domingo, 19 de dezembro de 2021

War for the Planet of the Apes / Planeta dos Macacos: A Guerra (2017)


E pronto, é a guerra total. Este filme não vai dizer muito a quem não viu os dois anteriores, especialmente o segundo. A guerra entre os macacos e os humanos foi declarada: aqui está ela.
O terceiro filme está repleto de crueldade: de macacos contra macacos, de macacos contra humanos e vice-versa, e de humanos contra humanos. É a guerra, não é um piquenique.
O realizador aproveitou para fazer um homenagem a “Apocalypse Now” na figura do implacável Coronel enviado para comandar o destacamento incumbido de extinguir os macacos da face da terra de uma vez por todas. Este Coronel podia muito bem ser o outro, o mítico Coronel Kurtz. Temido por macacos e humanos, acabam por ser estes últimos (os humanos) que, discordando dos seus métodos, mandam um outro destacamento para o prender, tal como “Apocalypse Now”. Aliás, a homenagem nem pretende ser discreta. A certa altura alguém escreveu numa parede APE-CALYPSE NOW, mas com um personagem a esconder o “E”, o que se lê imediatamente é APOCALYPSE NOW.
Este tal Coronel (nunca sabemos o nome dele), consegue realizar uma investida furtiva na calada da noite para matar Caesar, mas em vez deste mata-lhe a mulher e o filho adolescente, que dormiam nos mesmos aposentos. Para um humano, afinal, todos os macacos são iguais. Caesar ainda tem um filho pequeno, mas entrega-o aos cuidados da noiva do filho mais velho e parte para se vingar, nem que a vingança lhe custe a vida também.
Mas há aqui uma reviravolta de peso. O tal vírus da gripe símia, que dizimou a maioria da população humana, mutou e agora atinge os humanos nas suas funções cognitivas. Mais uma vez, não vai ser a guerra a derrotar a humanidade, mas um vírus. Os humanos sobreviventes perdem inteligência e qualquer capacidade de falar (embora consigam comunicar com uma linguagem gestual rudimentar). É o que vemos no filme “O Planeta dos Macacos” original, e é como os humanos acabam escravizados pelos macacos.
Se me convenceu? Não. Um vírus que afecte as funções cognitivas de modo degenerativo acaba por matar o hospedeiro, não fica a meio caminho. Digamos que este é um vírus “conveniente”. Também não gostei que os macacos tenham sido tão “ajudados” pela gripe símia, no segundo filme, a assumirem uma posição preponderante em relação aos humanos. Foi demasiado fácil. A ascensão dos macacos devia ter sido mais lenta e progressiva, ou na guerra, com uma ajudinha dos humanos a matarem-se uns aos outros. Aqui foi tudo muito rápido.
Também não gostei da personagem Rambesca em que transformaram Caesar, o estadista e o estratega, o grande Spartacus primata, que perde a frieza política e abandona o seu povo para ir vingar a morte do filho e da mulher. Muito cliché de filmes de acção. Caesar merecia um papel mais inteligente na derradeira vitória contra os humanos.
Por estes clichés todos, o terceiro filme não é melhor do que o segundo (“Dawn of the Planet of the Apes”), nem lá perto, mas ainda é de longe melhor do que o primeiro (“Rise of the Planet of the Apes”).

13 em 20


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