sábado, 22 de novembro de 2008

Venham mais cinco

The cracks appear along the wall wall wall wall wall
See the people stoop back, once stood tall tall tall tall tall
I see the buildings crumble see the empires fall
But I see no more and I don't recall

Because I see
Nothing but the good things
Because I see
Nothing but the good things
Because I see
Nothing but the good things
Nothing but the good good good
Nothing but the good things

Well nothing ventured nothing lost
Count the changes count the cost
A reformation so uncertain
Keep your station draw the curtain

Because out there the snipers work the ridges
Building bombs and blowing bridges
Out there on a darkened road
The lines are dead and the cars explode

But in here
There's nothing but the good things
In here
Nothing but the good things
In here
Nothing but the good things
Nothing but the good good good good good
Nothing but the good things

I see a green sea a pleasant land land land land land
Nothing mean or underhand
On the fence or in the sand
Well I take no chances and I take no stand

Against the wall
Against the wire
Against the fall
Against the fire
Against the sale
Against the hire
They say the profits high
But I know the cost is higher

Still I see
Nothing but the good things
Still I see
Nothing but the good things
Still I see here see do talk see
Nothing but the good things
Nothing but the good good good good good
Nothing but the good things
Nothing but the good things
Nothing but the good good good good things
No!


"Good Things", The Sisters of Mercy




Foi há 5 anos por esta altura que comecei a congeminar este blog. O Sitemeter, registado a 18 de Dezembro de 2003, foi uma das últimas coisas a adicionar à página inicialmente alojada no Sapo.
Nessa altura éramos meia dúzia de gatos a blogar. A maioria dos blogs pertenciam a uma elite que já tinha internet de banda larga desde que ela era demasiado cara para o comum cidadão (40, 50 euros) e dedicavam-se principalmente à política (Abruptos e afins).
Eu, por outro lado, tencionava criar um espaço em que falasse das coisas sob uma perspectiva gótica. Claro que na altura não sabia que era isto que acabaria por fazer. Queria apenas fazer um blog pessoal, um cantinho virtual só para mim, que não esperava que fosse lido de todo.
Acontece que foi lido, cada vez mais lido, e neste diário pessoal fui expondo a minha alma, talvez demais, até um ponto em que as circunstâncias da minha vida se tornaram demasiado... difíceis para serem partilhadas por estranhos, e foi necessário retrair-me, como uma concha que se fecha para proteger as membranas sensíveis onde crescem as pérolas mais preciosas.
Nestes cinco anos a minha vida, a minha mente, a minha alma, foram implacavelmente destruídas por desgostos irreparáveis que me tornaram mais silenciosa e reservada.
Por isso mesmo, nunca imaginei que este blog durasse tanto tempo. E no entanto aqui estamos.
Conheci muita gente interessante, e até alguns heróis. Fiz amigos preciosos.
E com os cabelos brancos virtuais chegaram também dois afilhados, a Ribeira Negra e a Psiquê, que muito fazem babar esta madrinha. (Não podia deixar passar este quinto aniversário sem vos lembrar.)


Um país em ruínas
Nestes cinco anos, observei daqui, também, o último estertor da morte (previsível) de um país arruinado e, com uma perversa satisfação, o despertar dos tansos que foram os últimos a saber que o Titanic se estava a afundar quando já tinham água pelo pescoço. Ainda hoje me fazem rir, porque merecem e não fizeram nada quando podiam fazer... porque estavam demasiado distraídos com o futebol e a telenovela. Chamavam-me maluca quando dizia que estava a passar mal e a passar frio. E só não disse que passava fome porque de verdade não sei. Acontece-me perder o apetite quando tenho a alma agoniada.
Durante estes últimos 5 anos assisti ao maior desastre desde o desvio de fundos cavaquista. Durão Barroso abandonou o mandato de primeiro-ministro, trocando a lealdade à nação pelo vil metal e o estatuto de Bruxelas. Continuo a ter dúvidas de que se possa censurá-lo. Qual o português que não o faria? A circunstância de o exemplo vir de cima é apenas a prova de que ninguém acredita neste ex-país, nem os seus mais altos representantes. E depois veio a desgraça. Santana Lopes primeiro-ministro, um homem que pode ser muito boa pessoa (não sei se é mas pode muito bem ser) mas que não tem capacidade de gerir algo mais que um night club (e com muitos assistentes a ajudar).
Foi assim que uma maioria de eleitores iludidos elegeram democraticamente a maior corja de mentirosos, vigaristas, incompetentes e medíocres, e ainda por cima o governo que mais atenta contra a liberdade de expressão desde o Estado Novo (o que é obra). Logo a seguir, o mesmo povo estúpido e analfabeto elege um presidente da República ché-ché, que fala na terceira pessoa como os jogadores de futebol como se ele próprio não acreditasse que o PR não é outro senão ele, que devia estar já num centro de dia a jogar ao dominó, enquanto Manuel Alegre (que não ganhou por pouco) vai acabando por fazer oficiosamente o papel que o eleito não faz.
Quanto à famosa crise, que deve ser a crise dos ricos, só gostava que me informassem quando acabou a última e começou esta porque, para os pobres, não deixou de haver crise desde o final dos anos 80 (quando secaram os fundos, nos bolsos do PSD).
É o caos. O Titanic já não se afunda. Assentou no fundo do mar entre os limos.


Um mundo à espera de Obama
Nestes cinco anos também assistimos à guerra do petróleo da família Bush, mais conhecida por invasão do Iraque, a qual muitos países europeus apoiaram em troca do envio de um punhado de homens (os yankees que se fodam por lá desde que a gorda e preguiçosa Europa assista ao filme no conforto do sofá), desviando recursos preciosos da verdadeira ameaça no Afeganistão onde até parece que os talibans, possivelmente os mais odiosos fundamentalistas do mundo, não sofreram nenhuma derrota.
Há poucos dias, a propósito da pergunta "o que acham que vai mudar com Obama" no obscuro Dark Forum, comecei a pensar a sério no assunto.
E eis os factos, absolutamente formidáveis: em menos de um ano, Barack Obama passou de obscuro desconhecido a herói mundial com um apoio superior a 80% na maioria dos países do mundo. Repito: do mundo! É por isso que este é de facto, não apenas por ser presidente dos Estados Unidos, o homem mais poderoso do planeta. Tem dito o Arrebenta (não sei as fontes em que se informa) que Obama é mais um peão de Bildeberg. Até pode bem ser, por agora e porque lhe deu jeito (é conhecido como usou o partido Democrata para chegar onde chegou), mas se há homem que consiga abocanhar Bildeberg como um doberman a estralhaçar um caniche, é este o homem. Pela nossa saúdinha, é bom que seja. Se não for, Deus nos acuda.
Obama é a grande incógnita. Sem ele, é o abismo. Com ele, sabe-se lá.


Cinco anos de gótico
Mas basta do mundo que este é um blog pessoal. Quando comecei, éramos, como disse, meia dúzia de gatos pingados. Havia dois blogs assumidamente góticos de grande importância: Vampiria (que ainda existe, olá Vampiria!) e o Merdas Góticas, da 69eyeliner, há muito apagado (o que é uma pena). Nestes cinco anos temos assistido a uma explosão do movimento gótico na internet, não apenas em blogs pessoais como nos sites de amigos (Hi5, My Space), em fóruns, portais, associações... Até começa a ser demais, na minha opinião, mas sei que é uma questão de moda e que o equilíbrio não demorará a ser atingido.
Contudo, considero que o meu username "gotika" deixou de fazer sentido uma vez que tanta gente saiu do armário e se assumiu. O nome do blog não. Este continua a ser o "Gotika: diário pessoal do terror quotidiano" que sempre foi. O mundo pelos meus olhos.
Mas já era altura de arranjar um nome próprio em vez de um adjectivo.
Foi difícil, muito difícil. Toda a vida fui conhecida como "Fulana, a gótica", e se alguma vez tive uma alcunha, era essa. Mas nesta nova realidade sou apenas mais uma e o username tornou-se arrogante, ai de mim!
O meu novo username, como poderão ver no fim do post, fruto de uma daquelas centelhas de inspiração irrepetíveis em que tudo faz sentido, é o meu novo nome.
Não foi por acaso que escolhi um furacão, e em especial o furacão que dizimou New Orleans. Destruição. Ruína. Morte. Fúria. Crueldade. Violência. Desespero. Destino. Derrota. Desastre. Uma alma.
Enquanto eu tiver ligação à internet e enquanto me der na real gana, vou ficar, mais ou menos por aqui. Nothing ventured, nothing lost.

Obrigada a todos os que me lêem... pela vossa santa paciência. De mim já sabem o que esperar. Continuarei sempre a falar de todas as coisas lindas e maravilhosas da vida.
Because I see
Nothing but the good things

Bem hajam e obrigada por estes cinco anos!

15 comentários:

Gotik Raal disse...

Katrina, a Gotika

Parabéns, pelos cinco anos, então, e olhos no futuro.

Um abraço,
Gotik Raal

JPC disse...

Parabéns, cinco anos é uma longevidade assinalável num blog. Mais ainda porque continua interessante, como no início (sou leitor antigo).

katrina a gotika disse...

Obrigada!

the dreamer disse...

Nós é que agradecemos o facto de acabares sempre por voltar, mesmo depois das tuas fases 'debaixo da cama'. É bom encontrar um espírito tão lúcido.

Yuna

Goldmundo disse...

Cinco anos? Lembro-me de que te encontrei nos princípios de Fevereiro, tinahs dois meses ou pouco mais de blog - e depois foi a Ribeira, tantas coisas depois. Um beijo, Madrinha.

Katrina é um nome adequado, não é difícil pensar nele e imaginar-te a seguir. E sempre gostei de New Orleans ou La Novelle Orleans, esse bocadinho da América que não é ianque, nunca foi, nunca será. Bebo hoje à tua Verdade. Saudações, Katrina-a-Gotica.

E nestes cinco anos o mundo, como o descreves. Aqui neste cantinho, onde reinam o pânico e a avidez dos brutos - ah, mas tem sido assim sempre desde... desde há tanto tempo que quase todos nós já esquecemos.

E hoje, que é tarde e estou a beber, brindo também ao teu Obama, em que não acredito. Há dias li um artigo no Público e lembrei-me dos teus comentários aqui: já não me lembro de quem escrevia. Duas coisas: "80% do mundo"? Alguém perguntou aos chineses e aos indianos em quem votariam? 80% do nosso mundo votaria em Obama, sim. Mas o nosso mundo está tão moribundo que é uma pena não se fazer dele uma história gótica a sério (ficarão ao menos dele fantasmas e almas penadas? quem sabe...). E a segunda coisa: agora vou arriscar e fazer uma profecia. O Obama toma posse, julgo, em Fevereiro. Até lá vai acontecer alguma coisa de irreversível. Talvez no Irão, talvez no Afeganistão (se for alguma coisa militar), em Chicago ou LA (se for um atentado terrorista) ou alguma coisa na indústria mundial (se for económica). Vai acontecer alguma coisa que fará com que Obama não tenha que escolher, porque as escolhas estarão já feitas.

Espero enganar-me, sim.

Dark kiss

R. disse...

Encontrei-te agora.Ainda vou a tempo :)

Parabéns.

Vítor Mácula disse...

Willkommen, Katrina, e que o sopro continue!

carlos disse...

Parabéns pelos 5 anos do blogue.
Não sou gótiko (em tempos apenas um anjo caído, hoje nem isso)mas tenho seguido, com gosto, o percurso do teu blogue.
Concordando com a maioria das tuas opiniões apenas deixaria um, pequeno, ressalvo: não faças o funeral a este país assim tão depressa.Há energias insuspeitaveis nesta nação.
Xicoração.

Anónimo disse...

Querida Madrinha...

Katrina A Gotika, soa bem :)

Não me vou esquecer de que disseste que criar um blog é fácil. Nascem e morrem blogs todos os meses. O dificil é mantê-lo. Em qualidade. E isso , conseguiste-o nestes 5 anos de lucidez acutilante e sábia.

Obrigada pela inspiração. Tenho um post novo sobre como te encontrei ;)


Soul Kisses

katrina a gotika disse...

Muito obrigada a todos. :)
Muito obrigada em especial a todos os que me lêem há tantos anos.

Gold, desta vez estás enganado amigo.
Também perguntaram aos chineses e aos indianos. Possivelmente não aos africanos porque andavam muito ocupados a fugir da guerra. Mas no Quénia o dia da eleição foi feriado nacional...
Fizeram-se sondagens exaustivas em todo o lado.
Há até um site, este, menos expressivo que as sondagens, que é bastante interessante. Observa bem os países em que McCain tem mais votos: ex-repúblicas soviéticas, paraísos fiscais da América Latina e países ditatoriais africanos (Burkina Faso, 7 votos, o ditador e as 6 mulheres dele, e mesmo assim umas quatro delas votaram Obama).
Acho que conseguirás fazer uma análise destes resultados muito melhor do que a minha, que foi de ficar estarrecida.

http://www.iftheworldcouldvote.com/results

Quanto ao Bildeberg, já o disse. Este é o homem que o pode estraçalhar. Ou então é o homem que nos pode estraçalhar a todos. Não seria o primeiro.

Goldmundo disse...

Katrina, eu nunca me engano, infelizmente. Fui ver o teu "site"

Na China "votaram" 1350 pessoas. Uma num milhão. Compara com os 42.000 de Portugal (curiosamente, muito curiosamente, tantas como na Grã-Bretanha... nós ADORAMOS estas coisas). Na Índia "votaram" 2700. E na Rússia 700. Também para comparar, votaram 10.000 na Polónia (ah, a CEE), 12.000 na Dinamarca.

Onde a China votou foi nos Jogos. Lembras-te da reacção chinesa (das "massas", não do Governo) aos protestos franceses, à passagem da chama olímpica, por causa do Tibet? Aí não foram 1000 pessoas.

A China, a Índia e a Rússia precisam de um declínio americano. Se estiveres numa praia atafulhada ao lado de um gordo, agradeces que o gordo emagreça. É tão simples como isso, ficas com mais espaço para ti. E não são os governos que precisam: são os que querem enriquecer. Com tanta legitimidade como os americanos ricos. E mais a fome ancestral que ainda não foi saciada.

A questão é quem conduzirá melhor o declínio americano. Aos chineses não interessa muito o que o Obama diz sobre a homosexualidade, a interrupção da gravidez e os fundamentalistas cristãos. Não interessa muito a multiculturalidade afro-latino-americana. Interessa enriquecer, da forma brutal que interessou aos europeus na Revolução Industrial e que ficou nos imortais romances de Dickens em Inglaterra e Balzac em França.

O Obama teria triunfado na Europa. Mas a Europa dentro de meia dúzia de anos valerá por estar perto do Árctico e das suas riquezas inexploradas. Pouco mais.

Quanto ao Bilderberg, a questão - admitindo o ponto de vista dos conspiracy theorists - ultrapassa os governos. Esta crise bancária força-os a um passo em frente: uma regulação mundial. One world, one law. One ruler. Para já, ainda a procissão vai no adro.

katrina a gotika disse...

Também vais dizer, como alguns fundamentalistas americanos partidários dos derrotados, que Obama é o anti-Cristo? :>

Quanto à votação no site, obviamente vale o que vale. Países com mais acesso à internet votam mais. Em Portugal mencionaram o site no telejornal da RTP2, foi assim que eu (e talvez mais pessoas) tomei conhecimento. Mas há mais sites semelhantes, com iguais resultados. Quem lá foi votar votou por Obama. O que significa que os apoiantes de McCain (até na America, não se mobilizaram na internet).
Eu referia-me às sondagens feitas em países em que elas existem.
Uma coisa curiosa comentada por uma americana, contudo, que te deve interessar, é que um dos argumentos usados durante as eleições pelo partido republicano é que se os europeus apoiavam Obama era mais uma razão para não votar nele. Como se Obama fosse muito amigo da Europa. Não é curiosa a diferença de percepção que nós temos deles e eles de nós?
Não percebas por isto que eu acredite que Obama é amigo da Europa. Até estou convencida que não vai ser. Mas a questão é que eu acho que a Europa precisa de um pontapé no cu para que se ergam novos Churchills e homens valorosos em vez desta corja medíocre (como o Bush, antes do pontapé do 11 de Setembro) que chegaram ao poder por defeito: defeito também dos europeus, que são os mais gordos da praia. Estão mesmo a precisar de uma corrida. É nisso que vejo que Obama possa beneficiar. Ou pode continuar a fazer o jogo antigo: os Americanos dão a vida, a Europa dá o dinheiro. Será possível com o colapso financeiro?...
É a incógnita.

Goldmundo disse...

Oh, nada disso, não digo que seja o Anti-Cristo :) E acho preocupante o apoio "europeu" a Obama.

Repara, a Europa já deu muito pouco dinheiro para a guerra, no Iraque ou no Afeganistão. Já o não tem há anos. Deram os americanos e provavelmente os principes árabes. A Europa comporta-se como uma puta a envelhecer: há meses, antes da guerra da Georgia, namoriscou a Russia o mais que pôde por causa do gás natural. ~
A Europa descobriu que se lhe aplica aquilo que o Salazar dizia de Portugal: sem as colónias não faz sentido. Por causa das matérias-primas, do petróleo, do gás. Aliás, até à II Guerra toda a gente sabia disso, era uma evidência. Depois ficou fora de moda dizê-lo, para não ofender a esquerda. Franceses e ingleses passaram anos e gastaram fortunas a colocar secretamente fantoches "independentes" em África.

E agora é um drama, na Europa. A ideia de ser uma espécie de Londres-Veneza em grande não funciona: quero dizer uma cidade-museu cosmopolita e simpática, moderna, onde os "jovens" andam de bicicleta e fazem música industrial e há museus para turistas e bons cafés e na rua há indianos, chineses, mexicanos e árabes. Já há Londres, e já há Veneza. Não há espaço para muito mais. Daqui a vinte anos talvez indianos e chineses tenham enriquecido e cheguem aos milhões, como os ingleses ao velho Algarve. Daqui a vinte anos talvez haja energia eólica e solar barata para todos. Mas falta saber como vamos passar estes vinte anos.

às vezes, é por pouco: o salazer caiu da cadeira em 1968, o Reagan ganhou as eleições em 78. Dez anos. Quatro desde o 25 de Abril. E o Reagan talvez não tivesse querido a independência de Angola. A história tem destas coisas.

O Obama, no meio disto, é uma incógnita. Talvez seja de facto um novo Kennedy. Espero realmente que preste atenção às alterações climáticas. Não sei o que mais possa fazer.

Aguardemos. A Índia (Bombaim) ontem foi um mau sinal. Mas o pontapé no cu da Europa já vai no ar.

katrina a gotika disse...

Esperemos que sim, que o pontapé no cu da Europa já cá venha, porque tens toda a razão quanto a portar-se como uma puta velha. Felizmente as nações, ao contrário (infelizmente) das mulheres, têm a capacidade de rejuvenescer... nem que rolem muitas cabeças. Há 2000 anos Roma também foi uma puta velha invadida pelos bárbaros e hoje os bárbaros são a nova Roma.
Discordo quando dizes que a Europa já não tem dinheiro. Talvez esteja todo fora da Europa, no off-shore das Berlengas, mas ele existe. Se deu para a guerra mais do que os americanos e árabes (e sabe-se lá quem mais) são segredos de puta manhosa que leva o dinheiro que o parvo do cliente estiver disposto a dar.
Bombaim teve um efeito mais do mesmo. A certa altura, que o digam os fans de filmes de terror, quando é exagerado o terror deixa de fazer efeito. Torna-se aborrecido. Já ninguém liga. Não sei se os terroristas são apreciadores de filmes de terror mas parece que não aprenderam muito com Hitchcock. Por esta altura Obama também já não lhes liga. É curioso que se alguém quisesse ter a Índia como aliada contra o Paquistão (e não precisa de muito), isto vinha mesmo a calhar. Isto sim, é de mestre. Mas eu não sou de tecer teorias conspirativas. Deixo isso para os americanos acéfalos que fazem filmes para o youtube (vi recentemente, por curiosidade, partes do famoso Zitgeist).
O qu me lembra outrofilme, o Siriana, que sela o destino do povo árabe sem que o mundo precise de petróleo: o mesmo deserto de cabras e sub-desenvolvimento que sempre foi. Duvido que os chineses alguma vez sejam ricos porque não é assim que aquilo lá funciona. Jamais tiveram ou terão classe média. Os indianos, é outra gente. Já nascem na casta certa e não têm de se "preocupar" com a ascensão social porque ela não existe à partida. Ali não basta o dinheiro. É preciso uma mudança civilizacional que não demora 20 anos mas uns 200 (o tempo de passarem umas três gerações).
Acho que quanto a Obama e às mudanças climáticas não temos de nos preocupar porque até o próprio Bush já está a virar o bico ao prego por razões económicas e a reconhecer que a dependência energética não é boa para a América e a virar-se para as energias alternativas.
Acho mesmo que não é pelas energias que vai passar a turbulência. Esta é mais profunda e raivosa, tão raivosa e antiga como a origem dos planos para matar Obama. Resta saber onde se vai acender o verdadeiro rastilho que está ligado
à barrica de pólvora. Aceitam-se apostas. A mim parece-me que não falta muito para que se erga um novo Hitler, um novo Estaline, e todos os outros caudilhos mais pequenos. Resta saber onde e terás o lugar do Armagedão.

Goldmundo disse...

Minha amiga, a violencia "raivosa" do género povo em armas nas cidades funcionou enquanto a guarda apenas tinha espadas e baionetas. Foi assim que se fizeram a revolução francesa e a revolução russa. Depois há outro tipo, que tantos filmes americanos antcipam: a "explosão dos subúrbios", normalmente quando nos suburbios vive uma raça diferente: como os negros de LA. Na Europa temos o caso de Paris (com magrebinos) e em menor escala Lisboa. Hum. Passará muito tempo antes que isso seja significativo.

Claro que a Chinanão tem classe "média". Não sei se é precisa: não a havia na Revolução Industrial (isso foi um pouco difarçado porque o que havia (em Inglaterra, muito) era pequenos fidalgos pobres que apesar de não terem dinheiro continuavam a ser respeitados nas pequenas terras. Temível, porque sem escrupulos, são os enriquecidos da indústria, os que passam directamente da pobreza para o luxo e tudo farão para o manter: assim as máfias americanas, por exemplo.

Mas acho que esses ainda não serão problemas para o Obama nos próximos anos.