Sinceramente não me lembro se já tinha visto este filme. Mas aposto que daqui por vinte anos também não me vou lembrar de o ter visto agora. Lembro-me de ler uma crítica na altura que chamava “histérico” a Kenneth Branagh (protagonista Victor Frankenstein e realizador). Na altura ri-me, mas agora concordo. Não é só Branagh que é histérico, todo o filme é histérico.
Como o título indica, este filme tenta ser (?) a adaptação fiel do livro de Mary Shelley, mas a sensação que me deu é que foi buscar mais inspiração aos clássicos de monstros de Hollywood dos anos 30: "Frankenstein" (1931), "The Bride of Frankenstein" (1935). O guarda roupa e cenários são igualmente anacrónicos e mais próprios de um qualquer filme de fantasia de Tim Burton do que de um filme realista de época. (Mas se todo o mal fosse esse até não era grave.)
“Frankenstein” de Mary Shelley não é um livro histérico. Pessoalmente, nem o considero um livro de terror. Considero-o um drama filosófico que me fez chorar de empatia com o “monstro” que não pediu para existir.
O monstro, que não tem nome, ou Criatura, chamemos-lhe antes assim (interpretado por um Robert De Niro irreconhecível), foi mesmo o melhor momento do filme e o mais fiel ao livro. Mas durou pouco, na ganância de mostrar muitos efeitos especiais, muita electricidade a faiscar, muitas morgues e pedaços de cadáveres e outros elementos de gosto duvidoso. O livro da autora é subtil e convida-nos a simpatizar com a Criatura, e é por isso que é um clássico. Este filme não consegue fazer nada disso (a Criatura transforma-se demasiado facilmente num homem malvado e caprichoso), e é por isso um filme esquecível.
Recomendo antes a leitura do livro, melhor e mais interessante.
14 em 15, para ser generosa
domingo, 17 de janeiro de 2021
Mary Shelley's Frankenstein / Frankenstein, de Mary Shelley (1994)
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