Passaram-se alguns anos desde o início da Purga. Agora a Purga é quase um feriado nacional, a noite em que se pode cometer impunemente qualquer crime, até o homicídio. Os “purgadores” tornaram-se mais sofisticados. Trajam a rigor para ir matar, usam métodos mais teatrais (a certa altura há uma guilhotina) e armas mais originais. Grupos de miúdas adolescentes vestem-se como quem vai para a noite em carros decorados com luzes de Natal. Nas palavras de um dos vendedores de roupa e máscaras, “A Purga é o Halloween dos adultos”. Turistas de todo o mundo visitam os Estados Unidos para participarem também na matança, dando origem ao “turismo de homicídio”. Serviços religiosos são organizados em que se matam várias vítimas como parte do ritual. É a carnificina institucionalizada.
Mas, finalmente, a população começa a acordar para a atrocidade com que antes compactuava. Se nos primeiros dois filmes não havia assistência médica durante a Purga, agora a sociedade civil organizou os seus próprios hospitais de campanha com médicos e enfermeiros voluntários. Veículos improvisados de ambulância percorrem as ruas à procura de feridos sem que os “purgadores” os incomodem. O cúmulo é um “carro do lixo” da Câmara, que agora também anda nas ruas na noite da Purga, carregado de mortos, anunciando com um megafone: “Serviços de limpeza e remoção de vítimas. Mantenha as ruas limpas”.
Grande parte do eleitorado quer que isto acabe. Uma senadora anti-Purga está bem posicionada para ganhar as eleições. O poder vigente, os Novos Pais Fundadores, decide aproveitar a noite da Purga para se livrar dela. Se até ali era proibido tocar nos detentores de altos cargos políticos, a regra muda nessa noite. A senadora sabe o que tem pela frente. O seu chefe de segurança é precisamente o polícia do segundo filme, que já pensou em tudo para a manter segura em casa dela, onde a senadora insiste em ficar nessa noite como “90% das famílias”. Mas são traídos, e acabam os dois na rua, perseguidos por mercenários altamente bem equipados contratados pelo governo e à mercê de todos os “purgadores” que andam na matança.
São salvos pelos voluntários da ambulância que os levam para o hospital clandestino. Estas instalações são protegidas pelas milícias anti-Purga que surgiram no segundo filme, mas que agora já se transformaram num exército bem oleado. A senadora descobre que nessa noite tencionam assassinar um dos Novos Pais Fundadores (o tal dos sacrifícios na igreja) e quer impedi-los. “Não quero ser eleita através do homicídio. Vai contra tudo o que eu represento”, tenta argumentar com eles.
Mas as coisas complicam-se. Os mercenários descobrem onde ela está e acabam na rua outra vez. Agora, além de tentar travar os planos do assassinato, a senadora e o seu segurança têm de sobreviver à noite da Purga.
Não deixando de ser terror, este filme inclina-se bastante para um thriller de acção mais convencional, com os bons de um lado e os maus do outro, e cenas de porrada e tiroteios e autênticas batalhas entre perseguições alucinantes a pé e em veículo. Por este motivo, gostei menos do que dos filmes anteriores, mas não deixei de gostar. Não percebo o que é que a crítica tem contra os filmes “A Purga”, excepto talvez a tal ideia da “premissa ridícula e inconcebível”. Não é, como disse aqui na crítica ao segundo filme, e por mim vinham mais filmes da série se o argumento conseguir arranjar maneira de se manter original e pertinente.
Este terceiro filme do mesmo realizador, James DeMonaco, tem um gosto a fim de saga, mas entretanto descobri que já existem mais dois filmes, de outros realizadores, e uma série de televisão. Fiquei particularmente interessada na série.
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domingo, 16 de maio de 2021
The Purge: Election Year / A Purga: Ano de Eleições (2016)
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