domingo, 24 de novembro de 2013

“O Livro dos Espíritos” – Conclusão

Quando comecei a fazer esta série de comentários não contava escrever uma conclusão. Mas o “O Livro dos Espíritos” é uma obra religiosa e merece alguns reparos finais.

Se alguma coisa do que aqui disse ofendeu ou melindrou ou desgostou qualquer espírita praticante (que tenha aqui chegado, por exemplo, através de uma busca qualquer), nunca foi essa a intenção. Os meus comentários inscrevem-se no estilo do blog, sempre crítico e sempre sarcástico e sem papas na língua, mas respeito todas as religiões que pugnem pelo Bem, independentemente das minhas opiniões pessoais.
Simpatizo com o Espiritismo, e penso mesmo ler mais obras da doutrina, mas não é caminho para mim. Se por agora ou para sempre, não sei.

Se alguma coisa do que disse ofendeu algum Espírito (ainda desencarnado ou já reincarnado), bem, vamos ter muito tempo de resolver essas diferenças, um dia mais tarde, certo?

Se alguma coisa do que disse ofendeu Deus... Então ninguém tem nada a ver com isso. É entre mim e Ele.


Gostei, confesso, destas conversas com Espíritos que as ditaram algures antes de 1857, e das discrepâncias e das semelhanças de ideias entre nós apesar de mais de um século nos separar. Toda esta serie de posts foi previamente agendada, pelo que não sei, no momento em que escrevo, se mais pessoas se juntaram às conversas. Por acaso teria apreciado que a série de posts tivesse suscitado comentários. Quando chegarmos a este momento, no futuro, se verá.
Algo está muito mal quando as conversas mias interessantes que alguém consegue ter é consigo mesmo. Era bom que mais alguém as apreciasse.

É tudo.
Que a leitura de “O Livro dos Espíritos” faça os seus leitores pensarem, e meditarem, e concluírem.





4 comentários:

Fashion Faux Pas disse...

Infelizmente, não me vejo com apetite para comentar pois detestei este livro, lembro-me que na altura em que o li - há bastante tempo atrás, confesso - só me saíam era gargalhadas irónicas e trocistas, e que cada novo capitulo me deixava completamente enfurecida com o livro, por achar que aquilo era uma tentativa de lavagem cerebral das massas. Depois, estranhamente - ou não - ao longo do resto da minha vida e até aos dias de hoje, fui conhecendo variadissimas pessoas espiritas practicantes e altamente crentes, e a única coisa que me tira do sério relativamente a estas pessoas é que se não estão a tentar converter-te, estão a recusar-se a ouvir toda e qualquer opinião que queiras dar, os teus pontos de vista, o porque é que acreditas no que acreditas, ou não acreditas. Recusam todo e qualquer diálogo de matiz religioso, porque só a religião deles é que está certa... e irritam-me com isto ;)

katrina a gotika disse...

Infelizmente, o fanatismo é uma característica das religiões pequenas (e de uma minoria das religiões mainstream também, não digo que não,mas nota-se mais nas pequenas). Pelas minhas ideias variadas e incompatíveis com os sistemas doutrinários das religiões organizadas, não posso pertencer-lhes.
Não esperava comentários de ti (isto é, *especialmente* de ti). Esperava (com esperança, mas pouca) comentários de pessoas com ideias filosófico-religiosas que quisessem acrescentar ou contestar ou desenvolver debates inteligentes a partir dos muitos temas que aqui foram abordados.
Tal como a minha experiência de fóruns portugueses já fazia prever, não é possível ter este tipo de debates por cá. Simplesmente não é possível. É pena.

Fashion Faux Pas disse...

Porque será que o português não tem qq interesse em debruçar-se sobre temas filosóficos ou religiosos? Eu sei pq é q a mim são temáticas que não me interessam discutir, mas não acho q seja por ser portuguesa, podia ser do Butão e acho que continuaria a não querer discutir estas temáticas.

katrina a gotika disse...

Não é bem assim. O que o português é é muito cagão. Existe debate filosófico a nível académico, e a nível das hierarquias religiosas, mas o leigo não é autorizado a participar. No primeiro caso, é-lhe imediatamente perguntado quais são as suas referências académicas; se não as tiver, é posto de lado por expressar as ideias de forma simples. Na hierarquia religiosa é pior um pouco. O leigo não pode mesmo participar, especialmente se não concordar com a doutrina (caso em que é expulso). O mesmo se passa a todos os níveis do saber, como por exemplo a linguística (e, por exemplo, como os linguistas se recusam a ouvir os argumentos do "homem da rua" sobre o Acordo Ortográfico). É uma questão de estatuto. Se não tens estatuto não podes participar nas doutas conversas da "capelinha". As pessoas são habituadas assim, desde a escola, e quando finalmente têm à sua disposição fóruns, blogs, etc, nem se atrevem a falar, por vergonha. São ensinadas a ter vergonha de se expressar.
Acho que já falei aqui, ou num fórum qualquer, como nos Estados Unidos é exactamente o contrário, em que clubes de debate são uma actividade extracurricular para os miúdos aprenderem a argumentar.
Num fórum americano, podes postar a pergunta "O que é a fé?" e tens centenas de respostas e respostas às respostas. Aqui, num fórum académico, citam-te autores (é o típico sistema português de decorar e vomitar, livre-se alguém de ter uma ideia original!). Num fórum gótico, respondem-te com uma poesia de cariz sexual.
Factos.
Eu já desisti. Para falar destes assuntos "vou para" a América, onde todas as ideias são válidas.