domingo, 26 de abril de 2020

Ice Age: Continental Drift / A Idage do Gelo: Deriva Continental (2012)


Porque é que eu estou agarrada a esta série? Se calhar porque me faz chorar a rir.
Só a primeira sequência, em que o nosso amigo Esquilo da Bolota consegue partir o continente Pangeia e dar início à deriva continental, fez-me rir de lagriminhas nos olhos.
Será que os miúdos apanham estas piadas todas? Porque isto tudo me parece demasiado sofisticado para miúdos. Lembra-me uma vez em que a minha tia me levou a ver um filme supostamente para miúdos. Foi uma seca. No fim ela perguntou-me o que é que eu tinha achado e eu respondi: “Não percebi nada.” Mas a minha tia tem tendência para os filmes intelectuais. Quando eu tinha 15 anos levou-me a ver um filme de Fellini, “O Navio”, e desta vez já percebi tudo, mas não é o meu género. Isto para dizer que muito possivelmente não ia achar graça nenhuma a “Ice Age” quando era miúda. Mas agora gosto mesmo muito. Faço questão de ver a versão original (e não a dobrada em português) para não perder uma única piada.
Além do humor, o que me prende à série já são as personagens. É claro que estes mamutes, que esta preguiça, que este tigre dente-de-sabre, são tão humanos como nós.
Peaches (filha de Manny, o tal mamute que no princípio pensava que era o último mamute do mundo, e de Ellie) já é uma adolescente que quer andar com rapazes. “Só no dia em que eu morrer!”, responde Manny, um pouco ultra-possessivo, “Melhor ainda, três dias depois de eu morrer para ter a certeza de que estou morto!”
Peaches, como qualquer boa adolescente, ignora o que o pai diz e foge para ir ter com os “rapazes” estilosos da manada. Entretanto, o seu amigo ouriço, Louis, tem uma paixão platónica e desesperada por Peaches. Coitado do ouriço, é tão pequeno que Peaches o pode transportar na tromba, mas o amor é cego.
Sid, a preguiça optimista, recebe a visita inesperada da família toda: pai, mãe, irmão, tio e avó idosa. Sid, que foi abandonado pela família, fica radiante ao vê-los. É o seu ingénuo optimismo. A família só apareceu para abandonar a velha com ele, e logo de seguida desaparece outra vez. Pobre Sid. Isto é para os miúdos perceberem que nem todas as famílias são perfeitas.
E depois temos Diego, o dente-de-sabre, que finalmente encontra um interesse romântico, mas penso que este enredo só vai ser desenvolvido em próximos episódios.
Só não gosto quando eles começam com as canções. Palavra de honra, nunca gostei de musicais, nem para adultos, e assim que eles começam a cantar fico atacada de urticária. Felizmente foi só uma canção.
Gostei da parte sobrenatural em que Manny, Sid e Diego, à deriva num iceberg, se cruzam com umas lindíssimas sereias que os querem atrair até elas. Só que estas sereias são uns monstros marinhos que podiam perfeitamente ter saído de Lovecraft. Sim senhor, educar os miúdos em Lovecraft desde pequeninos. Aprovo!
As personagens são sólidas e cativantes e já as acompanho há tempo suficiente que me importo com tudo o que lhes acontece. Mas não quero enganar ninguém. A personagem com quem me identifico mais, desde que o conheço, e foi amor à primeira vista, é mesmo o Esquilo da Bolota (Scrat). Anti-social e obcecado pela Bolota amada, o mundo todo podia partir-se à sua volta que Scrat não vê mais nada nem ninguém. Eu também sou assim, seja o que aconteça à minha volta, sempre obcecada e incansavelmente a perseguir a minha Bolota (os meus projectos, isto é, só para clarificar).
Em “Deriva Continental”, e depois de partir o mundo, Scrat encontra um mapa do tesouro para uma ilha repleta de bolotas. Nada o consegue deter de encontrar esse mundo idílico e bolótico. E encontra mesmo, e é assim que o Esquilo da Bolota consegue também afundar a Atlântida. Como é que é possível não chorar a rir?
Já sou fã da série e vou ver todos os filmes que saírem. Lamento não ter gostado tanto de “Dawn of the Dinosaurs”, não sei bem porquê. Mas “Continental Drift” é novamente “Ice Age” no seu melhor.

15 em 20 (para filme de animação)

A sequência inicial em que o Esquilo da Bolota parte o mundo, e agora digam-me que não é de chorar a rir: AQUI.

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