Sinto-me como bocados de neve
caindo aos poucos, lentamente,
e derretendo delicadamente
debaixo do meu sangue que ferve.
Sinto-me uma asa leve
que voa em círculos fechados
os olhos doloridos, pesados
fecham-se sobre a neve.
Sinto um pulsar aflito
tremendo as luzes das velas
que se apagam no escuro lá fora.
Estou algures no infinito
sem morada debaixo das estrelas
e sem rumo a seguir agora.
26-5-89
Comentário: A última estrofe, aquela que realmente conta, continua a fazer todo o sentido. É curioso, porque tinha 17 anos quando a escrevi.
3 comentários:
Pá, sem palavras. É raro eu ficar assim.
Sem palavras de tão parvo que é o poema, tirando a última estrofe, a única que faz sentido? ;)
Ahahahaahhah. Faz de conta que dei um bofetão, agora. Não, tudo o que vem antes dessa última estrofe - que poderia ser um espelho meu, aha! - vem num crescendo para se chegar ali, aquele ponto, aquele instante em que se constata o quão perdido se anda na vida, o quão sem rumo, e o quanto nos exigem que tenhamos um; e quando não o temos, ainda mais perdidos nos sentimos. Enfim, isto sou eu a torcer os escritos alheios á vontade da minha pessoa. Ainda não li aquilo, mas até 2º feira leio.
Enviar um comentário