Costumo dizer muitas vezes que esta ou outra série foi uma vítima da pandemia. “The Witcher” também foi, no sentido em que a série esteve ausente dos écrans durante 2 anos, mas neste caso acho que a pandemia até lhe fez bem. Como expliquei aqui, não consegui gostar da série por várias razões, a maior delas por não conseguir empatizar com as personagens. Não é de admirar que ao ver a terceira temporada já não me lembrasse de quase nada das anteriores. Nenhum dos personagens conseguiu captar o meu interesse e estava nas tintas para o que lhes acontecia.
Durante o interregno parece que os realizadores pensaram melhor no que estavam a fazer (e se calhar leram muitas críticas como a minha) e, palavra de honra, a terceira temporada é muito melhor do que as duas primeiras. O enredo segue um caminho firme e escorreito. Ciri, Geralt e Yennefer continuam a fugir dos vários reinos/magos/elfos que por vários motivos querem apanhar a Leoazinha de Cintra, mas tentam igualmente descobrir uma solução permanente.
Ciri não caiu no poço sem fundo da “personagem demasiado poderosa”, como eu temia, porque apesar de poderosa não consegue controlar os seus poderes. Os treinos com Yennefer, que anda a ensiná-la a controlá-los, também se resumiram ao mínimo, sem ser aquela coisa fastidiosa da temporada anterior. Ciri é agora uma adolescente (por sorte sem acne nenhum, o que já é um grande poder!) e não é difícil empatizar com uma inocente perseguida a tentar encontrar o seu lugar no mundo.
Geralt continua igual a si próprio (o que tem um certo encanto, admito) mas conseguiram humanizá-lo mais do que o Action Man que tínhamos dantes. Agora Geralt tem sentimentos genuínos por Ciri (e não apenas um sentido de dever) e por Yennefer (a quem finalmente confessa o seu amor, o que já não era sem tempo). Ciri afeiçoou-se a ambos e existe entre eles uma verdadeira conexão, quase familiar.
O enredo está a andar para a frente, sem estar empatado pelo monstro-da-semana (eu bem dizia que este não era o melhor formato para Fantasia) embora consigam inserir um monstro-da-semana neste ou naquele episódio desde que faça sentido para o enredo. Noutros episódios nem existe, o que só é bom. Assim sim, dá gosto ver.
Melhor do que tudo, até as sessões de tortura com o bardo Jaskier a cantar (que eram de romper os tímpanos) foram eliminadas, e as poucas vezes que ele canta não desafina tanto. Por outro lado, puseram Ciri a cantar e descobrimos que ela (ou alguém que canta por ela) tem uma linda voz.
Os enredos secundários com os vários reinos também são fáceis de seguir e fazem sentido, e até consigo reconhecer as personagens, ao contrário das temporadas anteriores em que andei completamente à nora.
Recomendo a quem, como eu, não gostou das duas primeiras temporadas, que dê uma segunda oportunidade à terceira. Agora é que a história começa a aquecer.
ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez
PARA QUEM GOSTA DE: The Witcher, Lord of The Rings, Game of Thrones, Fantasia
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