Ou de como Portugal morreu.
Desde que os fatinhos ricos de uma coisa chamada SEDES (que pela sua opacidade deve ser mais uma máfia iguais às que só se manifesta quando a crise lhes chega ao bolso) anda tudo numa fona (eu disse FONA) a tentar perceber porque é que Portugal, como país, morreu.
Digo como país, não como nação, porque como nação este pequeno pedaço de território já passou por outras piores e nada nos faz suspeitar que não sairá desta também.
Era sobre isto que ia escrever mas hoje estou muito zangada. Já diria o Goldmundo, eu estou sempre zangada, mas hoje mais do que é habitual.
NÃO VOU ESCREVER MERDA NENHUMA!
E sabem porquê?! Porque não tenho feito outra coisa senão escrever. Se não leram, tivessem lido! Sois preguiçosos! Sois lerdos! Sois lentinhos!
A única desculpa é que, como descobri a propósito dos filmes, as etiquetas automáticas só puxam a fatia mais recente do bolo, pelo que me darei ao trabalho tão só de organizar uma lista, mais uma vez à lá pàte, que vai ali para os arquivos do costume.
Está tudo lá. De resto, como diria Andrew Eldritch:
I have nothing to say I haven't said before. I bled all I can I won't bleed no more
E se querem São João, também se arranja: os que têm olhos que leiam; os que têm ouvidos que ouçam. Ou outros, que se fodam que não me pagam para isto e eu tenho ali uns episódios de "Prison Break" para ver enquanto no Titanic (ainda) se toca música.
Mas não pensem que vão daqui de mãos a abanar e rabinho fresco. Não depois do execrável "Clube de Jornalistas" da última quarta feira, em que meia dúzia de fatinhos ainda (!!!) diagnosticavam o país.
Devo dizer-vos que durante muito tempo acreditei que o povo português era muito burro. Mas a burra era eu. Quando se fez luz (e não era o isqueiro) percebi que se a maioria é de facto muito ignorante, fatinhos que tais, dos das SEDES e Clube de Jornalistas, são pagos para se fazer burros.
Não sei se é desta que perco o emprego mas hoje não quero saber de nada. Então não era que estava lá um fulano que, disse ele!!!, trabalhou para o Estado durante 20 ou 30 anos antes de se meter no Privado, e com esta idade vem dizer que o povo português está sempre à espera de que tudo lhe caia do Estado? E de onde é que lhe caiu a ele, os tais 20 ou 30 anos? O suficiente enchimento, diria eu que não sei nada da vida dele, para comprar umas acções na empresa adonde hoje assenta o vetusto traseiro para dizer mal dos desgraçados que mal têm dinheiro para a acção de comprar a carcaça de cada dia.
Como diriam as Vicentinas de Bragança, há quem se esteja a candidatar a um telefonema de Favaios, mas dos valentes! Olha, eu já tinha o ferro de engomar mesmo a ali à mão de arremessar. E isto logo a seguir a ver o "Dexter". Depois ainda se queixam que as gerações mais novas são violentas, eles são os pretos que são maus, eles são os neonazis que são maus, ele é o outro que se suicidou à facada num vão de escada, é licenciados frustrados de ferro de engomar na mão... Um apocalipse, dizem os fatinhos que estão a ver coisa (deles) ficar negra. A polícia, braço da Lei, ficou sem ele desde o episódio Maddie, por isso agora temos uma Lei Cega, Surda e Maneta.
De facto, o país a putrefazer-se e a malta entretida com policiais de carjacking em Verzoim e fichas avaliativas de professores. É para rir.
Será isto o "mal difuso"? Eu que sou pobre não sei o que é isso de "mal difuso". Ou é mal, ou não é mal. Ou é fome, ou não é. Ou há gás para o banho ou não há banho. Ou há champô, ou não se lava a cabeça. Ou há dinheiro para o passe ou se anda a pé. Como é simples a vida de um pobre! Aposto que muitos ricos nos invejam.
Posto isto, diz uma das senhoras presente no debate: "Mas andamos sempre a fazer o diagnóstico! Será que não temos capacidade para sermos orientados para a solução e não para o problema?"
Ò minha rica filha... Tu tem dó. Quanto é que te pagam para fingires que és atrasada mental, ou já és assim de nascença, benza-te Deus?
Não por ti, mas por outras pessoas que respeito mais e que lêem este blog, termino não com diagnósticos mas com o motivo porque não há solução.
Imaginem esta cena, que deve ser acessível até aos mais mentecaptos. Meia dúzia de rufiões apanham um homem na rua - um homem qualquer - e dão-lhe pontapés até o gajo cair, deitar os dentes para fora e deitar sangue das orelhas. A certa altura, os sádicos reparam que o homem já não se mexe. Começam então a fazer o diagnóstico: "Estará morto? Porquê? Qual é a solução? Como é que isto aconteceu? Agora a quem é que vamos bater?" Em 30 minutos, sangraram o homem que rebentou de hemorragia interna. Um país aguenta mais tempo. Talvez, direi... uns 30 anos?...
E o que fez a elite de rufiões ao país, se não mesmo à nação? Um genocídio de cérebros, mas um genocídio que faria um Hitler corar e um Estaline empalidecer. Já o outro, o Pol Pot da Coreia, sabia bem dar-lhes o sumiço: falas Inglês? Pega ali no saquinho azul e vamos dar uma voltinha para apanhar mexilhão.
Pol Pot ficaria azul se soubesse que se podia aniquilar os melhores cérebros do país e ainda assim os manter a trabalhar: arquitectos em sapatarias, licenciados de ciências sociais em call centers, doutorados a vender enciclopédias de porta a porta. Não todos, não senhor, que aqueles que tiveram a sorte e o engenho de arranjar estágios científicos no estrangeiro, ou família lá para as franças, ou que simplesmente tinham idade, saúde e ausência de laços familiares, ala que se faz tarde, toca a emigrar. Nenhum Pol Pot se ralaria muito com isso, e os nossos também não. Até primeiros-ministros o fizeram, dando o exemplo máximo.
O que ficou? A elite consanguínea dos velhos dinheiros e casamentos entre primos. A elite consanguínea: queda de Roma. A elite consanguínea: estrangulamento do Egipto. A elite consanguínea: pilar da Idade Média que só não matou a Europa porque a Igreja teve de intervir e considerar pecado casamentos entre tios, sobrinhas, filhos ilegítimos e avós sem herdeiro macho.
O povo esquimó, na sua imensa sabedoria que o ocidente cristão não percebe, oferece a sua mulher ao estranho de outras paragens. Deboche? Generosidade? Não. Instinto de sobrevivência da espécie. A mesma com que no Tibete, e noutras sociedades matriarcais, vários homens casam com a mesma mulher. Porque antes do ADN o pai podia ser duvidoso... mas da maternidade não havia dúvidas.
É pelo desprezo desta norma básica, velha como a Suméria, que a elite medíocre não encontra solução nem deixa que a solucionem.
Já não é a primeira vez que aqui falo disto mas depois da lista seguinte será mesmo a última.
A solução é só uma, muito simples, e chama-se AMOR. Quando houver amor, nenhum gestor de nenhuma empresa dormirá descansado ganhando os milhares de euros por mês que os miseráveis dos empregados não ganharão num ano. Quando houver amor, nenhum gestor de uma empresa deixará os seus no desemprego e na miséria para deslocalizar o seu negócio para um país ainda mais miserável onde os seus empregados não ganharão toda a vida o que ele ganha num mês. Quando houver amor, reformados com milhares de euros repartirão as suas reformas milionárias pelos outros que apenas têm 250 euros. Quando houver amor, as oportunidades serão iguais, porque pais que amam os filhos os ensinam a pescar e não a roubar o peixe. Quando houver amor, nenhum imigrante ilegal chegará à Europa em embarcações assassinas porque há guerra no seu país. Quando houver amor, não se matará um elefante por causa dos dentes porque ninguém os comprará.
Aqui está, minha senhora, a solução. Como vê, não é falta de engenho. É falta de vontade.
Por isso, até que o sangue se desintoxique, voto na Europa. Nada como uma filipada para voarem Miguéis de Vasconcellos pelas janelas. E agora, se me perdoam, ou não, tenho coisas mais importantes para fazer, como ver o "Prision Break", e talvez me ocorra uma ideia de génio para fugir desta merda para fora.
Fodestes o país. Agora fodei-vos. Já não tenho músculos faciais para sorrir mas algo me diz que vou ser a última a rir.
5 comentários:
Em teoria os gestores ganham balúrdios porque valem balúrdios para a empresa. Se uma empresa tiver um determinado lucro e um determinado crescimento anual, e aparecer um tipo que consegue fazer com que ela duplique os resultados, em teoria ele vale a diferença entre os resultados antes de ele chegar e depois de ele meter mãos à obra. Isto porque seria do interesse da empresa pagar-lhe um bocadinho de nada menos do que essa diferença, que ainda saía a ganhar.
Se estivermos a falar dum operário ou de um engenheiro pouco criativo, isto já não acontece porque podem perfeitamente ser substituídos por outros capazes de fazer o mesmo. É a mesma lógica de pagar somas astronómicas aos jogadores de futebol. Se fores aí ao clube de futebol da província vais ver que ganham uma miséria, isto quando os salários não estão em atraso meses a fio. Se queres o melhor, tens que pagar por isso - porque toda a gente quer o melhor mas só há um melhor para dar.
Claro que nós por cá tentamos aplicar isto no faz-de-conta. Faz de conta que os nossos gestores são mesmo muita bons e merecem tudo isso e ainda mais um par de botas. Não se verifica porque os gestores são escolhidos como tudo o resto é escolhido por cá - pela nossa versão nacional de corrupção que até tem nome carinhoso: a cunha.
Mas aí o problema é o critério de escolha, não é propriamente o ordenado. É um mundo filho da puta, não é o mundo cheio de arco-íris e unicorniozinhos cor de rosa em que tu aparentemente queres viver, e se o amor também não está igualmente distribuído nem pode estar, não vejo razão porque a riqueza deva estar.
Filhos da puta conheço eu bem. Chicos espertos, de longe.
A razão porque o amor não pode estar distribuído é que me escapa. Lamento a burrice.
O amor pode estar distribuído. Como o dinheiro já o está - distribuído mas não de maneira igual.
Porque ninguém ama toda a gente da mesma maneira. Haverá sempre uns que são mais amados e outros que são menos. Haverá sempre pessoas especiais umas para as outras. Não amas o gajo cheio de borbulhas com que te cruzaste no metro ontem da mesma maneira que amas as pessoas com quem estás todos os dias e partilhas a tua vida. E em "da mesma maneira" subentende-se "tanto".
Amor chapa 5 para todos só se fores o messias redentor. E mesmo esse punha-se com algumas merdas com o pessoal que não acreditava nele.
Ok. Esquece a palavra Amor. Substitui por Ética.
Funciona melhor em pessoas como tu.
Olá, Gotika! Venho atrás do teu desafio de tomar chá no deserto. Embora já ande há mais de 4 anos no deserto, dando e levando chás, não me queixo do deserto. Importa é ir pondo marcos aqui e acolá, mas de forma que não os possam apagar. Por isso optei há bastante tempo por ir passando a papel aquilo que escrevo. Já dei ou vendi os meus escritos a algumas centenas de pessoas. O «Das Tinturra», por exemplo, não há quem o leia e que não perceba como tem sido besta até agora. Se as pessoas colaborassem na divulgação, talvez nem Portugal morresse, quem sabe?
Passa também os teus posts a papel, arruma-os e publica-os na lulu.com, gratuitamente. Blog é bom para escrever, mas não para divulgar as ideias quando se trata de ilustres desconhecidos.
Abraços
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