domingo, 11 de junho de 2023

Sinister / A Entidade (2012)


Ellison Oswalt é um escritor de crime real que se muda, com a mulher e dois filhos pequenos, para a casa onde ocorreu o homicídio de uma família inteira. (Primeiro erro: numa história de terror nunca ninguém deve ir viver para a casa “assombrada”.) Toda a família anterior foi assassinada, com uma excepção: a filha mais nova, ainda criança, desapareceu sem deixar rasto. É este mistério que o escritor quer explorar no novo livro, que, espera ele, seja um sucesso de vendas que venha compensar a falta de êxito das suas obras mais recentes. Com a casa antiga penhorada, Ellison Oswalt não se atreve a dizer à esposa que estão a viver na residência onde ocorreu o crime.
Como pessoa racional que é, espera que o ambiente o inspire para escrever o melhor livro da sua vida (e aquele que o vai livrar das dificuldades financeiras). Mas assim que se instala no seu escritório repara numa caixa com várias bobines de vídeo: estas filmagens são os homicídios horripilantes de várias famílias anteriores em que, igualmente, só desapareceu a criança mais nova. Agora Ellison Oswalt sabe que o assassino tem acesso à sua casa, e ainda pensa chamar a polícia, mas o xerife foi tão pouco colaborativo, e o escritor precisa tanto de um êxito na sua carreira, que muda de ideias.
Mais tarde, consegue recrutar a ajuda do assistente do xerife que identifica estes outros homicídios como remontando aos anos sessenta e setenta, o que tornaria o assassino demasiado velho para continuar a cometer crimes desta natureza. (Quem viu todos os episódios de “Mentes Criminosas”, como eu vi, tem uma explicação óbvia para isto: é um aniquilador de famílias que rapta as crianças mais novas para as endoutrinar a fazer o mesmo através da Síndrome de Estocolmo e de uma lavagem cerebral apropriada).
De facto, a solução do filme passa exactamente por aquilo em que eu estava a pensar, mas com um desvio no sentido do sobrenatural.
Ora, o filme estava a ir muito bem como policial. O sobrenatural é que não chegou para me convencer. Não gostei do truque baixo de passar a maior parte do filme à noite, no escuro, enquanto o escritor percorre a casa sozinho (ou com um taco de basebol) à procura de intrusos, sem que a gente consiga ver nada do que está a acontecer. Não estou a ironizar, nos primeiros dias de permanência na casa pensei que a família ainda estava à espera de que a luz fosse ligada, tal era a escuridão constante, até durante o jantar.
Por fim, Ellison Oswalt percebe que nenhum sucesso financeiro vale mais do que a sua família e decide fugir a toda a velocidade. Mas ainda irá a tempo?
“Sinister” daria um excelente policial se não quisesse ser outra coisa, outra coisa, aliás, já tão batida e esgotada que o espectador adivinha o fim assim que começa o filme. Não é promissor. Aconselho pelo entretenimento. O fim não deixa de ser chocante, apesar de previsível.

13 em 20

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