domingo, 7 de setembro de 2025

Faro (2025)


Um importante advogado de Faro aparece assassinado, vestido em roupa bondage, amarrado ao mastro do seu próprio veleiro. Quem o matou, e porquê? Dois inspectores da Polícia Judiciária começam a investigação.
"Faro" é um policial muito bem feito, que consegue também abordar temas actuais como a imigração, a corrupção, a especulação imobiliária. 
Ao mesmo tempo, "Faro" remete ao período pós-revolução em que terrenos foram ocupados ilegalmente para construir casas, neste caso na ilha de Faro. (Por acaso não sabia que as ocupações tinham acontecido até tão tarde.) Um grupo de investimentos quer comprar todas as habitações da ilha para construir um grande resort turístico. Um dos moradores, Zé Maria, recusa-se a vender. Quando as ofertas não resultam, os investidores recorrem à violência.
A narrativa é simples e escorreita, mas as questões abordadas são complexas e controversas. No decurso da série são apresentados ambos os lados da moeda.
Gostei da narrativa directa, dirigida ao desvendar do mistério, sem se perder em dramatismos desnecessários neste tipo de enredo. Confesso que desde o primeiro episódio tinha uma ideia mais ou menos formada de quem tinha matado o advogado e que me surpreendeu a quantidade de outros suspeitos que foram aparecendo, todos eles com motivo e oportunidade. Só se descobre ao certo no último episódio, e faz sentido. 
Até não tencionava ver a série uma segunda vez, porque foi tão fácil de seguir o enredo, quando me surgiu uma dúvida. Essa dúvida ficou esclarecida, mas ao segundo visionamento surgiu-me outra. Porque é que Marta se interessou por Ernesto, o filho do advogado? Da primeira vez pensei que fosse ele que tivesse as gravações. Sendo assim, pode ter havido muitas motivações, mas não percebi exactamente o porquê.
Também tenho algumas questões quanto à casa de bondage/SM. Admito que não conheço a cena "à portuguesa", se é que isso existe, mas do que conheço da cena em geral não é um sítio onde qualquer pessoa vá tomar uns copos. São clubes com muitas regras, alguns onde só se entra por convite e com "recomendação", não é "porta aberta". Fiquei um bocadinho perplexa porque toda a gente lá ia. Não estou mesmo a imaginar um engenheiro Seabra num sítio desses, a não ser que não seja só uma casa de bondage...
"Faro" é uma série que se vê muito bem e um mistério interessante e bastante português. Recomendo vivamente.

Por último, e só para não dizerem que sou uma marreta a bater sempre na mesma tecla, esta série NÃO tem problemas de som. Contra factos não há argumentos.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: policial, crime, História

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