quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Quem tem medo da morte não merece estar vivo

Os não-fumadores estão a começar a meter-me raiva.

Estão dois drogados a dar um chuto num casebre abandonado. Entra outro e acende um cigarro.
- Ò dá de frosques, não podes fumar aqui que é um espaço público! Queres-te matar mata-te lá fora, ò malcheiroso!

Já há muito tempo que os não-fumadores se estão a esticar. Não falo de espaços fechados. Falo das caras de enjoo nas filas para o autocarro, as velhas a tossir a fingir que têm bronquite, e outras que tais que um dia se me apanham do avesso ainda ficam sem dentes que a paciência tem limites e eu sou do signo Touro que vai enchendo até rebentar.

Já há muito tempo que é proibido fumar nos espaços onde trabalho. Restaurantes e cafés, cinemas e teatros, com a crise que está, todas as razões para não pôr lá os pés são boas razões. E sejamos francos. Malta dos cafés e dos restaurantes já não querem lá os clientes a fazer sala à volta da bica. Querem é servir sopas, sandes, pregos no prato ao balcão, fechar às 6 da tarde que ala que se faz tarde, e pôr a gente toda a andar depois de consumir.
Para ir conversar com amigos restam os bares. Esta é que é a razão da minha raiva. Ninguém deixa de sair à noite por causa do fumo. Quem quer saúde vai ao ginásio. Ò meus amigos, os bares são para a má vida! Não se ponham a pau e ainda nos proibem de beber álcool! O quê, riem? Foi assim que Al Capone fez fortuna. Lei Seca.
Quem vai a um bar e não fuma, e possivelmente não bebe, vai ao bar para quê? *bate na testa* Que burra que eu sou! Vai ao engate! E não se esquece de levar preservativo, por causa das doenças. Conheci um homem assim, daqueles que não andam nos transportes públicos por causa dos germes. Há de facto uma doença, uma doença mental que não tem cura. Como se não bastasse já a percentagem de tarados na noite lisboeta, só cá nos faltam os health freaks!

Até já estava a ficar muito zangada com as perspectivas desta invasão de gajos tarados, quando o presidente da ASAE, uma das entidades que irá fiscalizar a aplicação da lei que proibe o fumo em espaços fechados de utilização pública, foi fotografado pelo Diário de Notícias (DN) a fumar uma cigarrilha no Casino do Estoril às 02.30 da manhã do dia 01 de Janeiro.
A mim lembra-me aquela "mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo" ou ainda aquela "faz o que eu digo, não faças o que eu faço". Isto da leis é o para o Zé Povinho, até porque diz o figurão: "Em explicações ao DN, António Nunes considerou que a nova lei «não proíbe expressamente o tabaco nos casinos e nas salas de jogos», justificando com a existência de um conflito de interesses com a lei do jogo, que contudo, não faz qualquer referência ao consumo de tabaco."
E o charuto, pode meter-se na boca? Chupar no cachimbo, pode-se? Se calhar a lei é omissa. Agora já sei que posso fumar no Casino. É bem. Probir aqueles jogadores viciados de fumar ainda lhes curava o vício... de jogar. E isso não pode ser. Olha o dinheirinho que se perde. Isto há espaços públicos, para o Zé Enrabado, e espaços finos, para a elite!

Entretanto, estava um casal a foder a um canto de uma discoteca, no escurinho. Quando se vêm, ambos acendem um cigarro. O segurança, que estava a topar tudo, chega-se ao pé deles e diz:
- Amigos, aqui não se pode fo... fumar.

2 comentários:

Ashera disse...

Excelente!
Não fumadores e ex-fumadores são pessoas muito limpas, só os "fumeus" é que cheiram mal.
Nas portas dos cafés avisam:
PROIBIDO CÃES
PROIBIDO FUMADORES
Não está tudo dito?
Um bom 2008 para ti
Beijos

katrina a gotika disse...

É um insulto para os cães. :D