quarta-feira, 27 de outubro de 2004

Censura?



O professor Marcelo.
Durante a minha fase "debaixo da cama" não acompanhei o suficiente as peripécias da política nacional, excepto aquela história dos aumentos de renda (mas é melhor não pensar em coisas tristes) e... claro está... o "caso Marcelo".
Nessa altura apeteceu-me dizer aqui qualquer coisa mas ainda bem que esperei. Se tinha dúvidas, agora tenho a certeza. E direi porquê.

Vejamos.
O que disse Marcelo do governo? Que estava a agir pior do que o pior de Guterres.
Chocante? Qual quê! Muito pior disse Marcelo, por exemplo, ao destruir publicamente a imagem de Santana Lopes quando explicou por A + B que Santana lopes não tem perfil nem credibilidade para ser primeiro-ministro. (E não tem, mas isso é outra história.)
Aparece uma queixa à Alta Autoridade para a Comunicação Social, e Marcelo promete que fala disso "no domingo". Depois há o tal almoço que, supostamente, leva Marcelo a demitir-se - ou a ser demitido, depende da versão.
A partir daí nem mais um pio.

What's wrong with this picture?
Primeiro que tudo, o professor Marcelo não precisa do ordenado da TVI. A TVI é que precisava dele para manter as audiências de um jornal da noite que era comentado por toda a gente, desde o Presidente da República ao mecânico da esquina.
Segundo, qualquer televisão se esfolaria para contratar Marcelo! Se a TVI não quer, e eu não acredito que não quer, muito menos acredito que a SIC não queira. Isto sem meter a RTP ao barulho porque, se se trata porventura de um leilão de "quem dá mais", seria de facto má fé da minha parte a mera consideração de que a televisão pública gastaria o dinheiro dos contribuintes numa guerra de audiências. Não, isso não acontece neste país.

Eu até acreditaria na hipótese da censura se as leis de mercado não ditassem que quem manda no governo são os grupos económicos e não é o governo que manda nos grupos económicos. (Era bom, era! Tá bem, tá!)

Além do que, há cerca de um ano li aqui, ainda a hipótese me parecia completamente absurda, que aquilo que de facto Marcelo queria mesmo, mesmo, mesmo, era tomar de assalto, não a presidência da república mas, isso sim, o PSD. Enfim, não acredito em tudo o que leio, mas confesso que não esqueci e que fiquei com a pulga atrás da orelha, a picar, a picar.

Por estas razões, e porque não acredito que haja poder neste país capaz de calar Marcelo durante todas estas semanas (tirando a Divina Providência, que não mora cá), pela primeira vez na vida vou concordar com Luís Filipe Menezes e a sua teoria de que o professor se atirou ao "tapete" e se "fez ao penalty".
Isto para se candidatar ou à presidência do PSD ou à da República. Tudo depende se o senhor prefere ser primeiro-ministro ou presidente.
Quando se chega à posição e estatuto de Marcelo Rebelo de Sousa, não é o "tacho" que conta. É a realização pessoal.

Ou, posso estar completamente enganada, pode de facto haver censura em Portugal a amanhã fecham-me o blog.
Mas... naaaaaaah!

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