Num mundo apocalíptico… Ó meu Blogger, quantas críticas eu tenho escrito ultimamente a começar com estas palavras! É uma moda, sim senhor, e admito que já estou a ficar farta deste tema. Mas é de facto um mundo tão apocalíptico que a humanidade conseguiu poluir a Terra de tal maneira que esta se tornou inabitável e os terráqueos se mudaram para outro planeta (para o destruírem também, digo eu).
A história é muito simples. O comandante das tropas deste novo mundo e o seu filho vão a qualquer sítio numa nave espacial de modo a estreitarem os laços pai-filho quando uma chuva de meteoritos faz despenhar a nave precisamente na velhinha Terra, a nossa Terra.
Se gostei de alguma coisa neste filme foi mesmo da Terra destruída para a humanidade, onde, por exemplo, um ser humano não consegue respirar sem ajuda de comprimidos, mas onde igualmente a fauna e a flora evoluíram no que é uma autêntica selva com vegetação luxuriante e predadores que já não temem o homem. Não sei se acredito na ficção de que nas horas nocturnas a temperatura desce ao ponto de congelação mas aquela flora toda consegue adaptar-se (não são abetos), mas se calhar isso não interessa nada. Também anda um extraterrestre à solta a tentar matar os protagonistas, mas isso é que não interessa mesmo nada.
Esta é a história de um adolescente que quer provar-se à altura do pai, que é uma lenda viva. Durante o despenhamento a nave parte-se ao meio e o pai fica gravemente ferido e impossibilitado de se mexer. Tem de ser o miúdo a empreender a jornada épica até à outra metade da nave onde há (talvez) um localizador que ele pode usar para pedir socorro. Entretanto tem de evitar ser comido pelos predadores terrestres, fugir ao extraterrestre, e não morrer congelado durante a noite.
É também a desculpa para M. Night Shyamalan se armar em filósofo, como já é costume, e pôr o personagem a dizer: “O medo não existe. É uma abstracção. O perigo é real mas o medo é uma escolha”. Sim, se eu der de caras com um leão à solta vou mesmo lembrar-me disto: “O medo é uma abstracção. Tu não existes. Estás a comer-me viva mas não passas de uma escolha”. Estou a brincar mas a teoria de que “o medo é uma escolha” funciona em casos de ansiedades imaginárias, longínquas, obsessivas. Não funciona grandemente com o leão e não funciona neste filme em que o miúdo estava mesmo a arriscar a vida. O medo, tal como a dor, é um mecanismo de alerta e sobrevivência. Misturar perigos reais e imediatos com psicologia de algibeira não me parece muito inteligente.
O filme vale pela ficção daquilo em que a Terra se torna sem o Homem a estragá-la mais. E se calhar o Homem não faz cá falta nenhuma.
12 em 20
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