segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Gotika, no princípio...


A propósito de um comentário recente, descobri que o meu blog no Sapo, entre 2003 e 2004, foi apagado. Não sei se fui avisada porque com quase toda a certeza me esqueci de actualizar o endereço de email no perfil de utilizador e os emails que usava para efectuar o login foram também todos apagados por falta de uso.
Não fiquei surpreendida. Aquele blog não tornaria ser actualizado.
Para quem não sabe, este blog estava inicialmente alojado no Sapo, onde os períodos de indisponibilidade e bugs vários eram de fazer perder a paciência a um santo. Passados poucos meses assentei arraiais nesta morada do Blogger, que nesse sentido, apesar de alguns soluços aqui e ali, parece ser uma plataforma mais estável.


THANK YOU BLOGGER!!!



Mas não estou de facto surpreendida.  Prevendo essa eventualidade, fiz questão de guardar todas as páginas, todos os posts. (E os deste blog também, aliás, porque já não é o primeiro susto que apanho ao chegar aqui e não conseguir aceder!)  O que é de todo irrecuperável são os comentários, as discussões que os posts suscitavam, principalmente quando o tema era controverso, e muito especialmente quando se discutia o que é e não é o gótico. Tudo isso se perdeu, e é pena. (Podem verificar o número de comentários no final de cada post.)
Quanto aos posts originais, decidi voltar a publicá-los, aqui, nem que seja um por dia, pela reacção que causaram e as memórias que evocam e o muito que esclareceram e agradaram. Encontro citações minhas, por aí, sem saber que existiam. Já chamaram a esse blog “mítico”. Não mereço tamanho elogio, mas na altura o blog teve um certo impacto porque era o único a abordar o assunto abertamente. Havia, na altura, a ideia prevalente de que “o gótico nunca admite que é gótico”. Não sei se continua a haver mas, como devem calcular, se pouco me ralava na altura menos me rala agora.

Comecei esse blog, no Sapo, no dia 18 de Dezembro de 2003. Quando vi que estava apagado fui visitar os arquivos e comecei a ler. O que imediatamente me saltou à vista foi o quanto eu me estava a divertir a fazer aquilo. E como me apetecia partilhar, a melancolia, o bom humor, a ironia, os posts sérios, o humor dos testes “que personagem de Anne Rice és tu”… Por muitas razões, nem sei qual delas a maior, isso já não acontece. Já não me divirto, já não me apetece partilhar. Consequentemente, comecei escrever a menos. Porque é mesmo assim, os posts dão trabalho. E adivinho que já não devo concordar com muitas das coisas que pensava nessa altura. Adivinho que cada post necessite de um comentário actual.
Um blog tem necessariamente uma natureza efémera. Muitos posts não farão sentido e não serão publicados. Tentarei cingir-me ao que foi importante. Ao que é importante. Com ou sem motivo para um comentário actual.
Para os que leram desde o princípio, se ainda há por aqui alguém, espero que se divirtam como se divertiram naquele tempo. Eu tentarei apenas recordar, se tal é possível. Foi há muitos anos.
Naquela altura, o blog vestia-se assim:


Quando decidi voltar a publicar os posts do blog apagado tinha a impressão de que o blog tinha existido no Sapo durante muito menos tempo. Ao começar o trabalho apercebi-me de que ainda lá esteve de Dezembro de 2003 a Agosto de 2004. São muitos meses, muitos posts. Escrevi muito naquela altura. Muitos posts são curtos e publicados no mesmo dia, no estilo daquilo a que se chama hoje tweets (não havia Twitter): uma canção, um pensamento, uma frase. Podia publicar tudo? Podia, e demoraria meses. Tive de escolher. Tentei preservar os posts sobre a cultura gótica, as críticas de literatura e cinema, os posts sobre o estado do país. Mas este blog sempre teve acima de tudo o intuito de ser um diário pessoal (sempre teve por subtítulo Diário pessoal do terror quotidiano), e mantive alguns posts que ajudam a perceber como isto começou, mas a maioria de posts intimistas foram sacrificados. Quem me conhecia não altura leu, quem não conhecia não vai ler. Alguns posts, do ponto de vista do enquadramento psicológico em que foram escritos já não fazem sentido se não forem apresentados na sequência inicial. Esses foram cortados. Muitos diálogos também. O que passou, passou.

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