A única coisa que é preciso saber sobre “Nightlight” é que é filmado à “The Blair Witch Project”, técnica conhecida como found footage, mas pela perspectiva de uma lanterna e não de uma câmara. (Se parece idiota é porque é, mas se fosse só isso até não era mau de todo.) O filme é mau de todo. Quem costuma ler as minhas críticas já sabe que detesto coisas que não fazem sentido. Este filme não tem pés nem cabeça.
Mas começa bem. Uma rapariga aceita o desafio de se encontrar com outros adolescentes numa floresta à noite para o Jogo das Lanternas e desafios semelhantes. A tensão cria-se logo porque ela leva o cão com ela e eu passei o filme todo com medo do que ia acontecer ao pobre animal. Mas compreendo a protagonista. Ela junta-se à expedição nocturna porque está apaixonada por um dos rapazes, e o amor é louco não façam pouco.
Pergunto-me se os miúdos americanos não têm mesmo nada com que se entreter à noite excepto fazer estas parvoíces. A floresta é conhecida porque muitos jovens vão lá suicidar-se mas nunca se percebe se é porque existe uma assombração/presença maléfica ou, pura e simplesmente, porque a floresta dá lugar a um precipício de onde qualquer pessoa se pode atirar.
O Jogo das Lanternas é apenas um jogo de escondidas, em que um deles é vendado enquanto os outros se escondem. Numa floresta com um precipício. À noite. Há uma razão por que até as missões de resgate e salvamento (com peritos, com meios, com luzes potentes, com GPS, com cães) param à noite: porque se podem desorientar ou aleijar e em vez de salvarem um arriscam-se a perder dois ou mais. Estes meninos começam o jogo e, claro, os disparates começam a acontecer. Um deles cai do precipício. Neste momento aparece um lobo na câmara, isto é, na luz da lanterna (era um cão, mas vamos fingir que era um lobo), e eu tive esperança de que saísse daqui um filme “homem versus natureza” com os adolescentes a serem atacados por uma alcateia. Não aconteceu. Já deviam ter esgotado o orçamento para aluguer de canídeos.
Falando em orçamento, este filme deve ter sido feito com 10 euros e roupa emprestada (e se calhar os cães eram do realizador). E o filme é chato e comprido, quase uma hora em que os miúdos andam na floresta e não se vê a ponta de um…, só ramos e troncos e troncos e ramos. A certa altura, a protagonista entra à toa numa caverna que ela não conhece com uma lanterna que falha constantemente. Felizmente não havia um buraco nem um urso a hibernar. Mas temos sons misteriosos, a insinuação de uma presença, ou talvez fantasmas?… Talvez o fantasma de um amigo dela que se suicidou ali há pouco tempo? O cão fugiu, nunca mais o vimos (e ainda bem, pobre bicho). Por esta altura eu já não estava a perceber nada de nada. Os adolescentes vão parar a uma igreja abandonada, aparentemente um último lugar para os suicidas mudarem de ideias, mas não seria melhor que lá estivesse sempre alguém para falar com eles no momento de crise?…
Lembro-me de ver a protagonista a chorar e a pedir desculpa porque acha que está a ser assombrada pelo melhor amigo que se matou depois de ela ter recusado ir com ele a um baile ou uma patetice qualquer que não justifica suicídio nenhum. Acho que o meu cérebro se apagou como as lanternas porque não assimilei mais nada. Na verdade, nem cheguei a conhecer os personagens porque não havia nada para conhecer, eram só carne para canhão. O lobo nunca mais apareceu. Também não posso cometer spoilers porque o filme não dá respostas. Nem sequer tenho coragem de o voltar a ver para tentar perceber melhor porque já foi uma tortura assistir a esta seca da primeira vez.
Arrisque quem quiser e estiver nostálgico por “The Blair Witch Project” e filmes semelhantes.
11 em 20 (mais um ponto porque o cão foi esperto e fugiu)