Apaguem o frio, ainda não inventaram um botão que apague o frio?!
Existe Sol e aquela noção química que se chama calor, mas então porque ainda está frio?!
Não me chamem para o verde da aventura!
Apaguem o Sol, pois aqui as paredes são brancas e os corações são negros.
Não me deixem ver o vermelho vencedor de uma guerra. Não quero vencer na sua vitória!
Prefiro viver nas horas azuis dum cheiro sintético e industrial.
Apaguem o vermelho sanguíneo do Sol que me entra pela casa de manhã!
Apaguem-me esta madrugada que me apaga a noite. Apaguem quem quer apagar a noite que é a morte na qual vivo!
Apaguem as noites meladas de sono e beleza sem sexo.
Apaguem a beleza que me tortura.
Deixem-me ficar no quarto quente onde os morcegos negros esvoaçam, e onde os vampiros se vêm aninhar.
Deixem entrar os fantasmas que tilintam nos meus cristais de luz.
Apaguem o amor! Cortem dele tudo o que for feliz e efémero e que aconchegue corações.
Deixem que a vida morra hoje! E por favor…
Apaguem este verde que me leva para a aventura e deixem-me sonhar azul na morte negra que eu própria sou!
28-5-1987
alterado a 24-2-1988
Comentário: Este esteve quase para entrar em "Máquina Herética" mas deixei-o de fora.
6 comentários:
Deixaste de fora mas é sem dúvida das melhores obras tuas que já li. Adorei a sensação de desespero, de atabafo, de frio que me deu.
*meee* Não concordo. Acho muito adolescente.
Por isso mesmo. Tem ali uma veia naïve, uma "entrega" que se perde com a idade. Gostei mesmo muito.
Ok, se gostas... :)
Compreendo isso da "veia naïve". Coisas que só se escrevem na adolescência...
Oh Katrina, ainda não percebeste que eu sou uma eterna adolescente (é que podia ser uma eterna criança, que até me ficava bem, mas não é adolescente mesmo, arghhh)
Eu também sou uma eterna adolescente, para o melhor e o pior.
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