sábado, 17 de novembro de 2018

The Colony / A Colónia (2013)


Durante a primeira hora deste filme pensei que ia ver algo de muito bom. O final desaponta. Custa-me avaliar “The Colony” de forma negativa devido a essa primeira hora em que estive verdadeiramente interessada. Neste caso, mais vale fingir que não vi o fim.
Num futuro próximo, o aquecimento global provoca uma nova Idade do Gelo. Para sobreviver, a humanidade refugia-se em colónias subterrâneas, onde existem outras ameaças para além do planeta glacial do exterior. A comida é escassa e racionada. A doença propaga-se mais depressa no ambiente fechado e dizima os poucos sobreviventes.
Os doentes são colocados em quarentena. Na falta de melhoras, é-lhes oferecida a escolha de “dar uma volta” lá fora ou ser executado com um tiro. Na colónia 7, onde se passa a acção, o braço direito do homem que comanda passa logo à execução dos desgraçados, sem dar escolha. O chefe da colónia, (Laurence Fishburne, o Morpheus de “The Matrix”) discorda destes métodos mas já não tem coragem, ele próprio, de disparar contra as pessoas doentes e deixa a “tarefa” nas mãos do outro. Tudo isto já é muito dramático e intenso e promete conflito ético que baste para o filme todo.
Neste momento, a colónia 7 recebe um pedido de socorro da colónia 5, seguido de silêncio. Um grupo de auxílio parte imediatamente, percorrendo uma grande distância na neve. Quando chegam à colónia 5 encontram um bando de canibais que está em processo de comer todos os habitantes. O grupo de socorro não está preparado para uma ameaça destas. Conseguem escapar mas ingenuamente deixam um rasto de pegadas na neve que guia os canibais direitinhos à colónia 7. Segue-se o confronto.
No seu início, A Colónia lembra-nos vários outros filmes. Desde logo, “The Thing”, pelo ambiente gelado e opressivo. E “The Road” e “The Walking Dead”, por causa dos canibais, ou “30 Dias de Noite”, ou “O Dia Depois de Amanhã”. Muito prometedor. A cena em que o grupo de socorro chega à colónia atacada é verdadeiramente arrepiante. As “pancadas” que se ouvem ao longe lembram-nos inconscientemente o barulho de um talhante a cortar carne mas só percebemos quando vemos. Muito bem feito.
Se o filme tivesse acabado aqui, não tinha nada de mal a dizer. Infelizmente, todo este potencial é desperdiçado quando o confronto final transforma “The Colony” num vulgaríssimo filme de acção. Com algum gore pateta, devo mesmo dizer. Um dos habitantes da colónia bate tanto com um pé de cabra na cabeça de um canibal que esta já devia estar feita em puré, e mesmo assim ele não morre.
O que me leva à queixa principal. A certa altura um dos personagens da colónia 7 diz aos outros que tencionam fugir: “Se conseguirem sobreviver lá fora não conseguem escapar àquelas coisas.” E tem razão, porque o bando de canibais é coisificado. Melhor, é monstrificado. Não são vampiros nem zombies, são seres humanos, mas é-lhes retirada toda a humanidade. Ao fazer isto, o filme torna-se numa guerra entre bons e “monstros”, quando podia ser outra coisa muito mais profunda (“The Road”). E foi uma desilusão.
Aconselho, mesmo assim, a primeira hora do filme.

Nota para os amantes do “Sobrenatural”: neste filme aparecem duas caras conhecidas desta série. Julian Richings, que fez de Morte (uma das melhores interpretações da Morte, se não a melhor, que eu já vi em cinema ou televisão). E Lisa Berry, a Ceifeira Billie. Ambos memoráveis. Pena que neste filme os actores não tenham tido papéis tão bons. De tudo o que faz “Sobrenatural” uma série sólida, a qualidade dos actores e das suas interpretações contribui grandemente para o nosso deleite.

Quanto a “The Colony”, queria dar mais mas só posso dar

13 em 20

2 comentários:

Marco Lopes disse...

Andava já há algum tempo para ver este filme, mas com o teu comentário acho que vou deixar "passar" ou seja se apanhar na TV vejo a primeira hora ;)

Tenho visto alguns filmes com o mesmo problema que apontas a este. O que me vem sempre à memoria e o "Event Horizon" (O Enigma do Horizonte) curiosamente também com o Laurence Fishburne e com o Sam Neill.

PS:Sploilers



No Supernatural a Ceifeira Billie (Lisa Berry) torna-se na Morte herdando o lugar do personagem do Julian Richings e sim ele é uma Morte espectacular.

katrina a gotika disse...

Mas ver a primeira hora vale a pena. O melhor é esquecer o resto. :)

Ainda não vi o Event Horizon. Obrigada pelo aviso, assim já não vou com falsas expectativas se chegar a ver.

E nunca gostei mais de um SPOILER! Por acaso, ainda ontem vi a repetição do episódio em que a Billie morre. Fiquei tão triste como da primeira vez. Gostava muito da personagem e da raiva que ela tem as Winchesters. Se bem percebi, ela volta, e mais poderosa? Passa a ser mesmo A Morte? Isso era awsome! Porque afinal ela anunciou "consequências cósmicas" e pelo final da temporada ainda não tinha acontecido nada. Espero não ter percebido mal. ;)