domingo, 11 de setembro de 2022

Almost Famous / Quase Famosos (2000)

Confesso que esperava mais deste filme tão aclamado pela crítica da altura, mas também não fiquei desapontada. “Almost Famous” retrata o famoso “sex, drugs and rock’n’roll” do universo dos anos 70, com as mega-bandas, as groupies e os roadies, e os jornalistas que os podiam destruir ou levar ao estrelato. Por alguma razão os jornalistas são chamados “o Inimigo”.
O filme tem uma grande dose de humor. Um rapaz nos seus precoces 15 anos, William Miller, é contratado, por equívoco, para escrever uma peça sobre a banda (fictícia) Stillwater para a revista Rolling Stone. Como única ajuda, William conta com o editor da revista “Creem”, Lester Bangs (personagem real), o mentor que lhe diz que um jornalista/crítico de música tem de ser “honesto e impiedoso”. Daí o epíteto não muito simpático de “o Inimigo”.
William Miller cai de pára-quedas num mundo demasiado adulto para a sua idade (mas aguenta-se bem) onde se movem grandes monstros da música como os Led Zeppelin, os Black Sabbath, os Deep Purple, Bob Dylan, e até uma breve aparição de David Bowie escondido pelos guarda-costas. Apaixonado pela groupie Penny Lane (nome fictício), William fica chocado pela maneira como o guitarrista da banda Stillwater a usa e deita fora. Se William via os seus heróis musicais como mitos, agora apercebe-se de que são bastante humanos.
Tudo isto desapareceu para não voltar, e por mim ainda bem. Todo este glamour do “sex, drugs and rock’n’roll” não era saudável para as bandas. Os chamados “gate keepers” (revistas, jornais, rádios) escolhiam que bandas vingavam ou desapareciam. Não havia o "Do It Yourself" do tempo do punk. Grandes bandas significavam um manager, uma escolta de roadies, um estúdio de gravações, um contrato. Muito dinheiro também, para os que chegavam ao topo. Muito dinheiro geralmente mal gasto.
Vivemos numa época em que é fácil produzir música e colocá-la directamente à venda ao público, embora com muito menos lucro, mas as bandas fazem-no pela arte e não pelo dinheiro ou pela fama. Já ninguém idolatra ninguém. O público é o único a decidir quem vinga e quem desaparece. É tudo mais sadio e respirável, na minha opinião.
“Almost Famous” é um filme de época que certamente fará as delícias de quem viveu as grandes bandas dos anos 70. Confesso que pessoalmente não me diz muito. Não vivi, não estive lá, nem sequer gosto da música. Mas é interessante visitar e ver de longe.

15 em 20 (pelo documento de época)


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