terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Serena (2014)

Sem contemplações: este é um filme sobre destruição. Não há heróis, só vilões (se descontarmos o pobre xerife que apenas estava a fazer o seu trabalho da melhor maneira que o deixavam).
No pós-Depressão, nas florestas virgens da Carolina do Norte, George Pemberton é um chamado “barão da madeira”, abatendo todas as árvores que pode. (Pemberton também tem propriedades no Brasil, onde tenciona fazer o mesmo.)
Desde a primeira cena, o protagonista ficou “fornicado” comigo. Na companhia do guia de caça Mr. Galloway, insiste que quer matar uma pantera, mas uma pantera grande, como se desconfiava que já não existisse na área devido à destruição do habitat. Ora, tendo em conta o local deduzi logo que esta “pantera” era um puma, e acontece que eu tenho um carinho por pumas desde a primeira vez que lhes vi a fotografia era eu miúda. Odiei imediatamente o homem. Mas há mais razões para não gostar dele, até porque é desonesto. Já nem falo da falta de consciência ecológica porque naquele tempo não existia.
Mas se fosse só isto! O canalha, para não lhe chamar pior, aproveita-se de uma empregada a quem engravida sem querer assumir qualquer responsabilidade. Um homem “super decente”, como se pode ver.
Até que este velhaco conhece uma mulher à altura, Serena, uma verdadeira “pantera”, igualmente rica e filha de madeireiros com uma história trágica na infância: durante um incêndio toda a sua família morreu, mas ela escapou.
A atracção entre ambos é imediata e casam logo de seguida.
Assim que Serena Pemberton chega a casa do marido, repara que Buchanan, o sócio deste, “gosta mais dele do que deve”.
Entretanto, alguns cidadãos preocupados com o desbaste das florestas querem comprar a propriedade para fazer dela um parque natural. Pemberton não aceita vender por menos de um milhão, mas em época de recessão oferecem-lhe menos. Buchanan quer vender, e ameaça o sócio de expor todas as ilegalidades do negócio, inclusive subornos a senadores. Qual Lady Macbeth, Serena aconselha o marido a “livrar-se do assunto”, o que este faz durante uma caçada ao urso. Fingindo um acidente, alveja o sócio no coração. Um empregado vê e cala-se, mas mais tarde acaba por denunciar o patrão ao xerife. O empregado é alvo de novo homicídio a mando de Pemberton e Serena.
Por fim, Serena vira-se contra o filho ilegítimo do marido, mandando matar a criança que considera uma ameaça ao amor entre ambos (já que ela não pode ter filhos), e é aqui que Pemberton se apercebe do monstro com quem casou. Mas ele também não é muito melhor e só tem o que merece.
Por momentos, julguei que o filme ia ter um final feliz. Para mim, isto é. Mas nem isso.
“Serena” é uma história de ganância, egoísmo e falta de escrúpulos. Um “Macbeth” dos anos 30. Leva-nos a ponderar por que motivo Serena foi a única a escapar ao incêndio. Sorte, ou outra coisa?
Um filme para ver e reflectir.

15 em 20


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