Conto popular do Alentejo como me foi contado pela minha avó. Estava enterrado nos arquivos mas achei que fazia mais sentido publicar em separado.
História de Maria Garcia
Maria Garcia era uma mulher muito bonita a quem o padre, o seminarista e o sacristão andavam a fazer olhinhos. Todos os dias lhe perguntavam, os três:
- Maria Garcia, posso lá ir a casa esta noite?
Ao que ela respondia logo:
- Não, não pode! Está lá o meu marido!
Um dia a mulher chateou-se com o assédio e contou tudo ao marido. Este resolveu:
- Manda-os cá vir, manda! E diz-lhes que tragam dinheiro.
Assim fez Maria Garcia.
Há noite lá apareceram os três. O padre foi buscar o dinheiro à caixa de esmolas. O seminarista, que era novito, não tinha dinheiro mas levou um chouriço. O sacristão, que era um pobretanas, foi de mãos à abanar.
Quando o marido de Maria Garcia aparece, apanha os três em flagrante. Não só lhes confiscou os presentes como pôs o padre e o seminarista a andar à roda da mó do moinho da farinha. Ao sacristão, pô-lo de rabo para o ar, com uma vela enfiada no rego, a servir de iluminação.
No outro dia entra Maria Garcia na missa, com um vestido novo, e canta o padre:
- Lá vem Maria Garcia toda composta!
E canta o seminarista:
- À minha custa mais à vossa!...
E o sacristão:
- E eu como não tinha dinheiro, fizeram-me do cu candeeiro!
1 comentário:
Minha mãe amada e saudosa, contava e cantava essa história.
Ah que saudade!
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