domingo, 5 de junho de 2022

Ex Machina (2014)

Um jovem engenheiro promissor, a trabalhar numa grande empresa tipo Google, é convidado a passar uns dias na casa do seu patrão milionário de modo a testar a última criação deste último: uma Inteligência Artificial altamente evoluída. O objectivo do teste é avaliar se esta máquina é capaz de passar por humana, isto é, se desenvolveu consciência de si própria (Teste de Turing).
Este patrão vive num bunker isolado do mundo, onde se dedica à tecnologia, mas não é nenhum nerd. Pelo contrário, é um tipo machão e asqueroso que só pensa em beber e fazer coisas de macho, como caminhadas cascata acima, praticar boxe e fornicar.
A Inteligência Artificial, chamada Ava, tem forma de mulher, pese embora o seu corpo transparente de circuitos azuis e o seu crânio metálico. Depressa o jovem engenheiro conclui que de facto esta criação do seu patrão passa o Teste de Turing. Ava parece ter uma consciência própria, de tal forma que está preocupada com o que lhe vai acontecer quando o seu criador a desligar para trabalhar num modelo superior.
Entretanto, ao passear sozinho pela casa deserta enquanto o patrão está bêbedo, o engenheiro descobre o que acontece aos modelos antigos: todas elas bonecas sexuais de diversos tipos, estão fechadas no quarto do dono da casa, numa espécie de roupeiro. É aqui que o engenheiro comete um grande erro de discernimento, ao ser tomado de empatia como se estas bonecas fossem mulheres de verdade. É certo que tudo isto dá um aspecto de psicopata assassino ao patrão, mas é preciso não esquecer que estas criações não são humanas. O engenheiro esquece, deixa-se levar pelas emoções, e paga caro por isso. Não posso dizer mais nada sem entrar em spoilers.
Este é mais um filme que nos adverte do que nos separa da Inteligência Artificial, por muito bem concebida que esta seja: os seres humanos possuem empatia; as máquinas não. Os seres humanos são capazes de ter pena de uma pedra à chuva; as máquinas não têm pena de nada.
“Ex Machina” é um bom filme para nos fazer pensar, se bem que não acredito que tenha qualquer influência nos cientistas entusiasmados com a Inteligência Artificial. Às vezes não é aconselhável criar uma coisa só porque se “pode”.
A ideia não é original, mas para uma premissa tão simples o filme está cheio de uma tensão de cortar à faca. Quem é o verdadeiro vilão, afinal? Por quem é que apetece torcer? Vale muito a pena ver “Ex Machina”.

14 em 20


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