Segundo estudo europeu, Portugal é o terceiro país da Europa onde o suicídio mais cresceu nos últimos 15 anos. Estima-se que se suicidem, em Portugal, cinco pessoas por dia.
Oh, porquê, porque será?! O mistério, o mistério!
Espanta-me (nos dias que correm) que os senhores doutores psiquiatras continuem a apontar a depressão como razão para esta decisão definitiva, coisa simples que se cura, com comprimidos, vejam lá! "Está desempregado, não consegue arranjar uma entrevista, vai perder a casa, anda a mendigar na rua? Tome lá um comprimido para não pensar nisso!"
Não, não se cura com comprimidos, nem sequer com conversas, porque as pessoas não estão doentes, as pessoas estão desesperadas e não têm futuro! As pessoas estão a perder o emprego, as mães estão a pegar nos filhos ao colo e a saltar de pontes abaixo, as pessoas vêem-se na iminência de ter de sair da casa própria (porque o desemprego não lhes permite cumprir as prestações ao banco) ou arrendada (porque não suportam a renda), as pessoas chegam aos 35 anos e são consideradas velhas para trabalhar, as pessoas não têm filhos para que não passem fome, as pessoas resignaram-se a enterrar os sonhos, as pessoas já não têm motivo para viver.
E estas bestas continuam a chamar-lhes doentes, e querer medicá-los, e a torná-los nuns vegetais, a andar pela cidade sem abrigo e a comer da caridade da Santa Casa da Misericórdia e da Legião da Boa vontade? E não lhes passa pela cabeça que essas pessoas chamadas “doentes” prefiram morrer com orgulho e dignidade, nos seus próprios termos, porque não querem viver de caridadezinha?... O que as pessoas querem é direitos. Só a justiça, a igualdade, as perpectivas de futuro, curam esta "doença". Uma doença social, um cancro, uma vergonha.
Foram feitas umas acções de formação. Diziam os formandos: "quando alguém diz: 'eu quero matar-me' já não está muito bem. Precisa de um psiquiatra." Eu é que já não estou muito bem! Porque eu sei o que faz o psiquiatra. O psiquiatra passa um papel e transforma esse "doente" num vegetal ou semi-vegetal.
Não precisamos de mais zombies! A Fox já nos fornece walking deads que cheguem!
Mas interessa, ao poder estabelecido, que os desesperados andem medicados, zombificados, vegetalizados. Toma lá com comprimidos para não pensares quanto te fodem!
E pensar que estes charlatães, que não têm outro nome, sem pinga de vocação (os mais velhos foram para Medicina porque os papás quiseram, os mais novos porque não havia emprego em mais nada), não sabem sequer distinguir o que é psicológico do que é sociológico! Não custa assim tanto. Leiam os jornais, grandes bestas! Está lá tudo! E não é psicológico, é mesmo a sério!
E se estes doutores, que ganham BALÚRDIOS, forem de repente corridos pelos cortes no Ministério da Saúde, como eu vi alguns (muitos deles, psicólogos, remetidos ao call center, ou às lojas, ou à caixa de supermercado), e se se virem sem papás a quem pedir dinheiro, e sem conjugues, igualmente desempregados, que não garantam sustento, e se se virem numa situação de miséria em que têm de ir recorrer à caridade do Banco Alimentar ou da Santa Casa, ou mendigar na rua? Também ficam "deprimidos", "doentes", "neuróticos"? Ou não vos passa pela cabeça que vos possa tocar a vós, alimárias?
Por esta altura já deviam saber melhor, mas parece que a alguns só dói quando vos toca na pele. Oxalá toque, anormais! Para morderem a língua antes de ensinar aos ignaros que "a pessoa já não está muito bem" quando a pessoa já está muito mal!
Se não sabem o que estão a fazer, suicidem-se! Mas passem antes o papel, que a malta quer é droga. Porque é isso que vocês são: não passam de dealers autorizados.
1 comentário:
Nunca diria isto melhor, mas é o espelho daquilo que eu penso. É bem verdade que a certas pessoas só quando lhes toca, só quando se vêem na posição de quem tanto criticaram ou fizeram de pouca monta para saberem como elas mordem. E ás vezes nem assim, acredita.
http://fashionfauxpas-mintjulep.blogspot.com
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