domingo, 6 de agosto de 2023

I Am Legend / Eu Sou a Lenda (2007)

Confesso que começo a ficar farta de ver o mesmo enredo repetidamente, se bem que este filme de 2007 deva ter sido dos primeiros, nos últimos tempos, a usar o único sobrevivente num mundo apocalíptico.
E o filme é basicamente isto: um vírus modificado, inicialmente usado para curar o cancro, transforma as pessoas em monstros raivosos que não suportam o sol, vivem no escuro e comem os não-infectados. (Questiono-me: porque é que não se comem uns aos outros também? Porque é que nestes filmes os infectados querem sempre comer os não-infectados? Mas divago.)
Robert Neville, militar e cientista, é imune e aparentemente o único sobrevivente da cidade. Todos os dias faz emissões de rádio a tentar contactar mais sobreviventes, sem sucesso. Ao mesmo tempo, trabalha incansavelmente a procurar a cura para o vírus a partir das suas células imunes, também sem sucesso.
Entretanto, a cidade é agora uma selva urbana. Veados correm em bandos por entre os carros parados no meio da rua desde há três anos quando as pessoas estavam a tentar fugir da quarentena (só 15 dias, a princípio, prometeram-lhes; onde é que eu já ouvi isto?). De repente, aparece uma leoa que mata um dos veados. O leão e os leõezinhos aparecem logo a seguir. Isto foi muito interessante. De certeza devem ter sido animais fugidos do Jardim Zoológico na falta dos tratadores, ou assim suponho a presença de leões em Manhattan.
Robert Neville tem uma única companheira, a cadela Max. Os cães podem ficar infectados apenas por contacto, mas não por via aérea como as pessoas. É claro que o filme usou o pobre animal para nos partir o coração.
Neste momento aparecem mais sobreviventes, quando Neville já não julgava que existissem.
E depois as coisas tornam-se estranhas. Afinal os seres humanos infectados não ficaram tão imbecis e raivosos como os pintaram, o que arrasa todo o world building feito até então.
Cheguei ao fim do filme sem perceber o que este queria transmitir. As imagens do mundo apocalíptico, desértico e selvagem, são sempre tão arrepiantes quanto fascinantes. Mas depois de vermos uma catrefada de filmes e séries do género já não tem o impacto que deve ter tido em 2007. O enredo não conseguiu aguentar-se nas pernas. Sinceramente não gostei e já vi muito melhor a partir do mesmo material. A melhor cena é mesmo a dos leões. Não estava nada à espera.

13 em 20 (mais um ponto pelos leões)
 

 

domingo, 30 de julho de 2023

Reginald The Vampire (2022 - ?)

No mundo de vampiros da Anne Rice é proibido criar um vampiro muito novo, ou muito velho, ou que não seja suficientemente atraente. Parece vaidade mas na verdade é por questões práticas: um vampiro jovem e atraente tem mais probabilidades de atrair uma vítima para se alimentar.
Não é o caso de Reginald. Reginald é um jovem obeso, careca, sem grandes atractivos, embora seja esperto. O seu objectivo era ir para a faculdade mas acabou por se empregar num trabalho frustrante numa cadeia de lojas de batidos. Reginald tem uma grande paixão por uma colega de trabalho, Sarah, mas nem tem coragem de se declarar. Uma noite, nas traseiras da loja, pede a Deus que o ajude. É então que Maurice, um vampiro e cliente regular na loja de batidos, tem pena dele e o transforma. Maurice tem um grande coração mas esquece que a comunidade de vampiros não aceita Reginald por não o julgar atraente (nota-se muito a influência de Anne Rice nesta série). Chamam-lhe inclusive o “vampiro gordo”, algo de inconcebível no modelo de estética do vampirismo. Para se livrar dele, o conselho de vampiros decide submetê-lo a uma Avaliação a que nenhum vampiro sobreviveu antes. O pior é que se Reginald não passar nesta Avaliação não será ele o único a morrer: Maurice, Sarah, e todos os que lhe são próximos morrerão também. Mas Reginald tem um super-poder. Os vampiros são capazes de “glamour”, isto é, de encantar/hipnotizar os mortais para esquecerem ou fazerem algo que lhes seja mandado, mas o glamour não funciona com outros vampiros. Reginald, extraordinariamente e sem explicação, tem o poder de encantar outros vampiros, o que o torna ainda mais um alvo a abater.
Baseado nos livros "Fat Vampire" de Johnny B. Truant, “Reginald The Vampire” pretende ser uma série cómica mas não foge aos momentos tristes. Não a achei muito engraçada, para ser franca. Gostei muito mais das passagens dramáticas, nomeadamente a história de Maurice (e Mike, já agora, de que temos vislumbres contados pelo próprio). No entanto, e desculpem o spoiler, a prova decisiva da tal Avaliação foram as maléficas Pinças Impossíveis: aquelas máquinas das feiras em que se tenta apanhar um peluche com aquelas pinças que não servem para nada. Confesso que me ri. Pior tortura não existe.
“Reginald The Vampire” não é uma grande série mas serve de entretenimento ligeiro a quem gosta de vampiros.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: vampiros, Vampire Chronicles da Anne Rice

 

domingo, 23 de julho de 2023

The Shallows / Águas Perigosas (2016)

Este é outro filme para recomendar aos amigos antes de irem para a praia.
Moral da história: nunca façam surf numa praia deserta, nunca nadem numa praia deserta, nunca se afastem para lugares desertos, e tudo aquilo que a mamã e o papá disseram para não fazerem: não façam!
Nancy é uma estudante de medicina a quem a mãe morreu de cancro recentemente. Na tentativa de a homenagear e fazer o luto, Nancy procura uma praia deserta no México para fazer surf onde a sua mãe tirou uma fotografia quando estava grávida. A praia é remota e de difícil acesso (ninguém lhe consegue dizer o nome do sítio), mas com a ajuda de um mexicano simpático Nancy consegue lá chegar.
A primeira coisa que faz é saltar para a prancha e começar a surfar. Dois surfistas locais já estão na água e explicam-lhe que na maré baixa um dos rochedos fica à mostra, como uma ilha, para que Nancy tenha cuidado com os baixios. Isto passa-se a poucos metros da areia, por isso não parece muito perigoso. Entretanto faz-se tarde e os dois surfistas vão para casa, mas Nancy decide ficar para apanhar uma “última onda”.
Sozinha, descobre uma carcaça de baleia em que ninguém tinha ainda reparado. Atrás da carcaça vêm os necrófagos, e um tubarão enorme (mas mesmo enorme!) que considera que Nancy está no seu território. Por essa indelicadeza, vai atrás dela e dá-lhe uma bela dentada na coxa. A dentada é muito realista e repulsiva.
Nancy consegue escapar para o tal rochedo, onde uma gaivota ferida também procurou abrigo, mas o rochedo só vai estar fora de água até à maré cheia. Entretanto o tubarão não pára de rodear o rochedo.
Nancy tem as bases de medicina para usar os brincos como pontos (espero que sejam de ouro ou podiam causar uma alergia muito grave) e o casaco de mergulho como ligadura para estancar o sangue, mas sabe que precisa de ajuda imediata ou a gangrena vai instalar-se. Dia e noite, não contente com a carcaça de baleia, o tubarão não pára de a rodear. De manhã, quando os dois surfistas regressam, não acreditam nos avisos de Nancy para não se meterem na água… e são comidos também. Ninguém sabe onde Nancy está. Agora é um duelo entre ela e a besta das águas.
Devo dizer, achei algumas passagens bastante irrealistas. Depois de algumas tentativas de Nancy para afastar o tubarão, parece que este já estava a agir por “vingança pessoal”. O que, de certa forma, vem na tradição deste tipo de filmes “homem vs tubarão”, mas nunca deixa de ser forçado. O fim, então, é mesmo inacreditável. Mas pelo menos a gaivota safa-se, que é o que interessa.
Tirando o irrealismo de algumas partes, se virmos o filme sem grande espírito crítico, “The Shallows” é daquelas histórias de sobrevivência de roer as unhas e torcer pela heroína. No fundo, acaba por ser mesmo isto: mulher vs tubarão, inteligência vs força bruta, criatura da terra vs criatura do mar. E funciona. Nunca conseguimos respirar fundo do princípio ao fim. Mas um bocadinho mais de realismo não teria custado muito, acho eu, embora em detrimento do espectáculo.

14 em 20

 

domingo, 16 de julho de 2023

Dexter: New Blood (2021)

[SPOILERS! Aconselho os fãs de “Dexter” a só lerem este artigo depois de verem a série porque vai haver spoilers do princípio ao fim.]

“Dexter: New Blood” foi feito, admitidamente, porque muitos fãs não gostaram do fim da série original que terminou em 2013. Eu devo ter sido das poucas pessoas que efectivamente gostou do final, Dexter com a irmã morta e envolta num lençol branco, qual fantasma, contra o céu negro da tempestade, o último “corpo” que Dexter amargamente depositou no mar alteroso antes de conduzir o barco Slice of Life mesmo para o meio do furacão.
O que enfureceu mais os fãs foi que Dexter sobreviveu e assumiu uma identidade falsa para passar a viver como lenhador. Não sei o que é que os fãs queriam em vez disto, talvez que Dexter fosse castigado? É caso para dizer “cuidado com o que se deseja”.

Serial killer em abstinência
Na primeira cena da nova série, Dexter está a correr numa floresta deserta e coberta de neve, com uma caçadeira, atrás de um veado branco, um animal lindo e majestoso de focinho negro que parece saído de um conto de fadas. A princípio pensamos que o objectivo é caçá-lo, mas com o decorrer dos episódios percebemos que Dexter faz esta corrida atrás do veado todos os dias, aproveitando a mira telescópica da espingarda para o observar. O objectivo é aproximar-se cada vez mais até conseguir ganhar-lhe a confiança.
Ficamos também a saber que Dexter já não é lenhador. Mudou-se para uma terrinha de interior onde trabalha numa loja de caça e pesca a vender armas, isco e facas de mato, o que é mesmo o emprego ideal para ele, e agora dá pelo nome de Jim Lindsey. Como um alcoólico em abstinência, Dexter conseguiu controlar os seus impulsos homicidas e já não mata ninguém há 10 anos. Isto é-nos revelado pelo novo “fantasma” que o acompanha, já não o pai adoptivo e mentor Harry mas nada menos do que a sua irmã Debra. Debra tornou-se a sua consciência, o reflexo dos seus medos e a sua maior antagonista quando Dexter ameaça querer ceder aos instintos que o levaram à fuga.
Mas voltemos à simbologia do veado, um animal carregado de mitologia desde tempos imemoriais. (Os amantes das lendas arturianas vão perceber isto muito bem.) Quanto mais penso nisso, mais me parece que a corrida matinal atrás do veado é para Dexter uma exibição de poder e auto-controlo: o poder de matar a qualquer momento e não o fazer, o dominar dos instintos.
É claro que toda esta pacatez não podia durar. Um miúdo rico e privilegiado (e responsável por um “acidente de barco que matou 5 pessoas”) está de férias na terrinha e decide ir caçar. Para mal dos seus pecados, mata o veado branco mesmo à frente de Dexter. Isto já seria o suficiente para enfurecer o serial killer reformado, mas o facto de o parvalhão caber no Código ainda ajuda mais. Dexter quebra o jejum de 10 anos, tão impulsivamente que nem planeou como se livrar do corpo. Isto é tenso e recorda-nos daquilo que a gente gostava em Dexter: o perigo constante de o descobrirem.
Aqui esteve mesmo muito próximo porque Dexter está destreinado e deixa um rasto de sangue. Para além disso, é namorado da chefe de polícia lá do sítio, Angela, talvez pela excitação do perigo ou pelo acesso à esquadra (mas ela também é muito gira, juntando o útil ao agradável).
Dexter ainda não se tinha livrado do corpo quando lhe bate à porta um espectro do passado: o seu filho Harrison, agora adolescente. Harrison vivia com Hannah na Argentina mas esta morreu e ele foi enviado para os Estados Unidos onde andou recambiado de lar de acolhimento em lar de acolhimento. No entanto, Harrison descobriu uma carta que Dexter enviou a Hannah, explicando a sua decisão de não se juntar a eles na Argentina. Hannah diz a Harrison que Dexter morreu, mas a carta tem remetente (o que é estranho para um serial killer que não quer ser encontrado, muito embora ninguém ande atrás dele porque toda a gente pensa que o Bay Harbour Butcher é o falecido Sargento Doakes), o que permitiu a Harrison seguir a pista do pai. Harrison está muito zangado por ter sido abandonado, mas acima de tudo quer respostas. A princípio Dexter nega ser o pai dele, mas acaba por mudar de ideias e aceitar a paternidade de braços abertos.
Esta nova série gira em torno dessa tentativa de pai e filho restabelecerem a relação, especialmente quando Dexter percebe que Harrison pode ter herdado também o “Passageiro Sombrio”.
Ao longo dos episódios, Harrison consegue arrancar ao pai toda a verdade. Ao mesmo tempo, Dexter percebe que talvez tenha de ensinar o Código ao filho por muito que o fantasma de Debra (a sua consciência) o tente dissuadir.

Final incoerente
Não vou explicar o enredo todo, mas existe mesmo um serial killer a operar há 20 anos na pequena cidade. Entretanto, Dexter e Harrison já estabeleceram uma ligação tão estreita que o adolescente aceita a verdade sobre o pai e até o acompanha na matança ritual do tal serial killer, aparentemente acreditando que “matá-lo é salvar vidas”.
Aqui é que o fim se espalha ao comprido, na minha opinião. A chefe de polícia, namorada de Dexter, conseguiu descobrir a sua verdadeira identidade e desconfia mesmo que Dexter é o Bay Harbour Butcher. Na sequência de um homicídio local, Angela prende Dexter. Dexter sabe que as provas que ela tem são fracas, mas se Angela começar a esgravatar há o sério risco de descobrir algo que realmente o incrimine. Para fugir da esquadra, Dexter tem de matar um dos polícias, que é também o treinador de wrestling na escola de Harrison.
O plano de Dexter é fugir com o filho e desaparecer novamente, e pede a Harrison que se encontre com ele exactamente onde o veado foi morto. (Os amantes das lendas arturianas já sabem onde isto vai dar…) Aqui é que não faz sentido nenhum. Ainda dois dias antes Harrison tinha assistido ao ritual de Dexter, embora com algum desconforto no fim mas em total concordância com o pai e disposto a fugir com ele. Quando Dexter mata o treinador de wrestling, que Harrison só conhecia há duas semanas, se tanto, e mal, Harrison acusa o pai de matar um inocente e dá-lhe um tiro?! A sério? Não! Não é credível. Não havia laços emocionais com o treinador para causar isto. Ainda se Dexter tivesse matado alguém importante para Harrison, como a mãe, a madrasta ou a tia, mas um gajo qualquer, uma personagem secundária? Não. Como uma pessoa normal, Harrison podia ter ido à polícia. Se Dexter fugisse sozinho, Harrison podia lavar daí as suas mãos. Tudo menos matar o pai, especialmente quando a série toda se passou a estabelecer uma relação tão próxima entre eles. É incoerente com o desenvolvimento do personagem e feito apenas para causar choque.
Se Dexter tinha mesmo de morrer, que pusessem outra pessoa a matá-lo. A namorada, por exemplo, ou um polícia qualquer. Nunca o filho a matar o pai. Eu não acreditei neste fim, um fim muito pior do que o da série original, e admito que não queria ver Dexter morrer. Admito que queria que Dexter se regenerasse, e este final deixou-me triste (para além de indignada com a incoerência).
Dexter sempre foi um psicopata complicado, capaz de sentir empatia e amor (o que coloca imediatamente a questão: será que Dexter é mesmo um psicopata?), que tem uma consciência e sente culpa. Isto sempre nos foi dito pelas suas interacções com os fantasmas Harry e Debra e o seu constante e característico monólogo interior. Nesta última série, Dexter superou o egoísmo inicial, e nem fez o que era melhor para ele em termos práticos, e tentou ser o melhor pai que sabia. Não merecia ser morto pela única pessoa por quem sentiu amor incondicional. Não sei o que é que a série queria com isto. Se queria chocar só conseguiu irritar. Até Mordred tinha melhores motivos para matar Artur.


ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: Dexter, serial killers

 

domingo, 9 de julho de 2023

Aristides de Sousa Mendes - O Cônsul de Bordéus (2011)

Aqui há uns tempos houve um programa de televisão que promoveu a eleição do maior português de Portugal. O voto era por chamada telefónica de valor acrescentado, o que significa que quem vota mais vezes (e tem posses para o fazer) consegue ganhar.
Quem se lembra deste episódio infeliz recordará que acabou num empate entre António Salazar e Álvaro Cunhal. (Tipo os comentários do Observador…)
Eu votei neste homem, Aristides de Sousa Mendes, sem dúvida o maior português do século XX. Como cônsul de Bordéus durante a Segunda Guerra Mundial, Sousa Mendes emitiu 30 mil vistos de passagem para Portugal contra as ordens do regime, salvando, inclusive, 10 mil judeus. Por isso é hoje reconhecido pela comunidade judaica como um Justo Entre as Nações (gentios que arriscaram suas vidas durante o Holocausto para salvar vidas de judeus do extermínio pelo nazismo), o que não é para todos.
Esta é a história de como Sousa Mendes ignorou as directivas de Salazar, obedecendo antes à sua consciência extremamente católica (ironicamente). Uma das cenas mais tensas do filme é quando o cônsul recebe um telegrama directamente do Professor Salazar, e mesmo assim persiste em passar vistos a eito, até não poder mais, inclusive numa mesa de café, já os alemães invadiam a França. Com isto, Sousa Mendes salvou 30 mil vidas.
É claro que desconheço os pormenores da intimidade do cônsul (interpretado por Vítor Norte), mas o filme dá a entender que numa primeira fase Sousa Mendes acreditava que Salazar ia “compreender”. O que lhe aconteceu foi acabar a vida na miséria.
O filme é maioritariamente contado através da perspectiva de um miúdo judeu que sobreviveu graças a Sousa Mendes. É interessante, mas roubou-nos muito do que aconteceu depois ao cônsul caído em desgraça.
Ficou na ruína e na miséria… e depois? Aristides de Sousa Mendes tinha 14 filhos, era rico. O que significa a ruína para um homem destes? Vou fazer o papel de advogado do Diabo e vou ser muito directa. Ser generoso, quando se é rico, quando nunca se passou privações na vida nem se sabe o que isso é, quando sempre se teve mansão onde morar e criados a servir, não é a mesma generosidade (nem a mesma miséria) de quem nasceu pobre e tem de fazer das tripas coração para sobreviver. Não estou de modo algum a diminuir o heroísmo de Sousa Mendes, mas o que significou a ruína para ele, exactamente, e para os filhos dele? Foram impedidos de estudar por falta de posses? Acabaram como carpinteiros, cerzideiras, mecânicos, cozinheiras? Passaram fome? Faltou-lhes roupa para vestir? Passaram frio de inverno? Esta foi a parte do filme que eu queria ter visto e que não foi abordada. Bastavam uns 10 minutos no fim, até menos. Uma reflexão do protagonista sobre o que fez e o que perdeu também seria interessante.
Este ainda não foi o filme sobre Aristides de Sousa Mendes que eu queria ter visto, mas é melhor do que nada.

14 em 20

 

domingo, 2 de julho de 2023

Tales of the Walking Dead (2022)

"Dee"

“Tales of the Walking Dead” não é um spin-off mas antes uma antologia de contos no universo Walking Dead não relacionados com as personagens originais excepto o episódio “Dee”, mais uma perspectiva sobre o passado de Alpha (líder dos Whisperers na série).

Evie/Joe
Joe é um survivalista que se barricou num bunker subterrâneo já preparado antes do apocalipse zombie com o seu velhinho doberman Gilligan. Tudo corre bem até que Gilligan é apanhado por zombies para defender o dono e a solidão torna-se demasiada para Joe suportar. Joe lembra-se então de conversas na internet pré-apocalipse com outra survivalista ferrenha que também tem um bunker e por quem ele nutria alguns sentimentos. No caminho encontra Evie, que igualmente está a fazer uma viagem para reencontrar o amor.
O episódio é mais engraçado do que romântico, mas fala sobretudo de amizades improváveis.

Blair/Gina
Este foi o episódio de que gostei menos. Uma patroa e uma recepcionista que se odeiam ficam presas num loop surreal no início do apocalipse zombie em que certos acontecimentos se repetem vez após vez até que ambas decidam cooperar. E é isto.

Dee
Considero “Dee” o episódio mais relevante porque nos fala mais de quem era Alpha (Dee) logo após assassinar o marido e ficar a viver com Lydia por conta própria. Percebemos aqui que a futura líder dos Whisperers não tem qualquer escrúpulo em matar, o que já sabíamos, mas o que não sabíamos é que lhe ocorreu matar a própria filha quando não a julgou capaz de sobreviver. Lydia não se apercebeu disto, pelo menos conscientemente, mas esteve perto. Não admira que a miúda tenha ficado tão traumatizada.
Descobrimos também que Dee não teve a ideia dos Whisperers, até isso foi roubado a outra mulher, a Alpha original. Vale a pena ver este episódio.

Amy/Dr. Everett
Dr. Everett é um daqueles especialistas em vida selvagem que decide estudar o Homo Mortuus (designação inventada por ele) como se fosse a nova espécie no topo da cadeia alimentar. Digamos que é um National Geographic Wild com zombies. A parte mais interessante do episódio é que na zona abandonada pelos seres humanos a natureza recupera e renasce (o que não é de estranhar). Amy faz parte de um grupo de sobreviventes que querem voltar a colonizar a área, com a feroz oposição do Dr. Everett que considera o ser humano a pior ameaça ao planeta que já existiu.
É um episódio interessante porque apresenta o apocalipse zombie de um ponto de vista ecológico.

Davon
Este é de todos o episódio mais confuso. Um homem acorda algemado a um zombie e a ser perseguido por homicídio. Uma vez que bateu com a cabeça, está amnésico e tem de reconstituir tudo o que se passou para se encontrar naquela situação, embora tenha a certeza de que está inocente. Da mesma forma, como ele, somos obrigados a reconstruir os factos, muitos deles fora de ordem e fruto da memória afectada do protagonista. Mas no fim compensa.

La Doña
“La Doña” foi o meu episódio preferido (tirando “Dee” por razões que se prendem com a série original), não tanto pelos zombies mas porque os protagonistas estão numa casa assombrada.
Um casal de sobreviventes pede abrigo a uma mulher com reputação de “bruja” (La Doña), que esta concede por uma noite, mas depressa um deles começa a insistir que fiquem mais tempo. A mulher manda-os embora e, na sequência de um acidente, bate com a cabeça na quina da mesa e morre. Não foi culpa de ninguém, e o casal decide apossar-se da casa, mas cedo começam a ser assombrados pelo fantasma da antiga proprietária que continua a querer expulsá-los. Foi refrescante ver uma história de fantasmas num universo de zombies e em que estes quase não têm importância.

Em suma, “Tales of the Walking Dead” é uma colecção de episódios especialmente para fãs, mas que poderá muito bem agradar a toda a gente, mesmo aos que não viram a série original ou os spin-offs.

 

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: The Walking Dead, Fear the Walking Dead, The Walking Dead: World Beyond, zombies

 

domingo, 25 de junho de 2023

Extinction / Extinção (2015)

Ora aqui está um filme de pormenores confusos, quase à vontade do freguês para os interpretar. Um vírus (nunca sabemos exatamente o quê nem porquê) está a transformar os seres humanos em monstros. Não exactamente vampiros nem zombies, é mais uma coisa à “Wayward Pines” ou “28 Dias Depois”.
Alguns anos depois (é mesmo assim, sem nada pelo meio) dois homens, sobreviventes não infectados, vivem em casas contíguas sem se falarem. Um deles tem uma filha de uns 8 anos, a confiar na cronologia. Através de flashbacks percebemos que um deles era o marido da mãe da miúda, e o outro o amante. Nunca é dito claramente qual deles era o marido, mas pelo que percebi o marido é quem tem a custódia da miúda e o amante é o pai. Para piorar as coisas, parece que o amante, num estado de embriaguez e depois de uma discussão estúpida, foi o responsável por perder de vista a mãe da miúda, que acabou por ser morta pelos monstros. Obviamente, os dois homens têm-se um ódio de morte mas continuam “juntos” para proteger Lu, a miúda.
Sinceramente, acho que é esta a mensagem do filme, porque é graças a Lu que os dois se reaproximam na medida do possível.
O clima que os rodeia é de neve cerrada o ano todo. Mais uma vez não sabemos porquê. Podem ser as alterações climáticas, mas num filme em que um vírus transforma os seres humanos em monstros até podia ter sido uma colisão com a Lua. Durante todos estes anos, os dois homens e a criança julgaram-se os únicos sobreviventes, mas agora parece que não o são. Os tais monstros evoluíram e adaptaram-se ao frio, mas por outro lado as suas dentadas já não são infecciosas. Curiosamente, começam a ver-se cada vez mais pores-do-sol e o clima a voltar ao normal. Confusos? Eu também. Nada disto é explicado.
Finalmente, os sobreviventes encontram outras pessoas (afinal não são os últimos seres humanos na Terra) e… esperem por ela… a miúda ouve numa transmissão rádio que a maneira de matar os monstros é atingi-los no cérebro.
Assim tal e qual, não sei a copiar quantos filmes ao mesmo tempo. O enredo é este, o filme é este, já o vimos dezenas de vezes, e pergunto-me qual foi o objectivo. Continuo a achar que o objectivo era explorar a relação dos dois homens que têm de cooperar embora se odeiem.
Um filme que se esquece rapidamente e que só serve para entreter. Não há mesmo mais nada a dizer.
Gostei de ver de novo Matthew Fox, o Jack de "Lost", pelo menos até ele cortar o cabelo. Foi o melhor do filme.

12 em 20

 

domingo, 18 de junho de 2023

The Handmaid’s Tale, de Margaret Atwood

Não é costume dizer isto, mas a série estragou-me o livro. Não consegui ler sem imaginar “The Handmaid’s Tale” (a série) na minha cabeça a todos os instantes. Isto significa duas coisas: que a série respeita perfeitamente o material original, e que o livro publicado em 1985 foi o bastante para incendiar imaginações e perturbar consciências até aos dias de hoje.
Não estou a dizer com isto que não adianta ler o livro se já se viu a série, nem que a série é melhor do que o livro, mas depois de ter uma visualização de todo este mundo com personagens tão fortes como June (na série, porque no livro nunca é revelado o nome de Offred, a protagonista) não me foi possível dissociar as duas coisas. A maior parte das vezes dei por mim a reconhecer as cenas e a apontar mentalmente os monólogos de Offfred: “Olha, a June disse isto exactamente assim”; “Olha, a June disse isto mas deixou parte de fora”; “Olha, aqui está dito de forma diferente”. Também não ajuda que eu esteja completamente viciada na série.
Em suma, preferia ter lido o livro primeiro, mas agora já está. Atwood foi ousada em apresentar-nos Gilead tão intimamente sem grande exposição, como se o leitor conhecesse perfeitamente a distopia em que Offred estava aprisionada e porquê. Só posso imaginar o choque que isto tenha causado aos leitores que não sabiam para o que iam (como me costuma acontecer a mim), e que se calhar tiveram de ler duas ou três vezes para perceber todo o horror que Offred, muitas vezes veladamente, lhes ia revelando nos seus diários.
No entanto, existem pequenos pormenores de diferença. Como aquelas crianças a quem é repetidamente contado um conto de certa maneira até o ouvirem de forma diferente e que dizem “a história não é assim”, obviamente que reparei neles. Outros ajudam-nos a perceber melhor certas relações e acontecimentos que a série não aprofundou. Por exemplo, a origem da frase “nolite te bastardes carborundorum” está aqui muito melhor explicada.
E depois há a cena da gata…

Spoilers
No livro, June (vou usar o nome da série) e Luke têm uma gata. Quando Gilead faz com que June e todas as mulheres percam o emprego, June conforta-se abraçando a gata contra o peito. Comovente, não é? Mas na hora de fugir para o Canadá com Hannah, Luke e June apercebem-se de que não podem “levar um gato com eles a cruzar a fronteira”, que deixar a gata para trás os podia denunciar (se a deixassem à solta ela miava em volta da casa) e que não a podiam oferecer a ninguém que os pudesse trair de seguida. Então o que é que fazem? A gata está escondida debaixo da cama e June até diz “eles sabem sempre”. Luke leva a gata para a garagem e mata-a. Assim mesmo. Mais tarde, quando de facto são traídos, June pergunta-se que género de maldade leva outros seres humanos a traírem os vizinhos. June, filha, e o que terá pensado o animalzinho nos seus últimos momentos naquela garagem, traído pela única família que conheceu, a quem amava e por quem se julgava tão amado que era abraçado contra o peito, que últimos momentos foram esses, cheios de medo, confusão, dor e amargura? Pensaste nisso?
Felizmente, os criadores da série perceberam que isto não ia cair nada bem no público actual e não incluíram essa cena. Afinal, o livro foi publicado em 1985, quando os animais não eram considerados parte da família. Que lhes fazer? Matá-los, afogá-los à nascença, fazia-se tudo isso quando eram incómodos e já não davam jeito. Actualmente é impensável deixar um animal para trás (por exemplo, os refugiados da Ucrânia levaram cães e gatos com eles), e não daria tanto nas vistas porque muita gente leva os animais de estimação quando vai de férias. Na altura talvez não.
Não é que eu não acredite que a June da série não seja capaz de matar um gato, dois gatos, mil gatos. Pelo contrário. O que acho é que a June da série é monstruosa a um ponto que a Offred do livro nunca chega a ser e mesmo assim não me apeteceu torcer por ela. Perturbou-me, revoltou-me. Isto não é dizer pouco quando se fala de “The Handmaid’s Tale”, mas para tudo o resto eu já ia preparada.
Ainda por cima, na série, quando fogem, June e Luke passam por imensos matagais desertos onde podiam muito bem ter deixado a gata e assim esta sempre tinha uma oportunidade de caçar ou encontrar um novo lar. Na garagem é que não teve oportunidade nenhuma.
A acção do livro só cobre as primeiras duas temporadas da série e a própria Margaret Atwood faz parte da equipa, o que poderá explicar o sucesso da expansão do mundo de Gilead. O livro termina quando Offred é levada para parte incerta pela polícia do regime, sem saber o que lhe vai acontecer. Acredito que este fim em aberto tenha causado pesadelos a inúmeras gerações de leitores.
Por fim, o livro deixa-nos uma nota de esperança. Muitos anos no futuro, durante um simpósio sobre Gilead, os diários de Offred (aparentemente gravados em cassete, como em certa passagem da série) são analisados e debatidos, sendo mesmo posta em causa a sua veracidade e de que modo Offred os poderia ter gravado e escondido. Mas Gilead é sempre referida como uma sociedade do passado, algo de extinto que merece a pena ser estudado. O que nos diz, também não disfarçadamente, que Gilead não ganhou no fim.
Margaret Atwood escreveu uma distopia magnífica, um sucessor perfeito dos gigantes “Farenheit 451” e “1984”, e ainda por cima com um contexto muito actual.
Recomendo a toda a gente que não faça o que eu fiz: leiam o livro primeiro, até porque é curto. E depois, sim, devorem a série.
Quanto à cena da gata… vou fingir que não li. Já me perturbou mais do que o bastante.

 

domingo, 11 de junho de 2023

Sinister / A Entidade (2012)


Ellison Oswalt é um escritor de crime real que se muda, com a mulher e dois filhos pequenos, para a casa onde ocorreu o homicídio de uma família inteira. (Primeiro erro: numa história de terror nunca ninguém deve ir viver para a casa “assombrada”.) Toda a família anterior foi assassinada, com uma excepção: a filha mais nova, ainda criança, desapareceu sem deixar rasto. É este mistério que o escritor quer explorar no novo livro, que, espera ele, seja um sucesso de vendas que venha compensar a falta de êxito das suas obras mais recentes. Com a casa antiga penhorada, Ellison Oswalt não se atreve a dizer à esposa que estão a viver na residência onde ocorreu o crime.
Como pessoa racional que é, espera que o ambiente o inspire para escrever o melhor livro da sua vida (e aquele que o vai livrar das dificuldades financeiras). Mas assim que se instala no seu escritório repara numa caixa com várias bobines de vídeo: estas filmagens são os homicídios horripilantes de várias famílias anteriores em que, igualmente, só desapareceu a criança mais nova. Agora Ellison Oswalt sabe que o assassino tem acesso à sua casa, e ainda pensa chamar a polícia, mas o xerife foi tão pouco colaborativo, e o escritor precisa tanto de um êxito na sua carreira, que muda de ideias.
Mais tarde, consegue recrutar a ajuda do assistente do xerife que identifica estes outros homicídios como remontando aos anos sessenta e setenta, o que tornaria o assassino demasiado velho para continuar a cometer crimes desta natureza. (Quem viu todos os episódios de “Mentes Criminosas”, como eu vi, tem uma explicação óbvia para isto: é um aniquilador de famílias que rapta as crianças mais novas para as endoutrinar a fazer o mesmo através da Síndrome de Estocolmo e de uma lavagem cerebral apropriada).
De facto, a solução do filme passa exactamente por aquilo em que eu estava a pensar, mas com um desvio no sentido do sobrenatural.
Ora, o filme estava a ir muito bem como policial. O sobrenatural é que não chegou para me convencer. Não gostei do truque baixo de passar a maior parte do filme à noite, no escuro, enquanto o escritor percorre a casa sozinho (ou com um taco de basebol) à procura de intrusos, sem que a gente consiga ver nada do que está a acontecer. Não estou a ironizar, nos primeiros dias de permanência na casa pensei que a família ainda estava à espera de que a luz fosse ligada, tal era a escuridão constante, até durante o jantar.
Por fim, Ellison Oswalt percebe que nenhum sucesso financeiro vale mais do que a sua família e decide fugir a toda a velocidade. Mas ainda irá a tempo?
“Sinister” daria um excelente policial se não quisesse ser outra coisa, outra coisa, aliás, já tão batida e esgotada que o espectador adivinha o fim assim que começa o filme. Não é promissor. Aconselho pelo entretenimento. O fim não deixa de ser chocante, apesar de previsível.

13 em 20

domingo, 4 de junho de 2023

Wayward Pines (2015 – 2016)

Alguém se lembra da primeira temporada de “Wayward Pines”, prometida como uma mistura de “X-Files”, "Twin Peaks", ficção científica, distopia e terror? Eu também não. Mesmo assim, decidi ver a segunda e última temporada, só para saber como é que a história acabava.
Se a primeira parte de “Wayward Pines” era toda um jogo mental, entre destrinçar a realidade da mentira, entre descobrir em quem confiar ou não, a segunda parte é muito menos pretensiosa. Aqui já sabemos tudo o que precisamos de saber.
A cidade de Wayward Pines, com cerca de 1500 habitantes mantidos em criogenia até ao ano 4000 e tal, é o último reduto da raça humana. Fora dos seus limites, os seres humanos sofreram mutações genéticas que os transformaram em aberrações, com dentes e garras e tudo, e são donos do mundo. O problema de Wayward Pines é sobreviver.
Se na primeira temporada os dirigentes da cidade nos pareciam fascistas, agora vemos as coisas pelo outro lado. O objectivo é “frutificar”, aumentar o número de sobreviventes para terem alguma hipótese, e assegurar comida para todos. Nestas circunstâncias o que nos parecia fascismo assemelha-se mais a Lei Marcial. O que não quer dizer que não haja atropelos. As meninas são incentivadas a ter filhos assim que têm o período, preparadas ou não. É uma violência. Assegurar a sobrevivência da humanidade não implica cair na desumanidade. A resistência ainda existe, cada vez mais fraca, até ser completamente arrasada. Nesta altura já não há muito a que resistir, diga-se a verdade.
As colheitas estão fora da vedação e é perigoso ir buscá-las. Com os números de sobreviventes a aumentar, é necessário procurar mais locais de plantação. A comida é racionada. Pouca gente se preocupa a sério com este problema.
De repente, todas as aberrações desaparecem de vista e os sobreviventes julgam ter uma oportunidade. Mas subestimaram os novos habitantes da Terra. Quando estes regressam, muito mais inteligentes do que os julgavam, queimam todas as colheitas já existentes. Parece ser o fim da humanidade como a conhecemos.
A segunda temporada de “Wayward Pines” é isto, uma última comunidade de seres humanos a tentar sobreviver numa situação periclitante e cada vez mais improvável. Mesmo assim conseguiram atingir-me directamente nos sentimentos com uma revelação que ninguém esperava.
Penso que a premissa podia ter sido muito mais bem aproveitada mas não tenho a certeza se “Wayward Pines” julgava que ia ser renovada ou não. Todos os sobreviventes da primeira temporada são rapidamente despachados em meia dúzia de episódios, até os principais. O fim é ambíguo e frustrante. Apesar de tudo indicar que alguém tinha um plano infalível para dizimar as aberrações com um cocktail de doenças infecciosas, parece que estes não só sobreviveram mas agora estão a procriar com os seres humanos dando origem a uma nova espécie? Estou a especular, porque não sabemos. O objectivo seria renovar ou era mesmo para acabar assim?
Aconselho esta temporada a quem gosta de distopia e histórias de sobrevivência, sem grandes expectativas.

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