A ouvir o vento,
a dançar ao vento
e tu a meu lado
Loucura, sem remédio...
versos esparsos
que se desprendem
dessas luzes
encaminhadas na brisa
que os teus
lábios murmuram
Como podemos nós
ser
mais do que
pontos pequenos luminosos
no universo
desta toda violência
que o vento
incita e desprende
desprende os
meus cabelos com força...
Que dança
poderia ter sido mais bela
que conhecer-te
como a voz do vento
e gritar de
pulmões à ventania,
que só quero ser
feliz...
E como explicar
às ondas que batem
que a sua força
não me assusta
o medo, o medo é
a morte
e a morte não
está aqui...
Que luz, o
sangue que eu sei arder
sempre consumiu
o meu ser
neste sofrimento
que nem tu entendes
e se eu te
chamar amor o que responderias?
Deixas-me ser a
tua menina?
Se eu fugir,
matar-me-ás?
Medo de quê
hei-de ter?
Diz-me se dentro
dos teus olhos,
o fogo que vejo
é real, ou se é apenas uma luz,
uma lâmpada
rebelde que te guia,
que me toca e
reprime deste modo...
Enquanto lá fora
o vento nos diz
que no fundo
somos tão pequeninos...
E se não nos
temos um ao outro
quem mais
teremos para cuidar de nós, meu bem?
Sim, porque sós,
tão sós... eu sei como tu.
Não me digas
palavras de alívio...
que os teus
olhos são doces como a brisa...
Dá-me só a
doçura para que eu possa
enfim ter o sono
que mereço...
Porque o vento,
meu amor, também me embala
quando o medo já
não tem razão de ser,
porque o medo
também morre quando é demais,
e de ti, amor,
não tenho medo...
Então dentro em
pouco adormeci,
sei que me vais
proteger,
porque temes
ficar só
porque o vento
também apaga
o fogo que te dá
vida... e temes como eu.
Só respira
comigo, respira e repousa,
no céu que sei
ser o meu seio,
e sossega
finalmente.
3 outubro 1988
5 comentários:
É curioso. Copiei os textos do documento Word e tentei que se parecessem o mais possível com o original, o que nem sempre combina aqui com a formatação do blog. Pensei que a formatação deste ficasse mal mas afinal ficou melhor do que a do anterior, cujas frases ficaram demasiado espaçadas. :)
Este poema lá está, é do mais subjectivo que existe. E mesmo se eu tentar interpretar literalmente o texto, parece algo cheio de dúvidas, a pessoa acerca de quem escreves em momentos pareces acreditar que essa pessoa tem sentimentos profundos por ti, noutros momentos pareces achar que essa pessoa apenas não quer estar só e por isso te deixa entrar na sua vida... e tu própria pareces ter mixed feelings por essa pessoa. Gostei, é algo sem certezas, quem ama? quem é amado? e nunca chegamos a saber ao certo quem é o maior sofredor neste texto.
Bem, só aqui entre nós (já estou a falar demais, *cough*), existe uma conotação sexual que eu não quis que fosse explícita, nem sequer implícita. Isto é, não quis que ninguém a percebesse. Escrevi o que pude sem ninguém perceber.
A sério? Não a senti, vou reler agora com essa ideia em mente e de certeza que vou interpretar de outra forma.
Era a tal coisa que eu dizia da "desonestidade". Escrevi com algo em mente que não quis partilhar com o leitor, logo, mais ou menos propositadamente levando-o em erro. Acho que todos os poetas fazem isto, declaradamente ou não, e muitos ficam aborrecidos quando as pessoas não "adivinham" o que não está lá ou é contraditório ou passível de muitas interpretações. Lá está, subjectivo. Por esse motivo, desisti da poesia e comecei a escrever prosa. E também prefiro prosa.
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