SILÊNCIO
Nas almas dos mortos e dos corações ardentes
as chamas revolvem-se nas montanhas geladas
As palavras indizíveis
As vidas cortadas rente, dizimadas
As incisões indescritíveis
As palavras insuportáveis
as dores, as dores abandonadas
as outras descobertas e mais tarde exumadas
no bater calmo dos corações
das palavras insuportáveis
das torturas implacáveis, implacáveis
do sangue nas montanhas geladas
Pelo irromper calmo dos vulcões
Pelo bater mortal dos corações
as dores das palavras torturadas
o gelo sangrento das montanhas caladas
As torturas jamais acabadas
Os mortos com almas exumadas
O eterno descanso das montanhas geladas
O sangue das palavras caladas
O sangue dos mortos implacáveis
nas torturas criminosas infindáveis
o gelo das chamas torturadas
pela morte das almas trespassadas.
30–9–1990
2 comentários:
E de silencioso não tem nada, é mesmo um grito em voz alta. Gostei muito mesmo, este sim, é daqueles poemas que cada pessoa entende como pode, consoante a sua própria vida, mas que qualquer pessoa se pode identificar, independentemente das suas vivências e do significado que teria para o autor.
Este é um dos meus preferidos.
Foi mais ou menos por esta altura que comecei a escrever sobre aquilo que conheço melhor: o sofrimento.
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