Admito que não me lembro de ver Chucky (“Child's Play”) o filme e as suas muitas sequelas. Sei que vi alguma coisa, não me lembro de quanto ou quando. Já foi na outra encarnação. Também confesso que achei que uma série de TV sobre Chucky ia ser um completo desastre. E enganei-me. Talvez o realizador tenha pensado, devido ao sucesso de “Annabelle” que já vai na segunda sequela, que era altura de ressuscitar o Boneco Assassino mais assassino de todos, até porque Chucky não gosta de ficar para trás em coisa nenhuma.
Vou ser muito franca. Só há duas maneiras de ver isto: a sério ou às gargalhadas. Eu pertenço ao segundo campo. A certa altura Chucky entrevista (não perguntem!) uma boneca chamada Belle que fica ali muda e estúpida. Se isto não é uma farpa não sei o que será. Aliás, principalmente na segunda temporada, temos homenagens/paródias a “Halloween”, “Apocalipse Now”, “A Laranja Mecânica”, “O Silêncio dos Inocentes”. “O Exorcista” e “Texas Chainsaw Massacre”.
Mas já me estou a adiantar. A série começa quando o adolescente Jake Wheeler compra um boneco Good Guy (Chucky) numa venda de garagem no intuito de o desmantelar para uma exposição de arte. O pai de Jake não aprova as actividades artísticas do filho, e chega mesmo a destruir a peça em que Jake andava a trabalhar, porque são pobres e a arte não paga a universidade. O pai dele tem razão, devo dizê-lo, mas nota-se nele muita raiva e amargura, agravada pelo facto de que o seu irmão gémeo está muito bem na vida.
Chucky apercebe-se disto tudo, “apresenta-se” a Jake como o seu “melhor amigo até ao fim” e começa a tentar convencê-lo a matar o pai. Quando não consegue, Chucky trata do assunto ele próprio. Quanto ao gato de Jake, teve de morrer porque era um “parvalhão”. É assim que Jake e Chucky se mudam para a casa do tio de Jake, onde não há problemas de dinheiro.
Os outros protagonistas são Lexy, uma rapariga mazinha que está prestes a ter uma grande lição, e o namorado de Jake, Devon. Os três descobrem a personalidade assassina de Chucky mas têm medo de contar a alguém “porque não quero ser internada”, como diz Lexy. Em poucas semanas, Chucky destrói a vida aos três.
Devo dizer que fico embasbacada com aquilo que a saga Chucky consegue fazer:
1) consegue convencer-nos de que ele existe
2) consegue convencer-nos de que ele é perigoso!
Já as piadas de Chucky podem não ser para todos. Por exemplo, “vou matar a tua irmã, queres vir?”.
Qualquer pessoa consegue acompanhar esta série mas não tenho dúvidas de que “Chucky” será muito mais satisfatório para quem viu as sequelas. Por exemplo, a certa altura temos flashbacks dos anos 80 (quando Chucky ainda era o serial killer Charles Lee Ray, antes de este, através de vudu, ter espalhado a sua alma/essência (?) pelos bonecos Good Guy e por algumas pessoas também...!!!) que me deixaram completamente perdida. Quem era aquela gente?! Quem é Nica, quem é Tiffany?
Mas se calhar o melhor de “Chucky” é que o enredo é de loucos e não interessa muito perceber. Por exemplo, Chucky tem um filho que também era um boneco, mas agora é uma pessoa de carne e osso não-binária e tão não-binária que são duas pessoas! Falta-me aqui um filme qualquer para perceber isto. Convenhamos, é de loucos!
Mas voltando aos miúdos, os três apercebem-se de que Chucky os está a tentar convencer a matar alguém, o que é estranho porque Chucky não precisa de ajuda. Que plano maquiavélico anda ele a engendrar que precisa de sujar as mãos de inocentes?
Volto a dizer que “Chucky” não é para se ver “a sério”, mas os fãs do Boneco Assassino não vão sair daqui insatisfeitos. Annabelle, põe-te a pau porque Chucky regressou e não gosta de concorrência.
ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez
PARA QUEM GOSTA DE: Chucky, bonecos assassinos, humor negro, sangue que se farta
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