quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A Maldade

Hoje pus-me a pensar, por alguma razão, que toda a maldade me foi ensinada. Nasci para o mundo desprovida de desonestidade, de mentira, de mal-querer. Até aos seis anos de idade pensava que todos os meninos eram meus amigos. E porque não haviam de ser, se nunca lhes tinha feito mal? Foi um choque existencial perceber que havia alguns que não gostavam de mim só "porque não". À partida, eu gostava de todos. Desde esse momento revelador nunca mais gostei de ninguém como dos meus bichos.
Toda a vida teve de ser a minha mãe, e as outras pessoas, tal como hoje são os meus chefes, a terem de soletrar todas as frases das mentiras que sou obrigada a dizer. "O que é que eu digo então?" tornou-se na minha frase recorrente. Dou por mim a ensinar a outros que não sabem mentir aquilo que por sua vez devem dizer. Mas os verdadeiros mestres, porque os há, que eu vi, já nasceram assim e não partilham os segredos.
Houve apenas uma manifestação de maldade que já nasceu comigo, por não ser santa como ninguém é. A vingança. Isso ninguém me ensinou, admito.
Parece que cada um é para o que nasce.