domingo, 22 de março de 2020

The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2 / Amanhecer - Parte 2 (2012)


[contém spoilers; revela o fim]

Quinto e último episódio de Edward-o-vampiro-que-brilha e Bella-a-rapariga-que-nasceu-para-ser-vampira (diz ela). Este foi o melhor dos filmes Twilight e não apenas pela razão mais óbvia: acabou! Estou livre! Adeus!
Não, “Breaking Dawn Part 2” surpreendeu-me porque pela primeira vez desde que vejo os filmes desta série não achei uma autêntica seca, e teve uma batalha e tudo… isto é, mais ou menos. Mas para não estragar nada, e se ainda houver uma alminha que não conheça o final, é melhor parar de ler JÁ e voltar a esta crítica depois de ler/ver o fim. Não digam que não avisei.
Mas agora sem ironia, este foi realmente o meu filme preferido da série, e tudo por causa dos Vulturi. Os Vulturi é que deram vida (e morte) a esta seca toda.
Mas antes disso, tudo aquilo em que me enganei na crítica anterior:
Julguei que o ponto alto desta segunda parte de “Breaking Dawn” fosse o momento em que Bella teria de explicar ao pai o crescimento anómalo de Renesme. Pois bem, isto nem sequer foi abordado como deve ser. Disseram ao pai de Bella que a menina era uma sobrinha, e ele também não achou estranho que a miúda crescesse como se tivesse sido feita em laboratório. Nem quando Jacob lhe mostra que existem lobisomens aquele palerma decide perguntar à filha se Bella era agora uma lobisomem (lobismulher?) também. Que decepção, ó pai da Bella! Julgava-te muito mais esperto!
Outra coisa em que me enganei foi ao supor que os Vulturi estavam interessados na Renesme. Nada mais errado. Eles estavam interessados era na Alice, a tal que tem os poderes psíquicos de ver o futuro. Ora, eu nem me tinha apercebido de que a Alice era uma personagem importante! Imaginem o meu choque!
Mas o enredo principal centra-se mesmo em torno de Renesme (a quem Jacob, seu auto-nomeado protector, dá a alcunha de Ness, o que leva Bella a zangar-se com ele por lhe ter dado a alcunha do monstro de Loch Ness... Ora, Bella, e mesmo assim é muito mais bonito do que o nome que puseste à tua filha, ó criatura com falta de gosto!).
E aqui, meus amigos, temos um enredo “Claudia”. Uma vampira que eu nunca vi na vida mas que é a Althea de “Fear the Walking Dead”, e aparentemente parente dos Cullen (?), vai visitá-los e fica chocada ao ver uma criança entre eles. Imediatamente, vai fazer queixinhas aos Vulturi de que os Cullen fizeram uma criança vampira. Isto é proibido e os Vulturi partem de imediato para destruir a criança e os Cullen também (excepto a Alice, a quem querem capturar devido aos seus dons).
Ora, isto é o enredo de “Entrevista com o Vampiro”, parte Claudia, com algumas variações. Se até aqui eu desconfiava que os Vulturi tinham sido inspirados no vampiro Armand de Anne Rice, agora tenho a certezinha absoluta. E que se tirem daqui as devidas conclusões. Também me enganei ao julgar que os Vulturi iam ter alguma curiosidade científica quanto a Renesme. Não, isto é mesmo e apenas “Armand do Thèâtre des Vampires quer esturricar Claudia porque é proibido fazer vampiros tão jovens”.


Mas não me enganei quanto ao facto de Renesme não ter sido a primeira “híbrida”. Era óbvio que não podia ser. Desde quando é que, na possibilidade de existir sexo entre humanos e vampiros, este não seria experimentado? O inverosímil é que nem os Cullen nem os Vulturi (nem qualquer outro dos “antigos”) tivessem conhecimento de casos anteriores. É que não devia haver apenas um ou dois ao longo dos milénios. Devia haver dúzias. Tudo isto foi mal pensado e abre mais um buracão na história.
Renesme não é exactamente uma vampira***, e o equívoco podia muito bem ser resolvido com uma conversa se os malvados Vulturi estivessem para isso. Mas não estão, e segue-se uma batalha entre eles e os amigos dos Cullens, com a ajuda dos lobisomens.
Aqui encontrei mais uma incoerência. Jacob diz que as alcateias vão querer lutar, mas por alma de quem? Porque “nunca tiveram medo de vampiros”, diz ele, e é verdade, mas não seria muito mais lógico que não se envolvessem e deixassem os vampiros matarem-se uns aos outros? Afinal, ainda no filme passado eram eles quem queria destruir a abominação Renesme… Porque é que mudaram de ideias? Jacob é agora o lobo alfa (o que manda) e ninguém nos informou? Não se percebe.
***Quanto a Renesme, a ideia é que a miúda é metade-vampira metade-humana. O que é que isto significa? Que ela tanto pode viver de sangue como de comida? Mas precisa de sangue ou não precisa? Porque se não precisa não é vampira. Mas se é, e se deixar de beber sangue, perde os poderes vampíricos? Sinceramente, não sei nem quero saber. E espero bem que não haja uma sequela a contar as aventuras de Renesme.
Então, de volta ao filme, chegamos à batalha e as coisas ficam bastante graves. Quando eu vi a cabeça decepada do Carlisle Cullen julguei que ia ser muito a sério. E pensei: “Tu queres ver?! Que morre o Edward, que morre a Bella, que morrem todos e só se safa a Renesme porque é salva pelo Jacob?” E de repente tudo se tornou mais empolgante. Suficiente para redimir a saga inteira. Começou a batalha. Parecia uma batalha dos “Vikings”, com tantas cabeças cortadas. Morreram vampiros importantes. Morreram lobos. Lágrimas vieram-me aos olhos e o meu coração partiu-se… Mas, afinal, nada disto aconteceu. Exactamente assim: não houve batalha nenhuma. Foi tudo uma visão que a tal Alice inspirou ao líder dos Vulturi. No fim vão-se embora antes que haja batalha.
Também já na última versão dos “Ficheiros Secretos” fizeram o mesmo: ah, não era o fim do mundo, era só uma visão. Truque baixo que defrauda as expectativas do espectador. Pior que isto só o sonho infame de “Dallas”, em que uma temporada inteira foi um sonho.
E assim terminou a saga Twilight… Ah, não, há mais. Outra coisa que eu esperava ansiosamente era que o Jacob finalmente se libertasse da Bella e disto tudo. Em vez disso, torna-se protector da filha da Bella, o que já é suficientemente doentio. Mas no fim, mesmo no fim, Alice tem outra visão. Jacob e Renesme abraçados, ela já adulta, tão juntinhos que me pareceram um casal. Eu não quis acreditar no que vi. E pensei: “Desliga lá a mente ordinária, que isto que viste foi só fraternal”. Mas fiquei tão incomodada que fui à internet procurar. E então não é mesmo verdade que o Jacob espera que a Renesme cresça (sete anos apenas, porque ela cresce depressa) e se tornam um casal romântico?! Uma coisa é o Edward andar atrás da Bella que é 80 anos mais nova do que ele, mas até fecho os olhos. Muito diferente é alguém que tem sobre uma criança o papel paternal de um tio e que a certa altura deixa de ser paternal para se tornar… o quê? Já seria suficientemente mau que ele esperasse pela filha na impossibilidade de ter a mãe, mas acompanhar essa criança desde bebé? Sou só eu, ou acontece aqui algo de muito errado? Pelo menos podiam separá-los e podiam encontrar-se muito tempo depois, sem que o Jacob alguma vez lhe tivesse mudado a fralda. Pobre Jacob, o que fizeram à personagem dele, uma das mais interessantes da saga. Desde o primeiro livro (aquele que li), Jacob sempre me pareceu o único com alguma coisa na cabeça. Eu estava a torcer para que ele se libertasse desta relação a três (ou a quatro?) mas nem essa sorte eu tive.
Não admira que Twilight tenha dado origem a coisas mais doentias ainda (50 Sombras de Grey e sabe-se lá mais o quê).

Este abraço

E assim acabou a saga com um sabor a pedofilia que era completamente dispensável. Vou fingir que não vi isto. Melhor, vou fingir que nunca vi esta saga. E vou dar mais um pontinho porque é o último filme:

13 em 20

Acabou! Acabou!


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