“Um Ano Muito Violento” é um título enganador no sentido em que parece menos interessante do que é: em 1981, em Nova Iorque, um empresário tenta salvar o seu negócio dos ataques da concorrência. A sinopse também nos informa de que estatisticamente 1981 foi realmente o ano mais violento da história da cidade até essa data.
A história é aparentemente simples. Abel Morales é um empresário de sucesso no ramo do combustível para aquecimento doméstico quando os camiões da sua empresa começam a ser alvo de assaltos constantes à mão armada. Os condutores dos camiões são atacados e espancados, o que leva o sindicato a ameaçar uma greve se não for autorizado que estes sejam portadores de armas de defesa. Morales é contra isso porque teme uma escalada de violência. A polícia não consegue descobrir de onde vêm os ataques. Embora pareça coisa da Máfia, neste caso esta não tem nada a ver com o assunto. Morales sabe disto porque a sua esposa Anna, contabilista na empresa, é de facto filha de um mafioso. A certa altura esta sugere mesmo “telefonar ao pai para resolver a situação”, o que Morales recusa igualmente.
Como se não bastasse, a polícia está mais interessada em investigar a empresa, suspeitando de fuga aos impostos. Morales encontra-se a meio de um grande negócio: adquirir um terreno no porto, que lhe permitirá descarregar e armazenar combustível com maior lucro. Para isso, não pode falhar o pagamento acordado. Mas, ao saber da investigação, ao mesmo tempo que acontece um tiroteio entre um condutor e os assaltantes, o banco, que prometera apoiá-lo, retira-lhe o financiamento.
Morales é ambicioso e é o patrão, o que não costuma resultar em termos de simpatia. Mas não é ambicioso a qualquer preço. Na verdade, é um homem honestíssimo, que quer sempre fazer tudo com a maior correcção. Não é difícil começar a torcer por ele muito depressa. Mas até mesmo o homem mais honesto se encontra por vezes em áreas cinzentas. Chamar a Máfia para o proteger é uma tentação quando o trabalho de uma vida se encontra prestes a desmoronar devido a actos criminosos de outrem. Não deveria ele responder na mesma moeda? Mais grave ainda, Anna, a esposa, confessa-lhe que desde há anos anda a desviar dinheiro da empresa para uma conta pessoal em nome de ambos. Logo, a investigação não será tão inofensiva quanto Morales julgava a princípio. Conseguirá ele manter os seus princípios e salvar tudo o que construiu? E, depois disto, conseguirá salvar também a sua família? Sem incorrer em spoilers, direi apenas que no fim é a sua humanidade que o salva.
“Um Ano Muito Violento” é a prova de como uma história aparentemente simples pode ser bem contada com suspense e tensão. O filme está classificado como Acção mas eu colocava-o antes no Drama, e só não é tecnicamente um policial porque o protagonista não faz parte das forças da ordem, embora acabe por ser ele a fazer o papel de detective. Além disso, o filme tem uma vertente de época. Aquilo é mesmo 1981, para o bem e para o mal.
Aconselho a toda a gente que gosta de filmes de Máfia, crime, policiais e dramas do género.
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domingo, 21 de agosto de 2022
A Most Violent Year / Um Ano Muito Violento (2014)
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