domingo, 19 de novembro de 2023
Pride and Prejudice and Zombies / Orgulho e Preconceito e Guerra (2016)
Alguém deve ter achado muita graça a fazer isto. Alguém que provavelmente foi obrigado a ler “Pride and Prejudice” na escola. Da mesma forma que nós acharíamos piada a um título como “A Tragédia da Rua dos Zombies”, “Os Zombíadas” ou “Frei Zombie de Sousa”. Mas a questão é: será mesmo engraçado?
Este filme, por exemplo, não tem graça nenhuma. Nem como comédia, nem como sátira, nem como adaptação. Para piorar um pouco, nunca fui muito à bola com Jane Austen, se calhar porque a sátira dela é tão inglesa como a de Eça de Queirós é portuguesa. Compreendo Jane Austen mas não me diz nada particularmente, já para não recordar o facto de serem histórias muito datadas de uma sociedade desaparecida.
O início do filme segue o enredo de “Orgulho e Preconceito”. O casal Bennet tem quatro filhas e precisa de as casar bem porque estas não têm direito à herança de família. A mãe, principalmente, vive a vida em torno deste intuito. Só que nesta versão há zombies, e as raparigas, para além de serem bem-educadas, prendadas e tudo isso, também foram instruídas em artes marciais. Passei a primeira metade do filme com o dedo no botão “delete”, a decidir se devia apagar ou não. Esperava no mínimo uma comédia e não estava a achar nada divertido ou sequer interessante.
De certa forma, ainda bem que não apaguei, porque o melhor (se é que se pode falar de “melhor” nesta calamidade de filme) vem depois. Existe um grupo de zombies ainda não completamente transformados, organizados numa igreja adequadamente chamada São Lázaro, que comem miolos de porco para não terem a tentação de comer cérebros humanos. (Na tradição da mitologia de Drácula, em que uma vítima de vampiro, depois de mordida, não se transforma em vampiro até beber ela própria sangue humano.) Foi inteligente. Os zombies estavam a fazer o possível e o imaginário para se manterem humanos. E o que é que acontece? Aquele energúmeno, Mr. Darcy, dá-lhes cérebros humanos para os transformar completamente. Foi a tal coisa do preconceito: meio-zombie não tem direito a existir e é tão mau como um zombie total. Isto também tem a ver com o ódio que ele tem a Mr. Wickham, mas vá lá! Foi demais! Na verdade, eu também nunca fui à bola com Mr. Darcy e não me entra na cabeça porque é que aquela criatura arrogante, armada em boa, tão “superior” que acha que as suas palavras são demasiado boas para desperdiçar, alguma vez foi considerado um galã romântico. Aqui não o é de certeza. Agora vou odiá-lo ainda mais. Mas vou odiá-lo mesmo, não como a heroína que desdenha e quer comprar.
Que filme tão mau! Que péssima ideia!
Ah, já me esquecia. Pelo menos não vivem felizes para sempre, o que já redime um bocadinho esta palhaçada.
11 em 20 (pelo fim, que, espero bem, não seja a promessa de uma sequela, Blogger nos livre!)
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