Alguém se lembra da primeira temporada de “Wayward Pines”, prometida como uma mistura de “X-Files”, "Twin Peaks", ficção científica, distopia e terror? Eu também não. Mesmo assim, decidi ver a segunda e última temporada, só para saber como é que a história acabava.
Se a primeira parte de “Wayward Pines” era toda um jogo mental, entre destrinçar a realidade da mentira, entre descobrir em quem confiar ou não, a segunda parte é muito menos pretensiosa. Aqui já sabemos tudo o que precisamos de saber.
A cidade de Wayward Pines, com cerca de 1500 habitantes mantidos em criogenia até ao ano 4000 e tal, é o último reduto da raça humana. Fora dos seus limites, os seres humanos sofreram mutações genéticas que os transformaram em aberrações, com dentes e garras e tudo, e são donos do mundo. O problema de Wayward Pines é sobreviver.
Se na primeira temporada os dirigentes da cidade nos pareciam fascistas, agora vemos as coisas pelo outro lado. O objectivo é “frutificar”, aumentar o número de sobreviventes para terem alguma hipótese, e assegurar comida para todos. Nestas circunstâncias o que nos parecia fascismo assemelha-se mais a Lei Marcial. O que não quer dizer que não haja atropelos. As meninas são incentivadas a ter filhos assim que têm o período, preparadas ou não. É uma violência. Assegurar a sobrevivência da humanidade não implica cair na desumanidade. A resistência ainda existe, cada vez mais fraca, até ser completamente arrasada. Nesta altura já não há muito a que resistir, diga-se a verdade.
As colheitas estão fora da vedação e é perigoso ir buscá-las. Com os números de sobreviventes a aumentar, é necessário procurar mais locais de plantação. A comida é racionada. Pouca gente se preocupa a sério com este problema.
De repente, todas as aberrações desaparecem de vista e os sobreviventes julgam ter uma oportunidade. Mas subestimaram os novos habitantes da Terra. Quando estes regressam, muito mais inteligentes do que os julgavam, queimam todas as colheitas já existentes. Parece ser o fim da humanidade como a conhecemos.
A segunda temporada de “Wayward Pines” é isto, uma última comunidade de seres humanos a tentar sobreviver numa situação periclitante e cada vez mais improvável. Mesmo assim conseguiram atingir-me directamente nos sentimentos com uma revelação que ninguém esperava.
Penso que a premissa podia ter sido muito mais bem aproveitada mas não tenho a certeza se “Wayward Pines” julgava que ia ser renovada ou não. Todos os sobreviventes da primeira temporada são rapidamente despachados em meia dúzia de episódios, até os principais. O fim é ambíguo e frustrante. Apesar de tudo indicar que alguém tinha um plano infalível para dizimar as aberrações com um cocktail de doenças infecciosas, parece que estes não só sobreviveram mas agora estão a procriar com os seres humanos dando origem a uma nova espécie? Estou a especular, porque não sabemos. O objectivo seria renovar ou era mesmo para acabar assim?
Aconselho esta temporada a quem gosta de distopia e histórias de sobrevivência, sem grandes expectativas.
ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA : uma vez
domingo, 4 de junho de 2023
Wayward Pines (2015 – 2016)
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