseE-hCPaC9snGaREHSVoE8FLydWw-FccgfqxsQ5e7o/w400-h206/The_First_Purge.jpg" width="400" /></a></div><br />O primeiro filme da série “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2020/11/the-purge-purga-2013.html" target="_blank">A Purga</a>” era assumidamente um filme de terror com comentário social implícito. Nos dois filmes seguintes, “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2021/04/the-purge-anarchy-purga-anarquia-2014.html" target="_blank">The Purge: Anarchy</a>” e “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2021/05/the-purge-election-year-purga-ano-de.html" target="_blank">The Purge: Election Year</a>”, o comentário social começou a tomar um lugar central sem que mesmo assim saíssem do género que lhes deu origem.<br />Já não posso dizer o mesmo deste “The First Purge”. A história começa com cenas de protestos em que duas facções de americanos se enfrentam com tal antagonismo que podiam passar-se hoje. De facto, parece o que vemos no telejornal. Isto arrepia, mas de outra maneira: não porque é ficção mas porque é real.<br />“The First Purge” conta-nos como começou a noite da Purga, quando o Partido chamado Novos Pais Fundadores subiu ao poder. Basicamente, é um partido do tipo “fazer a América grande outra vez” sem usar exactamente este slogan, que acredita que o Estado está muito sobrecarregado com despesas de apoio aos mais pobres e que aproveita, para os eliminar, uma experiência científica que defende que deixando as pessoas darem largas aos impulsos mais criminosos impunemente, durante uma única noite no ano, a violência decresce. Mais uma vez, esta barbaridade é vendida em troca da promessa de mais segurança. Segundo me lembro do primeiro filme, alguns números confirmavam o sucesso da experiência, mas por outro lado os números podiam estar manipulados. Não é possível acreditar em nada que os Novos Pais Fundadores dizem oficialmente.<br />A primeira Purga foi assim vendida como experiência na ilha de Staten Island, e aos mais pobres foram oferecidos 5 mil dólares para permanecer no local (na altura havia a possibilidade de escapar para outro sítio) e ainda mais se participassem. A maioria das pessoas aceitou porque precisava do dinheiro, mas há uma minoria de outros que está a salivar pela oportunidade de fazer mal ao próximo, mesmo a desconhecidos, até por questões de frustrações e raivas acumuladas.<br />Enquanto os activistas anti-Purga se organizam para manter as pessoas em segurança durante a noite, os traficantes de droga, por seu lado, também não gostam da ideia porque não é bom para o negócio. Daqui nascerá uma estranha aliança quando as coisas se complicam.<br />A princípio, “The First Purge” ainda tenta um toque do género terror, fazendo os “purgantes”, chamemos-lhes assim, usar umas lentes de contacto com câmaras integradas (a transmitirem para o centro de observação da experiência) que ficam néon e dão uma aparência alienígena. Isto é interessante, mas depressa abandonado.<br />Curiosamente, na noite da Purga as pessoas não se lançaram todas umas às outras. Houve quem aproveitasse para organizar festas. Houve quem decidisse ir arrombar o Multibanco para roubar o banco que lhe cobra comissões muito altas (e podemos censurá-lo?). Mas, é claro, há sempre o psicopata que aproveita para dar vazão aos seus instintos, e é assim que as mortes começam.<br />É igualmente curioso que as pessoas que decidem “purgar” comecem a fazê-lo usando máscaras, mesmo que a lei lhes permita impunidade. É a maneira de esconderem a vergonha de cometerem actos que sabem estar errados, um apontamento de psicologia interessante.<br />Todavia, as coisas continuavam relativamente calmas na opinião do centro de observação. Previam que houvesse muito mais violência. Na falta dela, enviam mercenários para começarem o que as pessoas comuns não queriam fazer, e então sim, foi a mortandade. <br />Um dos heróis do filme é mesmo o traficante de droga que tenta proteger as pessoas do bairro, o bairro que, afinal, também é o dele. Isto leva a cenas de grandes tiroteios e combates nas ruas, mas, e aqui é que lamento, um filme de tiros não é um filme de terror. Em suma, é o que acho de “The First Purge”, que abandonou completamente o género inicial e se transformou quase num filme de acção, os bons contra os maus e isso tudo. Não digo que tenha perdido o interesse, mas perdeu alguma coisa do seu ADN.<br />Este filme é todo feito na perspectiva de pessoas de cor, o que também me incomodou um bocadinho. Todos os personagens brancos são ricos e maus. Não há aqui um único branco pobre e/ou bom. É verdade, o primeiro filme passou-se numa casa da classe alta branca mas os “maus” também eram brancos. Em “The First Purge” acho que se exagera na questão racial, como se não houvesse brancos pobres. É quase um “brancos a matar negros oprimidos” carregadinho de ideias políticas tão fracturantes que, se eu estivesse a escrever isto nos Estados Unidos, caía-me tudo em cima a chamar-me racista. (As coisas já estão assim tão extremadas que nem se pode emitir uma opinião de meio-termo.) Pelo contrário, só estranhei a falta dos brancos pobres porque também há muitos e vivem nos mesmos bairros sociais e degradados.<br />Não gostei que esta “Purga” tenha perdido o elemento de terror. Os filmes anteriores já estavam a caminhar nesse sentido, mas eram mais subtis. Esta “Purga” é muito óbvia, quase panfletária. O paralelo com a situação política actual funciona, mas perde-se quando se entra no território da Purga propriamente dita, num salto da realidade para a ficção sem terror e/ou drama que o sustentem.<br /><br />13 em 20<br /><br /><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-59329494864628705522024-02-25T01:00:00.013+00:002024-02-25T11:24:36.793+00:00The Walking Dead: Daryl Dixon (2023 - ?)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRQoKsZxbzZZuZbXOOoRF2jW5H72ja4svW-wTbJB6r_IDE4ewaIkc4jEFfLFriBIuJCanaeedNAylZkoAQBcBQWSZTLHgSOn-ZyEe-y8b9mG9vSFpx2ewJ9wotvZKhbkKE5XGDN0iUwUOHTviYagzOam_saazsYspF0Dhy_fJ2pr_Fwnyz9-iiKQ/s1000/The_Waking_Dead_Daryl_Dixon.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="1000" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRQoKsZxbzZZuZbXOOoRF2jW5H72ja4svW-wTbJB6r_IDE4ewaIkc4jEFfLFriBIuJCanaeedNAylZkoAQBcBQWSZTLHgSOn-ZyEe-y8b9mG9vSFpx2ewJ9wotvZKhbkKE5XGDN0iUwUOHTviYagzOam_saazsYspF0Dhy_fJ2pr_Fwnyz9-iiKQ/w400-h200/The_Waking_Dead_Daryl_Dixon.jpg" width="400" /></a></div><p>[contém <i>spoilers</i>]<br /><br />Pensavam que “<a href="https://gotikka.blogspot.com/2023/01/the-walking-dead-20102022.html" target="_blank">The Walking Dead</a>” tinha acabado? “The Walking Dead” nunca vai acabar porque, como o próprio nome indica, vai andar por cá durante séculos… ou enquanto der dinheiro. Já estava na calha um <i>spin-off</i> protagonizado por Daryl Dixon, em que Carol, inicialmente, era suposto ter participado também.<br /><br /><b>França: mais uma personagem</b><br />Confesso, fiquei agradavelmente surpreendida com esta série filmada em França (fui confirmar) que nem precisava de enredo, bastava Daryl a matar zombies pelos fascinantes cenários franceses, mas por acaso até tem.<br />Comecemos pelo princípio. Daryl dá à costa em França e põe-se a deambular por lá como um peixe fora de água (passe o trocadilho). Como é que Daryl dá à costa em França? Isto pode parecer pateta mas o penúltimo episódio explica-nos o que aconteceu. (Voltarei a isto no fim.)<b> *</b><br />Quanto mais vejo a série mais sentido faz o contraste entre o <i>redneck </i>(campónio) americano Daryl, um homem sem educação nem requinte que não percebe uma palavra de francês, e a cultura de milénios onde acaba de aterrar. Não estou com isto a menosprezar ou a subestimar Daryl. Pelo contrário, parece-me que a série original é que o menosprezou em favor de personagens menos interessantes, porque em “Daryl Dixon” percebemos que Daryl até pensa e diz umas coisas muito acertadas.<br />O que Daryl encontra ao chegar não é muito diferente do que se passa nos Estados Unidos: zombies mortos e vivos, cidades e estradas desertas, falta de recursos. O que muda é o cenário, e que cenário! A série leva-nos a muitos locais belos, mais do que eu consigo enumerar, como um convento, um castelo medieval, um palácio barroco, as Catacumbas, a paisagem campestre francesa, Paris, o cemitério de Père-Lachaise e o túmulo de Jim Morrison, o Mont Saint Michel, entre outros lugares icónicos. A Notre Dame deve ter sido inserida por computador porque, ironicamente, ardeu no nosso mundo mas não ardeu no apocalipse zombie. A Torre Eiffel, por outro lado, sofreu um choque com um helicóptero e tem o pináculo derrubado. É quase como se França fosse mais uma personagem da história. Inclusive descobrimos que o avô de Daryl morreu no desembarque na Normandia na Segunda Guerra Mundial, o que fez com que o pai de Daryl fosse ausente e negligente, no que Daryl chama “o repetir da história”. No fim temos uma cena muito emocional em torno disto.<br /><br /><b>Voltar a casa</b><br />Mas vamos ao enredo. Daryl quer encontrar uma maneira de voltar para casa, mas mete-se logo em sarilhos. Durante uma escaramuça com os novos senhores de França, os <i>guerriers </i>do Pouvoir des Vivants, uma força militarizada e comandada pela implacável Madame Genet, um destes homens é morto e o irmão dele jura perseguir Daryl até à morte.<br />Daryl é encontrado por uma freira, Isabelle, que o leva para um convento. Antes ainda da escaramuça com os homens de Genet, Daryl fica ferido por uma espécie de zombies que ele nunca tinha visto (nem nós) que têm sangue ácido e que queima. Não é explicado se isto tem a ver com as experiências com zombies que Genet anda a conduzir (já lá vamos) ou se é uma coisa completamente diferente e característica do apocalipse zombie em França. O convento de Isabelle pertence a uma nova doutrina, uma reunião de várias religiões na Union de l’Espoir (afinal o apocalipse sempre serviu para uma coisa boa), e Isabelle tenta convencer Daryl a ajudá-la a viajar para norte onde ela pretende levar o jovem Laurent, apontado como o futuro líder da Union. Laurent é um miúdo de 12 anos, muito inteligente e puro, mas igualmente ingénuo e inocente. Quando Daryl descobre que as freiras têm um zombie fechado no convento, o venerado padre Jean que morreu, decide logo ir-se embora como quem já viu esse filme (o celeiro da segunda temporada de “The Walking Dead”). Mas, na verdade, as freiras apenas estão a viver de acordo com o que acreditam, à espera que padre Jean se “erga” outra vez. Daryl vai-se mesmo embora, mas regressa quando o convento é atacado por homens do Pouvoir. Acaba por decidir ajudar Isabelle, não por acreditar que Laurent seja um Messias, mas, bem pelo contrário, por achá-lo completamente impreparado para sobreviver no mundo fora do convento. Aqui, Daryl está a tentar fazer com que a história não se repita. Esta informação sobre o avô que morreu na guerra explica-nos muita coisa sobre o personagem. Por outro lado, Daryl quer chegar ao porto de Le Havre, de onde há rumores de navios a funcionar, e parte do caminho é coincidente.<br /><br /><b>Os vilões</b><br />Entretanto, a Union chamou a atenção do Pouvoir, que os considera inimigos. Como diz Genet, a Union vende contos de fadas e cada pessoa que se junta a eles enfraquece o Pouvoir. O Pouvoir recorda-me os regimes fascizantes do século XX. Como estes, Genet chega mesmo a dizer que o impressionismo é uma arte degenerada. E, obviamente, Genet também quer “fazer a França grande outra vez”. Para isso, pretende aniquilar “movimentos de fracos” como a Union. Durante o caminho, Daryl, Isabelle e Laurent são perseguidos pelos <i>guerriers</i>. Laurent, porque as pessoas acreditam nele, torna-se um alvo a abater.<br />O Pouvoir anda a fazer experiências sinistras com zombies, injectando-lhes um líquido que os torna super-zombies (e que provoca o tal sangue ácido), sem dúvida para tentar transformá-los em armas. Geralmente não gosto de super-zombies, mas mais uma vez “The Walking Dead” apresenta os melhores zombies de Hollywood. Estes super-zombies não funcionam perfeitamente: alguns não resistem ao soro, outros ficam fortes e rápidos mas têm espasmos e paragens, outros atacam outros zombies. As experiências não estão a correr nada de feição para o Pouvoir.<br />Um segundo vilão, Quinn, antigo amante de Isabelle, é o delicioso Adam Nagaitis que interpretou o infame <i>Mr. Hickey</i> em “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2019/06/the-terror.html" target="_blank">The Terror</a>”. Quinn não é tão maléfico como <i>Mr. Hickey</i>, nem nada que se pareça, mas Nagaitis é um excelente actor em papéis de vilão. O que ele consegue transmitir com um simples franzir de sobrancelhas ou um esgar dos lábios! Estou encantada com o actor e queria vê-lo em muitos outros papéis. <br />As lutas de zombies continuam a ser do melhor que há. A certa altura Daryl é obrigado a lutar com super-zombies, como num combate de gladiadores em Roma com armas medievais, e mata um deles com a bandeira de França. No contexto em que a cena se passa, é épico em todos os sentidos. Mais tarde, Daryl e Quinn são obrigados a enfrentar mais super-zombies, desta vez agrilhoados um ao outro. Uma das manobras que empregaram lembrou-me “Spartacus”, só que em “Spartacus” a pobre vítima estava muito viva. Toda a cena das correntes recordou-me também de “The Terror”. Afinal, foi por causa de <i>Mr. Hickey</i> e de uma corrente que o <i>Tuunbaq</i> conheceu a sua desgraça.<br /><br /><b>O fenómeno Dixon</b><br />Daquilo que tenho lido, Daryl Dixon é a única personagem de “The Walking Dead” que não estava na banda desenhada original. Tenho para mim que Daryl era daqueles personagens destinados a morrer logo na primeira temporada, mas, graças à performance carismática de Norman Reedus, e àquele primeiro feito heróico em que Daryl regressa ao telhado para salvar o irmão Merle (que devia ter sido heroísmo de Rick mas que granjeou mais pontos a Daryl), o personagem ganhou a simpatia do público para sempre. É um fenómeno que uma personagem não original tenha chegado até aqui, e ainda mais que tenha alcançado tal estatuto que merece um <i>spin-off</i> protagonizado por ele sozinho (isto é, sem mais personagens originais de “The Walking Dead”). A popularidade de Daryl Dixon é igualmente um fenómeno. Daryl tem milhões de fãs, não apenas “em casa” como da Europa à Ásia e em qualquer lugar onde haja um televisor e passe “The Walking Dead”. Como explicar que um <i>redneck </i>de um estado obscuro da América, um homem sem educação, sujo e de poucas falas, se tenha tornado tão amado pelos fãs? Talvez porque Daryl sempre tenha sido menosprezado pelo pai e subestimado pelo irmão, aprendendo a desenvencilhar-se sozinho desde infância, o que o preparou invulgarmente para o apocalipse. Talvez a sua vulnerabilidade escondida, que o faz isolar-se na floresta de forma anti-social porque ter amigos é sinónimo de os perder ou de ser traído por eles. Talvez o seu bom coração debaixo daquela carapaça durona. Talvez tudo isto tenha tocado os corações de todo o mundo e criado uma empatia com os fãs. É possível, nesta altura, que Daryl tenha mais fãs do que o protagonista, Rick, que já nem está na série.<br />Por todos estes motivos, Daryl mereceu o seu próprio <i>spin-off</i> num cenário deslumbrante onde ele melhor contrasta. Não sei se a série vai ser renovada, mas eu não me importava de ver Daryl numa perambulação pela Europa toda (por exemplo, aqui vemos os primeiros dias do apocalipse em França, e os primeiros dias é o que eu gosto mais de ver, confesso), mostrando-nos o apocalipse zombie no velho continente desde o Reino Unido à Noruega. E talvez, até, neste jardim à beira-mar plantado.<br />“The Walking Dead: Daryl Dixon” é um <i>spin-off</i> que se podia ver só pelos cenários mas que, ao invés disso, tem uma componente dramática que há muito tempo não se vislumbrava na série original. <br /><br /><b>* <i>Spoiler </i>/ teoria</b><br />Daryl Dixon é levado para França num transatlântico que transporta zombies a bordo. Isto pode parecer estúpido porque os franceses não precisam de ir à América buscar zombies mas, se pensarmos que a CRM (República Civil Militar) também estava a fazer experiências com zombies em “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2021/05/the-walking-dead-world-beyond.html" target="_blank">The Walking Dead: World Beyond</a>” para o mesmo objectivo e que a CRM tem capacidade de comunicar por rádio (e se calhar também por satélite?), será que o navio francês foi antes buscar equipamento, conhecimento, fórmulas, o tal soro? Afinal, os cientistas franceses começaram logo a fazer as experiências durante a travessia. É a minha teoria, pelo menos, porque gosto que as coisas façam sentido.<br /><br /><br />ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 2 vezes (pelos cenários de França)<br /><br />PARA QUEM GOSTA DE: The Walking Dead, zombies<br /></p><p><br /></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-59146173947519074152024-02-20T01:00:00.002+00:002024-02-20T10:22:19.317+00:00Whiteout / Inferno Branco (2009)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS0CKHFJnwY8OMTNThWTYttnzF_54L12bz5QRITUnGAqfdjKQnL1pWfNHHAVC3XF6CL7Nm63Wecb8rb8zvNPJEROxcHcQ3gAPGPaZc4zFbTGkKJUQeYP5NHUig_r3MK00GkrLCHV1xU8QVu6iClu5W9hiMC_QNWDZKmBz63HP0YkpKrOcIXDk/s1000/Whiteout.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="562" data-original-width="1000" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS0CKHFJnwY8OMTNThWTYttnzF_54L12bz5QRITUnGAqfdjKQnL1pWfNHHAVC3XF6CL7Nm63Wecb8rb8zvNPJEROxcHcQ3gAPGPaZc4zFbTGkKJUQeYP5NHUig_r3MK00GkrLCHV1xU8QVu6iClu5W9hiMC_QNWDZKmBz63HP0YkpKrOcIXDk/w400-h225/Whiteout.jpg" width="400" /></a></div><br />Já tinha visto este filme há alguns anos e lembrei-me logo disso devido a uma certa cena de nudez algo cómica e difícil de esquecer que acontece no princípio. (Não, não é a gaja no duche, que era completamente dispensável e puramente dirigido à audiência masculina.)<br />Carrie é uma polícia norte-americana destacada para um complexo de pesquisa científica na Antártida, onde já passou vários invernos seguidos. Finalmente decide voltar para casa, mesmo antes da noite polar, quando aparece um corpo em circunstâncias estranhas. Tudo indica que é um homicídio. Após anos de monotonia, Carrie decide ficar e apanhar o assassino.<br />“Whiteout” é um filme que deve muito a “<a href="https://www.imdb.com/title/tt0084787/" target="_blank">The Thing</a>”, nem que seja pelo cenário e pela sensação de isolamento, claustrofobia e desconfiança. Basta dizer que a história começa num avião russo, em 1957, em que os tripulantes se matam uns aos outros por algo que levam na carga. Da primeira vez que vi o filme fiquei frustrada porque não saiu de lá um extraterrestre que os comesse a todos, embora nada na narrativa me levasse a concluir isso excepto as semelhanças iniciais com o filme de John Carpenter. Efectivamente, não é um filme de terror, é apenas um policial passado no Pólo Sul.<br />A crítica destruiu este filme (se calhar ficaram tão frustrados como eu) mas, mesmo ao segundo visionamento, não desgostei, embora já não me lembrasse nada de quem era o culpado. É verdade que algumas cenas durante o nevão na parte fulcral tornam difícil de perceber quem é quem e quem está a fazer o quê. Só se vê um véu de neve a voar ao vento, vultos à distância, e todos vestidos com parkas semelhantes, ainda por cima. Admito, foi confuso.<br /> “Whiteout” não mudou a minha vida, não houve aqui nada que me fizesse lembrar o filme para todo o sempre (excepto aquela cena de nudez inicial, que tem a sua piada), e ensinou-me pouco <b>*</b>, mas de modo geral é um filme agradável de ver. As críticas acharam o fim previsível, mas, novamente, não posso concordar. Não estava mesmo à espera daquilo. Aconselho a quem gosta de um bom policial, mas quem viu “The Thing” deve logo deixar as expectativas à porta.<br /><br />13 em 20<br /><br /><b>*</b> Minto. Se três pessoas vão a passear no Pólo Sul deserto e uma delas cai dentro de um buraco no gelo, é melhor descer só um para a ir buscar enquanto o outro fica cá em cima à espera, não vá dar para o torto e alguém precisar de ir pedir ajuda. Agora já sabem: duas pessoas num buraco instável é mau. Todas as pessoas a descerem voluntariamente ao buraco instável é estar mesmo a pedi-las. Mas aposto que este mesmo pensamento me passou pela cabeça da primeira vez que vi o filme. <br /><br /><br /><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-52387761255549293602024-02-18T01:00:00.001+00:002024-02-18T17:06:30.921+00:00December Boys / Os Rapazes de Dezembro (2007)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjugpZ5LO_E5bs1oef7lCmKQLnWA2JBHxRS_f9s3eaNd9w-26pTGgfGE5sP6nry5uANeJdDtWb84eTEGgyzqLI9aU0mh5gI-e0XTIeETia1e3RlR8jlRTaavuMcMO5PbJx0h0AIUYRPwEIvfHPleJfCAe-D2t_Cz-I6TmCNEozHC306706_oiE/s485/December_Boys.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="323" data-original-width="485" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjugpZ5LO_E5bs1oef7lCmKQLnWA2JBHxRS_f9s3eaNd9w-26pTGgfGE5sP6nry5uANeJdDtWb84eTEGgyzqLI9aU0mh5gI-e0XTIeETia1e3RlR8jlRTaavuMcMO5PbJx0h0AIUYRPwEIvfHPleJfCAe-D2t_Cz-I6TmCNEozHC306706_oiE/w400-h266/December_Boys.jpg" width="400" /></a></div><p>Quatro órfãos, todos nascidos em Dezembro, são convidados por um casal idoso e caridoso a passar umas férias à beira-mar longe do orfanato. Três deles ainda são miúdos (onze anos no máximo?) e ainda querem uma família acima de tudo, mas o mais velho, Maps (interpretado por Daniel Radcliffe = <i>Harry Potter</i>), tem no mínimo 14 anos, talvez mesmo 15 ou 16, e interesses mais adultos. <br />A experiência da liberdade à beira-mar, para os órfãos, é emocionante o bastante, mas toma contornos mais excitantes quando conhecem um casal sem filhos que pensa em adoptar um deles. Todos competem para ser adoptados, excepto Maps, mais interessado na filha do vizinho e quase pronto para a vida adulta em que a ideia de ter pais já não o seduz.<br />Este é um filme sensível, quase tirado da vida real, onde há muitas ocasiões para chorar. Eu própria dei por mim com lágrimas nos olhos uma ou duas vezes, e se calhar não as mais previsíveis.<br />Melhor do que falar sobre o filme é mesmo vê-lo, e recordar as crianças que nós (os mais velhos) fomos numa época diferente, mais difícil, mas ao mesmo tempo mais livre e menos protectora.<br /><br />16 em 20<br /><br /></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-71290237660391711752024-02-11T01:00:00.009+00:002024-02-11T09:16:37.570+00:00Black Mirror (2011 -?)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ3OOC2TgHqA1FSQCVspx_ekTsZB-vAPaLXINs2apsHhGW5PvoXSuGaudI1fnOm2hBL2K1UFd_ZVjw3NxXZoErc7VoRdIFM39V3NaBzqj1Rf33Ax4cKHDcyOmGCie035q2vSM92LSCFk9jCPF73K6mP3QSbf-8LkkVHs_HAF1ubcv8BhL3uf7ZzA/s1000/Black_Mirror.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="650" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ3OOC2TgHqA1FSQCVspx_ekTsZB-vAPaLXINs2apsHhGW5PvoXSuGaudI1fnOm2hBL2K1UFd_ZVjw3NxXZoErc7VoRdIFM39V3NaBzqj1Rf33Ax4cKHDcyOmGCie035q2vSM92LSCFk9jCPF73K6mP3QSbf-8LkkVHs_HAF1ubcv8BhL3uf7ZzA/w260-h400/Black_Mirror.jpg" width="260" /></a></div><p>Li muitas críticas que mencionavam esta série que já cá anda desde 2011 antes de me resolver a vê-la. “Black Mirror” é uma antologia de histórias que têm em comum a tecnologia, desde o poder das redes sociais à inteligência artificial, até à ficção científica mais avançada como o <i>upload </i>de consciências humanas como se fossem software para dispositivos de hardware.<br />Nunca é dito claramente, mas este “black mirror” tem todo o aspecto de ser o écran dos nossos telemóveis, portáteis, computadores, interfaces em geral, que nos podem vir a mostrar o espelho negro de nós próprios se deixarmos demasiada tecnologia reger as nossas vidas.<br />Os episódios são muito díspares e abordam vários temas, podendo ir do mais puro terror (“Playtest”, “Metalhead”, “Black Museum”), à comédia romântica e não romântica (“Demon 79”, “Joan Is Awful”, “Rachel, Jack and Ashley Too”, “Striking Vipers”) ou ao drama mais pesado (“Beyond the Sea”). Vou apenas referir os meus preferidos ou os que me atingiram mais.<br /><br /><b>The National Anthem</b><br />Este é um episódio inesquecível pelo seu fim perturbador e repugnante. Uma princesa muito popular da família real britânica é raptada e a exigência em troca da sua libertação é a de que o primeiro-ministro faça sexo com um animal em directo na televisão. A princípio a opinião pública fica escandalizada mas, quando o raptor envia à polícia um dedo cortado, as sondagens indicam que o primeiro-ministro se deve sacrificar pela vida da princesa.<br />O episódio é particularmente chocante na medida em que explora o voyerismo colectivo alimentado pelas redes sociais.<br />Achei o episódio demasiado desagradável (e não gostei que a brutalidade para com o animal não tivesse sido sequer considerada) e comecei a apreciar muito mais a série quando esta passou para a Netflix.<br /><br /><b>Nosedive</b><br />Imaginem se a vossa vida social e profissional dependesse dos <i>likes </i>recebidos nas redes sociais, a ponto de terem influência no preço de uma casa que pretendam arrendar? É o caso de Lacey, cuja média de <i>likes</i> está nos 4,2 e precisa de subir para 4,5 para arrendar uma casa num bairro só de 4,5s, isto é, de pessoas com avaliações acima de 4,5. Lacey tem uma amiga de infância que é um 4 muito elevado e quando é convidada para o casamento dela vê aí a sua oportunidade de subir as suas avaliações e tornar-se mais popular. Mas uma série de azares fazem com que a avaliação de Lacey desça para os 2 e qualquer coisa e agora a “amiga” não a quer no casamento. <br />Um episódio para nos fazer pensar na importância (ou não) e sinceridade dos <i>likes </i>que recebemos nas redes sociais.<br /><br /><b>Hated in the Nation</b><br />Garanto que ninguém se vai esquecer deste episódio, o episódio das abelhas. Foi o que me recordou mais dos “X-Files”.<br />Após a extinção das abelhas estas são substituídas por drones mecânicos para efeitos de polinização, até que todo o sistema cai nas mãos erradas. As abelhas começam a ser utilizadas para assassinar pessoas que têm sido alvo de ódio na internet. Mais um episódio para nos fazer pensar até que ponto queremos inteligência artificial nas nossas vidas e até que ponto a indignação “atrás de um écran” não é uma grande cobardia.<br /><br /><b>USS Callister</b><br />Os “trekkies” vão detestar este episódio em que um <i>nerd</i>, fanático de uma série de culto muito igual a “Star Trek”, desenvolve um jogo a partir do programa. Só que, para tripular a nave, este “Capitão Kirk” utiliza o <i>upload </i>das consciências de toda a gente que o chateou na empresa onde é sócio-proprietário, quer estes queiram quer não, tornando-se num tirano sádico que os maltrata e aterroriza. Muita ficção científica para o meu gosto, mas os “trekkies” (não) vão apreciar o humor.<br /><br /><b>Striking Vipers</b><br />Este foi dos episódios mais engraçados de todos. Dois amigos de longos anos, muito hetero ambos, começam a jogar “Striking Vipers”, como jogavam nos dias da faculdade, mas agora em realidade ultra-virtual. Um deles joga com uma personagem feminina e o outro com uma personagem masculina, e em vez de se porem à porrada, como dantes, começam uma relação sexual e tórrida no espaço virtual. Isto deixa-os bastante confusos porque não sentem qualquer atracção física um pelo outro na vida real (inclusive até tentam beijar-se para tirar a coisa a limpo) mas o <i>affair </i>no mundo virtual é o melhor sexo que já experimentaram na vida toda. Agora têm de decidir se devem continuar (até porque o jogo já começa a causar problemas no casamento de um deles) ou parar completamente.<br /><br /><b>Rachel, Jack and Ashley Too</b><br />O episódio mais engraçado de todos. Tal como disse <a href="http://gotikka.blogspot.com/2016/09/american-horror-story-vampiros.html" target="_blank">aqui sobre Lady Gaga</a>, esta foi a primeira vez que vi Miley Cyrus a sério e nem a reconheci. Miley Cyrus faz o papel de Ashley O, uma cantora pop com uma audiência muito jovem e mensagens muito positivas. O que eu conheci imediatamente foi o refrão de “Head Like a Hole” dos Nine Inch Nails, aqui transformado com as letras “I’m full of ambition and verve, I’m gonna get what I deserve”. “Black Mirror” tornou-se uma série tão importante que um agradecimento a Trent Reznor até aparece nos créditos.<br />Ashley O é dominada por uma manager (e tia) malvada que a põe em coma quando ela começa a desejar mudar o repertório para algo mais adulto e pessimista. Ashley O, como os fãs a conhecem, é a galinha dos ovos de ouro e a tia não vai permitir que isso mude. Para continuar a ganhar dinheiro com ela, transforma-a num holograma que pode actuar em muitos sítios ao mesmo tempo e mais outras vantagens.<br />Ashley O é salva por duas fãs miúdas (em sequências hilariantes) e acaba a cantar uma versão espectacular de “Head Like a Hole” (com as letras verdadeiras). Fabuloso! Adorei!<br /><br /><b>Joan Is Awful</b><br />Outro episódio engraçado que não teria graça nenhuma se fosse connosco. Joan é uma pessoa comum, chefe de departamento numa empresa tecnológica, a viver com o noivo mas ainda apaixonada pelo ex, que frequenta o psiquiatra. Qual não é o seu espanto quando encontra uma série numa espécie de Netflix ficcional que retrata toda a sua vida. Consequência, todos os seus segredos são expostos: perde o emprego e o noivo, e até o ex. E porquê? Porque deu permissão, naquelas letras pequeninas das licenças de software, que todas as suas conversas fossem gravadas sem ela saber, o que originou o enredo da série. Para agravar as coisas, a série não é filmada com actores verdadeiros mas antes criada por CGI, o que permite que seja feita em tempo real, isto é, ao fim do dia o episódio é sobre o que se passou nesse mesmo dia. A fazer o papel de Joan (na série ficcional) está Salma Hayek, que igualmente deu permissão para usarem a sua imagem em CGI e que não está nada contente com o papel que a põem a fazer. Há toda uma sequência hilariante numa igreja quando Joan tenta pôr fim à série sobre a sua vida, mas o melhor mesmo é ver.<br /><br /><b>Loch Henry</b><br />Este podia ser qualquer episódio de uma série de crime. A ligação à tecnologia acontece através das câmaras de filmar. Um estudante de cinema e a namorada visitam a casa da mãe dele na Escócia. A princípio ambos têm a intenção de fazer um documentário sobre um protector da natureza quando a namorada descobre que a pitoresca vila, toda rodeada de montanhas e lagos, foi cenário para um <i>serial killer</i> local que raptava, torturava e matava as vítimas de forma particularmente cruel. À medida que investigam, o estudante vai descobrir coisas sobre a sua família que preferia nunca ter chegado a saber.<br /><b><br />Beyond the Sea</b><br />Dois astronautas estão no espaço mas têm réplicas mecânicas/sintéticas na Terra junto das suas famílias (estas réplicas contêm o <i>upload </i>das consciências dos astronautas). Todo o episódio é filmado num ambiente retro que nos remete para os anos 60/70. Neste contexto, um culto fanático entra em casa de um dos astronautas e mata a família toda, crianças e tudo, alegando que o que lá se passa é anti-natural. Este crime chocante foi claramente inspirado nos assassinatos a mando de Charles Manson e é difícil de assistir. Entretanto, no espaço, o astronauta toma conhecimento do que aconteceu à sua família. Para o animar, o colega deixa-o usar a sua réplica na Terra. “Beyond the Sea” é um episódio trágico do princípio ao fim, protagonizado por Aaron Paul (<i>Jesse Pinkman</i> em “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2016/07/breaking-bad.html" target="_blank">Breaking Bad</a>”) que também já tinha contribuído com a voz em “Black Mirror” numa passagem de “USS Callister”.<br /><br /><b>Mazey Day</b><br />“Mazey Day” parece um episódio banal sobre uma estrela de cinema em reabilitação perseguida por paparazzis, mas o fim é tão inesperado que não vou contar mais nada. </p><p><br /> </p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-9518317090605551732024-02-06T01:00:00.001+00:002024-02-06T01:00:00.143+00:00After Earth / Depois da Terra (2013)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUJcnH52qJfXsFLrXeVLxJgECO9euyUaV60pbMBd3KfdCN0IwMp9f5dGYElQ3SqbXGUCdwCxtQGbeWr8lT61Zmaivcnx75AzG3XW-GNiw_aRtaWQWdUHcisdr7-EMwwcIKpfIEydum5sqnKbaIbSuA0OarejmCHCNJJIb9Mqp9-nwWAv8qHis/s1000/After_Earth.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="625" data-original-width="1000" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUJcnH52qJfXsFLrXeVLxJgECO9euyUaV60pbMBd3KfdCN0IwMp9f5dGYElQ3SqbXGUCdwCxtQGbeWr8lT61Zmaivcnx75AzG3XW-GNiw_aRtaWQWdUHcisdr7-EMwwcIKpfIEydum5sqnKbaIbSuA0OarejmCHCNJJIb9Mqp9-nwWAv8qHis/w400-h250/After_Earth.jpg" width="400" /></a></div><p>Num mundo apocalíptico… Ó meu Blogger, quantas críticas eu tenho escrito ultimamente a começar com estas palavras! É uma moda, sim senhor, e admito que já estou a ficar farta deste tema. Mas é de facto um mundo tão apocalíptico que a humanidade conseguiu poluir a Terra de tal maneira que esta se tornou inabitável e os terráqueos se mudaram para outro planeta (para o destruírem também, digo eu).<br />A história é muito simples. O comandante das tropas deste novo mundo e o seu filho vão a qualquer sítio numa nave espacial de modo a estreitarem os laços pai-filho quando uma chuva de meteoritos faz despenhar a nave precisamente na velhinha Terra, a nossa Terra. <br />Se gostei de alguma coisa neste filme foi mesmo da Terra destruída para a humanidade, onde, por exemplo, um ser humano não consegue respirar sem ajuda de comprimidos, mas onde igualmente a fauna e a flora evoluíram no que é uma autêntica selva com vegetação luxuriante e predadores que já não temem o homem. Não sei se acredito na ficção de que nas horas nocturnas a temperatura desce ao ponto de congelação mas aquela flora toda consegue adaptar-se (não são abetos), mas se calhar isso não interessa nada. Também anda um extraterrestre à solta a tentar matar os protagonistas, mas isso é que não interessa mesmo nada.<br />Esta é a história de um adolescente que quer provar-se à altura do pai, que é uma lenda viva. Durante o despenhamento a nave parte-se ao meio e o pai fica gravemente ferido e impossibilitado de se mexer. Tem de ser o miúdo a empreender a jornada épica até à outra metade da nave onde há (talvez) um localizador que ele pode usar para pedir socorro. Entretanto tem de evitar ser comido pelos predadores terrestres, fugir ao extraterrestre, e não morrer congelado durante a noite.<br />É também a desculpa para M. Night Shyamalan se armar em filósofo, como já é costume, e pôr o personagem a dizer: “O medo não existe. É uma abstracção. O perigo é real mas o medo é uma escolha”. Sim, se eu der de caras com um leão à solta vou mesmo lembrar-me disto: “O medo é uma abstracção. Tu não existes. Estás a comer-me viva mas não passas de uma escolha”. Estou a brincar mas a teoria de que “o medo é uma escolha” funciona em casos de ansiedades imaginárias, longínquas, obsessivas. Não funciona grandemente com o leão e não funciona neste filme em que o miúdo estava mesmo a arriscar a vida. O medo, tal como a dor, é um mecanismo de alerta e sobrevivência. Misturar perigos reais e imediatos com psicologia de algibeira não me parece muito inteligente.<br />O filme vale pela ficção daquilo em que a Terra se torna sem o Homem a estragá-la mais. E se calhar o Homem não faz cá falta nenhuma.<br /><br />12 em 20</p><p> </p><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-50568368428083033072024-02-04T01:00:00.004+00:002024-02-04T17:13:45.365+00:00The Haunting of Hill House (livro, 1959), The Haunting (filme, 1963)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgyxtr1c7ilzc6MaADX2-tPTZU-NQuzzvWxnm3xJGRmhpirDoeAtKq3C087PwS8YXd8Rvqs8HclJmzeIuo7lyYkkD23ZaoIIhhz6cqTF7LR2FWwK09uXUleS7Tfny-XwRkOg6KcceMi23hz67IK3hVcxC5SJd5P9QgrCc8L4z4-iu1OUDShatDpLA" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="697" data-original-width="1000" height="279" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgyxtr1c7ilzc6MaADX2-tPTZU-NQuzzvWxnm3xJGRmhpirDoeAtKq3C087PwS8YXd8Rvqs8HclJmzeIuo7lyYkkD23ZaoIIhhz6cqTF7LR2FWwK09uXUleS7Tfny-XwRkOg6KcceMi23hz67IK3hVcxC5SJd5P9QgrCc8L4z4-iu1OUDShatDpLA=w400-h279" width="400" /> </a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><i>The Haunting, 1963</i></span><br /></div><p>Mais um dos casos raros em que o filme me estragou completamente o livro. Depois de ver a série “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2023/12/the-haunting-of-hill-house-2018.html" target="_blank">The Haunting of Hill House</a>” (2018), e uma vez que “The Haunting” (1963) é um dos meus filmes de terror preferidos de sempre, tive a compulsão de ir ler o livro original “The Haunting of Hill House” de Shirley Jackson, publicado em 1959. Finalmente queria descobrir o que fazia parte do livro original, do filme e da série.<br />Desta vez não tenho qualquer problema em dizê-lo: o filme é muito melhor do que o livro. Não só criou uma atmosfera (e história) muito mais arrepiante como cortou toda a palha desnecessária.<br />Eleanor Vance continua a ser a protagonista (o apelido é ligeiramente alterado no filme para Lance), uma mulher de trinta anos que sempre viveu com a irmã e que passou os últimos 11 anos a cuidar da mãe doente sem ter qualquer vida própria (onde é que estava a irmã que nunca ajudou a cuidar da mãe?). Eleanor é submissa, passiva (diria mesmo passivo-agressiva), insegura, isolada, eternamente à espera que algo de importante lhe aconteça. Finalmente algo lhe acontece, quando é convidada por um investigador do sobrenatural, o doutor Montague (Markway no filme) para um estudo experimental em Hill House. Eleanor recebe o convite devido a uma experiência documentada com um <i>poltergeist</i> na infância. Os outros investigadores são Theodora, uma médium (curiosamente,Theodora é lésbica no livro, no filme e na série, mas apenas declaradamente na série, sinal dos tempos), e um representante da família dos donos da casa e potencial herdeiro, Luke. São estes igualmente os protagonistas do filme. Mais tarde aparece a esposa do doutor Markway num papel ultra secundário, e ainda bem, porque a esposa do doutor Montague no livro é uma personagem execrável, ainda mais fanática pelo espiritismo do que ele, que critica, desvaloriza e trata o marido abaixo de cão. Eu, sinceramente, tive pena do homem. Se fosse a ele fechava-a no berçário e deixava-a lá para todo o sempre. Não exagero, a mulher é tão mandona e convencida (se calhar foi inserida no livro como <i>comic relief</i>) que nem a casa quer nada com ela. A mulher bem tenta ser assombrada mas Hill House nem lhe passa cartão, o que é dizer tudo.<br />Por falar em berçário, há uma diferença significativa no livro, em que Hugh Crain, o dono original de Hill House, tem duas filhas e não apenas uma. Na morte do pai, as duas irmãs digladiaram-se encarniçadamente pela herança da casa e seus conteúdos, o que nos recorda as brigas de família da série “The Haunting of Hill House” em que os irmãos quase andaram à porrada no velório da irmã.<br />Tanto o livro como o filme se centram fundamentalmente em torno de Eleanor, cuja fragilidade psicológica a torna presa fácil para ser possuída (ou enlouquecida, se quisermos) por Hill House, onde ela julga ter encontrado o seu lugar. Outra diferença significativa é que no livro Eleanor se interessa romanticamente por Luke enquanto que no filme os seus afectos se dirigem ao doutor Markway, o que até faz mais sentido porque um homem mais velho lhe oferece mais estabilidade emocional, estabilidade que é feita em pedaços quando Eleanor descobre que ele é casado. Tanto no livro como no filme Eleanor começa por pensar que descobriu amigos nos três companheiros e acaba a considerar que afinal não tem um lugar entre eles, que eles a gozam e subestimam (apenas na imaginação dela), exactamente como a sua família sempre fez. É caso para dizer que Eleanor nunca consegue perceber que é ela quem tem de aprender a socializar e a impor-se, com consequências trágicas. A série, até pelo formato televisivo, teve de desenvolver a história de outra maneira, mas foi buscar muita coisa tanto ao livro como ao filme.<br />Não considerando a série (pelo motivo referido), continuo a preferir o filme original ao livro, também porque visualmente é mais impressionante sem que envolva grandes efeitos especiais, até porque acabamos por nunca ver nenhuma assombração mas conseguimos senti-la numa casa onde os personagens se perdem a caminho do quarto para a sala de estar e onde não existe um único ângulo recto, o que é muito lovecraftiano.<br />Em suma, não digo a ninguém que não leia o livro, mas “The Haunting” conseguiu fazer mais e melhor.<br /><br /> </p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-5677030977635789052024-01-30T01:00:00.002+00:002024-01-30T09:11:27.577+00:00The Forest / A Floresta (2016)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKcqY-pc4enpisybihxZJxiUlJjlrCo6e4PN_-IUfWqXzj3p6pw5VpoPGY7v_QPLSNDQW6m931VQgjdyY05ioRQ_nK5wRq7l2aEtsnsa8Zfl3LxFKETUxf4P-vidarnfSX6jqm5JcMiKEVkZ9lwLi6pZIRsIDj2tjZQM0QXaDcr_bwLxp3am4/s1000/The_Forest.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="525" data-original-width="1000" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKcqY-pc4enpisybihxZJxiUlJjlrCo6e4PN_-IUfWqXzj3p6pw5VpoPGY7v_QPLSNDQW6m931VQgjdyY05ioRQ_nK5wRq7l2aEtsnsa8Zfl3LxFKETUxf4P-vidarnfSX6jqm5JcMiKEVkZ9lwLi6pZIRsIDj2tjZQM0QXaDcr_bwLxp3am4/w400-h210/The_Forest.jpg" width="400" /></a></div><br />Sara desconfia que algo de muito errado se passa com a sua irmã gémea Jess, a trabalhar no Japão, quando esta deixa de atender o telefone. Sara parte para o Japão, onde lhe dizem que a irmã se embrenhou na floresta Aokigahara, também conhecida pela Floresta dos Suicídios tendo em conta que é um local onde as pessoas vão para porem termo à vida. (Esta floresta e os suicídios são factos verídicos, o que levou ao boicote do filme em alguns lugares, e que eu acho uma parvoíce. A arte também serve para mostrar a realidade e não é segredo para ninguém que os japoneses têm uma cultura muito própria em relação ao suicídio.) Esta floresta foi igualmente usada em tempos para algo ainda mais sinistro: durante “a fome”, era onde as famílias iam abandonar os velhos e os doentes, para os deixar à morte. Não é de estranhar que o folclore do local tenha medo dos fantasmas da floresta, acreditando que estes se aproveitam da tristeza das pessoas que lá penetram, especialmente à noite, levando-as, através de visões e argumentos destrutivos, a matarem-se.<br />Sara fica muito preocupada porque a irmã Jess tem um historial de tentativas de suicídio e decide ir procurá-la à floresta, onde esta foi vista pela última vez. A intenção era ir sozinha, mas conhece um repórter australiano que a apresenta ao guarda florestal Michi, que frequentemente caminha pela floresta à procura de corpos. <br />Como acontece nestas coisas, Sara acaba por se perder de ambos e tem de enfrentar os fantasmas sozinha, sem nunca desistir de procurar a irmã.<br />Achei a premissa muito interessante e acredito que se fazia daqui um melhor drama do que outra coisa qualquer. Como filme de terror, “A Floresta” é mediano, senão mesmo abaixo disso. É um daqueles filmes que vivem de sustos fáceis (as caras feias que aparecem subitamente, os gritos inesperados, etc, etc) que já ninguém suporta. Também recorre muito a visões que “afinal eram um sonho”, levando-nos a perceber que não há nenhuma verdadeira ameaça senão na cabeça da protagonista. A nível de uma base substancial que meta medo e nos leve a pensar no filme sozinhos no escuro, esta simplesmente não existe. (A não ser, talvez, que nos percamos numa floresta gelada à noite sem luz nem mantimentos nem agasalhos, mas aí teríamos mais com que nos preocupar do que com fantasmas.)<br />Foi um filme decepcionante, que se vê e se esquece. Esperava mais desta premissa.<br /><br />12 em 20<br /><br /><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-46665581279527701552024-01-28T01:00:00.002+00:002024-01-28T09:51:30.768+00:00The Vanishing / Keepers / O Mistério da Ilha Flannan (2018)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrzBYrexMY0sr4wTdZPIe3NC-XxQHXos-j9V1UdCdd5uI77TwamHTzQqC68_gm-eI_fv46iKx9YK96t2hT9PJg87MPLEORqxyiO1oVKzzODpPeZWP4POKZxrnZo0_LEsxJyzxrBH7HpRUA8wegwAN6fq7Wh9c9im1OEJtuk5X-5hI8o-UryI4/s1000/The_Vanishing_2018.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="1000" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrzBYrexMY0sr4wTdZPIe3NC-XxQHXos-j9V1UdCdd5uI77TwamHTzQqC68_gm-eI_fv46iKx9YK96t2hT9PJg87MPLEORqxyiO1oVKzzODpPeZWP4POKZxrnZo0_LEsxJyzxrBH7HpRUA8wegwAN6fq7Wh9c9im1OEJtuk5X-5hI8o-UryI4/w400-h240/The_Vanishing_2018.jpg" width="400" /></a></div><br />“The Vanishing” é uma mistura de “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2019/06/the-terror.html" target="_blank">The Terror</a>” e “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2016/07/breaking-bad.html" target="_blank">Breaking Bad</a>”. “The Terror” porque é um filme inspirado na <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Flannan_Isles_Lighthouse" target="_blank">história verídica</a> de três faroleiros, dois veteranos, Thomas e James, e um novato, Donald, que desapareceram sem deixar rasto nem explicação. A parte “Breaking Bad” já vão perceber a seguir.<br />Depois de uma grande tempestade, dá à costa da ilha do farol um pequeno barco com um único tripulante. Com este vem um baú cheio de barras de ouro. Mas o náufrago não está morto e inclusive tenta matar o faroleiro mais novo quando este lhe quer salvar a vida. Donald leva a melhor, em legítima defesa.<br />Imediatamente os faroleiros planeiam livrar-se do corpo e repartir o espólio entre todos. É aqui que o faroleiro mais velho, Thomas, se arma em Walter White, proibindo os outros de manifestarem qualquer sinal de riqueza durante alguns anos porque não têm provas de legítima defesa com que evitarem a acusação de homicídio por roubo.<br />Tudo parece correr bem quando aparece na ilha um barco maior, que procura o náufrago e o ouro. Depreende-se que este ouro não foi adquirido por meios legais, uma vez que os tripulantes do barco são criminosos que atacam e torturam os faroleiros. Num esforço desesperado de salvarem as suas vidas, os três homens conseguem defender-se e matar os bandidos. O que eles não conseguem é livrar-se do sentimento de culpa, da paranóia e da desconfiança. James, principalmente, começa a perder a cabeça. É aqui que o plano de Thomas se esboroa, porque estes homens não são criminosos nem sociopatas e não conseguem viver com o que fizeram. Walter White mandava alguns deles para o “Belize”, mas aqui é mesmo James, fora de si, quem mata o mais novo, o que conhece menos, por não confiar nele.<br />Esta podia ser apenas uma história de ganância, mas é muito mais do que isso. É uma contemplação da alma de homens decentes confrontados com a tentação e levados a praticar males que não conseguem superar. Recomendo vivamente.<br /> <br />Nota 1: Este é um drama ficcional. Ninguém sabe o que aconteceu aos três faroleiros desaparecidos.<br /> <br />Nota 2: O filme teve o título provisório de “Keepers” antes de ser renomeado “The Vanishing”. A versão que eu vi intitulava-se “Keepers”.<br /><br />18 em 20<br /><br /><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-68954069069512948032024-01-21T01:00:00.004+00:002024-01-21T09:35:26.595+00:00Wildwood Dancing, de Juliet Marillier<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOVo9Qrq0N5H_cPnfuoJyfHGBmfQL7zcv-XnfmDxbsLXCz4fkv-e-CzaXHlihyBOplHdw9hfsAyg-GQY9czPYfu-NdtEjb-ipFDuNJ0L-7IpIUB2Ytkz81GfA_VixV0YBz29PC1OJurHh7AWHj3ZMvPrJr-8W5XJPRMVKxxXgeUwJB_vRcQnI3Rg/s993/Juliet_Marillier_Wildwood%20Dancing.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="993" data-original-width="644" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOVo9Qrq0N5H_cPnfuoJyfHGBmfQL7zcv-XnfmDxbsLXCz4fkv-e-CzaXHlihyBOplHdw9hfsAyg-GQY9czPYfu-NdtEjb-ipFDuNJ0L-7IpIUB2Ytkz81GfA_VixV0YBz29PC1OJurHh7AWHj3ZMvPrJr-8W5XJPRMVKxxXgeUwJB_vRcQnI3Rg/w260-h400/Juliet_Marillier_Wildwood%20Dancing.jpg" width="260" /></a></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiFlh-55OzUEdxgZGXSU3SaOHWF87ZmfdZkzCeKGFZ340gHFzR6G2zV9relVTrgYaZPe0cocBKISglsLjB4Ja6yerfy6dQMWxSI_TunKLMXKaJk0b_gPTW4JK43Pzyj5_yA83iZXP38aadnMdoqilZ0fhzxw0dbwHSoOX6sGqZmsYfQgC5cM-slfQ" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div><p>Vampiros!<br />Certo, Juliet Marillier chama-lhes antes Night Folk mas que não haja ilusões: são vampiros mesmo. Como grande amante de vampiros não estava à espera deles numa história de Marillier, mas que boa surpresa!<br />“Wildwood Dancing” destina-se claramente a um público mais jovem. Até o local e a época são diferentes. Nunca é dito mas tudo me cheira a século XIX.<br />Cinco jovens irmãs mudam-se com o seu pai, comerciante, para um castelo na Transilvânia onde descobrem um portal para um Outro Reino. Neste outro mundo de fadas e seres mágicos da floresta, todas as Luas Cheias há um baile onde as cinco irmãs são bem recebidas há largos anos e onde se divertem bastante.<br />Tudo muda quando o pai fica doente e precisa de ir passar o inverno a um clima mais quente, deixando as filhas entregues ao seu irmão, igualmente comerciante. Mas uma desgraça nunca vem só. Da próxima vez que as irmãs vão ao Outro Reino, para além das fadas e dos seres mágicos, aparecem também uns seres mal-afamados, até entre as Fadas, chamados os Night Folk. Os Night Folk mantêm-se à parte e também dançam, mas à maneira deles. As fadas não gostam muito deles mas a presença vampiresca não as incomoda muito, com certeza porque eles só gostam de sangue humano e não bebem sangue de fada (muito ao contrário do que acontecia em “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2010/01/true-blood.html" target="_blank">True Blood</a>”, mas essas são outras histórias). A irmã mais velha,Tatiana, apaixona-se por Sorrow, um jovem que pode já ser um dos vampiros ou apenas estar escravizado por eles.<br />Como não há duas sem três, o tio das irmãs morre inesperadamente, e o filho deste, Cezar, primo delas, começa a exibir um comportamento de ditador e a retirar-lhes o negócio das mãos por achar que trabalhar não é próprio de mulheres. Ao mesmo tempo, começa a insinuar-se à segunda filha mais velha, Jena, que não sente nada por ele. Cezar é também um grande inimigo dos seres mágicos da floresta porque acredita que eles afogaram o seu irmão mais velho, Costi, quando este era criança. Cezar está desconfiado das saídas nocturnas das primas, uma desconfiança agravada pelo frágil estado de saúde em que Tatiana parece ter caído desde que conheceu Sorrow, muito coincidente com alguém que está a ser vítima de um vampiro. Entretanto, Jena tinha sido atraída a falar com o líder dos vampiros durante um dos bailes, o que causou que estes visitassem a aldeia e fizessem vítimas. Cezar chega a trancar as primas no quarto em noite de Lua Cheia, com guardas em toda a casa, tornado-as autênticas prisioneiras.<br />Jena ainda tenta pedir ajuda à rainha das fadas, que lhe responde qualquer coisa como “a resposta está debaixo do teu nariz”. <br />Esta é que foi a parte que me surpreendeu. Jena tem um sapo de estimação, Gogu, que não é bem um sapo mas um sapo mágico que fala com ela por telepatia. Surpreendeu-me, conhecendo o gosto de Marillier por histórias tradicionais, ter demorado mais de um quarto do livro até perceber onde as coisas iam dar.<br />Curiosamente, a parte mais tensa da história não são os vampiros mas as tentativas de Cezar de controlar as primas e torná-las em meros objectos decorativos, já para não falar da passagem em que Cezar quer obrigar Jena a casar com ele.<br />As irmãs são obrigadas a tornar-se adultas e a assumir as escolhas que querem para as suas vidas, um tema recorrente em Young Adult. Aliás, esta história é dedicada à neta de Juliet Marillier.<br />Diria que “Wildwood Dancing” é mais leve do que outras histórias de Marillier mas vai agradar aos fãs do costume. Eu teria preferido mais sangue e mais vampiros, mas isto não é uma história de terror. Acredito mesmo que os fãs vão adorar o fim.<br /><br /><br /><br /></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-66470860240534477412024-01-16T01:00:00.001+00:002024-01-16T01:00:00.137+00:00Serena (2014)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlGjlIvC_w8OYZ-U5Zhowo7PDZ7_Qb-HQJw0ryX1SNx_Llik4_jcU69hA4NBd-fWUrvhJtTFcTlh_Ys-zu5Mw7LKolEXj5oEezOl9WUP8M3W_XkRtQHHyu64fqvXjpwkD1EJY7-FqpULFQ_Tc3stFABW5m3PevhY8kZS31VZvsDgkBVVvGwWQ/s1000/Serena.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="666" data-original-width="1000" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlGjlIvC_w8OYZ-U5Zhowo7PDZ7_Qb-HQJw0ryX1SNx_Llik4_jcU69hA4NBd-fWUrvhJtTFcTlh_Ys-zu5Mw7LKolEXj5oEezOl9WUP8M3W_XkRtQHHyu64fqvXjpwkD1EJY7-FqpULFQ_Tc3stFABW5m3PevhY8kZS31VZvsDgkBVVvGwWQ/w400-h266/Serena.jpg" width="400" /></a></div><p>Sem contemplações: este é um filme sobre destruição. Não há heróis, só vilões (se descontarmos o pobre xerife que apenas estava a fazer o seu trabalho da melhor maneira que o deixavam).<br />No pós-Depressão, nas florestas virgens da Carolina do Norte, George Pemberton é um chamado “barão da madeira”, abatendo todas as árvores que pode. (Pemberton também tem propriedades no Brasil, onde tenciona fazer o mesmo.)<br />Desde a primeira cena, o protagonista ficou “fornicado” comigo. Na companhia do guia de caça Mr. Galloway, insiste que quer matar uma pantera, mas uma pantera grande, como se desconfiava que já não existisse na área devido à destruição do habitat. Ora, tendo em conta o local deduzi logo que esta “pantera” era um puma, e acontece que eu <a href="http://gotikka.blogspot.com/2022/09/pumas-at-end-of-world-birth.html" target="_blank">tenho um carinho por pumas desde a primeira vez que lhes vi a fotografia era eu miúda</a>. Odiei imediatamente o homem. Mas há mais razões para não gostar dele, até porque é desonesto. Já nem falo da falta de consciência ecológica porque naquele tempo não existia.<br />Mas se fosse só isto! O canalha, para não lhe chamar pior, aproveita-se de uma empregada a quem engravida sem querer assumir qualquer responsabilidade. Um homem “super decente”, como se pode ver.<br />Até que este velhaco conhece uma mulher à altura, Serena, uma verdadeira “pantera”, igualmente rica e filha de madeireiros com uma história trágica na infância: durante um incêndio toda a sua família morreu, mas ela escapou. <br />A atracção entre ambos é imediata e casam logo de seguida.<br />Assim que Serena Pemberton chega a casa do marido, repara que Buchanan, o sócio deste, “gosta mais dele do que deve”.<br />Entretanto, alguns cidadãos preocupados com o desbaste das florestas querem comprar a propriedade para fazer dela um parque natural. Pemberton não aceita vender por menos de um milhão, mas em época de recessão oferecem-lhe menos. Buchanan quer vender, e ameaça o sócio de expor todas as ilegalidades do negócio, inclusive subornos a senadores. Qual Lady Macbeth, Serena aconselha o marido a “livrar-se do assunto”, o que este faz durante uma caçada ao urso. Fingindo um acidente, alveja o sócio no coração. Um empregado vê e cala-se, mas mais tarde acaba por denunciar o patrão ao xerife. O empregado é alvo de novo homicídio a mando de Pemberton e Serena.<br />Por fim, Serena vira-se contra o filho ilegítimo do marido, mandando matar a criança que considera uma ameaça ao amor entre ambos (já que ela não pode ter filhos), e é aqui que Pemberton se apercebe do monstro com quem casou. Mas ele também não é muito melhor e só tem o que merece.<br />Por momentos, julguei que o filme ia ter um final feliz. Para mim, isto é. Mas nem isso.<br />“Serena” é uma história de ganância, egoísmo e falta de escrúpulos. Um “Macbeth” dos anos 30. Leva-nos a ponderar por que motivo Serena foi a única a escapar ao incêndio. Sorte, ou outra coisa?<br />Um filme para ver e reflectir.<br /><br />15 em 20<br /></p><p><br /></p><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-49045202288929102402024-01-14T01:00:00.001+00:002024-01-14T01:00:00.156+00:00Remember / O Número (2015)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqMop-WyiaB8I3dEsoj-o3lTylvVPXDThOKk3czBZsDZG91OaOGoYApSSLrGz_M0x9LQo5hUNBG8wS5RacQhgLuz_g5TBHXGfBa0ShO2iCy2N-gs-Wx-DZuF2-FvviYP5lSwRO7nbNpmJ-NPVOZAWEwQKrf-07dhbdeE7AEDBREarorSl747Q/s1000/Remember.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="666" data-original-width="1000" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqMop-WyiaB8I3dEsoj-o3lTylvVPXDThOKk3czBZsDZG91OaOGoYApSSLrGz_M0x9LQo5hUNBG8wS5RacQhgLuz_g5TBHXGfBa0ShO2iCy2N-gs-Wx-DZuF2-FvviYP5lSwRO7nbNpmJ-NPVOZAWEwQKrf-07dhbdeE7AEDBREarorSl747Q/w400-h266/Remember.jpg" width="400" /></a></div><p>Às vezes há filmes tão geniais que explicar a sua genialidade seria um <i>spoiler </i>em si próprio. Logo, vão ter de acreditar em mim.<br />A dificuldade começa desde já na sinopse, para não se incorrer em <i>spoilers </i>e incorrecções. A história começa num lar de idosos onde um dos últimos sobreviventes de Auschwitz, Max, já muito idoso e fisicamente incapacitado, convence o amigo Zev a procurar e abater o chefe de campo que matou toda a sua família. Zev compromete-se a fazê-lo assim que a sua esposa Ruth morrer, o que eventualmente acontece. Mas Zev sofre de demência e sempre que acorda não sabe onde está nem quem é, nem sequer se lembra de que a esposa morreu. Por isso, Max escreve-lhe uma carta explicando tudo o que se passa e o que Zev tem de fazer. Existem quatro suspeitos de serem este chefe de campo, todos eles chamados Kurlander, um nome roubado a uma vítima de Auschwitz para que o culpado pudesse emigrar para os Estados Unidos e fugir à justiça. Zev, velho e demente, tem de os procurar e matar o verdadeiro Kurlander uma vez que, diz-lhe Max, “somos os últimos que nos lembramos da cara dele”.<br />Durante a sua odisseia, Zev esquece-se muitas vezes do seu propósito e da própria carta, a ponto de ter de escrever no pulso “ler a carta”, ironicamente junto ao número tatuado em Auschwitz.<br />Os primeiros Kurlanders não são quem ele procura, e um deles até já morreu, mas o filho deste é um nazi americano do piorio (Dean Norris, o <i>Hank Schrader</i> de “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2016/07/breaking-bad.html" target="_blank">Breaking Bad</a>”), e ainda por cima polícia! Atacado por este e pela sua cadela pastora alemã que o recorda do campo de concentração, Zev mata os dois em auto-defesa. Mas a sua busca ainda não terminou. O pai deste Kurlander não era o chefe de campo.<br />A genialidade do filme está no final, quando Zev encontra o culpado. Caiu-me o queixo com a revelação, que obviamente não vou contar. Mas confesso que a certa altura comecei a desconfiar, apenas numa de “e se…?”. Muitas vezes me recordo dos pormenores do filme, cujo ritmo não é tão rápido que obrigue uma pessoa a parar e tomar notas, e tenho aquele momento “ah!” que esclarece alguns pontos que até podiam parecer <i>plot holes</i>, só que não são. Quanto mais recordo, como o velhote do filme, mais as coisas encaixam e fazem sentido.<br />O que parece um filme sobre um velhinho demente numa demanda impossível é uma história de vingança bem urdida, porque a vingança serve-se fria. Neste caso, gelada.<br /><br />18 em 20</p><p> </p><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-23807551463159406782024-01-07T01:00:00.012+00:002024-01-07T11:34:20.240+00:00The Witcher [terceira temporada]<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjFAqyAN_bvOIcEfI2RNJt5g-efdg3WPxQgnnkAy7detTezyI6UAAz7eO7GeimGW_N1fYew1TFRHxeuIz-DCEOugZbqPINunviIeDGpCU9zmQHK4eu-l3fgh9g-HHDngIuHXeqPHxK2NnErwHiK6WBNpKrf1LX3pZu0UdYG8Gj1NF3btlGbhKHFcQ" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="666" data-original-width="1000" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjFAqyAN_bvOIcEfI2RNJt5g-efdg3WPxQgnnkAy7detTezyI6UAAz7eO7GeimGW_N1fYew1TFRHxeuIz-DCEOugZbqPINunviIeDGpCU9zmQHK4eu-l3fgh9g-HHDngIuHXeqPHxK2NnErwHiK6WBNpKrf1LX3pZu0UdYG8Gj1NF3btlGbhKHFcQ=w400-h266" width="400" /></a></div></div><p>Costumo dizer muitas vezes que esta ou outra série foi uma vítima da pandemia. “The Witcher” também foi, no sentido em que a série esteve ausente dos écrans durante 2 anos, mas neste caso acho que a pandemia até lhe fez bem. Como <a href="https://gotikka.blogspot.com/2022/02/the-witcher-2019.html" target="_blank">expliquei aqui</a>, não consegui gostar da série por várias razões, a maior delas por não conseguir empatizar com as personagens. Não é de admirar que ao ver a terceira temporada já não me lembrasse de quase nada das anteriores. Nenhum dos personagens conseguiu captar o meu interesse e estava nas tintas para o que lhes acontecia.<br />Durante o interregno parece que os realizadores pensaram melhor no que estavam a fazer (e se calhar leram muitas críticas como a minha) e, palavra de honra, a terceira temporada é muito melhor do que as duas primeiras. O enredo segue um caminho firme e escorreito. Ciri, Geralt e Yennefer continuam a fugir dos vários reinos/magos/elfos que por vários motivos querem apanhar a Leoazinha de Cintra, mas tentam igualmente descobrir uma solução permanente.<br />Ciri não caiu no poço sem fundo da “personagem demasiado poderosa”, como eu temia, porque apesar de poderosa não consegue controlar os seus poderes. Os treinos com Yennefer, que anda a ensiná-la a controlá-los, também se resumiram ao mínimo, sem ser aquela coisa fastidiosa da temporada anterior. Ciri é agora uma adolescente (por sorte sem acne nenhum, o que já é um grande poder!) e não é difícil empatizar com uma inocente perseguida a tentar encontrar o seu lugar no mundo.<br />Geralt continua igual a si próprio (o que tem um certo encanto, admito) mas conseguiram humanizá-lo mais do que o Action Man que tínhamos dantes. Agora Geralt tem sentimentos genuínos por Ciri (e não apenas um sentido de dever) e por Yennefer (a quem finalmente confessa o seu amor, o que já não era sem tempo). Ciri afeiçoou-se a ambos e existe entre eles uma verdadeira conexão, quase familiar.<br />O enredo está a andar para a frente, sem estar empatado pelo monstro-da-semana (eu bem dizia que este não era o melhor formato para Fantasia) embora consigam inserir um monstro-da-semana neste ou naquele episódio desde que faça sentido para o enredo. Noutros episódios nem existe, o que só é bom. Assim sim, dá gosto ver.<br />Melhor do que tudo, até as sessões de tortura com o bardo Jaskier a cantar (que eram de romper os tímpanos) foram eliminadas, e as poucas vezes que ele canta não desafina tanto. Por outro lado, puseram Ciri a cantar e descobrimos que ela (ou alguém que canta por ela) tem uma linda voz.<br />Os enredos secundários com os vários reinos também são fáceis de seguir e fazem sentido, e até consigo reconhecer as personagens, ao contrário das temporadas anteriores em que andei completamente à nora.<br />Recomendo a quem, como eu, não gostou das duas primeiras temporadas, que dê uma segunda oportunidade à terceira. Agora é que a história começa a aquecer.<br /><br />ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez<br /><br />PARA QUEM GOSTA DE: The Witcher, Lord of The Rings, Game of Thrones, Fantasia</p><p> <br /></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-24685763674799915092024-01-02T01:00:00.002+00:002024-01-03T17:44:08.029+00:00Final Destination 5 / O Último Destino 5 (2011)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnl9w3OU_9-g4KNJb_Kj3l2X6PChiiCK2xKCtxSkrqeOeFaZMHuEZMUBXDzmigoMPQBxsPCN9fOzse4pxbeiwP414j13AD1I5fU99g-yBkzBo1p7vVNWc7SpILYgAsHMjpB8JGDP0NjqZPBaJTIGHQhqQlE4AeTObYqvRroJkWSTvPRBvavhI/s750/Final_Destination_5_poster.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="750" data-original-width="500" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnl9w3OU_9-g4KNJb_Kj3l2X6PChiiCK2xKCtxSkrqeOeFaZMHuEZMUBXDzmigoMPQBxsPCN9fOzse4pxbeiwP414j13AD1I5fU99g-yBkzBo1p7vVNWc7SpILYgAsHMjpB8JGDP0NjqZPBaJTIGHQhqQlE4AeTObYqvRroJkWSTvPRBvavhI/w266-h400/Final_Destination_5_poster.jpg" width="266" /></a></div><p>Confesso que sou fã desta saga, nem que seja pela metáfora: no fim, a morte chega para todos, com ou sem premonições. Ver estes filmes ajuda a pôr as coisas em perspectiva em apenas 90 minutos.<br />Penso que perdi o quarto filme, mas vamos lá ao quinto. Desta vez a premonição é sobre a queda de uma ponte. Como sempre, algumas pessoas são salvas devido ao visionário que as arranca dali. Parece uma sorte mas depressa estas pessoas começam a morrer em acidentes absurdos e horripilantes pela ordem em que foram salvas.<br />Como perdi o quarto filme, não sei se esta ideia foi introduzida nesta sequela ou nas anteriores: é dito aos sobreviventes que para “enganarem” a Morte têm de matar alguém que “morra por eles” de modo a restabelecer o equilíbrio. Um dos sobreviventes está disposto a tudo para escapar, inclusive o homicídio. Mas a Morte, afinal, não se deixa enganar.<br />Teria preferido que as mortes fossem mais realistas. Quanto mais absurdas menos impacto têm, na minha opinião, e transformam a tensão em paródia. Como a ginasta. Ninguém morre assim, muito menos uma ginasta habituada a cair “bem” quando há problemas nos aparelhos de ginástica. Bastava ter caído “mal” e partido o pescoço, por exemplo, não era preciso aquela monstruosidade toda. Mais realismo e teria sido muito melhor.<br />Como já vamos no quinto filme e não quero revelar <i>spoilers</i>, ficamos por aqui.<br />No final tentaram fazer uma coisa engraçada com o primeiro filme. O que até resulta, se alguém ainda se lembrar do primeiro filme. Alguém se lembra?<br /><br />13 em 20</p><p> </p><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-52396269629962311452023-12-31T01:00:00.002+00:002023-12-31T11:23:46.797+00:00Charlie Says / O Culto de Manson (2018)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1McPvfkoET029VJlXUk8YcbPGTWtUPSoWA3_MIf6pRkqZYvKRvT4YtV71JQdfiwmc39dow-D19WRrarJ6aL7q-SPse7PHoFMCTzZQ13zw7OnMdCXOHGHvznXyOkwXAIKjHslYkfTIFun81j77bsdsNRdD_xgPLYkvVoGEecY_eM27u1U7WjI/s1000/Charlie_Says.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="675" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1McPvfkoET029VJlXUk8YcbPGTWtUPSoWA3_MIf6pRkqZYvKRvT4YtV71JQdfiwmc39dow-D19WRrarJ6aL7q-SPse7PHoFMCTzZQ13zw7OnMdCXOHGHvznXyOkwXAIKjHslYkfTIFun81j77bsdsNRdD_xgPLYkvVoGEecY_eM27u1U7WjI/w270-h400/Charlie_Says.jpg" width="270" /></a></div><p>Gosto muito de filmes que retratam cultos, não apenas o de Charles Manson, mas também. É um erro pensarmos que não nos pode acontecer a nós. Conhecermos os meandros do fenómeno é a única maneira de nos protegermos de uma lavagem cerebral aos primeiros indícios de alarme, porque eles existem.<br />Não acontece do dia para a noite. “Charlie Says” conta a história pela perspectiva das três mulheres “Mansonitas” que cometeram homicídios a mando de Manson, quando estas já estão na prisão. Passados meses, anos, ainda acreditam em tudo o que Manson “profetizou”, como se este fosse um messias. Na verdade, Manson chegou a arrogar-se ser a segunda vinda de Cristo.<br />Mas nem tudo eram rosas no rancho onde a comunidade de Mason (a Família) se estabeleceu, longe disso. A princípio Manson é um homem carismático, acolhedor, bem-humorado, com ideias que agradam aos jovens hippies da altura. LSD e orgias são a norma. Todos os membros são incentivados a sentirem--se perfeitos, belos, e a deixarem para trás o “ego”. Quando as raparigas aliciadas já pertencem à comunidade, tudo muda. As mulheres não são autorizadas a ter dinheiro nem a ler nada senão a Bíblia. Outra coisa que eu não sabia: as mulheres só podiam começar a comer depois dos homens. (Ainda outro dado importante que não aparece muito salientado neste filme: as crianças eram retiradas às mães e criadas num infantário colectivo sob a supervisão das Mansonitas mais fanáticas para melhor controlar as mulheres que pensassem em desertar.) Manson chega a ser violento para com uma das discípulas como qualquer marido abusador, mas tudo isto é atribuído ao “amor”. Não era só uma forma de controlo, mas várias, o que lentamente ia formatando os indivíduos ao culto a ponto de acreditarem em tudo o que Manson dizia. E o que ele dizia era verdadeiramente absurdo: ia haver uma guerra racial, o Helter Skelter (segundo a canção dos Beatles). Usando ideias bíblicas, no Apocalipse cinco gafanhotos seriam mandados como praga para a humanidade. Quatro eram os Beatles, Manson era o quinto. Completamente delirante. Manson manda os discípulos cometerem crimes e darem a entender que foram os negros, para começar a guerra. A Família de Manson ia então refugiar-se nas profundezas do abismo de que fala o Apocalipse e só emergiria quando a guerra terminasse. Há mais, mas fiquemos por aqui.<br />Fascinante! Mais fascinante ainda é como é que jovens normais (se bem que inseguros e à margem da sociedade) acreditaram nisto tudo. Nunca é demais estudar estes fenómenos.<br />Como bom sociopata que era, Manson teria razões muito próprias e vingativas para ordenar os primeiros homicídios. Conhecido de Dennis Wilson, dos Beach Boys, Manson tinha ambições de se tornar uma estrela rock. Através deste conheceu o produtor Terry Melcher, que ouviu a música de Manson e não o contratou. Furioso, Manson manda os discípulos a casa de Melcher para o massacre. Só que entretanto Melcher tinha-se mudado e a casa estava alugada pela família de Roman Polanski (ausente nessa noite). O homicídio brutal da modelo Sharon Tate, esposa de Polanski e grávida de 8 meses, foi o crime hediondo que deu cara às vítimas. Segundo várias fontes, nos seus últimos momentos Tate ofereceu-se como refém para que a levassem e não a matassem até o bebé nascer. Não valeu de nada. <br />Este filme e outras séries/documentários contam a história, acrescentando mais pormenores. É cómodo preferir não conhecer os detalhes porque são demasiado chocantes. Mas nos dias da internet é ainda mais fácil estabelecer um culto, religioso ou outro. Toda a vigilância é pouca e começa nas nossas cabeças. Se cheira a culto, se tem contornos de culto, se a palavra do “líder” não pode ser questionada, então é um culto.<br />Filmes como este são mais documentários romanceados do que cinema propriamente dito, mas são obrigatórios.<br /><br />13 em 20<br /></p><p><br /></p><p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-35998650144058065692023-12-27T18:00:00.001+00:002023-12-27T18:00:00.136+00:00Another Earth / Outra Terra (2011)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYEmI8ccgEP0Bsqxx3aagANtvxjJ33D2OEBXUc07bWk3BcS5BSH7xCDPqxTJup5_TuWx2s8kje8mSt3T6r8lADFOgoV0kZ3ENh7ZlHC8ZZES5S3HBrzZtH1DwBYBac3LzpBTb5B6D7PuO2ENmqqz7dTgxMkst4kQ8PUbQKTBKhxKF53zRUkqU/s1000/Another_Earth.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="562" data-original-width="1000" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYEmI8ccgEP0Bsqxx3aagANtvxjJ33D2OEBXUc07bWk3BcS5BSH7xCDPqxTJup5_TuWx2s8kje8mSt3T6r8lADFOgoV0kZ3ENh7ZlHC8ZZES5S3HBrzZtH1DwBYBac3LzpBTb5B6D7PuO2ENmqqz7dTgxMkst4kQ8PUbQKTBKhxKF53zRUkqU/w400-h225/Another_Earth.jpg" width="400" /></a></div>[contém <i>spoilers</i>]<br /><br />Ao ler a sinopse este filme pode parecer ficção científica mas na verdade é um grande dramalhão para chorar do princípio ao fim. <br />Rhoda Williams é uma jovem que acaba de entrar no MIT com apenas 17 anos. Toda a vida à sua frente e um futuro muito promissor. Depois da festa de celebração, em que houve bebida e possivelmente drogas à mistura, Rhoda conduz de regresso a casa.<br />Nesse preciso dia foi descoberto um planeta que parece um duplo da Terra, visível a olho nu no céu nocturno. Rhoda distrai-se a olhar para o planeta e choca frontalmente com um carro de uma família parado nos semáforos, matando imediatamente a mãe grávida e uma criança pequena.<br />Condenada por homicídio involuntário, Rhoda é libertada quatro anos depois por ser menor à altura, mas todo o seu futuro desapareceu. Vive atormentada pela culpa, aceita um emprego em limpezas para se castigar e tenta suicidar-se por hipotermia. Não conseguindo matar-se, decide ir a casa do sobrevivente do choque frontal, o compositor e professor de música John Burroughs (William Mapother, que para mim será sempre o <i>Ethan </i>de “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2010/04/lost-this-place-is-death.html" target="_blank">Lost</a>”). O que Rhoda encontra é desolador. O homem desistiu de viver, passa os dias a tomar medicação e a beber, a sua casa parece uma pocilga. Rhoda perde a coragem de pedir desculpa e apresenta-se como funcionária de uma empresa de limpezas a oferecer uma primeira experiência grátis. Burroughs hesita mas acaba por aceitar e “contratar” o serviço uma vez por semana.<br />Durante meses, Rhoda limpa-lhe a casa e de vez em quando conversam sobre a Terra 2, designação que foi dada ao novo planeta que agora está tão perto da Terra que parece maior do que a Lua. Descobre-se também que a “nova Terra” é um “duplicado” da Terra, em que existem precisamente as mesmas pessoas que existem na Terra e que têm nomes e percursos de vida iguais. É como se Deus tivesse tirado uma fotocópia da Terra.<br />Ora, é aqui que a ficção científica é mais absurda do que a hipótese da intervenção divina. Um planeta da dimensão da Terra, a orbitar o Sol, nunca passaria despercebido aos astrónomos. E este planeta não poderia ter outra órbita ou imediatamente se tornaria frio como Marte ou quente como Vénus. Nem podia ser como os cometas, a vogar pelo universo gelado para só aparecer uma vez em centenas de anos. Logo, é melhor esquecer qualquer plausibilidade científica e encarar este planeta como hipótese, um “e se houvesse um espelho da Terra algures”?<br />Uma empresa está a organizar um concurso para uma viagem espacial de visita à Terra 2, e Rhoda candidata-se sem acreditar que pode ser escolhida. Entretanto, a relação com Burroughs torna-se cada vez mais íntima e até romântica. A presença dela reavivou-lhe o interesse pela vida. Mas quando Rhoda lhe conta quem é, inevitavelmente, Burroughs expulsa-a da sua frente. No entanto, Rhoda ganha um lugar na viagem para a nova Terra e coloca-se a questão: talvez os percursos de vida nesse planeta tenham sido iguais até ambos se interceptarem. Nesse caso, a família de Burroughs ainda pode estar viva. Num último acto de redenção, Rhoda oferece-lhe o bilhete e ele aceita ir em vez dela.<br />Gostei muito do filme, não pelo aspecto da nova Terra, que não passa de um cenário hipotético, mas pelo drama realista na vida destas pessoas. O fim veio estragar o que estava a correr tão bem. Mesmo que a família de Burroughs ainda estivesse viva, não estaria ele lá também, e, logo, não haveria lugar para ele na vida deles? Não era melhor deixá-los em paz? E o que significa o encontro de Rhoda com a sua “dupla” do novo planeta? Desagradou-me que “Another Earth” tivesse deixado estas respostas em aberto e sem sentido. Todo o tema central do filme é a possibilidade de redenção e novas oportunidades. Não percebo como é que o fim se encaixa no tema.<br /><br />16 em 20<br /> <p></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-67215065311999736252023-12-24T01:00:00.020+00:002023-12-24T18:12:54.234+00:00SurrealEstate (2021 - ?)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhMtTlqxXyWrHG8cW5rPDtsnl4VowmQEIANAWQVDIKvzXQ9wWwFqNOrhlc0h2b9hdfOi91-O7RN9V1sdgIV8nbEWAQsxJ3vd3qKCgIQ4Bp09pUkgissxXKK1GCigrGAzoLh73IO7nhh6vi3FYeBFghfbb0ePGZ-tnvtYbqroDePA268z7prE4BorA" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="750" data-original-width="599" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhMtTlqxXyWrHG8cW5rPDtsnl4VowmQEIANAWQVDIKvzXQ9wWwFqNOrhlc0h2b9hdfOi91-O7RN9V1sdgIV8nbEWAQsxJ3vd3qKCgIQ4Bp09pUkgissxXKK1GCigrGAzoLh73IO7nhh6vi3FYeBFghfbb0ePGZ-tnvtYbqroDePA268z7prE4BorA=w320-h400" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><p>A fórmula de “Sobrenatural” deve ter feito escola porque “SurrealEstate” segue exactamente na mesma linha. A premissa é interessante: Luke Roman é o dono de uma agência imobiliária especializada em vender casas assombradas. Tirando este “pormenor”, a agência utiliza todas as práticas de vendas e eufemismos típicos do negócio. Por exemplo, a uma casa assombrada chamam antes “metafisicamente estigmatizada”. Roman tem uma equipa de peritos que tratam de “limpar” a casa de assombrações ou possessões antes de a venderem a um novo dono, o que permite uma assombração-da-semana como em “Sobrenatural”. O próprio Roman tem o dom, desde infância, de ouvir o mundo do Além.<br />Tal como em “Sobrenatural”, a par com os casos da semana a temporada tem uma história principal. Roman está obcecado com uma casa em especial, onde a mãe dele, que vivia na casa ao lado, entrou para se queixar das ervas daninhas no jardim e simplesmente desapareceu. Uma das cenas mais interessantes homenageia uma passagem do “Exorcista”, em que Roman é visto a observar a mansão como o padre Karras a chegar a casa de Regan.<br />Porque é que eu digo que a fórmula é a mesma de “Sobrenatural”? Porque o género é evidentemente Sobrenatural, mas o enredo principal + monstro-da-semana permite que a série explore tudo o que lhe apetecer: o cómico, o dramático, o romântico, e, obviamente, o terror, sem que o terror alguma vez chegue a meter medo. Aqui é tudo sobre as personagens, cativantes e tridimensionais. Eu, pelo menos, consegui sentir empatia por alguns deles.<br />Penso que, tal como “Sobrenatural”, esta série poderá vir a ter muito para dar se, para além do entretenimento das casas assombradas, as personagens continuarem a ser bem desenvolvidas. Uma boa alternativa para quem tem saudades de “Sobrenatural”.<br /><br />ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez<br /><br />PARA QUEM GOSTA DE: “Sobrenatural”, exorcistas, casas assombradas </p><p><br /></p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-30178520790260355782023-12-19T01:00:00.000+00:002023-12-19T01:00:00.149+00:00Life / Vida Inteligente (2017)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgEw1Zh2pUcYqhMB_4NxzaUBTVXFr9HRVZKoxcJOkhBppzbQVrxCCFQ5D34tMb7pw1zVAyGUj5tX8hj7SIwAj3WHQUN92beu_T3o5QIT7xjVHbe9cAUjiQH5t4x3fOwCywZmv7KNJiqbuPkeRRMG4xgMLrBG6NG-e1023vML31KyMBFOm1bio/s630/Life.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="442" data-original-width="630" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgEw1Zh2pUcYqhMB_4NxzaUBTVXFr9HRVZKoxcJOkhBppzbQVrxCCFQ5D34tMb7pw1zVAyGUj5tX8hj7SIwAj3WHQUN92beu_T3o5QIT7xjVHbe9cAUjiQH5t4x3fOwCywZmv7KNJiqbuPkeRRMG4xgMLrBG6NG-e1023vML31KyMBFOm1bio/w400-h281/Life.jpg" width="400" /></a></div><p>Citando o outro, há que dizê-lo com frontalidade: quando vemos um filme qualquer no canal SyFy esperamos uma chachada para entreter e esquecer. Não é o caso de “Life”, uma boa surpresa. <br />Os astronautas da Estação Internacional recebem uma amostra de solo vindo de Marte com um presente envenenado: uma bactéria dormente, prova de que existiu vida no planeta vermelho. Em condições controladas, os cientistas tentam “despertá-la” com várias experiências. Até que conseguem. E a bactéria começa a crescer, a crescer… Desde pequenina, do tamanho de uma folha de chá, já se notava que queria abocanhar o dedo do cientista. Foi mais fácil crescer o suficiente para devorar o ratinho do laboratório. Imediatamente os astronautas tentam matar o organismo, mas este é inteligente e esconde-se na nave, tentando assimilar os recursos disponíveis: a água, o oxigénio… e a carne. Os astronautas percebem que não podem deixar o organismo chegar à Terra, mas o organismo também percebe que a Estação Internacional não lhe chega. Começa uma batalha desesperada pela sobrevivência. Uma das espécies não vai sair bem disto.<br />É claro que “Life” é quase uma imitação de “Alien” (embora o organismo me pareça antes o monstro de “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2018/08/stranger-things.html" target="_blank">Stranger Things</a>”) mas não lhe faltam méritos próprios e uma maior simplicidade. Eu roí as unhas do princípio ao fim. Não estava nada à espera de um filme tão bom. A crítica tem sido feroz (porque, lá está, é quase o “Alien”) mas eu gostei e recomendo aos apreciadores de ficção científica de terror. Até recomendo mais aos apreciadores de terror do que aos de ficção científica, porque terror não falta.<br /><br />15 em 20<br /><br /> </p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6211865.post-48039637027457270242023-12-17T01:00:00.000+00:002023-12-17T01:00:00.150+00:00Nadie Quiere La Noche / Nobody Wants the Night / Ninguém Quer a Noite (2015)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyb_iF01DknjqPB9mA0uFpS6ADm2DngWbp6OD_xmWZgwf8nRm4wbbVRT8uCh-pA6p53vrrWa1-BpWuC7X9mLtHKXdZFcaaON_eZsfkPQJfxvAJxxyIdnPKz8UvfwH2qEOowohHBXTFGOVESff6sebGTxho6T3az0lKi2Nw11jtsD12gAw870E/s900/Nadie_quiere_la_noche.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="900" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyb_iF01DknjqPB9mA0uFpS6ADm2DngWbp6OD_xmWZgwf8nRm4wbbVRT8uCh-pA6p53vrrWa1-BpWuC7X9mLtHKXdZFcaaON_eZsfkPQJfxvAJxxyIdnPKz8UvfwH2qEOowohHBXTFGOVESff6sebGTxho6T3az0lKi2Nw11jtsD12gAw870E/w400-h266/Nadie_quiere_la_noche.jpg" width="400" /></a></div><p>Poucos filmes têm um título tão desastrado. Resultado de uma produção espanhola, belga e búlgara, o título original é “Nadie Quiere La Noche”, mas já vi traduzido para “Nobody Wants The Night” e até “Endless Night”. O título português segue o original: “Ninguém Quer a Noite”.<br />Isto é o perfeito exemplo de um título mal pensado, até porque não nos diz nada da história. Parece mais um filme sobre prostitutas e é o suficiente para afastar potenciais interessados. Mesmo no contexto do filme, em que a frase é efectivamente proferida, é um diálogo forçado e bizarro, algo que ninguém diria naquela situação. Começa mal.<br />Mas o filme é melhor do que o título e merece atenção. Esta é a história de duas mulheres sozinhas nos rigores do Árctico, a lembrar a série “<a href="http://gotikka.blogspot.com/2019/06/the-terror.html" target="_blank">The Terror</a>”.<br />Josephine Peary, mulher do explorador americano Robert Peary, que alegou ter sido o primeiro a alcançar o Pólo Norte em termos geográficos, é também uma aventureira e acompanhou o marido em diversas expedições ao Árctico. Em 1908 não o acompanhou desde o início, facto que nunca é explicado. Josephine diz apenas que o seu casamento de vinte anos se baseia na busca pelo Pólo Norte (inclusivamente, ela deu à luz durante uma dessas expedições) e que, desta vez, porque tem a certeza de que ele vai conseguir o objectivo, tem de estar lá com ele.<br />Para tal, Josephine paga uma mini-expedição que a leve a um posto seguro muito longe da civilização, uma cabana de madeira, quando já é Julho (quase inverno em termos polares). Tal como em “The Terror”, Josephine manifesta toda a arrogância da classe alta da altura. Começa logo por matar a tiro um urso polar, com todo o orgulho e petulância, como se estivesse numa caçada na terra dela. Não quer ouvir os conselhos de que já é tarde para partir. Faz-se acompanhar de baús com roupas caras, talheres, pratos de porcelana e copos de vidro. Igualmente como em “The Terror”, o racismo e o antropocentrismo impregnam as mentalidades da época. A morte de um esquimó durante uma expedição era considerada irrelevante. Os cães não eram permitidos dentro de tendas ou cabanas, o que é um erro colossal porque os animais contribuem para o calor. Por outro lado, compreende-se esta última questão, uma vez que os cães eram vistos como fornecedores de outras comodidades…<br />Josephine, segundo o espírito dos tempos, força tudo e todos a atravessar um estreito de gelo movediço (onde perde o melhor guia que tem) até encontrar a pequena cabana. O seu objectivo é esperar pelo marido antes do inverno polar. Mas é demasiado tarde, como todos lhe disseram, e ele não vem. A única Inuíte que não a abandona é uma rapariga chamada Allaka, que, Josephine vem a descobrir depois, espera um filho precisamente do marido de Josephine. <br />Na falsa segurança da sua cabana de verão de paredes finas e janelas de vidro, embora os recursos estejam a escassear e já não haja caça, Josephine dá-se ao luxo de recusar a carne de morsa crua oferecida por Allaka. Faz mal, porque assim que chega o inverno polar, a tal noite sem fim, Josephine começa a sofrer de escorbuto. Uma tempestade de neve com fortes rajadas de vento destrói completamente a cabana e Josephine não tem outro remédio senão abrigar-se dentro do iglu de Allaka, a única estrutura que resiste.<br />A comida acabou-se e receei que se seguisse o canibalismo. Tal não chegou a acontecer, mas por muito pouco.<br />Esta é a história da amizade improvável entre duas mulheres em condições extremas, onde apenas importa a sobrevivência por todos os meios. Duas mulheres que se colocaram propositadamente naquela situação: uma por arrogância, outra por fatalismo. O Árctico não respeita motivações, nem berço ou dinheiro, nem os nativos da terra, nem sequer os animais. Como se diria em “O Terror”: <i>este sítio quer ver-nos mortos.</i> <br />Aconselho este filme a toda a gente, apesar de poder e dever ser chocante.<br /><br />15 em 20<br /><br /> </p>katrina a gotikahttp://www.blogger.com/profile/13265407871970377999noreply@blogger.com0