Vampiros!
Certo, Juliet Marillier chama-lhes antes Night Folk mas que não haja ilusões: são vampiros mesmo. Como grande amante de vampiros não estava à espera deles numa história de Marillier, mas que boa surpresa!
“Wildwood Dancing” destina-se claramente a um público mais jovem. Até o local e a época são diferentes. Nunca é dito mas tudo me cheira a século XIX.
Cinco jovens irmãs mudam-se com o seu pai, comerciante, para um castelo na Transilvânia onde descobrem um portal para um Outro Reino. Neste outro mundo de fadas e seres mágicos da floresta, todas as Luas Cheias há um baile onde as cinco irmãs são bem recebidas há largos anos e onde se divertem bastante.
Tudo muda quando o pai fica doente e precisa de ir passar o inverno a um clima mais quente, deixando as filhas entregues ao seu irmão, igualmente comerciante. Mas uma desgraça nunca vem só. Da próxima vez que as irmãs vão ao Outro Reino, para além das fadas e dos seres mágicos, aparecem também uns seres mal-afamados, até entre as Fadas, chamados os Night Folk. Os Night Folk mantêm-se à parte e também dançam, mas à maneira deles. As fadas não gostam muito deles mas a presença vampiresca não as incomoda muito, com certeza porque eles só gostam de sangue humano e não bebem sangue de fada (muito ao contrário do que acontecia em “True Blood”, mas essas são outras histórias). A irmã mais velha,Tatiana, apaixona-se por Sorrow, um jovem que pode já ser um dos vampiros ou apenas estar escravizado por eles.
Como não há duas sem três, o tio das irmãs morre inesperadamente, e o filho deste, Cezar, primo delas, começa a exibir um comportamento de ditador e a retirar-lhes o negócio das mãos por achar que trabalhar não é próprio de mulheres. Ao mesmo tempo, começa a insinuar-se à segunda filha mais velha, Jena, que não sente nada por ele. Cezar é também um grande inimigo dos seres mágicos da floresta porque acredita que eles afogaram o seu irmão mais velho, Costi, quando este era criança. Cezar está desconfiado das saídas nocturnas das primas, uma desconfiança agravada pelo frágil estado de saúde em que Tatiana parece ter caído desde que conheceu Sorrow, muito coincidente com alguém que está a ser vítima de um vampiro. Entretanto, Jena tinha sido atraída a falar com o líder dos vampiros durante um dos bailes, o que causou que estes visitassem a aldeia e fizessem vítimas. Cezar chega a trancar as primas no quarto em noite de Lua Cheia, com guardas em toda a casa, tornado-as autênticas prisioneiras.
Jena ainda tenta pedir ajuda à rainha das fadas, que lhe responde qualquer coisa como “a resposta está debaixo do teu nariz”.
Esta é que foi a parte que me surpreendeu. Jena tem um sapo de estimação, Gogu, que não é bem um sapo mas um sapo mágico que fala com ela por telepatia. Surpreendeu-me, conhecendo o gosto de Marillier por histórias tradicionais, ter demorado mais de um quarto do livro até perceber onde as coisas iam dar.
Curiosamente, a parte mais tensa da história não são os vampiros mas as tentativas de Cezar de controlar as primas e torná-las em meros objectos decorativos, já para não falar da passagem em que Cezar quer obrigar Jena a casar com ele.
As irmãs são obrigadas a tornar-se adultas e a assumir as escolhas que querem para as suas vidas, um tema recorrente em Young Adult. Aliás, esta história é dedicada à neta de Juliet Marillier.
Diria que “Wildwood Dancing” é mais leve do que outras histórias de Marillier mas vai agradar aos fãs do costume. Eu teria preferido mais sangue e mais vampiros, mas isto não é uma história de terror. Acredito mesmo que os fãs vão adorar o fim.
domingo, 21 de janeiro de 2024
Wildwood Dancing, de Juliet Marillier
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