quinta-feira, 11 de outubro de 2007

The Ring I (2002), II (2005) e "Ringu" (original japonês, 1998)



Ao ver na televisão a versão japonesa original de 1998, "Ringu" do recente mas clássico "The Ring", tive curiosidade em espreitar o remake de Hollywood. Pode-se com toda a justiça dar o crédito a quem de direito, mas até agora ainda não vi um filme japonês dominar a técnica do cinema de terror. Técnica que não é, ressalvo, exclusiva da meca do cinema. O Reino Unido e outros países europeus já apresentaram séries e filmes que funcionam, ao seu estilo, tão eficientemente como os dos americanos. (Só a título de exemplo, recordo-me assim de repente da excelente série "Riget"/"O Reino", do dinamarquês Lars von Trier, em 1994.) Também não estou a dizer que não existam bons exemplos nipónicos; eu é que ainda não os vi e por isso ainda não me convenceram.
Por falar em filmes de terror japoneses, aguardo ansiosamente a versão americana de "Death Note", 1 e 2, porque por muito interessante e original que a ideia possa ser, os japoneses parecem ter gosto em desperdiçá-la numa série de graçolas infantis e frustrantes como sexo sem orgasmo.
"Ringu", o japonês, tem de facto um elemento arrepiante, admito, quando o fantasma sai da televisão e ataca os espectadores em casa. Não, dessa não estava verdadeiramente à espera. Se ao menos todo o filme se mantivesse a esse nível... O surpreendente nem sequer é o facto de o fantasma sair da televisão, mas a imprevisibilidade da coisa. Já o velinho "Poltergeist" do avô Spielberg brincava com o poder da caixa mágica, explorando a magia de transportar uma menina para o outro lado do écran e trazê-la de volta, mas no filme de Spielberg a coisa tornava-se tão ridícula que nem metia medo a ninguém.
Pecado mortal de um filme de terror: cair no ridículo. Causar gargalhadas, então, devia fazer um realizador perceber que tem dons de comediante e dedicar-se àquilo para que nasceu.
"The Ring II", apesar da (justificada) má fama das sequelas, é um filme que se descola do enredo original e cria um novo universo de incerteza a que se assiste com prazer. Infelizmente, o final cai no ridículo e nem sequer faz rir. Quem disse aos novos realizadores de Hollywood que as regras (ou ausência delas) do surrealista David Lynch se aplicam aos filmes de terror está muito enganado. Parece que é uma tendência recente (e, para mal dos nossos pecados, crescente), isto de acabar os filmes sem um nexo lógico como no tão falado "The Fountain", a atirar-se todo para um "2001 Odisseia no Espaço".
Nisto falha também, e de que maneira, o final de "The Ring II", como se alguém depois daquele fiasco ainda se pudesse lembrar da miúda do filme quando passar para dentro da televisão e dela para fora é tão fácil como acordar de um pesadelo. Se é fácil, se não dói, não mete medo.
O problema de "The Ring", os três, é que não é dignificante entregar um fantasma tão bom a realizadores tão maus. Por isso alguém devia simplesmente acabar com o martírio e dar um pente à miúda porque andar tantos anos com o cabelo a tapar a cara faz mal aos olhos.

3 comentários:

Penemue disse...

Pois.
Também não gostei da sequela e da piadola previsivel do "I'm not your fucking mommy!"....Por favor, quem era aquela tipa e o que fez ela á Rachel.
Quanto ao Ringu, não percebi muito bem o filme (lá está, o factor Lynch nipónico que de bom grado dispensaria...), sim, a mocita mexia-se muito bem e de forma assaz aterradora, mais em awe fiquei quando soube por portas e travessas e documentários que, aquela saída da garota pela televisão, na versão japonesa, não teve qualquer efeito especial.
Está classificado algures, como uma das mais aterradoras cenas alguma vez apresentadas em celulóide.
Lamento, mas para mim não passa de uma boa prova de contorcionismo.
Agora o Ju-On...Isso já é outra conversa.
Isto porque, os americanos do costume, conseguiram tranformar o Toshio numa piada, e a história num nonsense de ocasionais sustos, naquele desperdício de pelicula a que chamaram "The Grudge".
Fiquei, de facto, com algum ressentimento em relação a mim mesma por ter gasto quase 3 euros para ver tamanha porcaria (peço desculpa, não merece um adjectivo mais refinado).

Um abraço.

katrina a gotika disse...

Estou a ver que tenho de ir procurar o Ju-On e o The Grudge, que ainda não vi.

A mocita a sair da televisão não tinha efeitos especiais? Desculpa o meu cepticismo mas não vou em balelas. Contorcionismo até pode ser. Mas até os Malucos do Riso usam efeitos especiais muito básicos para fazer uma pessoa parecer maior e mais pequena, so... Nada de especial. Como disse, o que me surpreendeu foi o inesperado, não a coisa em si.

Quanto a cenas aterradoras, na minha opinião, ainda nada bateu a miúda do Exorcista com a cabeça às voltas e o resto é conversa.

Penemue disse...

Aluga. Acho que vais gostar do Ju-On.

Quanto a cenas realmente aterradoras, passo a citar um cyber amigo dos Sates:
"When Max Von Sidow starts saying The power of Christ compels you!, it always comples my fat ass out of the room".
Aquela levitação é do mais...Tirem-me daqui-quero a minha mãe-socorro, que já vi.
Já para não falar na descida da Regan McNeil pela escada abaixo, na versão Directors Cut. São mais 11 minutos, 4 deles profundamente arrepiantes.