domingo, 10 de outubro de 2021

Contagion / Contágio (2011)

Este foi mais um dos filmes repescados durante a pandemia. Por acaso já tinha visto, mas só me lembrei com a cena em que ambos sopram a moeda no casino.
Em “Contágio”, um vírus mesmo muito mortal, um vírus a sério, mata depressa e mata toda a gente: adultos, crianças, velhos.
E mesmo assim, e apesar de tudo, o meu cansaço pandémico é tal que achei o filme uma seca do princípio ao fim e tive de dividir a visualização em três vezes. Já não há pachorra, por muito que ver a Kate Winslet a explicar o que é o R seja muito mais interessante do que a Dona Graça e a Martinha.
O filme não se enganou muito, excepto em alguns aspectos fundamentais. Previam-se motins, pilhagens, um caos descontrolado. Nada disso aconteceu na nossa realidade, mostrando que as pessoas até são civilizadas (tirando o açambarcamento do papel higiénico, que vai ficar para a história). Por outro lado, no filme, os governos foram extremamente lentos a decretar lockdowns, quando o vírus já estava completamente descontrolado.
Outra grande diferença, porque acho que ninguém previa o contrário na altura, é que o pânico e o medo não foram incentivados pelos media tradicionais, mas antes por um blogger solitário na tentativa de vender a sua banha da cobra como cura. No filme, os governos fazem tudo para evitar o pânico. Quem diria que seria exactamente o contrário na realidade, que seriam os media a propagar o medo para criar audiências e os bloggers solitários os únicos a falar para o deserto, porque todas as vozes divergentes foram silenciadas e chamadas “negacionistas” e pior? O pânico aconteceu porque as pessoas são medrosas e os media aproveitam-se disso, ou as pessoas ficaram medrosas porque os media as massacraram (e ainda massacram) com os números de mortos todos os dias? Ao mesmo tempo que os transportes públicos andam à pinha porque toda a gente sabe que nem o Covid quer entrar nos transportes públicos. Aconteceu-me ter ido num autocarro sobrelotado levar a vacina, só para chegar ao pavilhão e ser recebida com tanta mariquice que até me deixei rir. A minha máscara social foi boa para um autocarro onde o distanciamento social era zero, mesmo zero, tudo colado uns aos outros, mas no pavilhão obrigaram-me a usar uma máscara cirúrgica e a manter um distanciamento de 2 metros. Hipocrisia, loucura, surrealismo.
Mas voltemos ao filme, que afinal até não é muito diferente do que acabámos de viver, daí a minha falta de interesse por ele.
Disseram, a certa altura, que o novo vírus tinha evoluído do encontro do “porco errado” com o “morcego errado”, e que ninguém jamais ia saber como. Mas o filme mostra, e foi a minha parte preferida, A crueldade para com os animais puniu os que os maltratam. Gostei.
De resto, não há mais nada a dizer sobre este filme. Apesar do elenco de luxo (Jude Law, Matt Damon, Laurence Fishburne, Gwyneth Paltrow, Kate Winslet, Jennifer Ehle), todas as personagens são bidimensionais e pouco nos importa se morrem ou não. Mais um para alimentar o pânico e nada mais.

12 em 20


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