domingo, 7 de maio de 2006

O Livro de Jó

O Livro de Jó é provavelmente o mais filosófico de toda a Bíblia. Aqui se põe em questão a vulnerabilidade e injustiça inerentes à condição humana e o distanciamento de entre o Criador e a Criação. Parte do Velho Testamento, não se encontra aqui o Deus de Jesus, o Deus do amor e perdão, mas um outro, um Deus distante e científico que observa a sua criação num laboratório e sujeita os seres humanos a experiências e testes de modo a discutir os resultados com os colegas.
Há tempos falei de "Memnoch" de Anne Rice, e da versão de Lúcifer, Melkor, na obra de J.R.R. Tolkien, especialmente o "Silmarillion". Mas nada como falar da versão original, e o original está aqui.

Começa tudo como uma anedota. Deus e o diabo encontram-se num bar...

1:6
Ora, chegado o dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.
1:7
O Senhor perguntou a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, dizendo: De rodear a terra, e de passear por ela.
1:8
Disse o Senhor a Satanás: Notaste porventura o meu servo Jó, que ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal?
1:9
Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura Jó teme a Deus debalde?
1:10
Não o tens protegido de todo lado a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? Tens abençoado a obra de suas mãos, e os seus bens se multiplicam na terra.
1:11
Mas estende agora a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e ele blasfemará de ti na tua face!


Jó era um homem rico. Tinha bens materiais e uma grande e feliz família. Tinha tudo o que um homem da época podia querer. E tinha uma riqueza maior do que essa. Jó sabia que a sorte é fortuita e em vez de se vangloriar das sua fortuna dava graças a Deus, literalmente, por tudo o que tinha recebido.
É esta riqueza interior de Jó que leva Satanás (que significa "O Acusador") a propôr a Deus que lhe tire tudo e observe os resultados. Deus permite a experiência. Logo de seguida, a Jó acontecem desgraças atrás de desgraças. Todo o seu gado morre, todas as suas casas são destruídas por catástrofes, todos os seus filhos morrem. Jó fica na mais absoluta miséria.
Mesmo assim, não amaldiçoa o Criador. E, no tal bar, Deus e o Diabo discutem. E o Diabo acusa o Homem de egoísmo:

Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Porém estende a tua mão, e toca-lhe nos ossos, e na carne, e verás se näo blasfema contra ti na tua face!



É assim que Job se vê acometido de uma terrível doença que lhe enche o corpo de chagas. A sua desgraça e queda é tão grande e tão avassaladora que a sua própria mulher lhe diz: "Amaldiçoa a Deus e morre!"
As pessoas daquela época e lugar acreditavam que as desgraças eram castigos de Deus. Temos de perdoar à pobre senhora que estava de cabeça perdida. Afinal, os filhos também eram dela, já para não falar nas riquezas que também lhe pertenciam. Não deixa de ser curioso que a mulher de Jó não tenha sido destruída também. Parece propositado que lhe caiba a parte da tortura psicológica. De todas as taças de sofrimento foi permitido que Jó bebesse. Mas em vida.

Jó senta-se no chão e lamenta-se, completamente sozinho. Depois chegam três amigos que lhe fazem companhia. "E assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande."
Até que Jó finalmente se lamenta e deseja nunca ter nascido. O sofrimento finalmente quebrou-o.
Aqui começa a parte mais interessante do livro, em que Jó e os três amigos, e um quarto participante que entra no debate, discutem a justiça e a injustiça da existência. Os amigos, tal como a mulher de Jó, estão convencidos de que tudo o que lhe aconteceu foi castigo divino. Certamente Jó teria pecado no seu coração, e merecia o sofrimento, e devia assumir a sua culpa e arrepender-se. Jó insiste que não, e batalha com os seus amigos de que não tem culpa alguma e de que Deus o abandonou sem razão. Jó está revoltado e zanga-se com os amigos que o acusam, e os amigos zangam-se com ele.
Já li muito sobre estes três amigos de Jó. Diz-se que não eram verdadeiros amigos mas tentadores enviados pelo Diabo. Eu acho que quem diz isto não sabe o que são amigos. Se depois de perder tudo e ser alvo de uma doença tão nefasta Jó ainda tinha três amigos que lhe faziam companhia, eram verdadeiros amigos. Todos os outros, que não eram verdadeiros amigos, tinham-se afastado. Jó continuava a ser abençoado sem o saber. Ter amigos na abundância é fácil; ter amigos que se sentem no pó durante a calamidade e discutam filosoficamente a existência humana, isso é raro.

1 O homem, nascido da mulher, é de poucos dias e farto de inquietaçäo.
2 Sai como a flor, e murcha; foge também como a sombra, e não permanece.


É verdade que os amigos de Jó, tal como a sua mulher, reflectiam o pensamento da época. Se Jó tinha sofrido era necessariamente porque tinha pecado. Era forçosamente um castigo, ponto final. Só Jó sabia que era inocente e que tinha razão em lamentar-se. E irrita-se quando lhe dizem que Deus é justo, porque Jó não vê justiça nenhuma. Mas não pode provar que é inocente.
Discute-se então porque é que as coisas más acontecem a pessoas boas. Onde está a justiça divina? (E nem sabiam da missa metade, que estavam a viver uma experiência divina e a ser observados por seres divinos!) E Jó insiste que não, que os iníquos também são ricos e abençoados, e deitam-se de noite e dormem descansados e não pensam no mal que fazem. Se não há justiça, qual é, então, o benefício de ser justo? Qual é, então, o benefício de ser bom?

Depois de grande debate, Deus decide falar. E o que diz o Criador? Fala da sua Criação. Pergunta-lhes qual deles é capaz de fazer um universo. Qual deles tem poder para mandar nos rios, nos mares, na Terra, na natureza, que Ele criou. E faz-lhes ver que são pequenos e insignificantes.
E pergunta-lhes:

11 Quem primeiro me deu, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu.


Aqui está o cerne da questão. O que é que Deus deve a alguém? Quem se atreve a responder? Deus é o Todo-Poderoso. Deus é o Criador. Se Deus não tivesse criado Jó, nem haveria Jó para se lamentar. Porque, pois, se lamenta? Devia estar feliz porque alguém o criou. O Criador não deve nada a ninguém.

Acaba assim a experiência. No fim, vão todos alegremente fazer sacrifícios pelos seus pecados, Jó volta a ser abençoado em dobro, rico em dobro, pai em dobro. E tudo volta a ser como dantes.
Mas volta mesmo? Não, não volta. Ficam muitas perguntas por responder. Algumas só respondidas no Novo Testamento. Outras, ainda sem resposta. E esta é a principal: quem tem o direito de fazer de Deus e trazer ao mundo criaturas que sofrem, só porque pode? Nesse caso, qual é a moralidade de Deus? Sem o amor divino, não é o mundo uma selva, um jardim selvagem?
E se Deus não ama a sua Criação, porque haveria a sua Criação de amar a Deus?
Porque haveria a Criação de estar grata por viver, se não ama a vida? Se, como Jó, amaldiçoa o dia em que nasceu?
Ingratos? Pois, talvez. Mas conhece Deus, no seu Poder Absoluto, o sofrimento da condição humana? Ou é preciso que Deus se faça homem e venha à terra e partilhe do sofrimento da sua Criação para perceber do que Jó se queixa?...

Pois.

10 comentários:

Anónimo disse...

Li e gostei, mas... Em resposta a ultima questão: Deus veio a Terra como homem, ou melhor, enviou o seu filho e ele sentiu na pele o sofrimento dos homens. Mesmo que não acreditemos é verdadeiramente desumano o relato da crucificação. Ai leva-nos a pensar: se o seu filho sofreu enormes tormentos e não abandonou o Pai, porque o abandonaremos nós? No caminho que fazemos como filhos e depois como pais não seremos nós tambem pequenos Deuses a procura do nosso lugar na Terra? Não criamos nós vida e depois lhes ensinamos a viver, com alegrias e tristezas? Deus somente faz isso a uma escala Universal. As crianças são o nosso Diabo, aqueles que contestam. E nós somos o Deus impiedoso mas tambem misericordioso que as ensinamos.

Vítor Mácula disse...

Alô, Gotika.

Pois.

PS: Em Job levanta-se uma das noções judaico(-cristãs) mais terrível: a da vida enquanto provação. Significa que o mais evidente (o que se nos dá a ver na vida e no pensamento) não corresponde à realidade, ao que realmente se passa connosco. E que a vida toda é uma cegueira, e que só de dentro das coisas (ponto de vista do criador) se tem acesso ao seu sentido. Ou seja, não é só uma questão de ser mais forte (eu fiz as coisas, o meu poder é imenso) mas também de deter em si a apreensão total (eu fiz as coisas, e nessa infimidade que nelas sou vejo-as a partir do seu princípio).

PS 2: A ligação da moral retributiva (justiça) com a criação é um berbicacho nada evidente. O dobro que Job recebe, essa duplicação, pode não remeter para uma multiplicação dos bens (ou não apenas…) Por exemplo, quando produzo sentido para algo, reduplico esse algo na sua diferença produzida no sentido.

PS 3: Tenho vindo aqui desde que quebraste o teu silêncio bloguístico. Curiosamente, comecei a vir durante esse silêncio. Não consegui comentar os posts que me tocaram fundo. Que me fizeram pensar e lembrar coisas que não contemplava há já algum tempo. E depois… mas aqui volto a calar-me.

PS 4: Os meus comentários jobísticos são acrescentos e não correcções (não vá alguém estar distraído…) A leitura é infinda…

Abraço.

katrina a gotika disse...

sergio marino:

A minha opinião é que o berbicacho da justiça divina, como disse o vítor mácula, só se resolve mesmo com a vinda do Messias. Mas isso é muito mais tarde, no Novo Testamento.
Isso dava pano para muitas mangas e vou dizer algo que assim de rajada vai parecer blasfemo, mas cá vai: parece que Deus pôs a mão na consciência e percebeu que não tinha criado vegetais mas seres pensantes que precisavam de respostas.
Já a necessidade do sacrifício de Jesus ("No fim, vão todos alegremente fazer sacrifícios pelos seus pecados, "), contesto.

vitor mácula:

O facto de haver sentido, mesmo que oculto, não traz Justiça. E parece que o Homem não se satisfaz só com o sentido mas anseia também por Justiça. Quando se diz que o Homem foi feito à semelhança de Deus, não herdou Dele também essa ânsia de Justiça? Não é isso que se discute em Jó? Penso que é. Mas a resposta divina não foi satisfatória. Deus limitou-se a dizer "quero, posso e mando". Só Jesus é que vem dizer "quem tem sede de Justiça, siga-me".

Obrigada pela interessante discussão.

katrina a gotika disse...

necare:

E se Deus não era sádico? E se Deus, no princípio, não conhecia a amargura da vida humana e não percebia o sofrimento da sua Criação? E como é que podia conhecer se não o tinha experienciado, se era apenas um observador?
Algo para pensar.

Vítor Mácula disse...

Alô, Gotika.

Fixe, posso ser piroso: justiça sem perdão e recomeço (o tal receber a dobrar) aniquila-nos a todos. “Quem tem sede de justiça siga-me…” sim, mas porque vem amorosa, senão pira-te abelha… Ninguém é justo e todos anseamos sê-lo… A justificação é gratuita, vem de Deus, não é retributiva, não é “como os humanos pensam”… A experiência mística (Job falando directamente com Deus) revela precisamente tal, ou sabe-se lá o que revela… Quero dizer que pode dar-se o caso em que a resposta à nossa ânsia de justiça não seja propriamente a que esperamos, não sei… O mal é uma das coisas mais difíceis de se pensar…

Evidentemente que isto é uma das coisas que se discute em Job. Mas a resposta é muito misteriosa e obscura (no próprio texto, quero eu dizer. E na vida, então…)

Voltando ao berbicacho, eu penso que o sentido justifica… O problema é que não é dizível directamente… Ainda anteontem fui ver um filme piroso, o “New world” do Mallick, que produziu em mim um estado de reconciliação muito forte, sem que evidentemente o mal ou a injustiça se tenham anulado… (Isto não me acontecia com um filme desde que o “Nostalgia” do Tarkowski me soçobrou já lá vão vinte anos, menos coisa mais coisa…).

E no entanto, sim, a injustiça é o escândalo dos escândalos…

Abraço.

Goldmundo disse...

Deixem-me contar uma historia de que gostei muito: é um livro de ficção científica assombroso escrito por um americano especializado naqueles livros policiais com ruivas de mini-saia, chamado John McDonald.

Tinha havido a Terceira Guerra Mundial, estava-se a caminho da Quarta. Havia um homem que lutava pela paz. Mas todo o trabalho dele era sabotado. Bombas, assassinatos, escândalos, sempre na pior altura. Claramente, Alguém na sombra queria a guerra. Depois de muita coisa, e de uma rapariga (claro) telepata cujas lágrimas se transformam em jóias (essa ideia foi repetida no Drácula de Coppola...), a verdade:

Há uma Galáxia, com milhões de civilizações diferentes. É preciso haver um Império, uma espécie de corpo de Texas Rangers capazes de manter a ordem. Mas as civilizações muito avançadas amolecem. Então, há muitos milhares de anos, um supercomputador pensou nesse problema. E disse assim: "escolham um planeta. Mantenham-no na barbárie. Mantenham-no em guerra, em sofrimento. Os mais fortes virão ao de cima, como a espuma. Recolham-nos um por um, como se usassem uma rede. Os duros dos duros, os inquebráveis. E eles serão os guardiães de universo."

Faz todo o sentido, e o livro tem partes belísimas. Mas não. O sentido não basta para que haja Justiça.

Uma vez Deus disse "se houver um só Justo na cidade, eu poupá-la-ei."

"...
que quem já é pecador
sofra tormentos... enfim....
mas as crianças, Senhor?"

Obrigado pelo texto, gotika.

Vítor Mácula disse...

Alô!

Pois, raio do Job… Mas, mestre Gold, embora ficasse com vontade de ler esse John MacDonald, eu não me referia a um sentido produzido ou construído ou segundo, como se preferir, mas ao sentido imediato que a vida se nos dá, ou seja, como é que vendo o que vejo não me atiro para baixo do primeiro comboio, ou como é possível a ternura ou o encantamento com um pôr-do-sol em Auschwitz (lembro-me dum texto fortíssimo acerca de tal escrito por um sobrevivente, precisamente)…

Bem, ontem fui a uma conferência entediante como o raio, em que se explanavam teses que deixam a realidade intocada (todo o ponto de vista teórico só tem interesse quando transforma olhares e significados) e saí de lá meio aborrecido, e talvez por isso, e para ter algo para folhear enquanto jantava sozinho numa das sobreviventes ;) tascas de Lisboa, gastei 6, 5 euros (estava mesmo entediado, eu que até ando mais para o teso do que para o endinheirado…) numa revista onde deparei, enquanto mastigava o meu repasto, com este providencial trecho: “Toda a minha vida, fui assim abalroado pelos dois extremos do universo vivo, que são o mistério insondável da beleza e o fenómeno do mal. Não se pode combater o mal sem segurar estas duas pontas, sem procurar a verdadeira beleza e exaltar a sua profundidade, a sua delicadeza. É porque ela existe que o homem se agarra tanto a esta terra e recusa morrer. A nossa consciência é a beleza, que justifica o universo e até a nossa existência, e faz com que cada instante possa ser uma manhã do mundo.” É dum tipo que não conheço, François Cheng, um chino-francês (nasceu na China e foi para Paris estudar aos vinte anos, onde ficou até hoje em que está com setenta anos…) e que tratarei evidentemente a partir de agora conhecer…

Tentar pensar directamente o mal dói muito.

Reconciliar-se com uma vida terrível dói muito. Uma vida onde crianças de três anos morrem com leucemia, onde se perpetuam genocídios… O sentido da vida é de certo modo impossível (é o que permite um filme como o dos Monty Pithon acerca do assunto…) e só é pensável como gratuito, no sentido radical, como incompreensível justificação.

Não estou evidentemente a dizer que a beleza justifica o mal… Passa-se que ambos nos são dados na sua inconciliabilidade. Não são só pores do sol, também a justiça e a verdade fulguram aqui (e que permite o post político da Gotika dizendo no fim É a hora…)

Por isso a beleza também é melancólica, tal como os finais de festa e das revoluções… E por isso faz sentido lutar e afirmar a justiça, não dependendo das probabilidades de tornar o mundo e o humano, na sua generalidade, justos (é melhor não irmos por aí… ;)

Neste mundo as crianças sorriem, e não deviam sorrir, precisamente, é milagre (duplicação). E agora eu é que já não sei muito bem o que estou para aqui a dizer… ;) Talvez que o sentido do sagrado não é deste mundo, não o compreendemos, e no entanto acomete-nos, arrebata-nos.

Como é possível conciliar a beleza e o mal? E no entanto pois, repita-se, na vida é o que acontece, estamos imersos em ambos, por vezes deslumbrados. E não compreendemos muito bem, não nos compreendemos.

Job é isto também.

“Moralidade de Deus” é uma expressão estranha. Não sei se é possível justificar económica e racionalmente a vida, fazer uma teodiceia… Mas é difícil falar de Job, é de doidos… Então, como dito no post, Deus e o diabo conciliam num bar e decidem dar cabo da cabeça e da vida do Job. É o desespero total, é a vida no seu aspecto mais cruel. Tudo a desabar num ápice, tudo mesmo excepto a consciência. E o homem, em vez de se suicidar, como que salta por cima de tudo, dor e alegria, mal e bem, esperança e desespero, passado e futuro, e por aí fora – frente a Deus, directamente, sem mais.

E Deus justifica-o. Mas para mim, não é muito claro como o faz. A tal estória de tudo a dobrar. É estranhíssima (talvez seja mesmo de Deus ;)

Claro que é uma leitura cristã de Job, como a Gotika já apontou, e para além disso, digamos assim, pessoal… Não consigo falar destas coisas sem passar também pelas minhas obsessões.

Enfim…

Abraços.

Vítor Mácula disse...

Ah, claro, obrigado também, Gotika.

Goldmundo disse...

O problema, caríssimo, é que, se entramos pelo "sentido imediato da vida", desembocamos no olhar de Prometeu...

E aqui, ai de mim, chamo a segunda história mais terrível da Bíblia Velha, depois da de Job-o-Justo: a da luta de Israel com o Anjo.

Pergunto-me se terá havido algum fim de tarde, junto ao lago de Tiberíades enquanto os peixes grelhavam, em que estas coisas tenham sido faladas. Curiosity kills the cat.

No funfo no fundo, o cristianismo é a única religião que apela à loucura, em vez de apelar ao bom-senso como os pacatos budistas por exemplo. Mas como haver uma loucura que nao seja por inteira nossa conta e risco? E se estamos inteiramente por nossa conta e risco, "somos como deuses que conhecem o bem e o mal"? (o engraçado é que nunca se diz no texto, penso eu, que essas palavras fossem MENTIRA... mas lêmo-las como se o fossem. E se fossem verdadeiras, apesar da proibição? Ai ai)

Anónimo disse...

Independente de um Deus só posso dizer que o sofrimento forja os fortes e destrói os fracos, o homem só é homem depois do sofrimento.
E quanto a justiça, ela deve estar no coração de cada homem, e não ao seu redor...