sábado, 7 de janeiro de 2006

Não sei ao certo o que quero dizer, o que é raro na minha pessoa. Talvez queira dizer que nunca me passou pela cabeça parar de escrever este blog. Talvez queira dizer que neste momento não sou a mesma pessoa que o escrevia há dois anos atrás. Não por eu -pessoa em si- ter mudado, mas porque a minha vida mudou. Porque tenho precupações muito mais sérias e graves do que o último filme que vi, a última música que ouvi, ou o que raio é que os góticos vestem hoje em dia.
E apesar de este ser um diário pessoal, não posso contar tudo o que se passa porque as pessoas têm a mania de se meter onde não são chamadas e no que não percebem e isso aborrece-me e isso vai acabar. Porque as pessoas não sabem ouvir e calar quando devem ouvir e calar. É uma grande qualidade, essa.

No outro dia vi um filme sobre a Maria Callas e o Onassis. Deu na RTP 1. Estava a ver aquilo e a pensar que nada daquilo me diz nada. Que aquelas pessoas tinham tudo para ser felizes e se perderam com merdas e dramalhões infantis. Penso muitas vezes que as pessoas que não só lêem este blog como as que me conhecem, também, ao lerem-me ou ouvirem-me, nada do que digo lhes diz nada. Tal como as playstations, e as tvcabos e os fiats não me dizem nada a mim.

Criou-se um abismo intransponível. A partir de uma certa altura, quem olhou para as minhas palavras esteve a olhar para o abismo. E não o percebeu. E caiu lá dentro porque tentou pensar que eu estava muito perto e avançou... e caiu por ali abaixo. Eu estou longe, muito longe.
Pela primeira vez em muitos anos sinto-me de facto sozinha. Porque pela primeira vez em muitos anos estou sozinha contra a minha vontade. E estou sozinha porque não quero ninguém ao pé. Prefiro o sofrimento das saudades (e que saudades) ao sofrimento de ver os outros assistirem à minha desgraça. A ideia de alguém me vir oferecer ajuda ou dinheiro arranca-me o coração. Prefiro que não vejam, que não sintam, que não saibam.
No que eu já pensei muitas vezes foi em tirar os comentários. Talvez o faça. Quem percebe do que falo não anda na internet e mesmo os que não andam na internet não percebem do que falo porque eu ando na internet e eles não andam. Este é o isolamento.
A solidão é outra coisa e já me referi a ela.

Talvez queira dizer que é possível que este espaço fique vazio durante muito tempo, o tempo que for preciso.
Porque este espaço é meu. Aqui eu escrevo o que bem me apetece e quando me apetece. E ultimamente não apetece escrever nada e partilhar muito menos.
Eh bien. Era isso.