terça-feira, 20 de novembro de 2012

Gotika: arquivos Janeiro 2004

janeiro 11, 2004

The more that you fear us the bigger we get

E para acabar de vez com esta merda toda...

The Fight Song
Marilyn Manson

(não, não me esqueci de falar dele, fica para outra vez)


Nothing suffocates you more than
The passing of everyday human events
Isolation is the oxygen mask you make
Your children breath into survive

But I'm not a slave to a god
That doesn't exist
But I'm not a slave to world
That doesn't give a shit

And when we were good
You just closed you eyes
So when we are bad
We're going to scar your minds

Fight! Fight! Fight! Fight!

You'll never grow up to be a big -
Rock - star - celebrated - victim - of - your - fame
They'll just cut our wrists like
Cheap coupons and say that death
Was on sale today

And when we were good
You just closed you eyes
So when we are bad
We're scar your minds

But I'm not a slave to a god
That doesn't exist
But I'm not a slave to world
That doesn't give a shit
The death of one is a tragedy
The death of one is a tragedy
The death of one is a tragedy
But death of a million is just a statistic

FIGHT! FIGHT! FIGHT! FIGHT!

Publicado por _gotika_ em 08:39 AM | Comentários: (0)


Outra consideração sobre o movimento gótico - to be or not to be?

No outro dia, estava eu na ginástica, comecei a sentir-me desconfortável. A professora é hiperactiva. É normal. Só uma pessoa hiperactiva teria pica para ser professora de ginástica. Mas é também desbocada. Abusa dos nomes das pessoas: “Bem, Maria! Mais para cima, Antónia! Olha a respiração, Joana!” Enfim, saí de lá farta de ouvir o meu nome e o nome das outras. Era preciso chamar as pessoas pelos nomes? Não pode simplesmente dizer “Pernas em cima! Olhem a respiração!”, assim, no geral, sem particularizar? E quando ela me elogia, e diz o meu nome, e elogia, com o meu nome incluído?... O que é que ela quer, que as outras olhem para mim e batam palmas? Ou pelo contrário, que comentem “olha, a Fulana não sabe fazer o pino”.
Estive a pensar neste meu desconforto. Mais uma vez, faz parte da cultura gótica. Os góticos não gostam de dar nas vistas. Principalmente no meio de estranhos. Vão achar isto uma contradição devido à aparência de um gótico normal. Pensarão vocês que uma pessoa que não gosta de dar nas vistas se veste de forma a ficar “invisível” entre a multidão. Idealmente, sim. Essa é uma das maiores contradições que todos os góticos têm de enfrentar. Alguns vestem-se mesmo de forma a ficar “invisíveis” no meio da multidão. Mas isso, por outro lado, e não tenhamos ilusões, é encarado no meio gótico como sinal de fraqueza. A verdade é que aqueles que gostam de estar “invisíveis” também gostam de ver o estilo dos que se vestem de forma mais extravagante, só que não têm coragem de fazer o mesmo.
Porque é que é encarado como forma de fraqueza? Bolas, já basta a sociedade a tentar fazer-nos ficar invisíveis, era só o que faltava que pessoas supostamente do nosso meio não queiram sair das meias tintas, do agradar a gregos e a troianos. Por muito boas pessoas que sejam, ou têm coragem ou não têm. Se não têm, se a sociedade vos castrou assim tanto, não venham com desculpas esfarrapadas. Admitam: “eu não tenho coragem” porque “a mãe não deixa” ou “o patrão não deixa”. É muito mais bonito e só vos fica bem.
Tive uma amiga, até um bocado espalhafatosa, que tinha um sério problema com isto. Por um lado gostava de vestir-se de forma extravagante; por outro, não suportava que olhassem para ela na rua.
Não há melhor maneira de expor a situação do que citar o ditado popular “não se pode ter sol na eira e chuva no nabal”. O mundo ideal para o gótico era aquele em que pudesse vestir-se como quisesse e ninguém reparasse nisso. Que as pessoas se habituassem a ver estilos esquisitos.
Essa sociedade está longe, e muito mais longe quando falamos de Portugal. Mas uma coisa vos digo: também não ajudam se contribuírem para reforçar a mentalidadezinha de província. Assim é que nunca mais saímos da mediocridade!
É difícil, mas se pensam que a mudança começa pelos outros, é caso para dizer que se não fazem parte da solução fazem parte do problema.
Portanto não, o gótico não quer ser contraditório quando se veste da maneira que veste e mesmo assim preferia não dar nas vistas. O gótico queria era que a sociedade evoluísse de tal forma que não parecessem formiguinhas todas iguais, todas invisíveis.

Vou contar-vos um caso paradigmático. Outro dia, estava eu na paragem do autocarro para o Bairro Alto, à noite, quando apareceram dois casais, aí nos quarentas ou cinquentas, que tinham provavelmente vindo de um restaurante. Estavam tão bem vestidos, mas tão bem vestidos, que mais pareciam espanhóis. Ficou a paragem toda a olhar, todos de queixo caído, eu inclusive. Os homens de sobretudo, as senhoras de cabelo arranjado. Mas não era o arranjado “bimbo”. Era o arranjado chique. Meteram-se no seu Mercedes (tive o cuidado de reparar) e arrancaram para um outro sítio. Com certeza devem ter sentido todos aqueles esgares de boi a olhar para um palácio.
Escusado será dizer-vos que não eram góticos (caso dúvida restasse). Deviam ser pessoas da alta sociedade, viajadas, que não têm de andar nos transportes públicos a sofrer a invejazinha do povo português. O povo português não os inveja só porque são ricos. Também os inveja porque são bonitos. É isto que me passa da cabeça. O ódio que o povo português tem à beleza.
Não é futilidade da minha parte. É mesmo ódio à vossa fealdade voluntária.

E por falar em futilidade, se ao menos fossem feios mas cultos... Mas se o lema de Portugal é “todos feios, todos ignorantes”, não há ponta por onde se pegue!

Publicado por _gotika_ em 08:22 AM | Comentários: (5)


Mais considerações sobre o movimento gótico - a (não) violência

De facto a cultura gótica não é só andar de preto e ouvir música depressiva (tenho lido essa ideia aqui em alguns comentários e em comentários de outros blogs assumidamente góticos). Isso é mesmo de quem está completamente por fora.
Nem acredito que me tenha esquecido deste “pormenorzinho” tão importante na minha grande dissertação anterior sobre o movimento gótico. Podia dizer “imperdoável” mas é impossível lembrar-me de tudo ao mesmo tempo. É de facto uma cultura muito complexa.

Tudo isto para dizer que os góticos são um grupo pacífico. Apesar do aspecto, são pessoas que evitam a todo o custo meter-se em confusão e, principalmente, em agressões físicas. Não quero dizer que não haja uma ou outra ovelha ranhosa (há sempre) mas que vocês (estranhos ao movimento) fiquem bem cientes que a violência física é altamente condenada no meio gótico.
Ninguém vai ter com a pessoa em causa e lhe diz “fizeste mal em andar à porrada”, mas também não é preciso. Um indivíduo com má reputação de briguento vê rapidamente as costas voltarem-se e as portas dos sítios góticos a fecharem-se. Ninguém gosta de rufiões! Ninguém quer ali brigas! Não só dá mau nome ao local e às pessoas, como, pior que tudo, estraga o ambiente.
Já disse e repito: os góticos gostam de sair para apreciar a música. A última coisa que querem é uma besta qualquer a armar confusão. Não há desculpa. A bebedeira não é desculpa, antes pelo contrário.
Nem todos os jovens aspirantes a góticos sabem que a violência física é a melhor maneira de serem corridos do meio, mas com o tempo os mais velhos vão socializando os mais novos.

Estou a bater nesta tecla porque actualmente a violência está espalhada pela noite em geral. Muitos pais têm medo de deixar sair os filhos. Eu percebo. Quando se chega ao ponto de haver tiroteio porque o porteiro não deixa as pessoas entrarem na discoteca...
Também se aprende a evitar o perigo. Nestes anos todos aprendi a “cheirar” no ar se a noite está perigosa. Mas ninguém pode evitar ir muito bem na rua e apanhar um tiro de um bêbedo qualquer. São coisas que acontecem.

Voltando o meio gótico, sou absolutamente contra que os locais deixem entrar gente estranha. Já não é por se vestirem mal, por não saberem dançar, por pensarem que ali se vai para o engate, isso são pormenores. A probabilidade de haver merda (vulgo, porrada, ou roubos) é exponencialmente proporcional à presença de gente de fora. E quando há porrada, e quando partem coisas, a malta gótica ri-se dos donos dos bares. Na tentativa de fazerem mais dinheiro, prejudicam-se e dão mau nome à casa. “Ah, a gente não sabia que o gajo era perigoso”, é a desculpa. Então, não? Entram dois ou três gajos ramelosos, malcheirosos, com o cabelo a escorrer óleo que até mete nojo, a olhar para as gajas como se nunca tivessem visto uma mulher, com a mania que são machões... Estavam à espera de quê?
Como se dá a coisa? É simples. Para explicar o fenómeno vou voltar a analisar a psicologia do gótico. Talvez algum seboso esteja a ler isto. O que duvido, porque tenho abusado das palavras difíceis, mas tentarei ser mais simples. Talvez assim o seboso perceba (ou algum de vocês lhe explique, se fizerem o obséquio, obrigada).

Nestes anos todos, e já são bastantes no life span de um gótico, só vi porrada entre góticos (homens) por causa de mulheres. É sempre. É certinho. Quando virem dois góticos à porrada, questionem-se “quem é ela?”. Cherchez la femme.
Os góticos são machistas. É um facto. Basta entrar numa casa de banho de góticos (homens) para perceber que o conceito de limpeza ficou em casa, com as mãezinhas. - Sim, eu já entrei, em momentos de aflição superior, e quase saí intoxicada com o cheiro a mijo. Já a casa de banho das góticas é bastante limpa. Mas as casas de banho ficam para outro dia. - Como eu dizia, os góticos são machistas. Bem, tendencialmente machistas. Tem a ver com a ideia do herói romântico, o cavaleiro andante, o vampiro com o seu harém de vampiras...
Quando alguém, gótico ou não, ofende ou parece ofender a sua dama... É melhor sair da frente. Geralmente as brigas acontecem porque a respectiva dama se vai queixar, coitadinha, que um cavalheiro estranho elogiou de forma lasciva o rego do seu decote proeminente e isso basta para o gótico ofendido ir pedir explicações... Sim, sim, é um bocado à século passado. Não sei porque é que a comunidade tolera estas brigas. Talvez porque são pessoais e raramente acontecem dentro do local. Se vi meia dúzia, nestes anos todos, foi muito.
Um gótico não bate às mulheres (pelo menos, em público - em privado, não sei).
E as góticas não andam a bater umas às outras. Nunca - mas nunca - vi duas góticas engalfinhadas a puxarem os longos cabelos ou a arranharem a pele acetinada uma à outra. Se calhar até era giro, mas simplesmente não acontece. Há outras formas mais subtis de passar a mensagem, formas essas tão subtis que não são para o público em geral.
Disse que os góticos são machistas. Mas as góticas não são santas. Alguém acredita que a menina ofendida com a ousadia do tal cavalheiro não esteve a provocar? Ninguém, a não ser o parvo do namorado.
Isto se estamos a falar de uma gótica e dois góticos. Vou chamar-lhe a situação A.
Eis a situação B: um seboso entra num local gótico. Só por isso já merecia levar uma tareia. Se o seboso se atreve a encostar-se a uma rapariga que, por azar, tem ali o namorado, leva porrada e é bem feita. E é bem feita por três razões:
1, é seboso
2, encostou-se à namorada
3, as duas anteriores.

Outro motivo para começar a porrada. Os góticos exprimem a violência pela dança, o que é uma bela maneira de sublimar os instintos baixos. Pela arte, com certeza. Músicas mais metaleiras podem originar um turbilhão na pista de dança. O que é mais interessante, quiça até digno de ser estudado cientificamente, é que conseguem dançar aos saltos sem se aleijarem. Eu sei porque estive lá algumas vezes, geralmente a dançar Marilyn Manson, e não sou propriamente uma cavalona, mas arrisquei-me, temendo ser pisada e tudo, mas não, não toquei em ninguém nem ninguém me tocou. Isso sim, é um fenómeno. Uma vez levei lá o meu amigo Geek - ele pode, porque vai comigo, embora se vista à bimbo, mas vai comigo, tem o selo de qualidade. Foi dançar Rammstein para a pista e veio queixar-se que tinha levado com os cabelos de alguém na cara. “Só com os cabelos?”, perguntei eu, “Tens sorte em ninguém te ter caído para cima”.
Posto isto, e que é certo que a violência se exprime na pista de dança, imaginem um seboso ali parado, de copinho na mão, armado em parvo a pensar que as raparigas boazonas gostam da pinta dele.
Parado, na pista de dança!
Começa uma música mais metaleira. A malta dá-lhe encontrões porque:
1, é um seboso
2, entrou num local gótico
3, está parado no meio do movimento
4, veste-se mal
5, não sabe dançar
6, contnua parado no meio do movimento quando a música já está a meio e não percebe que tem duas alternativas: dançar também ou sair dali
7, está a estorvar
8, além de seboso, é estúpido
9, todas as anteriores
O seboso não gosta dos encontrões, não percebe a mensagem (se fosse muito esperto não se vestia tão mal), e começa a bater em alguém. Depois leva. E é bem feita. E é bem feita porque... ver razões acima.

Um seboso pode começar uma briga por muito menos. É o célebre: “Are you talking to me? Are you fucking talking to me?”
Os sebosos também não percebem porque é que as raparigas góticas preferem os outros góticos. Realmente, é preciso um Einstein para perceber isto! Sentem-se inferiores, arranjam confusão, tentam provar pela porrada que são muito homens...

Em suma, SEBOSOS FORA DO MEIO GÓTICO!
E que fique bem explícito: Qualquer gajo que vá para lá arranjar confusão é um SEBOSO. Não interessa a camisinha de marca. É SEBOSO à mesma.

Chega de falar dos sebosos. Depressa percebem que o sítio deles não é ali. Não sei se acontece por o meio ser pequeno e todos se conhecerem pelo menos de vista, mas talvez por isso se tenha aprendido a tolerar a presença dos outros (até de quem não gostamos particularmente) pelo bem da comunidade em geral. Algo que é difícil aprender no maralhal que é a noite das grandes cidades. Como não têm escolha, os góticos preferem não armar confusão com os outros que partilham do mesmo meio. Porque já se sabe que se vão encontrar muitas e muitas e muitas vezes. Acho que isso tornou as pessoas mais evoluídas. Há tantas outras maneiras de magoar quem não gostamos! Aposto que os góticos têm dentro deles uma violência desmedida (como podem ver nas minhas palavras que não são meiguinhas) mas só as pessoas pouco inteligentes precisam de recorrer à violência física. Partindo deste pressuposto, “andar à porrada é estúpido”, não apetece muito aos góticos dar essa ideia (mesmo que o sejam).
Perguntem a qualquer gótico ou pessoa que o pareça: os góticos só querem que os deixem em paz.

Repito: em paz
(para os mais lerdos, é o contrário de “em violência”).

Voltarei ao tema, com toda a certeza.

Publicado por _gotika_ em 07:28 AM | Comentários: (3)


Outra gracinha





Parece de propósito! 1111, como o quarteto do José Cid. :) E como não se vê muitas vezes, registei.

Publicado por _gotika_ em 03:52 AM | Comentários: (0)

Sem comentários: