sábado, 3 de novembro de 2018

World War Z / WWZ: Guerra Mundial (2013)


O grande problema deste filme de zombies é que não tem zombies. Há um vírus tipo “28 Dias Depois”. Assim que alguém é mordido por um infectado, transforma-se em “zombie” em 12 segundos. 12 segundos! Nos casos mais demorados, 10 minutos. Não, isto não são zombies. Um zombie é um cadáver que come vivos. Estas pessoas não são cadáveres porque nunca chegaram a morrer.
Pior um pouco, em vez de ficarem mais lentos, os supostos cadáveres adquirem tanta força e velocidade que se nota perfeitamente que algumas imagens foram aceleradas por computador. Estes “zombies” são mais Incríveis Hulks ou algo do género.
E depois temos o enredo. Um ex-agente das Nações Unidas (nunca sabemos o que ele fez ao certo, excepto que era um durão), Brad Pitt (isto é, “Gerry Lane” interpretado por Brad Pitt, mas quem é que se interessa do nome do personagem quando Brad Pitt está no écran e não se chama “Louis”?), retirado da vida activa para se dedicar à mulher e duas filhas, uma destas com asma (mas isto nunca tem importância nenhuma), é o típico ex-militar dos filmes de acção que decide merecer o repouso do guerreiro. O personagem não passa disso, um Action Man a fazer de bom marido e pai extremoso. Como acontece nos filmes de acção, por razões e acasos ele acaba por ser chamado de volta ao seu trabalho quando há uma crise. E resolve-a. E aqui temos o enredo de filme de acção que já vimos ad nauseam.
World War Z até tem umas cenas interessantes no princípio, a lembrar o melhor de "The Walking Dead" e "Fear the Walking Dead". (Faço um parêntesis para realçar como "The Walking Dead" se tornou o mais alto patamar de comparação em tudo o que toca a zombies. Tirando o primeiro filme de George Romero, “A noite dos Mortos Vivos” de 1968, realmente não vi melhor e há que admitir.) São as cenas em que se percebe que algo está mal mas ainda não se sabe o que é. Como aquele engarrafamento em que a família está dentro do carro e começa a ver motos da polícia a avançar por entre o tráfego e transeuntes aterrorizados a fugir na direcção inversa.
Infelizmente, toda esta tensão se perde quando o protagonista observa um “mordido” a transformar-se em “algo” (recuso dizer zombie) em apenas 12 segundos. Catrapás, já estás! A partir daqui o filme torna-se num daqueles enredos em que um herói é enviado a várias partes do mundo à procura do paciente zero, de uma vacina ou de uma cura. Torna-se definitivamente um filme de acção. Como bom filme de acção, não morre ninguém importante. Afinal, o herói tem de salvar a família para que tudo acabe bem.
Entretanto, vi supostos zombies a correr mais depressa do que os vivos, a escalarem muros e arranha-céus (!) tipo formigas umas atrás das outras, e a morderem tudo e todos sem nunca pararem para comer alguém. Mas que?!... Será que as pessoas que fizeram o filme alguma vez viram um filme de zombies? Sim, viram. Na verdade, sendo um filme de 2013, em que "The Walking Dead" já liderava audiências, se calhar até nem queriam fazer um filme de zombies, mas os zombies já estavam na moda e aqui está isto. Um filme que eu vi no engodo de ter zombies. Se me dissessem que era um filme de acção com pessoas infectadas por um vírus raivoso talvez não visse, pois não?
A este filme falta tudo o que é preciso para meter medo. É verdade, as últimas cenas são tensas, mas como já sabemos que ali está um típico herói de acção ninguém acredita que lhe aconteça alguma coisa. Afinal, ele tem de salvar o mundo!
O que nos mete medo, no zombie, é o horror de um cadáver humano que se reanima, podre e malcheiroso, para comer os vivos. (Simboliza, a bem ver, o horror da própria morte. Todos somos cadáveres a prazo). O que temos em World War Z são pessoas infectadas com um vírus raivoso. Sendo assim, preferi “28 Dias Depois”. Pelo menos é mais original. Os apreciadores de zombies não perdem nada se ignorarem World War Z.



12 em 20

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