terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Heist / Autocarro 567 (2015)

Quem conhece este blog sabe que geralmente não vejo nem gosto de filmes de acção, mas este tem um pano de fundo dramático. E, para começar, há duas grandes razões para o ver: Jeffrey Dean Morgan e Robert De Niro.
Jeffrey Dean Morgan (John Winchester, Negan) é Vaughn, funcionário de casino, que tem uma filha a precisar urgentemente de uma operação que o pai não consegue pagar. Em desespero de causa, vai pedir um empréstimo ao patrão, Robert De Niro, que lhe diz que o casino é um negócio e não uma caridade. Pior um pouco. Quando Vaughn se exalta, apelando à lealdade que sempre demonstrou no seu emprego, o patrão despede-o. Robert De Niro faz o papel de um mafioso do piorio a quem chamam The Pope (papel que De Niro faz de perna às costas, há que dizê-lo) que usa o casino para lavar dinheiro (para que outra coisa serve um casino?).
Sabendo disto, Vaughn e alguns colegas decidem roubar o casino, no que seria um trabalho fácil e “interno”, mas as coisas correm mal e os assaltantes têm de fugir sequestrando um autocarro que ia a passar e todos os seus passageiros. (No fim questionamos se o aparecimento deste autocarro foi mesmo uma coincidência ou se fazia parte do plano mas… spoiler.)
Perseguidos pela polícia e pelos capangas do casino, bem como por um polícia corrupto a soldo de Pope, um dos assaltantes quer começar a matar reféns, no que é detido por Vaughn, a voz da calma e da razão. Afinal, ele precisa mesmo de sair dali com o dinheiro para salvar a vida da filha.
“Heist” não é uma obra-prima (apesar da presença do peso-pesado Robert De Niro) e muitas vezes parece demasiado “Velocidade Furiosa” para o meu gosto, mas é interessante e vê-se bem. Quando dão diálogos de jeito aos actores, tanto Jeffrey Dean Morgan como Robert De Niro mostram o que valem. Achei o final um pouco irrealista e “conto de fadas”, mas ninguém quer ver o herói fracassar, pois não?

12 em 20


domingo, 23 de fevereiro de 2025

Halloween (2018)


Estava muito empolgada com este filme porque nos apresenta uma Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) 40 anos mais velha e um Michael Myers igualmente envelhecido (a máscara desgastada, pelo menos, porque nunca lhe vemos a cara). Mas desde logo deparei-me com algumas perplexidades:
1) Michael Myers está há 40 anos internado num hospital psiquiátrico de alta segurança; mas ele não tinha morrido numa das sequelas, ou não era uma entidade sobrenatural que não morria?
2) o filme refere-se sempre “àquela noite” (a primeira noite em que Michael Myers fez a sua aparição e respectivos assassinatos); então e os outros “Halloweens” todos?
Só ao ler as críticas fiquei informada. Este filme simplesmente ignora todas as outras sequelas, intitulando-se a única sequela depois do filme original de 1978.
Portanto esqueçam tudo o que viram na catrefada de sequelas de “Halloween”. Para este filme, nada disso aconteceu.
De acordo com esta narrativa, a seguir aos acontecimentos de 1978, Michael Myers foi internado num hospital psiquiátrico para ser estudado, onde permaneceu durante 40 anos sem dizer uma palavra.
Por outro lado, Laurie Strode utilizou esse tempo para se preparar para o regresso de Myers, tipo Sarah Connor no “Exterminador Implacável”: vive numa casa cercada de vedação e vigilância electrónica, tem uns sete ferrolhos na porta e uma cave a abarrotar de armas e munições. Mas Laurie é uma mulher traumatizada, divorciada duas vezes, com uma má relação com a única filha que a acusa de lhe ter destruído a infância a tentar treiná-la e prepará-la para enfrentar Myers. Actualmente a filha quase não lhe fala, mas a neta Allyson não cortou os laços com a avó.
Entretanto, no hospital psiquiátrico, dois jornalistas/podcasters visitam Michael Myers (completamente acorrentado e isolado) e o seu médico, no intuito de escreverem um artigo sobre ele, no que parece um piscar de olho a “O Silêncio dos Inocentes”. O médico informa-os de que o Estado já desistiu de estudar Myers devido à sua falta de cooperação e que o vão transferir para instalações muito piores. Ora, acontece que decidem transferi-lo precisamente no dia de Halloween. Michael Myers consegue escapar durante a transferência e dirige-se direitinho na direcção de Laurie e da sua família.
Fiquei um bocado chocada ao ler críticas a queixar-se de que o filme não é assustador o suficiente. Bem, não se podia esperar o impacto do original, pois não? Mas quanto a violência, não me lembro de um “Halloween” tão gratuitamente violento como este. Myers mata os jornalistas que o visitaram, e depreendo que o faça porque estes o provocaram com a máscara para tentar obter uma reacção. Pelo caminho mata indiscriminadamente e aparentemente sem razão, inclusive uma criança a quem parte o pescoço e a quem não precisava de matar. É difícil ver essa cena, admito. Mesmo que o miúdo fosse uma testemunha, por aquela altura já toda a gente sabia que Myers tinha escapado e que carro tinha usado na fuga porque ele acabara de matar o dono do veículo também. Logo, o miúdo foi uma morte escusada, como muitas outras que se seguirão. Myers está mais perigoso do que nunca. Se é assustador? A nível de surpresa, ou até mesmo a nível de uma hipotética possibilidade sobrenatural, não. Mas a nível de pensarmos que um psicopata qualquer nos pode entrar em casa e matar-nos (sem qualquer motivo) com uma faca da nossa própria cozinha, sim. Mas obviamente que o objectivo último de Myers é Laurie, e de preferência a família dela também, como bónus, e Laurie está à espera dele. Na verdade, esteve à espera dele durante 40 anos, a ponto de se encontrar igualmente bastante neurótica.
Gostei deste aprofundamento da personagem de Laurie como uma mulher marcada e traumatizada que vive em função do que lhe aconteceu e não o consegue ultrapassar, mas admito que não gostei que o mesmo não fosse feito também com Michael Myers. Esta sequela é mais séria a nível psicológico do que todas as outras (incluindo o original), mas Michael Myers continua a não ter personalidade excepto a máscara e a faca. Até o Exterminador Implacável tinha mais personalidade do que Myers. Tal como vimos uma evolução em Laurie, eu gostaria de ter visto uma evolução igual em Myers.
Aliás, o filme continua a não conseguir decidir se Myers é uma entidade sobrenatural ou não. A princípio é-nos apresentado como apenas mais um serial killer, mas ao longo do filme, como já acontecia nas sequelas, Myers sofre ferimentos a que nenhum ser humano sobreviveria, muito menos continuar a andar e a matar, já para não falar da grande força muscular que ele apresenta. Há uma cena em especial, no hospital psiquiátrico, em que um dos jornalistas tenta aliciar Myers a falar mostrando-lhe a máscara, e no momento em que a máscara é exibida os outros pacientes ficam muito agitados e até os cães de guarda desatam a uivar. Ora, isto são reacções que sugerem uma máscara com poderes sobrenaturais, mas todo o filme nos tenta convencer de que Myers é o puro Mal, mas um Mal humano, não sobrenatural. No entanto, uma pessoa má e uma máscara velha não fazem cães uivar de medo. Então, em que é que ficamos? Myers não pode ser apenas humano às 2ªs, 4ªs e sábados e sobrenatural às 3ªs, 5ªs e domingos, conforme dá jeito. O filme anda por ali na corda bamba e muitas vezes, na minha opinião, estatela-se no chão.
Por outro lado, Laurie Strode é muito humana, especialmente nesta sua encarnação como mulher madura, mãe e avó. Como humana que é, e retratada como durona, comete erros. Eu não esperava de uma civil a perícia de uma Clarice Sterling agente do FBI, mas são mesmo erros de palmatória. Quando nos dizem que ela tem uma casa blindada e uma cave segura, pensei mediatamente num bunker de cimento. Mas não. É apenas uma cave com tecto de madeira, e com tais frestas no tecto que se consegue ver o andar acima. Isto não é uma cave segura. Se Michael Myers não fosse tão obcecado por facalhões poderia muito bem incendiar a cave com toda a gente lá dentro (o que vai ser importante mais à frente).
Outro erro crasso de Laurie é andar à procura de Myers dentro de casa com uma espingarda enorme, em espaços apertados e escuros. Se ele lá estivesse poderia subjugá-la facilmente, de surpresa, agarrando-lhe o cano da espingarda. O que se precisava aqui era de uma pistola. Enfim, Laurie Strode não é nenhuma Clarice Sterling e muito menos uma Sarah Connor, excepto pela paranóia.
No geral gostei do filme, mas achei que ficou muita coisa interessante por explorar.

14 em 20

 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

The Conjuring 2 / A Evocação (2016)


Este foi o tal filme que eu perdi entre “The Conjuring” e “The Nun”, mas afinal não perdi grande coisa. “The Conjuring 2” é uma sequela menos interessante do que o original, completamente esquecível e cheia de clichés, para não dizer mesmo cópias. Se “The Conjuring” era um remake fingido de “Amityville”, “The Conjuring 2” é uma imitação pobrezinha de “O Exorcista”. Tudo baseado em factos verídicos, dizem eles.
Falando de Amytiville, é lá que o filme começa. O casal de investigadores do paranormal Ed e Lorraine Warren são chamados à mansão para tentarem corroborar as alegações da família Lutz (os que lá moraram depois dos assassinatos de Ron Defeo) de que a casa estava assombrada. Sobre isto não nos é dada uma resposta, mas, enquanto lá está, Lorraine tem uma visão da Freira Maldita (“The Nun”) e uma premonição da morte de Ed que a faz desejar afastar-se do mundo do paranormal “por uns tempos”.
Entretanto, em Londres, uma mãe divorciada com quatro filhos e dificuldades financeiras (isto é verdadeiro terror!) começa a acreditar nos relatos dos filhos de que algo de sobrenatural se passa na casa: pancadas nas paredes, camas a tremer, objectos que se movem sozinhos. A mais afligida é a filha de 11 anos, Janet, que curiosamente andou a tentar contactar espíritos com uma Ouija Board improvisada (olá Regan de “O Exorcista”!). Janet começa por ser assombrada por um espírito da casa e acaba a levitar no tecto.
E quem é este espírito? Um velho de 72 anos que diz aos miúdos “vão-se embora, a casa é minha” e que muda o canal de televisão para ver a Margaret Thatcher (não inventei, juro, mas é terror do mais assustador!). Isto passa-se durante a primeira hora do filme. Por esta altura eu já me perguntava se isto era uma comédia disfarçada de filme de terror, até porque já não é a primeira vez que me rio com um filme de James Wan. (Será que ele faz de propósito para nos fazer rir? Pelo menos desta vez não apareceu o diabo chifrudo, o que já é um progresso.)
A família pede ajuda à igreja, que pede ajuda aos Warren para irem a Londres investigar o caso. Lorraine não quer ir, devido ao tal aviso, mas acaba por ceder ao sentido de dever para com a família atormentada. Quando lá chegam, a miúda de 11 anos parece estar possuída pelo velho (porcalhão!) que fala pela boca dela com a voz dele. É ele quem nos conta que costumava viver ali antes de morrer e que por isso assombra a família.
De repente, uma reviravolta. Afinal não é o velho que atormenta a família. O velho está sob controlo do demónio Valak que se apresenta na figura da Freira Maldita por motivos que só vamos perceber em “The Nun”. Isto já não é uma série de sequelas, é uma telenovela.
Cada vez percebo menos o apelo dos filmes de James Wan, cada vez mais imitações/decalques dos verdadeiros clássicos. “The Conjuring 2” não teve nada que me fizesse interessar, muito menos ter medo. O fantasma do velho era ridículo. Até a Freira Maldita, olho para ela e só consigo ver o Marilyn Manson com mais maquilhagem. E o filme é enorme, umas duas horas e meia para imitar (mal) “O Exorcista”. Se calhar a culpa é minha. Já vi demasiados filmes de terror de qualidade para me deixar impressionar por esta pobreza de ideias.
Por falar em exorcista, a única cena verdadeiramente empolgante é o exorcismo de emergência que Lorraine Warren (a poderosa Vera Farmiga) tem de improvisar e que conseguiu correr efectivamente com o demónio Valak. Isto é, até à próxima sequela, presumo.

12 em 20

 

domingo, 16 de fevereiro de 2025

The Last Kingdom (2015 - 2022) [primeira temporada]

Aos 11 anos, Uhtred, filho de um nobre da Northumbria, é raptado por vikings durante um raide e criado como dinamarquês. Earl Ragnar, o seu amo, reconhece-o mais tarde como filho adoptivo. No entanto, quando Ragnar é vítima de traição e toda a família é assassinada, Uhtred regressa ao mundo saxão na tentativa de reconquistar as suas terras e o seu título usurpado pelo tio. Para tal, tem de abandonar os costumes vikings e conquistar o favor do rei Alfred de Wessex. Por esta altura, os vikings (a quem os saxões chamam, indiscriminadamente, dinamarqueses) já tinham invadido toda a Bretanha excepto Wessex, o "último reino".
Entrar no mundo de "The Last Kingdom" pode ser confuso para quem viu (sofreu) "Vikings" até ao fim. Acredito que quem viu "Vikings" primeiro, como eu, passe o primeiro episódio inteiro à procura de Ragnar Lothbrok. E de facto existe um Earl Ragnar, e o seu filho Ragnar Lothbrokson, e existe um Ubba irmão de Ivar (esse, sim, o mesmo Ivar o Sem Ossos de "Vikings" que historicamente morreu na Irlanda, se bem que aqui nem o cheguemos a ver), mas nenhuma destas personagens é o lendário Ragnar Lothbrock ou sequer parente dele (embora Ubba e Ivar fossem, mitologicamente, filhos de Ragnar e parte do Grande Exército Pagão que invadiu a Bretanha para vingar a morte dele num poço de víboras). E também existe um rei Egbert, e um rei Alfred, e um rei Athelred, mas nenhum deles se assemelha aos de "Vikings", apesar de Alfred ser efectivamente o mesmo, Alfredo o Grande.
Ao ler críticas a "Vikings", muitas vezes encontrei comentários a dizer que "The Last Kingdom" é uma série melhor. Na minha opinião não é melhor nem pior, é apenas diferente. Embora ambas as séries se refiram ao mesmo período histórico, a invasão/conquista da Bretanha pelos vikings, "Vikings" centra-se na perspectiva viking enquanto que "The Last Kingdom" se centra na perspectiva saxã. Como tal, uma vez que estes acontecimentos foram registados por cronistas britânicos, The Last Kingdom" é também uma série mais histórica. "Vikings" é a história de Ragnar Lothbrok e seus filhos, todos eles envoltos em mitos e lendas, muitas vezes contraditórios entre si, não obstante serem também mencionados nos registos históricos (como no caso de Ivar na Irlanda, por exemplo). Em suma, o que realmente sabemos de Ragnar e seus filhos é o que se encontra nos registos saxões, pela pena dos seus inimigos, o que também não garante imparcialidade.
Comparando as duas séries, no entanto, "The Last Kingdom" prova que é possível fazer uma série de vikings com cabeça, tronco e membros, com personagens fortes e carismáticas, com a brutalidade e a carnificina que o tema exige (cabeças cortadas, violações, inimigos mortos pregados a estacas, etc), com drama e humor, mas sem a porno-tortura de Michael Hirst que tornava "Vikings" intragável. Não digo que "Vikings" fosse uma série má, digo que a porno-tortura era dispensável. Depois do sadismo de "Vikings", "The Last Kingdom" até parece uma série "levezinha".
Voltando pois a "The Last Kingdom", é significativo que o protagonista se chame Uhtred, um nome portentoso. Uhtred foi o pai do rei Arthur. Criado como viking, Uhtred nunca se esqueceu das suas raízes saxãs, mas estará para sempre dividido entre os dois mundos, visto como viking pelos saxões e como saxão pelos vikings. Determinado, impulsivo, impaciente, Uhtred não é completamente simpático como protagonista e às vezes irrita-nos (e às mulheres dele) com as escolhas que toma e que não o beneficiam nada, pelo contrário, só o afastam mais dos seus objectivos, e tudo devido à sua teimosia e orgulho de viking. Por outro lado, Alfred, um rei inteligente, reconhece nele o trunfo de ter ao seu lado um guerreiro que compreende o inimigo, um conhecimento inestimável à altura.
Gostei desta temporada principalmente porque se nota um grande cuidado na caracterização histórica, desde o guarda-roupa à comida e aos interiores. A grande batalha do último episódio é épica, está muito bem coreografada e percebe-se.
Por falar nisso, muita gente comparou esta série, no início, a "Guerra dos Tronos", mas eu notei mais semelhanças com "O Senhor dos Anéis". Ou melhor, dando a volta toda até ao princípio, estes acontecimentos históricos é que inspiraram Tolkien, que por sua vez inspirou George R. R. Martin e todos os autores de Fantasia, assim é que está certo.
"The Last Kingdom" vale mesmo a pena ver por todos os amantes de História e do período viking em particular. Voltarei a esta série quando terminar de vê-la, se se justificar.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: Vikings, drama histórico


terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

The Rental / O Segredo do Refúgio (2020)


Dois casais decidem alugar uma mansão à beira-mar para um fim-de-semana relaxante (do tipo “alojamento local” de luxo). O enredo que se segue podia ser um daqueles filmes de matar adolescentes mas acho que foi uma ideia inteligente fazê-lo com pessoas perto dos 30 anos, que já têm muito a perder.
Charlie e Mina são sócios e muito chegados, tão chegados que a princípio dá a entender que são um casal. Na verdade, Charlie vive com Michelle e Mina namora com o irmão de Charlie, Josh. Na sequência de um grande sucesso profissional, Charlie e Mina têm a tal ideia de um fim-de-semana de luxo. Assim que chegam ao local, são confrontados por um caseiro (que se diz irmão do proprietário) que lhes entrega as chaves e faz alguns comentários racistas sobre Mina por esta ter um nome árabe. Este caseiro presta-se em tudo para ser o vilão da história, mas será que é mesmo?
Na primeira noite, enquanto Michelle dorme depois de uma semana cansativa e Josh desmaia de bêbedo no sofá, Charlie e Mina, os sócios, acabam mesmo por fazer sexo no duche, um “erro” reconhecido por ambos que nenhum quer repetir. No entanto, no dia seguinte, Mina descobre uma câmara escondida no chuveiro e muitas mais pela casa toda. Obviamente não querem chamar a polícia para que os respectivos cônjuges não vejam o que se passou no duche, mas não conseguem evitar revelar a presença das câmaras escondidas pela casa. Decidem, em vez disso, ir-se embora.
Josh, namorado de Mina, que já tinha cadastro criminal por agressão, apanha o tal caseiro, a quem julga o voyer, e dá-lhe tantos murros que o mata mais ou menos acidentalmente. Agora os casais tentam livrar-se do corpo, com a única oposição de Michelle. Mas será que mataram o homem certo e que o perigo acabou? Não.
“The Rental” é um bom filme sobre consequências, dentro do género, e por isso gostei que as decisões não caíssem nos ombros de adolescentes mas de adultos que deviam saber o que fazem.
O final promete uma sequela mas não estou muito entusiasmada quanto a isso.

13 em 20

 

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Red: Werewolf Hunter / Red: Caçadora de Lobisomens (2010)

Este filme é como ver um episódio de “Sobrenatural” com Felicia Day (Charlie) e tudo, mas sem Sam e Dean e Castiel. O que podia não ser mau, especialmente agora que “Sobrenatural” chegou ao fim, se o filme conseguisse estar à altura, mas infelizmente é só o aproveitamento da ideia para fazer dinheiro nem nenhum do peso ou impacto do original. Não é por nada que os criadores de “Sobrenatural” tentaram pelo menos duas spin-offs, “Bloodlines” e “Wayward Girls”, sem que nunca tenham passado do episódio piloto. Faltava a magia, o peso, o drama dos Winchesters.
Mas vamos lá ao enredo.
Charlie… desculpem, Red, faz parte de uma família de caçadores de lobisomens. Estes caçadores, em métodos e cultura, são exactamente os mesmos de “Sobrenatural”. Aliás, quem vir este filme sem o contexto de “Sobrenatural” vai pensar que a família de Red são todos uns assassinos sem coração que não têm qualquer escrúpulo em matar um deles se este estiver em risco de se transformar em lobisomem, espécie com a qual têm uma trégua temporária. Foi assim que a série os retratou, desde Red à avó de família. Red vai a casa apresentar o namorado. Assim que este é mordido por um lobisomem, ela mata-o, kaput. Um grande amor, sem dúvida. Ora, se pensarmos na quantidade de vezes que Sam e Dean fizeram pactos com demónios e foram literalmente ao inferno para se salvarem um ao outro, podemos ver a diferença.
Felicia Day, filha, sei que todos temos de ganhar a vida, mas foi por isto que Charlie teve de morrer abrupta e estupidamente em “Sobrenatural”, para fazer filmes destes?
Como fã de “Sobrenatural”, confesso, fiquei irritada. Quem vir apenas este filme vai ficar com uma ideia completamente errada da série. “Red: Werewolf Hunter” limita-se a copiá-la (e mal) e a capitalizar à custa de “Sobrenatural”. Não gostei de todo.

10 em 20 (por causa de Felicia Day, isto é, Charlie)

 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Shark Night 3D / Medo Profundo (2011)


Estava eu aqui a queixar-me no outro dia que os filmes de tubarões parecem todos iguais quando este aparece com uma reviravolta.
Mas não nos entusiasmemos. “Shark Night 3D” é muito mau, incrivelmente mau. Nos primeiros 30 minutos eu estava a pensar que este filme não devia ter sido feito em 1D, nem em 2D e muito menos em 3D.
“Shark Night 3D” começa como todos os outros filmes do género: meia dúzia de adolescentes vão passar um fim-de-semana à casa de campo de uma colega/amiga no Luisiana, à beira de um lago de água salgada, no intuito de beber, fornicar e tomar drogas, mas o lago tem tubarões e um dos jovens é prontamente atacado. Aqui começa logo a estupidez. O rapaz perde um braço mas não podem chamar uma ambulância porque os telemóveis não apanham rede (o que eles já sabiam) e a casa isolada (que é uma casa de família dos pais da rapariga, outra geração, portanto) não tem um telefone fixo? Nem sequer um rádio para as emergências? Custa-me a crer.
De seguida, o rapaz que perdeu o braço decide voltar à água para se vingar do tubarão, porque no bairro dele paga-se “olho por olho”, como se o tubarão fosse um grande gangsta de esquina. Escusado será dizer que o rapaz acaba por perder mais do que um braço...
Como é que os tubarões apareceram no lago, tão longe do mar? Uma das teorias dos adolescentes é que foram transportados para lá por uma inundação num dos últimos furacões. E é aqui que o filme de tubarões se torna numa espécie de “Deliverance” (quem não viu “Deliverance”, filme de 1972 com Jon Voight, Burt Reynolds e Ned Beatty, vá já correr a ver, até por uma questão de cultura geral para além da cinematográfica).
Basicamente, um grupo de pacóvios racistas e ressentidos descobriram nos tubarões uma maneira de se “vingarem” dos miúdos privilegiados da cidade. Pronto, era a reviravolta e eu queria falar de “Deliverance”, mas não há muito mais a dizer.

11 em 20 (porque não mataram o cão, desculpem o spoiler)


domingo, 2 de fevereiro de 2025

1899 (2022)

O navio Kerberos, à semelhança do Titanic, viaja para a América com passageiros de primeira e segunda classe. Entre eles Maura Franklin, médica inglesa a quem não é permitido exercer a profissão por ser mulher. Depressa percebemos que todas as personagens principais, tal como Maura, têm segredos no seu passado, e que todos receberam um estranho envelope com a promessa "o que se perdeu será (re)encontrado".
A meio da viagem, o Kerberos recebe um telegrama com coordenadas que parecem provir do Prometheus, um outro navio da mesma companhia desaparecido no mar há quatro meses. Quando o Kerberos o aborda, o Prometheus é um navio fantasma, sem passageiros nem tripulação excepto um rapaz que se recusa a falar. O telégrafo foi destruído, então quem é que estava a mandar as mensagens?
Não é um spoiler dizer que neste navio nada é o que parece. Percebemos logo, desde os primeiros minutos, que algo de muito bizarro se passa a bordo. O próprio som de fundo, que por vezes nos chega distorcido como uma má transmissão de rádio, nos alerta para esta estranheza. Por todo o lado, no navio, encontramos triângulos: invertidos, sobrepostos, em pirâmide. Um personagem chega a bordo sem sabermos bem como, trazendo com ele uns besouros metálicos que, tudo indica, começam a provocar mortes entre passageiros e tripulação. Segue-se um motim e uma passagem sinistra em que as pessoas se atiram borda fora como se algo as controlasse. O capitão e outros passageiros vêem fantasmas de pessoas já falecidas. O que se passa?
O meu primeiro palpite foi que o Kerberos estava sob controlo de extraterrestres a fazerem uma experiência, ou que eram todos pacientes de um hospital psiquiátrico e que um deles estava a "fabricar" a viagem na sua mente, ou, a solução à "Lost", que estavam todos mortos e não sabiam. A resposta é mais elaborada do que isso, mas não esclarece todas as perguntas.

Spoilers
"1899" é dos mesmos criadores de "Dark", uma das melhores séries que já vi na vida, e já se esperava daqui um mistério complexo que nos fizesse dar voltas à cabeça e que nunca seria para espectadores impacientes. Mas, para não decepcionar ninguém, vou dizer desde já que a série foi cancelada depois da primeira temporada e que deixou os fãs frustrados e com muitas dúvidas por responder. Vou revelar que o que se passava era uma simulação, o que na minha opinião nem chega a ser um spoiler porque não explica nada. Se a simulação era para Maura, qual é o papel das outras personagens, algumas das quais com histórias dramáticas e passados traumáticos? Como é que elas foram parar à simulação? Quem é que faria de propósito uma simulação tão sádica? Eu tenho fé, depois de ver "Dark", que os criadores iriam explicar isto tudo nas temporadas seguintes.
O que me leva ao maior mistério de todos: como é que uma série é aprovada, aparentemente sem que os executivos saibam previamente o final e/ou acreditem na história, a ponto de a cancelarem após uma única temporada? Bem, no caso de "Lost", como os próprios criadores da série admitiram, ninguém sabia onde é que aquilo ia dar. Estando tanto dinheiro em jogo, já para não falar no desagrado dos fãs, estas coisas não me entram na cabeça.
Se mesmo assim vale a pena ver "1899"? Eu gostei bastante, pelo cenário de época, pelo ambiente sombrio, pelas histórias contadas, pelas personagens, pelo mistério criado. Só faltou integrar todos estes elementos num todo coerente, mas acredito que isso seria conseguido. Deste modo, mesmo inacabado, aconselho a todos os fãs de mistério e ficção científica.
Uma curiosidade, um dos actores é José Pimentão no papel de Ramiro, português de gema, a falar português de gema, antes de a Netflix ter decidido dobrar todas as falas em inglês.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: Lost, Dark, ficção científica, mistério, drama