O filme é promissor. Depois de uma introdução relativamente longa em voz off, ficamos a saber que uma espécie alienígena tentou apossar-se dos recursos da Terra. No conflito que se seguiu, os humanos responderam com armas nucleares, ganhando a guerra mas destruindo o planeta. Os sobreviventes teriam ido para Titã, uma lua de Júpiter. Na Terra ficou uma equipa, Jack e Victoria, encarregada de recolher os últimos recursos do planeta antes de partir de vez.
É muita informação para o primeiro minuto do filme, mas não fica por aqui. Jack tem reminiscências, ou sonhos, ou flashbacks, com uma mulher e com o planeta antes de ser destruído, mas não consegue lembrar-se de muita coisa uma vez que as memórias de ambos (de Jack e de Victoria) foram apagadas no interesse da missão. (Quem leu “1984” de George Orwell começa logo a desconfiar. Memórias apagadas? Cheira a esturro.) Mas numa inspecção de rotina Jack encontra um livro (e lembramo-nos de “Fahrenheit 451”), que guarda carinhosamente.
Mais tarde percebemos que Jack e Victoria não são apenas uma equipa mas também um casal em crise. Ela quer partir para Titã, ele preferia ficar na Terra, apesar do estado do planeta, com a radiação e tudo. Na verdade, ele já encontrou um refúgio num lugar seguro, onde tem uma cabana à beira de um lago e onde guarda mais livros e discos e memórias de uma civilização que já não existe. (Entre os discos, para meu deleite, o álbum “Rio” dos Duran Duran). Jack quer partilhar tudo isto com Victoria, mas ela recusa sair da base de operações e descer ao terreno.
Há outra coisa que não bate certo neste “paraíso” tão rotineiro. Os humanos ganharam a guerra e estão a retirar toda a água do planeta para levar para Titã, mas os Saqueadores (nome que dão aos alienígenas) continuam na Terra e continuam a atacar Jack. Porquê? Jack também se questiona sobre isto. Não faz sentido.
Toda aquela introdução em voz off serviu para nos enganar pela perspectiva de Jack, mas, por esta altura, com tantas pistas já lançadas, o espectador começa a perceber que algo está muito errado, e começa igualmente a desconfiar da verdadeira identidade destes “Saqueadores” que se escondem nos destroços. Eu adivinhei o fim nos primeiros 10 minutos do filme, coisa que não costuma acontecer porque não gosto de me pôr a especular. Não foi preciso especular, era demasiado óbvio.
O que não torna o filme exactamente previsível, devido a muitas reviravoltas pelo meio. De facto, tantas reviravoltas que a história se tornou um pouco confusa e difícil de seguir. Também não acredito muito no fim romântico porque não tem grande fundamentação.
“Oblivion” é daqueles filmes promissores que podiam ter cumprido a promessa se não se tivessem tornado numa manta de retalhos. Foi a sensação que tive ao ver o filme: uma coisinha daqui, uma coisinha dali, uns cheirinhos a distopia, e na tentativa de ser original tornou-se em vez disso rebuscado (e nem por isso original). Podia ter sido um filme muito bom, mas penso que a longo prazo vai ser mesmo esquecido. Fica o trocadilho.
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