domingo, 1 de março de 2020

La Morte Amoureuse (1836) / Clarimonde, de Théophile Gautier


“Clarimonde” (publicado inicialmente em 1836 com o título “La Morte Amoureuse”)  é um conto clássico a não perder por todos os amantes de vampiros. Nunca nos é dito claramente quando se passa, mas tudo aponta para o século XIX, talvez mais cedo. Um jovem padre, no momento da sua ordenação, é fascinado pela bela Clarimonde que o observa na igreja. A partir daí, cada vez mais enredado pelos seus encantos (ou encantamentos?), o jovem, já ordenado, começa a viver com ela um estranho idílio: quando dorme, ele é o nobre Romuald, rico e dissoluto, vivendo com a sua amante em Veneza; quando o nobre dorme, volta a ser de novo o pobre presbítero. Como diz o protagonista, Romuald deixa de saber se é um nobre a sonhar que é padre, ou um padre a sonhar que é nobre. Mas a verdade é que são felizes. Uma felicidade apenas perturbada por escura sombra quando Romuald percebe que de noite Clarimonde lhe bebe o sangue, mantendo assim a sua vida e beleza eterna. Pois Clarimonde já morreu há muito tempo.
Não posso contar mais nada porque o conto é muito curto, mas o fim é à Van Helsing. Recorda-nos vividamente o momento em que os personagens de “Drácula” descobrem Lucy, morta-viva, no túmulo, e a destroem.
Ou melhor, o Van Helsing de Bram Stoker é que poderá ter sido inspirado aqui, uma vez que “Drácula” é de 1897, sessenta anos posterior a “Clarimonde”. Isto não quer dizer que o conto de Théophile Gautier tenha sido fonte de inspiração para Stoker, nem é obrigatório que o seja, visto que muitas vezes duas histórias semelhantes podem ter sido inspiradas por outra ainda mais antiga (geralmente do folclore) sem que qualquer dos autores conheça a obra um do outro. De qualquer das formas, as semelhanças saltam à vista.
“Clarimonde” está disponível em inglês no Projecto Gutenberg.

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