terça-feira, 16 de setembro de 2025

Ready Or Not / O Ritual (2019)


No seu dia de casamento, Grace está prestes a realizar os seus sonhos: casar com o homem que ama, um dos herdeiros dos milionários Le Domas. Na mansão de família, depois da cerimónia e ainda antes da noite de núpcias, os recém-casados são chamados para que Grace participe numa espécie de iniciação à família a que todos os novos membros são sujeitos. Aparentemente é muito simples: Grace só tem de jogar um jogo, o que ela não estranha uma vez que a família fez fortuna no negócio do jogo. É então que o sogro conta a história do bisavô, um humilde trabalhador da marinha mercante que um dia encontra um passageiro, um tal de Mr. LeBail, que lhe entrega uma caixa misteriosa com uma condição: todos os futuros cônjuges da família têm de jogar o jogo que a caixa determinar.
Grace é convidada a tirar uma carta da caixa, no que ela participa considerando tudo aquilo uma excentricidade da família, quando lhe sai o Jogo das Escondidas em que ela, a noiva, tem de se esconder enquanto todos a procuram. O que Grace não sabe, e que o noivo não lhe disse, é que a família vai persegui-la e tenciona matá-la num ritual 100% satânico antes do nascer do sol porque os Le Domas acreditam que se não o fizerem o Diabo virá buscá-los (sim, os Le Domas sabem muito bem que fizeram um pacto com o Diabo e que a isso se deve a sua grande fortuna).
A princípio Grace acha que é uma brincadeira, até que percebe realmente o que se passa e que tem de fugir ou sobreviver numa casa completamente trancada em que até os criados e o mordomo, e inclusive as crianças da família, participam na caça.
“Ready Or Not” é considerado uma comédia negra, o que não me entra na cabeça porque não achei graça nenhuma, muito antes pelo contrário, e eu tenho um sentido de humor muito mauzinho e inclusivamente fartei-me de rir com “Insidious”. O filme é sangrento, tenso e assustador, às vezes é mesmo tétrico, e realmente notei algumas tentativas chochas de fazer humor enquanto uma jovem é perseguida e condenada à morte num ritual bárbaro. A certa altura ela cai acidentalmente dentro de um alçapão no estábulo onde a família guarda os cadáveres apodrecidos de toda a gente que matou. E isto era para rir?
Acredito que “Ready Or Not” podia ter sido um filme de terror excelente, algo mais ao nível de “Midsommar”, sem estas tentativas de “humor” que não tiveram graça nenhuma. Não estou de maneira nenhuma a dizer que um filme de terror não pode ter piadas. “Midsommar”, por exemplo, tem piadas e resultam. Algumas das piadas em “Ready Or Not” também resultam, como o cunhado que não está nada interessado em matar ninguém e passa a noite fechado na casa de banho com o telemóvel. Quando um amigo lhe pergunta como vai, ele responde: “Sabes como é… Merdas de família.” Isto teve piada porque a família realmente nos obriga a fazer merdas se quisermos participar nos rituais familiares. Tratar isto como mais uma merda é humor negro e engraçado. O resto do que tentaram fazer não é.
Mesmo assim gostei bastante da originalidade da história e recomendo. Simplesmente ignorem as partes que supostamente eram para ter piada.

13 em 20 (que podia ser mais sem as piadas chochas)

 

domingo, 14 de setembro de 2025

Outlander (2014 - ?) [sexta e sétima temporadas]

Jamie e Claire, a filha de ambos, Brianna, e o seu marido Roger MacKenzie, continuam as suas aventuras como colonos na América até ao eclodir da Revolução. Jamie e Claire tinham planeado regressar à Escócia, depois de algumas vicissitudes com os vizinhos, mas Jamie decide ficar e lutar contra os ingleses ao lado dos rebeldes conforme lhe dita a sua consciência libertária.
Esta é uma série romântica (e erótica) destinada sobretudo ao público feminino. A acção acontece muito devagar, mas é mesmo esse o propósito. Em todos os episódios tem de haver tempo para uma conversa profunda sobre sentimentos... e para fazer amor. Agora que Jamie e Claire já estão numa idade entradota, muitos dos momentos eróticos ficam a cargo de Brianna e Roger ou de outras personagens, mas os protagonistas não deixam de ter o papel principal.
A sexta temporada foi um bocadinho parada, na minha opinião, e resolvida às três pancadas nos primeiros episódios da sétima. As coisas começam a ficar mais interessantes com a Revolução Americana, as batalhas e as figuras históricas. Claire (que veio do futuro) sabe o desfecho, mas, felizmente, não conhece os pormenores nem as datas, o que mantém a tensão. Quando Jamie vai combater, um anónimo para a História, nunca sabemos se o destino dele não será morrer em batalha.
Já disse aqui que isto é mais uma telenovela, e as telenovelas têm destas coisas. A parte mais emotiva, para mim, foi quando Brianna e Roger tiveram de voltar ao futuro porque a sua bebé mais nova tinha um problema cardíaco. Não julguei que me afectasse tanto, mas pensando que Brianna vai viver num tempo em que sabe que os pais estão mortos no presente, embora vivos no passado, e que isto equivale a uma despedida antes da morte... custa um bocadinho.
Mas a decisão de enviar Brianna e Roger de volta para o futuro foi interessante. A nível de enredo eles já não tinham muito que fazer no passado, e no futuro Brianna começa a investigar o círculo de pedras como sendo um portal intertemporal, o que abre lugar a alguma ficção-científica, se bem que "Outlander" não seja o género de onde a esperar.
No entanto, o que me comoveu mais na sétima temporada foi a canção do genérico cantada por Sinéad O'Connor, uma das últimas coisas que ela gravou. Isto apanhou-me muito de surpresa porque só vi esta temporada em 2025. Como alguém disse em comentários, a canção parece ter sido escrita para ela. A letra adquire toda uma dimensão de nos deixar arrepiados.


ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: romântico, drama, erótico, História

 

Outlander | Opening Credits ft. Sinéad O'Connor | Season 7 

 
Sinéad O'Connor - The Skye Boat Song (Revolutionary Version) | Outlander: Season 7
 


terça-feira, 9 de setembro de 2025

Underwater / Submersos (2020)

Não gostei deste filme por várias razões. A principal, as personagens não têm personalidade. Kristen Stewart (a miúda do Twilight) é Norah, investigadora numa base de uma empresa de extracção petrolífera situada algures na Fossa das Marianas (nunca percebi se mesmo no fundo ou muito perto do fundo) onde a profundidade alcança os 10.000km. Nunca sabemos nada de Norah, pelo que depreendo que a intenção era mesmo pensar nela como a miúda do Twilight, com o aliciamento de a vermos várias vezes em roupa interior (muito desportiva, mas é roupa interior).
Mal o filme tinha começado, algo (um tremor de terra ou outra coisa que vai aparecer depois) faz com que a base sofra danos estruturais e fique inundada, inutilizando os meios de fuga. Norah e meia dúzia de sobreviventes decidem descer até uma base antiga mais abaixo (mesmo no fundo, ou ainda não) que vai implicar terem de caminhar pelo leito do mar em fatos especiais. Durante a descida há alguém que implode dentro do fato devido à pressão astronómica da profundidade, o que teria sido bastante perturbador se tivéssemos conhecido a personagem, mas desta forma foi só um momento de choque gratuito e nem sequer conseguimos perceber bem quem morreu.
A segunda razão porque não gostei deste filme foi a grande dificuldade em acompanhar a velocidade alucinante da acção. Desafio qualquer pessoa a ver o filme comigo e a conseguir explicar-me exactamente, a cada momento, o que se passa e porquê. Demorei umas três horas a ver o filme com tanto rewind que tive de fazer nas partes em que a acção me perdeu completamente, e mesmo assim não consegui perceber tudo o que se passava.
A caminho da base, os sobreviventes são atacados por um monstro marinho das profundezas. A terceira razão por que não gostei deste filme é que algumas das cenas com os monstros são decalcadas de "Alien", muito especialmente a do monstro bebé. Uma espécie desconhecida de criaturas marinhas (que podem ou não ter provocado o acidente na base principal, não se percebe o que realmente aconteceu) devia ter sido o ponto alto do filme, mas infelizmente os monstros não foram bem explorados e não são tão assustadores como poderiam ser. Quem esperar ver aqui um "Alien" submarino vai ficar muito desapontado.
Saliento a única cena interessante do filme, que foi a perspectiva de quem está a ser engolido vivo, possível porque o engolido estava dentro do fato. Se não é original, é pelo menos pouco habitual. Tudo o resto neste filme nos dá a sensação de que já vimos semelhante e muito melhor, e que o realizador se limitou a fazer uma cópia mazinha para arrecadar uns trocos.
Nem Kristen Stewart de bikini, suada e a exibir os músculos, salva "Underwater" do completo afundanço. Que desperdício.

11 em 20

domingo, 7 de setembro de 2025

Faro (2025)


Um importante advogado de Faro aparece assassinado, vestido em roupa bondage, amarrado ao mastro do seu próprio veleiro. Quem o matou, e porquê? Dois inspectores da Polícia Judiciária começam a investigação.
"Faro" é um policial muito bem feito, que consegue também abordar temas actuais como a imigração, a corrupção, a especulação imobiliária. 
Ao mesmo tempo, "Faro" remete ao período pós-revolução em que terrenos foram ocupados ilegalmente para construir casas, neste caso na ilha de Faro. (Por acaso não sabia que as ocupações tinham acontecido até tão tarde.) Um grupo de investimentos quer comprar todas as habitações da ilha para construir um grande resort turístico. Um dos moradores, Zé Maria, recusa-se a vender. Quando as ofertas não resultam, os investidores recorrem à violência.
A narrativa é simples e escorreita, mas as questões abordadas são complexas e controversas. No decurso da série são apresentados ambos os lados da moeda.
Gostei da narrativa directa, dirigida ao desvendar do mistério, sem se perder em dramatismos desnecessários neste tipo de enredo. Confesso que desde o primeiro episódio tinha uma ideia mais ou menos formada de quem tinha matado o advogado e que me surpreendeu a quantidade de outros suspeitos que foram aparecendo, todos eles com motivo e oportunidade. Só se descobre ao certo no último episódio, e faz sentido. 
Até não tencionava ver a série uma segunda vez, porque foi tão fácil de seguir o enredo, quando me surgiu uma dúvida. Essa dúvida ficou esclarecida, mas ao segundo visionamento surgiu-me outra. Porque é que Marta se interessou por Ernesto, o filho do advogado? Da primeira vez pensei que fosse ele que tivesse as gravações. Sendo assim, pode ter havido muitas motivações, mas não percebi exactamente o porquê.
Também tenho algumas questões quanto à casa de bondage/SM. Admito que não conheço a cena "à portuguesa", se é que isso existe, mas do que conheço da cena em geral não é um sítio onde qualquer pessoa vá tomar uns copos. São clubes com muitas regras, alguns onde só se entra por convite e com "recomendação", não é "porta aberta". Fiquei um bocadinho perplexa porque toda a gente lá ia. Não estou mesmo a imaginar um engenheiro Seabra num sítio desses, a não ser que não seja só uma casa de bondage...
"Faro" é uma série que se vê muito bem e um mistério interessante e bastante português. Recomendo vivamente.

Por último, e só para não dizerem que sou uma marreta a bater sempre na mesma tecla, esta série NÃO tem problemas de som. Contra factos não há argumentos.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: policial, crime, História

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Henry V (1989)

Apesar de ser um filme antigo, não tenho memória de alguma vez o ter visto nem fazia ideia de que era uma adaptação da peça de Shakespeare. Fiquei agradavelmente surpreendida por este "Henry V" se ter mantido tão actual como se tivesse sido estreado ontem.
Isto deve-se muito às palavras intemporais de Shakespeare, o relato das aventuras militares de Henrique V que invadiu a França porque achava que tinha direito à coroa francesa, e que, embora com um exército enfraquecido e em menor número, conseguiu a vitória sobre o país invadido e conquistou o trono.
Não sou doida por Shakespeare mas admiro muito os actores shakespearianos pela tarefa espinhosa de articular aqueles diálogos artificiais e obsoletos como se fossem a linguagem mais natural do mundo. O que não falta aqui são profissionais das peças de Shakespeare, actores da maior qualidade, e nota-se. Mas o maior trunfo do filme, aquilo que o faz parecer novo apesar de ter 35 anos, é o seu realismo, especialmente o realismo da batalha de Agincourt, sangrenta, lamacenta e brutal, como se faz agora. Muita gente se queixou das imagens em câmara lenta, e vão continuar a queixar-se, mas eu apreciei porque consegui acompanhar tudo o que estava a acontecer sem sentir que a acção saísse prejudicada.
Os franceses ficam muito mal nesta fotografia, e os feitos dos ingleses são grandemente exagerados, embora Shakespeare não tenha escondido algumas das faces mais repulsivas da guerra, mas Shakespeare estava a escrever para agradar a Elizabeth I, e se a aborrecesse podia acontecer-lhe algo de muito desagradável ao pescoço...
Só o futuro poderá dizer se este filme se vai manter tão intemporal como a peça, mas eu diria que 35 anos sem envelhecer é um óptimo auspício. Aconselho a toda a gente que gosta de adaptações de Shakespeare com excelentes actores.

17 em 20

domingo, 31 de agosto de 2025

Wolf Creek (2005) vs série

Três turistas na Austrália encontram um destino macabro.
Eu receava que ter visto a série primeiro me estragasse o filme. Qual não foi a minha surpresa quando descobri aqui no arquivo que já tinha visto o filme, que já tinha escrito sobre ele, e que dei a mesma nota que ia dar agora. Tal como me parecia, é mais fácil esquecer um filme do que uma série. Uma série, tal como um livro, dá-nos literalmente mais tempo para conviver com os personagens, para os conhecermos, para nos causar impacto. Vou escrever outra vez sobre o primeiro filme "Wolf Creek" da perspectiva de quem viu a série.
Algumas pessoas não vão gostar do início do filme. A acção propriamente dita só começa lá para metade, mas eu acho que se justifica que assim seja. Para se compreender perfeitamente o horror que se segue é preciso dar uma ideia muito clara da vastidão do Outback australiano, difícil de imaginar para quem não conhece, horas e horas a conduzir no deserto sem se encontrar uma única pessoa na estrada ou qualquer vestígio de civilização. Este início faz precisamente isso: eles conduzem, conduzem, passam pela última bomba de gasolina, e continuam a conduzir. As imagens aéreas da paisagem, tão inclemente como deslumbrante, contribuem para esta percepção de que o próprio deserto pode ser letal se tiverem um acidente. Ao mesmo tempo, ficamos com a noção de que são pessoas completamente normais, que não fizeram nada para merecer o que lhes acontece.
Os três amigos vão visitar Wolf Creek, a cratera de um meteorito que existe na realidade. A certa altura há uma vaga alusão ao sobrenatural, quando uma das raparigas questiona porque é que o meteorito caiu precisamente ali, como se algo de maléfico o tivesse atraído (o que volta a ser abordado na série), e o rapaz conta algumas histórias de encontros imediatos, mas felizmente é apenas uma questão de sugestão psicológica. Um dos aspectos que me fazem gostar desta franchise é que não existe sobrenatural, nem aqui faz falta nenhuma.
Enquanto eles exploram, a bateria do carro fica descarregada, ao mesmo tempo que os relógios param, talvez por causa do meteorito, ou talvez não, porque se fosse um fenómeno conhecido o local não estava nos roteiros turísticos, como é o caso. Por outro lado, conhecendo o método de operar de Mick Taylor, não é de estranhar que tenha sido ele a sabotar o carro, mas isso não explica os relógios.
Obviamente, Mick aparece para os "ajudar" e rebocar, mais uma vez durante horas e horas, para ainda mais longe da civilização. Já tendo visto este filme uma vez (apesar de esquecido), e depois de ter visto a série, esta parte ainda me arrepiou mais.
No longo início do filme os turistas confrontam-se com personalidades "rústicas", mal-encaradas e malcriadas, e imagino o espectador a tentar adivinhar qual destes vai ser o assassino, mas nada nos pode preparar para um psicopata sádico como Mick Taylor.
Como disse aqui na primeira crítica, podia acontecer a todos. Um acidente, um campónio prestável, um pouco bronco mas aparentemente bem-humorado e de riso fácil, qualquer pessoa dava o "desconto". É precisamente este sentimento de inferioridade que faz Mick odiar os forasteiros. Ou melhor, que lhe serve de desculpa para os torturar e assassinar. Neste primeiro filme há sugestões de uma componente sexual subjacente, mas percebe-se claramente que não é essa a principal motivação de Mick Taylor. Mick, um caçador, não tem um pingo de empatia e usa a tortura para se divertir. Do que ele gosta mesmo é de infligir medo, dor e morte, de capturar e torturar seres humanos, e gosta de o fazer durante dias, semanas ou meses, conforme eles "durem", segundo o próprio. Depois de ver a série sabemos que Mick não se mete com os locais, apenas com os turistas e forasteiros com a "mania de que são bons", que quase vão ali "provocá-lo". Mas também sabemos que não passa de um pretexto.
A certa altura, a protagonista tem uma hipótese de o matar mas apenas o deixa inconsciente. Isto é muito comum em filmes de terror, mas aqui faz todo o sentido. A protagonista está em estado de choque com os horrores a que assistiu e só quer fugir dali o mais depressa possível, não tem o discernimento nem o sangue frio para planear mais além. Mais uma vez, o longo início ajuda a estabelecer este estado de espírito de turista normal, numa onda de descontracção, a divertir-se com os amigos, que subitamente se depara com um cenário de terror.
"Wolf Creek" é vagamente baseado nos crimes reais de um serial killer que assaltava e matava turistas no Outback australiano. As autoridades não sabem ao certo quantas foram as vítimas. Acho que este primeiro filme conseguiu estabelecer perfeitamente como é que foi possível. Mick Taylor é como um espírito do mal neste território inóspito, que se funde na paisagem como um camaleão, que mata impunemente há décadas sem deixar rasto. Há muitos filmes sobre turistas apanhados por serial killers em sítios ermos, mas o que distingue "Wolf Creek" é o deserto da Austrália, ele próprio uma personagem hostil à vida onde é fácil desaparecer para sempre.

Nota: Já depois de escrever este artigo li algumas críticas da altura que acusavam o filme de misogenia. Posso garantir, especialmente depois de ver a série, que Mick Taylor não é só misógino. Mick Taylor é misógino, é racista, é xenófobo, é homofóbico, mas não é pessoa de discriminar: odeia todos os turistas e tortura-os a todos igualitariamente.

16 em 20 


terça-feira, 26 de agosto de 2025

The Skulls / Sociedade Secreta (2000)

Este filme é velho mas nunca o tinha visto. Fui um bocado enganada pela sinopse: sociedade secreta, os Skulls, com segredos sinistros, pensei logo em rituais satânicos ou mistérios sobrenaturais. A história é bem mais comezinha. Luke McNamara é um estudante pobre e órfão que conseguiu entrar numa das mais prestigiadas universidades americanas graças a uma bolsa de estudos, mas mesmo assim tem de trabalhar em part-time no refeitório. Luke acumulou dívidas para estudar e a sua grande ambição é ser recrutado para os Skulls, uma sociedade (mais ou menos) secreta e inspirada nos verdadeiros Skull and Bones, que lhe pode arranjar dinheiro e estatuto. Por ser um bom atleta de remo, Luke consegue ser convidado para os Skulls e de facto é presenteado com dinheiro, um relógio topo de gama e um carro desportivo. Tudo parece muito bom até o seu amigo Will, que colabora no jornal universitário, aparecer enforcado quando andava a investigar os Skulls. Luke percebe imediatamente que houve um encobrimento de homicídio e não está disposto a pactuar com isso, mas agora caiu nas mãos de gente muito poderosa nos estratos mais elevados da sociedade.
Logo nos créditos de abertura, fazem-nos a pergunta: qual é a sociedade secreta mais famosa de todas? A Maçonaria, obviamente. Mas não, dizem-nos que são os Skulls. Tretas. Os Skulls até podem funcionar como jardim infantil da Maçonaria, ou da Opus Dei, conforme. Estes Skulls (ou os verdadeiros Skull and Bones) não tardam a ir lá parar, a Maçonaria não dorme em serviço. Aqui pelas nossas terras o ingresso nestas organizações não é tão espectacular. Passa-se de lobito (nos Escuteiros) a maçon e a ministro (e nem me venham dizer que não!). Mas na América é tudo mais dramático e os iniciados chegam a ser marcados com um ferro em brasa no exterior do pulso (que é tapado pelo relógio, mas mesmo assim quase qualquer pessoa poderia reparar na marca).
A seguir a história transforma-se num filme de acção com perseguições a alta velocidade, polícias feitos com a sociedade secreta porque também lhe pertencem, cenas de porrada, o protagonista a ser internado num hospital psiquiátrico, e até um duelo! Tudo isto torna o filme muito longo e, na minha opinião, muito chato e difícil de acompanhar. A certa altura deixei de conseguir perceber onde é que os personagens estavam, e porquê, e como é que tinham chegado lá.
Não acredito que pertencer a uma sociedade secreta, mesmo na América, seja assim tão excitante, mas para quem gosta de acção e policial tem aqui um bom filme para ver. A mim é que não disse nada, e nenhuma sociedade secreta que se preze deixaria as coisas chegarem a este ponto.

11 em 20

domingo, 24 de agosto de 2025

Adolescence (2025)


Jamie, um miúdo de 13 anos, é preso por homicídio, para grande choque dos pais e dos adultos em sua volta. A investigação revela que Jamie tinha sido radicalizado por conteúdos de masculinidade tóxica em comunidades online de incels.
O grande tema desta série é o fenómeno dos incels (involuntary celibate, celibatários involuntários), mas penso que não explicou o suficiente. Também não o vou fazer, porque é uma questão complexa e demasiado extensa para este post. Resumidamente, estas comunidades online começaram nos Estados Unidos e têm vindo a alastrar por todo o lado, especialmente entre os mais jovens. Em bom português, incels são gajos que não conseguem arranjar gajas e não sabem porquê, e vão à internet e dizem-lhes que a culpa não é deles, são as gajas que são más. Aconselho a toda a gente que leia aprofundadamente sobre isto, principalmente gente jovem ou que tenha filhos jovens.
Já comecei a ler sobre incels há meia dúzia de anos e é de ficar de boca aberta. Em suma, são gajos a tentar convencer-se uns aos outros de que um homem baixinho, gordinho e/ou careca, ou que não seja rico, não tem qualquer hipótese de ter sexo com uma mulher e vai morrer virgem. Isto é culpa das mulheres, que são umas cabras e só querem homens atraentes e/ou com dinheiro. Quando lhes apontam exemplos do quotidiano daquele fulano baixinho, gordinho ou careca, com um salário médio, que tem uma família e três filhos, desvalorizam. Já estão tão submersos por essa mentalidade que não conseguem admitir que se calhar são eles que não estão a fazer o esforço e a aprendizagem necessária porque querem que uma namorada lhes caia no colo sem mexerem uma palha. O mais irónico disto tudo é que os incels não sabem que são misóginos. Na verdade, não querem uma namorada, querem um objecto sexual, tratam as mulheres como tal e admiram-se que as mulheres não queiram nada com eles.
O que é mais hilariante ainda é que os incels querem namoradas atraentes. Podem ser baixinhos, gordinhos e carecas, mas a namorada tem de ser uma boazona. Ora, eu também queria o Brad Pitt, de preferência no papel de Louis de Pointe du Lac em "Entrevista Com o Vampiro", onde é que o encomendo? O quê, não posso encomendá-lo? Que chatice. A culpa é dele. Só quer gajas ricas e boazonas.
Isto é engraçado, excepto quando a mentalidade se radicaliza. Alimentados por este discurso violento contra as mulheres, alguns homens começam a acreditar que a "culpa" das mulheres justifica igualmente comportamentos violentos, incluindo agressão e violência sexual, e é aqui que a questão se torna muito grave. Mulheres, especialmente vocês, miúdas, cuidado com isto. É mesmo para levar a sério.
Nada disto é novo. Eu chamo-lhe uma mistura do velho machismo com uma certa cultura facilitista de hoje em dia em que os miúdos têm tudo de mão beijada, elevado ao expoente das redes sociais onde podem entrar em echo chambers que lhes amplificam as teorias absurdas. É muito mais fácil acreditar que a culpa não é deles, é delas. Quanto mais jovens são, mais fácil é cair nesta espiral de pensamentos agressivos, que é o que acontece ao protagonista de "Adolescence".

***

Mas antes de voltar à série, aproveito para contar uma história verdadeira que se passou comigo, tipo serviço público.
Desde que ando na internet tenho conhecido muita gente online, homens e mulheres. Antes disso já conhecia gente através de pen pals (amigos de correspondência). Sempre fui muito cuidadosa e nunca tive problemas. Há cerca de 20 anos, muito antes dos incels, aconteceu-me um caso "caricato". Conheci um gajo online, não da cena gótica, mas alguém com inteligência e cultura geral o bastante para passar as minhas barreiras. Como era uma pessoa que gostava de música alternativa, convidei-o para uma festa onde eu ia e aconteceu a seguinte conversa por sms:
Ele: "Eu vou buscar-te a casa."
Eu: "Não é preciso. A gente encontra-se lá."
Ele: "Não sei muito bem onde é."
Eu: "Eu mando a morada e digo-te os autocarros."
Ele: "Eu vou de carro. Diz-me a tua morada e eu vou buscar-te."
Alarme!!! De carro com um desconhecido? Era só o que faltava. Mas, dando o benefício da dúvida, talvez seja uma pessoa dos subúrbios que acha que é perigoso para mim, talvez um cavalheiro. Vou dar outra hipótese:
Eu: "Não, a gente encontra-se lá."
Ele: "Tu não vais. Vais dar-me uma banhada."
ALARME!!!! Ok, isto não é um cavalheiro. Isto é um gajo que está a tentar controlar-te, a querer saber a tua morada, a querer meter-te num carro sozinha com ele, e quando recusas ainda se faz de vítima. Amigas, isto pode ser um predador. Machista (uma mulher não pode andar sozinha à noite sem a companhia de um homem), controlador (dá-me a tua morada ou nada feito) e manipulador (tu és má e queres gozar comigo), terminando em insulto/agressão psicológica (tu és mentirosa). A conversa acabou ali. Isto surpreendeu-me porque a pessoa não era nenhum mentecapto. Eu não estava à espera, sinceramente, mas é assim que a gente os apanha. Ser mulher é perigoso. Os malucos andam por aí.
É pena que os justos paguem pelos pecadores, e peço desde já desculpa a todos os gajos porreiros que têm de passar "testes", mas compreendam, é mesmo perigoso. Aliás, acho que os gajos porreiros compreendem que é perigoso.
A mentalidade incel perigosa não é nova, saiu destes pressupostos de sempre: machismo, mentalidade de que o homem controla a mulher, manipulação, agressão psicológica ou física.

***

Voltando à série. Se por um lado é verdade que encontrar estas comunidades online contribuiu para radicalizar um miúdo de 13 anos, um miúdo que ainda não tem idade para ter medo de ser feio, baixinho ou careca porque ainda nem cresceu tudo, por outro lado Jamie é um sociopata em desenvolvimento. Na conversa com a psicóloga, primeiro tenta manipulá-la. Quando não consegue, porque ainda não desenvolveu a técnica, recorre a toda a intimidação física que é possível no momento. A sociopatia não é um bicho que se apanha online. Este puto é um sociopata em desenvolvimento, um mentiroso, um manipulador, um narcisista sem empatia. A série recorreu às comunidades de incels para abordar o assunto, o que é bastante premente na actualidade, mas um sociopata sempre foi um sociopata.
Tive pena da família que se culpa por não ter prestado mais atenção, por ter errado. Como os casos reais nos demonstram, muitas vezes o ambiente familiar não tem nada a ver, mas é doloroso assistir a uma família a passar por isto. Foi a parte que realmente me atingiu.
"Adolescence" é uma série difícil de ver mas recomendo a toda a gente, especialmente jovens e pais.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: drama, crime, sociopatas, policial

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Left Behind / A Última Profecia (2014)

Comecei a ver o filme porque prometia um desastre de avião e o súbito desaparecimento de milhões de pessoas da face da Terra. Fã de enredos apocalípticos, deixei-me levar com ingenuidade, mas este Apocalipse é muito literal.
Rayford Steele é um piloto de linhas comerciais afastado da esposa desde que ela se tornou uma fanática religiosa que não pára de o tentar tornar tão devoto como ela. A filha de ambos, Chloe, também se queixa do zelo religioso da mãe, percebendo que isso está a afastar os pais um do outro. A própria Chloe, uma agnóstica, não está contente com tanta religiosidade, sendo igualmente alvo de tentativas de conversão.
Quando o avião de Rayford já ia no ar, grande parte dos passageiros desaparece de repente, deixando para trás as roupas e pertences. Todas as crianças desapareceram. O que Rayford e os passageiros não sabem é que o mesmo aconteceu por todo o mundo, o que criou algumas cenas apocalípticas de carros sem condutor e aviões sem tripulação a despenharem-se, ao mesmo tempo que as pessoas aproveitavam para pilhar centros comerciais. Foi a melhor parte do filme, à “The Walking Dead”.
Entretanto, no avião, Rayford percebe que o seu co-piloto e uma hospedeira de bordo desapareceram também, ao mesmo tempo que perde as comunicações. Depois de embater noutro avião não tripulado, o avião começa a perder combustível e não consegue entrar em contacto com nenhum aeroporto. Começa aqui a parte do desastre de aviação.
Então o que é que aconteceu às pessoas? Enquanto os passageiros especulam, inclusivamente sugerindo que os desaparecidos foram abduzidos por extraterrestres, cada vez mais pessoas chegam à conclusão de que o que aconteceu foi nada mais nada menos do que o Rapture. Ora, o que é o Rapture? Não temos uma palavra em português para isto porque é um suposto acto de Deus nos Dias do Fim, em que Deus arrebata os seus fiéis vivos para o Céu, e que não está em lado nenhum na Bíblia porque o Rapture foi uma invenção de algumas igrejas evangélicas americanas do séc. XIX. Em português acho que já ouvi a palavra Arrebatamento para descrever isto, mas podem procurar à vontadinha que não o encontram na Bíblia, nem sequer no Apocalipse (aliás, isto contradiz a maior parte do Apocalipse). No entanto, há muito boa gente que acredita nisto piamente, e este filme foi feito para estes crentes, naquilo que só posso interpretar como a tentativa de converter mais uns quantos espectadores. Por aqui já se compreende o nível da “obra prima” em questão.
Todavia, mesmo à parte a religiosidade toda, o filme é de 2014 mas parece ser dos anos 80 ou 90. As mulheres são representadas como inúteis e histéricas, incluindo a hospedeira de bordo, sempre a precisarem da liderança e conforto masculinos. Um jornalista é deixado entrar no cockpit, ficando sentado ao lado do piloto mesmo sem ter qualquer experiência de voo, mas é homem, logo, deve ter mais competências do que a hospedeira…
Por último, apesar da fachada de filme-catástrofe, percebemos que nos estão a tentar impingir a religião para arrependimento dos nossos pecados, principalmente quando o avião consegue aterrar e vemos que o mundo todo está a arder porque começou a Grande Tribulação (que esta, sim, está na Bíblia). Do que percebi, a intenção era fazer sequelas, Deus nos valha!
Enfim, estes filmes deviam trazer uma bolinha especial a dizer “propaganda religiosa”. Não há aqui nada que se aproveite, nem o desastre de avião, que é resolvido de maneira tão idiota que só um milagre o explicaria, mas parece que Deus não gosta das pessoas que não “arrebatou”, logo, não foi obra Dele. Um não-crente pode mesmo sair deste filme ainda mais ateu do que já era, tendo em conta as pessoas “piedosas” que são levadas e as que são deixadas.
Não aconselho este filme a ninguém excepto como curiosidade de uma certa cinematografia religiosa americana que pode explicar muito do que se passa presentemente.

10 em 10 (porque detesto que me tentem evangelizar, especialmente com teorias pseudo-bíblicas, mas o filme também não é grande coisa em si próprio)


domingo, 17 de agosto de 2025

Rabo de Peixe / Turn of the Tide (2023 - ?) [primeira temporada]

"O diabo tem de sair por algum lado" - Carlinhos, em "Rabo de Peixe"

Em 2001, centenas de quilos de cocaína deram à costa em Rabo de Peixe. O que se passou depois poderia ter sido esta série. Quatro amigos da vila piscatória, um dos lugares mais pobres da Europa, decidem que esta é a sua única oportunidade de conseguirem uma vida melhor.
Lembro-me de ler sobre o incidente caricato na altura e lembro-me de pensar o que faria se fosse comigo. Bem, não fazia nada, exactamente por causa da polícia e dos traficantes. Vender cocaína aos quilos atrai demasiada atenção, algo que os protagonistas descobrem num instante.
Mas convenhamos. A droga dá 23 milhões e 820 mil euros. Põem este valor à frente de um pobre muito pobre, e o pobre não pensa duas vezes. Não por ganância ou desejo de luxos, mas porque "com esse dinheiro posso comprar uma casa à minha mãe". Eduardo, jovem pescador, o melhor aluno da sua turma, teve de deixar a escola para ir para o mar. O pai dele precisa de uma operação às cataratas e o Serviço Nacional de Saúde não dá resposta. É esta a sua motivação principal. Com o tempo, se tivesse conseguido chegar longe, daria mais em mau, como Walter White?
Sim, esta é quase a premissa de "Breaking Bad", um génio injustiçado que se mete no negócio da droga porque precisa do dinheiro para pagar as despesas médicas do filho. Eduardo não é um doutorado em Química como Walter White, mas também não precisa de ser. O seu conhecimento do mar, da geografia, do lugar, já o colocam à frente dos traficantes e da polícia. Depois é só preciso ter alguns dedos de testa, sangue frio, e um grande motivo de bom filho a ajudar o pai.
O enredo também segue a fórmula de sucesso drama/acção/humor/thriller que me recorda tanto de "Breaking Bad". Curiosamente, as críticas comparam mais a série a "Narcos", que eu não vi, mas "Narcos" é posterior. Da mesma forma, também encontrei aqui vestígios de "The Wire", mas podem ter chegado igualmente via "Breaking Bad" porque são séries que se foram influenciando umas às outras, e ainda bem. Já as influências de "Pulp Fiction", também comuns a estas séries todas, devem ter vindo directamente do original.
"Rabo de Peixe" (título em inglês "Turn of the Tide") esteve no Top 10 de séries mais vistas da Netflix e compreende-se porquê. Adorei a adaptação deste tipo de enredo a uma realidade portuguesa (e até fiquei com inveja de não se passar em Lisboa). Não temos os cartéis sul-americanos? Temos melhor e mais original, a máfia. Não temos o Tuco Salamanca? Temos o traficante de bairro, Arruda, com a fachada da oficina de mecânico. Não temos Jesse Pinkman a vender Blue Sky aos putos da esquina? Temos o playboy Ian a traficar com os nórdicos que conheceu quando viveu por lá. Não temos as mães de família dos bairros sociais norte-americanos? Temos as mães de família que vão à missa e competem entre elas para levar a imagem de Nossa Senhora para casa. Está tão bom, tão realista, tão bem feito, que não se consegue parar de ver episódio após episódio.
Disse que fiquei com inveja de não se passar em Lisboa, mas é só dor de cotovelo. As paisagens são tão deslumbrantes, tão fantásticas, e funcionam tão bem na história que não imagino isto noutro lado, e com certeza que as paisagens também contribuíram para o sucesso da série.
Por falar em paisagens, foi aqui que a credibilidade foi desafiada. Os Açores não são o deserto do Novo México. É preciso querer acreditar que tudo aquilo podia acontecer sem que aparecesse um pescador, um turista, um guardador de vacas, ou que qualquer pessoa pode subir por um farol acima, por exemplo. As testemunhas incautas que surgiam em lugares inesperados, até no meio do deserto, tornaram-se mesmo num dos elementos mais dramáticos de "Breaking Bad". Também não fiquei convencida com aquela troca de carro. É muito estranho que numa ilha, naquele ambiente de pobreza, conseguissem arranjar duas carrinhas precisamente iguais em tão pouco tempo, e com a mesma capota e com o mesmo crucifixo. Já nem falo da matrícula, porque algumas pessoas topam logo pela matrícula que não é o carro que elas conhecem. (Seria mais credível terem ali dois ou três populares a trocar o que ia na carrinha.)
"Rabo de Peixe" foi renovado para uma segunda temporada, e confesso que estou apreensiva. Esta foi uma grande história, bem contada, e, na minha opinião, bem resolvida. Receio muito a "maldição" da segunda temporada.
Agora uma nota sobre a banda sonora. Ganda bosta de banda sonora. Mas não culpo quem a escolheu. Isto era efectivamente a música que se ouvia na rádio na altura (na sua maioria). Compare-se com a banda sonora de "Yellowjackets", tudo êxitos dos anos 90, e temos aqui um bom exemplo do declínio da música mainstream a partir do ano 2000. (E não estou a falar de cenas alternativas, estou mesmo a falar da música dos tops de vendas, da música de massas.) Mas a série não tem culpa disto.
"Rabo de Peixe" é uma série de qualidade acima da média que merece o sucesso que teve e que nos pode deixar muito esperançosos quanto ao futuro da ficção televisiva.
(Para quando algo do tipo "Midnight Mass" à portuguesa? É que depois de ver isto, até dava, é que dava mesmo. Não estou a sugerir uma cópia, estou só a dar ideias.)
E aprendi quatro ou cinco palavrões que não conhecia, entre eles blica e naião, para não me esquecer.
E outra que eu também não sabia: rapexinho, natural de Rabo de Peixe.


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PARA QUEM GOSTA DE: acção, drama, policial, Breaking Bad, Pulp Fiction