Começando pelos filmes, voltei a ler posts dos anos 2004 e 2005, neste blog, porque a certa altura começa a ser muita coisa a precisar de organização sob pena de ter sido tempo perdido.
Fico perplexa quando me leio, por exemplo, a escrever aqui, branco no preto, coisas sobre o estado e o caminho do país que agora toda a gente diz à boca cheia, inclusive uns engravatadinhos de uma coisa chamada SEDES, quando na altura me chamavam doida. Se dúvidas haja, os posts continuam lá. O que mais me custa é que foi apenas há 3 ou quatro anos atrás, já não contando com o que escrevi no blog ainda ele estava no SAPO.
Mas não é essa a maior reflexão. A maior frustração, direi melhor. Essa foram mesmo as vezes que tentei pôr as pessoas a falar. Ele foi blog, ele foi comentários, ele foi fórum, ele foi IRC. Como muitos outros organizadores de fóruns sabem bem, pelo menos no que toca ao movimento gótico, missão impossível.
Em ambos os casos, quer as tiradas visionárias caídas na ingratidão, quer o silêncio oco e inseguro do outro lado, deixei de sentir o sucedido de forma pessoal. Sei que o mesmo não acontece noutras partes do mundo. Sei que é só daqui, neste sítio de desencanto e apatia, de estagnação pantanosa.
Quanto ao país, actualmente já não há nada a dizer excepto que morreu e cheira mal. Não há palavras (pelo menos minhas) para dizer aos pobres mentecaptos que ainda olham apenas para a gangrena na perna do cadáver e o julgam moribundo mas vivo. Cheira-lhes a morte mas julgam que é só podre.
Quanto à falta de capacidade discursiva das gentes em geral, especialmente aquelas que à falta de ideias respondem com estilo (muita parra, pouca uva), fecha-se a caixa de comentários para não se assistir a maiores embaraços de fraco intelecto.
Eh bien. Dizia Fernando Pessoa que não haveria maior prazer que ter um livro para ler e não o fazer. Isso porque nunca teve um blog, senão saberia que não há maior prazer do que escrever um post e fechar uma caixa de comentários. Assim.