Apesar de ser um Drácula com personagens de Bram Stoker (não obstante as liberdades criativas) não é fácil entrar neste filme. “Dracula: The Original Living Vampire” passa-se numa modernidade imprecisa e os actores falam e agem como personagens do século XIX, num inglês ultra formal e britânico, com acção e diálogos lentos como numa peça teatral ou num filme antigo, ou como no próprio livro de Bram Stoker. A princípio estranhei, mas a certa altura concluí que um filme de 2022 com produção americana (embora filmado na Sérvia) não podia ser tão mau. Já vi demasiadas produções de The Asylum para esperar melhor. Então, só podia ser de propósito. E de facto o filme cria uma atmosfera intemporal, especialmente com a iluminação. Na altura já existe luz eléctrica mas pelo fim de “Dracula: The Original Living Vampire” conseguimos ficar perfeitamente convencidos de que tudo se passa à luz de velas. Admito que o espectador actual tenha alguma impaciência com a lentidão e a teatralidade do início, mas a acção vai acelerando progressivamente, pelo que o princípio é mesmo propositado.
As personagens não são exactamente quem esperávamos. Van Helsing é Amelia Van Helsing, detective pragmática que não acredita em vampiros, Mina Murray é a namorada dela, Johnathan Harker é o cientista com um interesse pelo oculto, Renfield é o chefe de polícia. O conde Drácula é ele próprio, o único e imortal.
Como tal, começam a aparecer cadáveres de mulheres ruivas sem uma gota de sangue. Van Helsing descobre que os crimes são semelhantes a uma série de homicídios que aconteceram há 100 anos, mas julga apenas coincidência. Nesta mitologia, Drácula foi um nobre de outros tempos cuja noiva, ruiva, morreu no dia de casamento. Desde então Drácula tem matado as mulheres ruivas que encontra e que o recordam da noiva, se bem que ao “matá-las” estas se transformam em vampiras.
Drácula está na cidade (onde esteve há 100 anos atrás) para se instalar, e para isso recorre aos serviços da empresa de Mina, ficando ela encarregue de lhe encontrar uma casa. Drácula está convencido de que Mina é a reencarnação da sua noiva e rapta-a. O resto do filme segue a história original: Amelia Van Helsing e Johnathan Harker têm de correr contra o tempo antes que Drácula a transforme em vampira.
“Dracula: The Original Living Vampire” pode não ser a melhor adaptação do clássico de Bram Stoker mas é interessante e vê-se bem se não se tiver muitas expectativas. Uma mistura da história original com elementos modernos. Gostei imenso do fim.
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