À medida que lia “A Court of Thorns and Roses” (primeiro livro da série homónima) mais me dava aquela sensação de ter chegado atrasada ao filme. Culpa minha, e da minha mania de querer ler os livros às cegas para não ir com ideias feitas. Foi o primeiro livro que li desta autora. Esta é a segunda série de Sarah J. Maas, e posso estar enganada mas acho que há muitas referências à primeira série, “Throne of Glass”. O que não é mau, porque me deu curiosidade suficiente para parar esta série e ir ler a primeira. Ou posso mesmo estar enganada e nesse caso vou ficar desiludida, o que será culpa minha e das minhas expectativas erradas.
Mas vamos lá então à história. Feyre, a protagonista, é uma jovem pobre de uma família que já foi abastada em tempos. Fala-se muito de uma guerra que dividiu o mundo humano do mundo Fae mas não percebi exactamente se o empobrecimento teve a ver com isto. O que se percebe claramente é que estes Fae (fadas) são criaturas que menosprezam os humanos e que lhes fazem coisas bastante sádicas. Uma espécie de Elfos maléficos.
Feyre tem duas irmãs mais velhas que ainda não se adaptaram à nova situação e um pai que vive nas nuvens da negação. Para pôr comida na mesa, Feyre começa a ir para a floresta caçar. Um dia, ao tentar apanhar uma corça, aparece-lhe um lobo enorme, também interessado na presa. Uma vez que os Fae se conseguem transformar em animais, e na dúvida se será mesmo um lobo, Feyre atinge-o com uma flecha com poderes mágicos. O lobo morre, Feyre consegue a corça.
Mas logo depois lhe entra pela casa dentro um ser animalesco, um Fae, que diz que ela não matou um lobo mas sim um outro Fae sob disfarce, e a pena para esse crime é uma vida por uma vida. Feyre pode escolher entre morrer de imediato ou ser levada para o reino dos Fae para uma vida de escravidão. Sempre na esperança de escapar, Feyre resigna-se à segunda opção.
Aqui começa algo estranho. Em vez de escrava, Feyre é tratada como uma princesa em casa do tal ser animalesco, que depois de transformado na sua forma original é um belo High Lord Fae, Tamlin, o senhor do Reino da Primavera, e que é um cavalheiro. Aqui eu comecei a tentar perceber o que estava a ler. Uma espécie de a Bela e o Monstro?
Mas depois há uma reviravolta. Admito que o livro não me conseguiu capturar inteiramente para prestar atenção aos pormenores todos, mas, resumindo, há uma Fae malvada, Amarantha, que venceu todos os outros Fae na tal guerra do passado, que convoca Tamlin para ir viver na corte dela Debaixo da Montanha (literalmente debaixo de uma montanha). Aqui, Tamlin deixa Feyre voltar para casa sem que se perceba porque é que a chegou a levar, excepto que entretanto gerou-se um romance entre eles.
Outra consequência das guerras do passado: todos os Fae do Reino da Primavera estão amaldiçoados com uma máscara na cara que não conseguem tirar, resultado de um encantamento. (Daí a minha curiosidade: como é que se chegou até aqui, como é que Amarantha ganhou?) Finalmente, Feyre descobre a história toda: que para os livrar do encantamento é preciso que uma mulher humana mate um Fae e se apaixone por outro. É tarde demais, Tamlin já partiu para Amarantha, mas Feyre vai atrás dele por amor. Ora, isto é mais a Princesa que tem de beijar o Sapo.
Amarantha, criatura malévola, impõe-lhe três tarefas a realizar para os libertar, todas elas terríveis, ou, em vez disso, um enigma que os libertaria imediatamente. (Eu decifrei o enigma em menos de 6 horas sem pensar muito nele, não é para me gabar.)
Enquanto é prisioneira nas masmorras de Amarantha, curiosamente, Feyre torna-se uma espécie de brinquedo sexual para o High Lord do Reino da Noite, Rhysand, que a expõe na corte drogada e semi-nua e a faz dançar para ele sem nunca chegar a tocar-lhe intimamente.
Por esta altura eu já estava com muitas dúvidas sobre o género literário. A magia nunca é muito importante, pelo que não me incomodaria pôr isto no rótulo da Low Fantasy. São as personagens que decidem o enredo. Por outro lado tudo é contado da perspectiva de uma jovem, o que se coloca no Young Adult. Existe um erótico levezinho, mas aquela coisa da Feyre drogada a dançar semi-nua à vista de todos é mais pesado do que parece. Digamos que a autora passa o livro todo a pisar o risco sem nunca o ultrapassar. Mas as cenas violentas são muito explícitas, contudo; até perturbadoras. Então, que género é este, para além de Fantasia? Grim? Dark? Romântico e semi-erótico?
Talvez seja do meu estado de espírito, ou das minhas leituras habitualmente mais complexas, mas assim que li o livro comecei imediatamente a esquecê-lo. Fiquei muito mais curiosa sobre a tal guerra do passado, e vou ver se a consigo apanhar.
Em suma, achei uma leitura ligeira que nunca nos consegue emocionar muito mas que tem passagens de grande tensão. Os capítulos são curtos e a linguagem é acessível. A protagonista é empática mas não saímos o bastante da cabeça dela para conhecer os outros personagens como deve ser. Recomendo a quem quer Fantasia de pendor romântico sem ter de pensar muito.
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