domingo, 29 de março de 2020
Predators / Predadores (2010)
Quem acompanha a saga Predador já sabe tudo sobre ele: quem é o Predador, o que faz e o que quer. A dificuldade, sequela após sequela, é continuar a fornecer o que já se espera da série com alguma dose de originalidade. Este filme de 2010 consegue ambas as coisas.
Desta vez, o Predador não vem ao nosso planeta. Antes rapta daqui algumas “presas” e leva-as para outro planeta, onde, por assim dizer, tem uma “reserva de caça”. Como nós sabemos, o Predador não gosta de presas fáceis e indefesas, por isso os escolhidos são um grupo heterogéneo de militares e mercenários e assassinos. O Predador não fez uma escolha moral, e entre estes temos pessoas boas, más e assim-assim. E nem sempre os bons e os maus são aqueles que o parecem, algo que o filme manobrou muito bem e que nos consegue surpreender com alianças e traições inesperadas.
Os elementos de sucesso dos filmes anteriores são usados de forma inovadora. Por exemplo, a batalha épica do filme original, homem em tronco nu contra o Predador, armado apenas com uma catana, é aqui elegantemente recordada, desta vez com um capanga da máfia japonesa Yakuza armado apenas com uma espada de samurai. Não vence, mas também não perde.
Até há tempo para a nostalgia, quando alguém relata a história do único comando que sobreviveu ao Predador, em 1987, nas florestas da Guatemala. E de repente uma pessoa sente-se tão velha por se lembrar tão bem disto como se tivesse sido ontem.
Ao contrário do Alien, um colonizador “animalizado” com que não conseguimos estabelecer qualquer empatia, o Predador é um extraterrestre inteligente a quem podemos compreender. O Predador é um caçador. O nosso azar é que as presas somos nós. Mas a um caçador nós reconhecemos algo de humano (ou desumano, conforme as opiniões), e ele também nos reconhece a inteligência e o mérito a nós. Alianças entre homem e Predador são possíveis, e o Predador, como vemos aqui, é mais fiável do que muitos humanos. (Descobrimos, neste filme, que entre os próprios Predadores nem todos são iguais, que existe alguma forma de conflito entre eles, e, já se sabe, “inimigo do meu inimigo meu amigo é”.)
Gostei deste filme em que as personagens são bastante mais desenvolvidas do que é costume em filmes de acção. O cast de actores é excelente. Fiquei bastante surpreendida ao ver Adrien Brody num papel de acção, tendo em conta que Brody até já ganhou o Óscar de Melhor Actor com o filme “O Pianista”. Eis a prova de que um filme de acção não precisa de ter actores abrutalhados e com poucos diálogos, como era típico nos anos 80. Outra presença de vulto é Laurence Fishburne, que aqui aparece num papel a lembrar um Gollum sem o Anel.
“Predadores” conseguiu surpreender-me pela positiva, com acção inteligente do princípio ao fim e boas interpretações que dão profundidade a uma sequela de que já não era provável esperar tanto.
15 em 20
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